Resumo
Objetivo: Identificar e descrever as características dos aplicativos móveis para autogestão do diabetes mellitus tipo 1 em usuários de sistema de infusão contínua de insulina.
Método: Revisão integrativa, com buscas efetuadas no mês de junho de 2020, a partir dos artigos publicados PUBMED, CINAHL, Cochrane Library, Web of Science e Scopus. Considerou-se como critério de elegibilidade estudos que abordavam sobre aplicativos móveis para autogestão do DM1 em usuários de Sistema de Infusão Contínua de Insulina, sem restrição temporal. Foram excluídos apenas estudos indisponíveis.
Resultados: Após a análise de duas revisoras independentes foram incluídos na análise final 14 estudos e identificados 11 aplicativos móveis para smartphones que podem auxiliar no autogerenciamento do DM1, nomeados como iDECIDE, Sugar Sleuth, VoiceDiab, Blip, GoCARB, Nightscout, Gerenciamento Inteligente de Diabetes, Calculadora móvel de troca de Alimentos, Insulin Pump, DiaMob e Diário Interativo sobre Diabetes.
Conclusão: Os aplicativos móveis foram desenvolvidos para promover mudanças de comportamento e ajustes no tratamento de maneira positiva, tanto em resultados clínicos quanto na qualidade de vida e autogestão do diabetes em pessoas com DM1. Aplicativos móveis para smartphones podem auxiliar no autogerenciamento do DM1, por possibilitar auxílio na decisão de aplicação de insulina, controle glicêmico, análise na necessidade de insulina nas refeições, gestão alimentar, cálculo dos componentes alimentares nas refeições, monitoramento contínuo da glicose e cálculo automático de bolus de carboidratos e insulina.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus Tipo 1, Autogestão, Aplicativos Móveis.
Resumen
Objetivo: Identificar y comprender las características de las aplicaciones móviles para el autocontrol de la diabetes mellitus tipo 1 (DM1) en personas usuarias de sistemas de infusión continua de insulina.
Método: Revisión integradora, con búsquedas realizadas en el mes de junio de 2020, de artículos publicados en las bases de datos PUBMED, CINAHL, Cochrane Library, Web of Science y Scopus. Los criterios de elegibilidad considerados para los estudios fueron que abordaran aplicaciones móviles para el autocuidado de DM1 en personas usuarias del sistema de infusión continua de insulina, sin restricción de tiempo. Solo se excluyeron los estudios no disponibles.
Resultados: Después del análisis de dos revisores independientes, se incluyeron 14 estudios en el análisis final y se identificaron 11 aplicaciones móviles para teléfonos inteligentes que pueden ayudar en la autogestión de DM1, denominadas iDECIDE, Sugar Sleuth, VoiceDiab, Blip, GoCARB, Nightscout, Intelligent Manejo de la diabetes, Calculadora móvil de intercambio de alimentos, Bomba de insulina, DiaMob y Diario interactivo sobre diabetes.
Conclusión: En los estudios analizados, se desarrollaron aplicaciones móviles para promover cambios de comportamiento y ajustes de tratamiento de forma positiva, tanto en los resultados clínicos como en la calidad de vida y el autocontrol de la diabetes en personas con DM1. Las aplicaciones móviles para teléfonos inteligentes pueden ayudar en el autocontrol de DM1, al permitir la asistencia en la decisión de aplicar insulina, control glucémico, análisis de la necesidad de insulina en las comidas, manejo de alimentos, cálculo de los componentes de los alimentos en las comidas, monitoreo continuo de glucosa y cálculo automático del bolo de carbohidratos e insulina.
Palabras clave: Diabetes Mellitus Tipo 1, Automanejo, Aplicaciones Móviles.
Abstract
Objetive: To identify and understand the characteristics of mobile applications for self-management of type 1 mellitus diabetes in users of continuous insulin infusion systems. Method: integrative review with searches carried out in the month of June 2020, based on the articles published in PUBMED, CINAHL, Cochrane Library, Web of Science and Scopus. The eligibility criteria were based to consider those studies that addressed mobile applications for self-management of DM1 in users of Continuous Infusion System of Insulin without time restriction. Only unavailable studies were excluded.
Results: After the analysis of two independent reviewers, 14 studies were included in the final analysis, and 11 mobile applications for smartphones that can assist in self-management of DM1 were identified; these were named as iDECIDE, Sugar Sleuth, VoiceDiab, Blip, GoCARB, Nightscout, Intelligent Diabetes Management, Calculator Food exchange mobile, Insulin Pump, DiaMob and Interactive Diary on Diabetes.
Conclusion: Mobile applications were developed to promote behavioral changes and treatment adjustments in a positive way, both in clinical results and in the quality of life and self-management of diabetes in people with DM1. Mobile apps for smartphones can assist in self-management of DM1 by enabling assistance in the decision to apply insulin, glycemic control, analysis of the need for insulin in meals, food management, calculation of food components in meals, continuous glucose monitoring and automatic calculation of bolus of carbohydrates and insulin.
Keywords: Diabetes Mellitus, Type 1, Self-Management, Mobile Applications.
Artículo de Revisión
Aplicativos para autogestão do diabetes tipo 1 em usuários de sistema de infusão contínua de insulina
Aplicaciones para el autocontrol de la diabetes tipo 1 en personas usuarias del sistema de infusión continua de insulina
Applications for self-management of type 1 diabetes in users of continuous insulin infusion system
Recepção: 17 Fevereiro 2021
Aprovação: 24 Outubro 2022
O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) afeta milhões de pessoas em todo o mundo e até 2030, poderá ser a sétima causa mais importante de morte.1 Para evitar complicações graves, como doenças cardíacas e renais, derrame cerebral e perda de visão, a doença requer tratamento cuidadoso, que inclui contagem de carboidratos, consumo de alimentos saudáveis, prática de exercícios regularmente, manter peso adequado e insulinoterapia.1
A insulinoterapia pode ser realizada por meio de esquema intensivo de múltiplas injeções diárias ou Sistema de Infusão Contínua de Insulina (SICI). O SICI é uma forma em evolução da administração de insulina, que têm demonstrado eficácia no controle glicêmico e flexibilidade das atividades de vida diária dos usuários.2
O tratamento contínuo com insulina, autogerenciamento da glicose no sangue e hábitos saudáveis foi reconhecido como pilares do tratamento do DM1.3 Contudo, estas tarefas podem ser desafiadoras, diante da falta de treinamento, dificuldades em sustentar modificações no estilo de vida e acesso limitado aos cuidados de saúde especializados.4
Assim, estratégias inovadoras são necessárias para melhorar a autogestão de tarefas e controle glicêmico de pessoas com DM1 em uso de SICI.5 Nesse contexto, destacam-se os avanços na tecnologia digital e, especialmente, na tecnologia por smartphones, que possui diversas estratégias inovadoras, que podem contribuir com a melhoria das habilidades de autogerenciamento de pessoas com doenças crônicas e, em especial, o diabetes.4
As tecnologias por smartphones, como aplicativos móveis, emergem como recurso terapêutico de baixo custo para promoção da autogestão do DM1, capaz de promover a autonomia em relação ao processo saúde-doença e ser uma aliada no processo de autocuidado e melhoria na adesão ao tratamento e qualidade de vida, que facilmente podem ser adquiridos via download.6
O uso de aplicativos móveis no autogerenciamento do diabetes pode reduzir a hemoglobina glicada (HBA1C) em pessoas com DM1 e contribuir com a mudança de estilo de vida e autogestão do diabetes.7,8Estudos clínicos9,10identificaram que aplicativos móveis utilizados por usuários de SICI contribuíram para melhor controle glicêmico e autogerenciamento do DM1.
A identificação de aplicativos móveis com recursos educativos para pessoas em uso de SICI pode contribuir com ajustes positivos no tratamento do DM1, tanto nos resultados clínicos como na qualidade de vida, em consideração ao fato de que o DM1 é uma doença crônica complexa e o gerenciamento glicêmico por si só pode não ser suficiente para melhorar os resultados de saúde.4
Não houve evidência na literatura de revisão integrativa publicada que compilasse os aplicativos móveis disponíveis para autogestão do DM1 especificamente em usuários de SICI, junto com suas características e limitações. Embora existam relatos favoráveis à sua aplicação, novas investigações devem ser realizadas, a fim de obter novos resultados sobre a utilização de aplicativos móveis em saúde.
O estudo justifica-se pelo crescimento do uso de aplicativos móveis na área da saúde pela população, inclusive nas pessoas com DM1. Acredita-se que estes recursos podem contribuir significativamente para a autogestão da doença. Assim, identificar os aplicativos móveis vigentes na literatura poderá nortear/instigar profissionais e pacientes a testar suas funcionalidades e recursos, incrementando o autocuidado e qualidade de vida.
Tendo em vista o exposto, o artigo torna-se relevante por buscar a identificação de aplicativos móveis que possam servir de base educativa para uso de profissionais de saúde, como enfermeiros, como adjuvantes da educação em saúde de seus clientes, com intuito de melhorar a autogestão do diabetes e impactar e qualidade de vida das pessoas com DM1 em uso de SICI.
Este estudo teve o objetivo de identificar e descrever as características dos aplicativos móveis para autogestão do diabetes mellitus tipo 1 em usuários de sistema de infusão contínua de insulina.
Trata-se de Revisão Integrativa (RI) sobre a utilização de aplicativos móveis para autogestão do DM1 em usuários de SICI. A revisão integrativa é um tipo de estudo que se utiliza de busca em bases de dados. Quando conduzida com auxílio de passo a passo e rigor metodológico, pode fornecer uma visão abrangente sobre o estado da arte acerca de uma temática ou teoria, oferecendo subsídios para a tomada de decisões baseadas em evidências científicas.11
O desenho da RI seguiu seis etapas distintas: 1) elaboração do problema de pesquisa; 2) seleção da amostra a partir dos critérios de inclusão e exclusão adequados à temática; 3) definição e coleta de informações; 4) análise das produções científicas relacionadas ao tema pesquisado; 5) apreciação e interpretação dos resultados contribuintes e 6) apresentação e publicação dos dados.12
A revisão foi baseada na seguinte questão de pesquisa: ''Quais as características do aplicativos móveis disponíveis na literatura para autogestão do DM1 em usuários de SICI?”. Entende-se como autogestão, a capacidade do indivíduo em desenvolver ações de autocuidado que contribuem com o melhor controle glicêmico, e consequentemente, melhor qualidade de vida.9
Considerou-se como critério de inclusão artigos científicos originais, que abordassem sobre aplicativos móveis para autogestão do DM1 em usuários de SICI, sem restrição temporal, nos idiomas português, inglês e espanhol. Excluíram-se os estudos indisponíveis.
A busca das publicações foi realizada no mês de junho de 2020, a partir dos artigos publicados na National Library of Medicine (PUBMED), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), Cochrane Library, Web of Science e Scopus, disponibilizadas diretamente em seus sites ou pelo Portal Capes.
Os descritores controlados foram delimitados no Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Saúde (DeCS) e os descritores não controlados (palavras-chave) que foram estabelecidos pelos pesquisadores mediante a leituras prévias sobre o tema investigado. Os estudos foram identificados por meio da estratégia de busca (desenvolvida com auxílio de bibliotecário) em cada base eletrônica de dados, conforme o quadro 1.

Após a exclusão dos estudos duplicados pelo gerenciador de referências Mendeley, o processo de seleção dos estudos foi realizado por duas revisoras de forma independente. As divergências durante o processo de seleção foram mediadas por terceiro avaliador. A seleção ocorreu em duas etapas. Inicialmente, os estudos potencialmente elegíveis foram pré-selecionados com avaliação dos títulos e resumos. Na segunda etapa, foi realizada avaliação do texto na íntegra para confirmação da elegibilidade.
Para extração e análise dos dados, foram definidas previamente, as informações de interesse dos estudos selecionados, as quais foram obtidas mediante uso de formulário específico de autoria própria. Coletaram-se dados sobre título, autores, ano, objetivo, tipo de estudo, amostra, local, nível de evidência, nome do aplicativo, empo de uso, ser exclusivo para usuários de SICI, função e limitações dos aplicativos.
Destaca-se que todos os dados obtidos foram sumarizados por duas pesquisadoras, as quais avaliaram de forma independente os artigos, e posteriormente, as informações foram confrontadas, até haver consenso.
O nível de evidência das pesquisas foi definido conforme classificação: nível I - metanálise de estudos controlados e randomizados; nível II - estudo experimental; nível III - estudo quase experimental; nível IV - estudo descritivo/não experimental ou com abordagem qualitativa; nível V - relato de caso ou experiência; nível VI - consenso e opinião de especialistas.13
Os estudos incluídos na pesquisa tiveram os nomes dos seus autores referenciados sempre após a citação de suas contribuições.
A partir da busca nas bases de dados, foram evidenciadas 400 publicações, sendo PubMed (n=73), Scopus (n=150), Web of Science (n=70), Cochrane (n=74) e CINAHL (n=33). Os estudos repetidos nas bases de dados foram excluídos (n=187).
Em seguida, foi realizada a pré-seleção dos artigos com análise da temática e tipo de estudo por meio da leitura do título e resumo. Foram excluídos nesta etapa, estudos sem relação direta com a temática, ou seja, traziam estudos com aplicativos móveis, mas sem relação com o DM1 (n=149), estudos de revisão (n=38), editorial (n=1) e texto completo indisponível (n=1). Na etapa seguinte, foi considerada a elegibilidade dos artigos por meio da leitura na íntegra (n=24) e eliminadas as produções que não responderam à questão norteadora do estudo (n=10). Assim, foram incluídas 14 produções científicas na amostra final conforme o fluxograma.

Incluíram-se na análise final 14 estudos, com amostra total de 1.090 pessoas com DM1 e 30 cuidadores infantis. Os estudos tiveram como objetivo identificar a influência de aplicativos móveis na autogestão do DM1. Os participantes que utilizaram aplicativos móveis para autogestão do diabetes foram crianças, adolescentes e adultos. A maioria dos estudos dos estudos classificou-se como observacional, nível IV de evidência (n=9). Houve predomínio de pessoas em uso de SICI, conforme quadro 2.

Segundo o quadro 3, identificaram-se 11 aplicativos móveis para smartphones. O tempo de uso dos aplicativos variou de uma semana e três dias até três meses e duas semanas. Dos 11 aplicativos, oito estavam destinados exclusivamente para usuários de SICI.
Após a leitura e análise dos estudos, foram extraídas as principais funcionalidades e limitações dos aplicativos, conforme o quadro 4. Os aplicativos móveis tiveram objetivo de incitar mudanças de comportamento e ajustes no tratamento de maneira positiva, tanto em resultados clínicos quanto na qualidade de vida e autogestão do diabetes em pessoas com DM1.
Tais aplicativos apresentaram variadas funções, como auxiliar usuários de SICI na decisão de aplicar insulina, capturar e analisar dados de glicose, calcular doses de insulina na refeição, auxiliar gestão alimentar, calcular a quantidade de carboidratos, gorduras, proteínas e calorias nas refeições, monitoramento contínuo da glicose e calcular automaticamente bolus de carboidratos e insulina.
A telesaúde fornece ferramentas que podem ser úteis na escolha do plano de tratamento certo, apoio em ações para mudar o estilo de vida dos pacientes, fortalece a motivação em relação às atividades relacionadas à saúde, facilita a capacidade do paciente de autogestão e controle de sua condição e alcance de objetivos terapêuticos.16
Dessa forma, inovações tecnológicas criam muitas possibilidades de apoio ao tratamento de pessoas com diabetes. Nesta revisão foi possível evidenciar que aplicativos móveis para autogestão vinculados a smartphones podem hospedar diferentes funções, que versam sobre a comunicação profissional-usuário, processamento de informações, recursos de autogestão e conectividade com outros dispositivos, com potencial de aprimorar habilidades de autogerenciamento do diabetes em pessoas com DM1 usuárias de SICI.

Dentre as funcionalidades encontradas nos 11 aplicativos móveis identificados, o monitoramento de níveis glicêmicos, monitoramento alimentar e cálculo de insulina estiveram mais presentes, o que auxiliou o processo diário de tomada de decisões
O monitoramento contínuo dos níveis de glicose no sangue pode evitar eventos hipoglicêmicos e ajuda identificar variabilidade da glicose, e assim, melhorar habilidades de autogestão em pessoas com DM1.26
O uso de aplicativos com lembretes e alarmes que instigam o controle glicêmico podem melhorar níveis de hemoglobina glicada e qualidade de vida de usuários de SICI.18 Além disso, é uma ferramenta de autogerenciamento que pode auxiliar usuários de SICI nas decisões de segurança e ajuste da insulina.23 Esse dado reflete a influência positiva da utilização de tecnologias móveis na autogestão do diabetes.
Para muitos usuários de SICI, o alcance do controle glicêmico pode está intrínseco ao controle da ingestão alimentar. Dessa forma, alguns aplicativos tiveram a solicitude de inserir em suas funcionalidades, a possibilidade de rastrear refeições e calcular valores de constituintes alimentares, como carboidratos, proteínas e gorduras.20,24
Estudo consultado reporta que tirar foto das refeições para planejamento de consumo em aplicativo pode melhorar significativamente o controle glicêmico, hemoglobina glicada e autogestão do diabetes.24 Esse dado realça que o controle glicêmico pode ser facilitado pelo rastreamento dos níveis de glicose e prudência na ingestão de alimentos.
Revisões sistemáticas que examinaram a eficácia de intervenções com aplicativos móveis que visam promover estilos de vida saudáveis (atividade física, condicionamento físico, modificação de hábitos alimentares e qualidade de vida) em pacientes com diabetes sugerem melhora de vários fatores do estilo de vida e ajuda no fortalecimento da percepção de autocuidado e controle geral da glicose.27,28

Alguns aplicativos de gerenciamento alimentar possuem opção de cálculo automático da dose de insulina.20,25Ainda é desafio para muitas pessoas com DM1 estimar a dose apropriada de insulina. A dificuldade de calcular doses adequadas de insulina pode ser o motivo pelo qual muitas pessoas não atingem seus objetivos terapêuticos, expresso por um nível elevado de hemoglobina glicada.16
Entretanto, estudiosos da temática sugerem cautela no uso de aplicativos com funcionalidade de calculadora em bolus, com atenção direta aos problemas de segurança.29 Para garantir a eficácia nas funcionalidades de aplicativos móveis de gerenciamento de estilo de vida, estes devem ser testados em população clínica grande e tempo suficiente para determinar validade externa de autogestão do diabetes.
Nos estudos analisados, o tempo máximo de uso dos aplicativos foi de três meses e duas semanas. Pesquisas com escopo similar tiveram período de uso de um ano e mostraram melhores resultados.27,28Estudos consultados recomendam que pesquisas com aplicativos para smartphones tenham períodos de acompanhamento mais longos para verificar se os efeitos identificados são sustentáveis.30,31
Vale ressaltar que não houve identificação de aplicativos móveis com instruções de uso e manuseio de bombas de insulina. Ainda não há diretrizes sobre bomba de insulina publicada nacional ou internacional, e poucas recomendações de orientação que detalham a educação e treinamentos necessários para iniciar a terapia com bomba de insulina.32 A falta de conhecimento básico e aconselhamento ineficaz sobre bombas de insulinas podem contribuir para uso inadequado. Esse dado remete a relevância da construção e validação de novos aplicativos para smartphones que incluam nas suas funcionalidades orientações que influenciem o manejo correto de SICI.
Os achados desta revisão poderão contribuir para prática clínica, ao instigar profissionais e pacientes a conhecerem os aplicativos móveis disponíveis e utilizarem suas funcionalidades na autogestão do DM1.
A enfermagem é uma profissão que reconhecidamente utiliza a educação em saúde como tecnologia leve nas suas práticas de cuidados, as quais poderão ser associadas com os aplicativos aqui identificados, com intuito de promover o autocuidado e autogestão do DM1, atingindo pessoas de diversos cenários geográficos, consistindo em um avanço para o estado da arte.
Destaca-se como limitação a restrição de idioma, o que pode suprimidos estudos relevantes acerca de aplicativos móveis para autogestão do DM1. Para os pesquisadores recomenda-se que novos estudos sejam conduzidos e que possam avaliar a longo prazo os efeitos e benefícios dos aplicativos móveis, como forma de contribuir com a confirmação do impacto positivo dos aplicativos móveis e que incluam novas funcionalidades, como as orientações sobre uso e manejo de SICI.
Houve a identificação de 11 aplicativos móveis para smartphones que podem auxiliar na autogestão do diabetes e representam uma ferramenta importante para auxiliar as pessoas a viverem melhor.
Observou-se que os aplicativos móveis possuem diversas funcionalidades e recursos que subsidiam o controle glicêmico, decisão de aplicação de insulina, analisa de dados de glicose, cálculo de doses de insulina nas refeições, auxílio na gestão alimentar, cálculo da quantidade de carboidratos, gorduras, proteínas e calorias nas refeições.
Correspondencia Maria Girlane Sousa Albuquerque Brandão Universidade de São Paulo girlanealbuquerque@usp.br




