Editorial
Os dias de escuridão que vivenciamos ao longo do ano que ora finda desestabilizou a todos os brasileiros e as instituições universitárias e de pesquisa. Um vírus novo e mortal colocou em cheque os protocolos de tratamento e cura, evidenciando a incredulidade de muitos perante as descobertas científicas. Em tempos onde se questiona a ciência e se retorna à ideia do terraplanismo, a comunidade precisa reforçar seu fazer, jogando luzes sob à pesquisa e o método científico.
Os periódicos científicos são parte fundamental na comunicação de resultados de pesquisa. O Journal des Savants, lançado em Paris em 5 de janeiro de 1665, e a The Philosophical Transactions of the Royal Society, lançada em Londres em março de 1665, foram as revistas pioneiras (MEADOWS, 1999). Depois de mais de 350 anos de história, as revistas continuam atuantes na disseminação de resultados de pesquisa científica, ofertando, em muitos casos, conteúdos em acesso aberto (VANZ, SILVA FILHO, 2019). Esse é o caso da revista Em Questão, que há 35 anos contribui para uma ciência cada vez mais aberta, mais cidadã e combativa ao fenômeno das fake news.
O fascículo 3 do volume 26 de 2020 reúne 19 artigos que abordam várias temáticas relacionadas ao Open Science, entre elas os periódicos em acesso aberto, que compõem uma das bases da ciência aberta. O tema é discutido por Elaine Hipólito dos Santos Costa, da Universidade Federal de São Paulo; Simone da Rocha Weitzel e Jacqueline Leta, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em Adesão da elite brasileira de pesquisadores aos periódicos de acesso aberto: a relação com gênero, região geográfica e grande área do conhecimento.
O fascículo também apresenta alguns artigos sobre dados abertos de pesquisa: O papel do bibliotecário na curadoria e gestão de dados de pesquisa: uma revisão sistemática, de Juliana Soares Lima, Virgínia Bentes Pinto e Maria Giovanna Guedes Farias, da Universidade Federal do Ceará; Um estudo da Blockchain aplicado ao contexto dos Dados de Pesquisa, de Marcos Teruo Ouchi e Ana Carolina Simionato Arakaki, da Universidade Federal de São Carlos; e Análise do processo de recuperação da informação em bases de dados publicadas como dados abertos ligados utilizando a abordagem RDB2LOD, de Clayton Martins Pereira e Edberto Ferneda, da Universidade Estadual Paulista, e José Eduardo Santarem Segundo, da Universidade de São Paulo.
Bruno Henrique Alves, da Universidade Federal Fluminense, e Ely Francina Tannuri de Oliveira, da Universidade Estadual Paulista, discutem produção científica no artigo Sociologia de Bourdieu: avaliação da produção científica dos pesquisadores de produtividade em pesquisa em Ciência da Informação. A produção científica também é tema do artigo Redes de colaboração científica em Educação Física: comparação entre a subárea Biodinâmica do Movimento e a subárea Sociocultural e Pedagógica, de autoria de Felipe Ferreira Barros Carneiro, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo; Amarílio Ferreira Neto e Wagner dos Santos, da Universidade Federal do Espírito Santo. Ainda, o artigo Comunicação sobre o HIV/Aids: perfil da produção científica internacional publicada entre 2010-2017 discute o tema na área médica, de autoria de Iaralyz Fernandes Farias, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Ana Margarida Ribeiro do Amaral, Vitor Hugo Martins e Adriana Kelly Santos, da Fundação Oswaldo Cruz.
Composicionalidade e sobreposição em terminologias biomédicas: alternativas para interoperabilidade em saúde aborda o problema terminológico no âmbito dos prontuários eletrônicos de pacientes, sob o ponto de vista de Livia Marangon Duffles Teixeira, da Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, e Mauricio Barcellos Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais.
As demandas da Sociedade da Informação chamam a atenção de cientistas de diversos campos de estudos sobre problemas no processo de tratamento, armazenagem, representação e recuperação da informação. Este tema é tratado por Flávia Rodrigues Elias Nunes, Benildes Coura Moreira dos Santos Maculan e Maurício Barcellos Almeida da Universidade Federal de Minas Gerais em Os fundamentos da Web Semântica como ferramentas de auxílio para as demandas da Sociedade da Informação.
Admeire da Silva Santos Sundström, da Universidade Estadual Paulista, e Ana Cristina de Albuquerque, da Universidade Estadual de Londrina, são autoras de Colecionismo bibliográfico: contexto histórico, terminologia e perspectivas de estudo na Ciência da Informação, artigo que aborda diversos aspectos desta prática que envolve a reunião de materiais bibliográficos fundamentada em questões subjetivas.
Os pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, Diego Vaz Bevilaqua, Ana Carolina de Souza Gonzalez, Sonia Maria Figueira Mano, Vanessa Fernandes Guimarães e Wanessa da Silva de Almeida são autores de Museu da Vida e seus públicos: reflexões sobre a zona de influência e o papel social de um museu de ciência.
A preservação patrimonial no contexto das smart cities é tema de Juliana Martins de Castro e Renata Maria Abrantes Baracho, da Universidade Federal de Minas Gerais, em O patrimônio cultural nas cidades inteligentes.
A distinção entre informação e desinformação é discutida em Avaliação informacional em ambientes colaborativos, de autoria de Jaires Oliveira Santos, Maria Isabel de Jesus Sousa Barreira, Larissa de Lima Souza e Michelle Pacheco Gomez, da Universidade Federal da Bahia.
Marcela Reinhardt de Souza e Elizete Vieira Vitorino, da Universidade Federal de Santa Catarina, argumentam acerca da importância da competência informacional na sociedade atual em Competência em Informação: estudos introdutórios sobre a temática na Itália. Djuli Machado De Lucca, da Universidade Federal de Rondônia, e Patricia da Silva Neubert, da Universidade Federal de Santa Catarina, são autoras de um levantamento internacional sobre o tema em A produção científica mundial sobre Competência em Informação: análise dos documentos indexados na Web of Science.
Observando os observatórios sociais ibero-americanos, de autoria de Lisandra Guerrero Pérez e Mônica Erichsen Nassif, da Universidade Federal de Minas Gerais, tem como objetivo analisar e descrever os observatórios sociais ibero-americanos sob a abordagem proposta pela Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental das Nações Unidas.
Maísa Maryelli de Oliveira, Camila Cassiavilani, Adriana Tahereh Pereira Spinola, Roniberto Morato do Amaral e Roberto Ferrari Júnior, da Universidade Federal de São Carlos, são autores de A biblioteca universitária como mecanismo híbrido de geração de empreendimentos: possibilidades rumo à universidade empreendedora.
As relações de poder que se configuram nas compras em universidades públicas: contribuição para os estudos dos documentos e da materialidade da informação, de Nadja Macêdo de Araújo, da Universidade Federal Rural de Pernambuco; Nadi Helena Presser e Juliene da Silva Barros Gomes, da Universidade Federal de Pernambuco.
Fechando o fascículo, Everton da Silva Camillo, da Universidade Estadual Paulista, Dorothée Boccanfuso, da Sherbrooke University e Claudio Marcondes de Castro Filho, da Universidade de São Paulo são autores do artigo Quality education for Latin American countries: analysis and contributions from the Policy on Educational Success of Québec, que apresenta sugestões na área de educação para os países da América Latina com base nas políticas canadenses.
Desejo a todos uma ótima leitura.
Samile Andrea de Souza Vanz
samilevanz@terra.com.br