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Em busca de um conceito para a mediação cultural em bibliotecas: contribuições conceituais
In search of a concept for cultural mediation in libraries: conceptual contributions
Em Questão, vol. 27, núm. 3, pp. 120-140, 2021
Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Recepción: 09 Octubre 2019

Aprobación: 21 Mayo 2020

DOI: https://doi.org/10.19132/1808-5245273.120-140

Financiamiento

Fuente: Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP).

Resumo: O objetivo deste estudo foi a construção de um conceito para a mediação cultural em bibliotecas com base na Ciência da Informação no Brasil e França. A pesquisa possui uma abordagem qualitativa, de tipo exploratório-descritivo, adotando-se os métodos de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo e aplicando-se a análise de conteúdo aos dados coletados. Verificaram-se diversos elementos que puderam ser utilizados para propor um conceito de mediação cultural em bibliotecas, formulado assim: “Mediação cultural em bibliotecas é o conjunto de processos, interferências e dispositivos que possibilitam a apropriação cultural, colaborando na construção de significados com o intuito de alcançar o protagonismo cultural e o desenvolvimento sociocultural”. O conceito de mediação cultural em bibliotecas vincula-se a processos, a interações, à construção de sentidos, aos paradigmas do acesso e democratização da cultura, às políticas culturais e à apropriação e protagonismo culturais.

Palavras-chave: Mediação cultural, Mediação cultural - bibliotecas, Bibliotecário - mediador cultural.

Abstract: In this study we advance a concept for cultural mediation in libraries drawing on Brazilian and French Information Science. This study took a qualitative approach and was exploratory and descriptive in nature. We combined methods of bibliographic research and field research and applied content analysis to the collected data. We found several elements that could be incorporated into a concept of cultural mediation in libraries. We proposed the following definition: “Cultural mediation in libraries is the set of processes, interferences and devices that provide library customers with access to culture and thus help them build meanings and knowledge, develop socially and culturally and play greater cultural roles”. Such concept of cultural mediation in libraries is related to various processes and interactions, to the construction of meanings, to the paradigms of access and democratization of culture, to cultural policies, to appropriation and to cultural leadership and proeminence.

Keywords: Cultural mediation, Cultural mediation - libraries, Librarian - cultural mediator.

1 Introdução

A noção de mediação cultural refere-se a um esquema triangular no processo de apropriação cultural em que é necessária a presença do mediador (bibliotecário) para sanar as tensões sentidas entre os elementos da cultura e o público, o que pode gerar uma situação de intervenção, intercâmbio, compartilhamento e meios de interpretação.

Nesses termos, o conceito de mediação cultural em bibliotecas surge como possibilidade reflexiva, envolvendo questões que necessitam ser enfrentadas com urgência, já que para Perrotti (2016), os paradigmas da guarda e da democratização não se fazem suficientes para que ocorra a apropriação cultural.

O objetivo deste estudo foi a construção de um conceito para a mediação cultural em bibliotecas com base na Ciência da Informação no Brasil e França.

Desenvolveu-se pesquisa com abordagem qualitativa, de tipo exploratório-descritivo, adotando-se os métodos de pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo e aplicando-se a análise de conteúdo aos dados coletados.

Trata-se de um fragmento dos resultados da pesquisa de doutorado, realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (PPGCI – UNESP), que investigou o conhecimento produzido sobre a mediação cultural sob a ótica brasileira e francesa da Ciência da Informação. A pesquisa concentrou reflexões teóricas a partir de leituras analíticas e críticas de materiais bibliográficos selecionados na literatura e a partir dos dados coletados através da pesquisa de campo e através da aplicação de questionário aos envolvidos com a mediação cultural.

Aplicou-se ao objeto de estudo a análise de conteúdo, pois considerou-se que ela permitiria uma análise interpretativa que incidiria numa perspectiva tanto compreensiva quanto construtivista dos fenômenos, na probabilidade de empreender esforços para desenvolver um conceito de mediação cultural em bibliotecas (MCB).

A elaboração de um conceito para a MCB é relevante porque se entende, junto a Lima e Perrotti (2016), a mediação cultural como categoria central da profissão de bibliotecário e dos processos de apropriação cultural; portanto, ela deve ser mais investigada e melhor concebida no plano conceitual.

2 Mediação cultural: perspectivas conceituais no Brasil

O tema da mediação cultural na Ciência da Informação no Brasil surgiu em 2007. Após esse período, outras publicações despontaram, posicionando a mediação cultural em torno de diversos espaços, dispositivos e atuações, e também se observaram várias perspectivas conceituais em torno da noção.

O conceito de mediação cultural, na formulação de Perrotti e Pieruccini (2007), é correlato ao de dispositivo. É um conceito central em seus trabalhos, “[...] referindo-se a um conjunto de elementos de diferentes ordens (material, relacional, semiológica) que se interpõem e atuam nos processos de significação” (PERROTTI; PIERUCCINI, 2007, p. 82-83).

Sob esse prisma, percebe-se a mediação cultural como processos cujos dispositivos e elementos constituintes não são meras ferramentas, mas influenciam as interpretações e produzem objetos mistos e portadores de sentidos.

No contexto das bibliotecas, os dispositivos são as linguagens informacionais, as técnicas (mediações implícitas), os suportes informacionais (papel, digital) e os produtos culturais, cujas instâncias são pensadas como portadores de sentidos, o que ressalta suas possibilidades discursivas nos atos de significação cultural e sua influência nos processos de apropriação cultural.

Nesse aspecto, Oliveira (2014, p. 81-82) analisa o mediador cultural como um educador e aprendiz, “[...] em processo constante de interlocução, de busca e construção de conhecimentos e sentidos que se redefinem e o redefinem permanentemente, bem como redefinem aqueles com quem interage”.

Vista por esse ângulo, a mediação cultural é compreendida como possibilidades de encontros onde a renovação é imperativa tanto no âmbito individual do mediador quanto para o sujeito mediado.

Silva (2015) averigua a mediação na Ciência da Informação como uma construção social, crítica e deliberada da prática à teoria, que é preciso pensar desde as relações sociais, materiais e históricas até a formação de uma consciência crítica.

Esse autor conferi à mediação cultural o exercício de apropriação imbuído da criticidade. Nesse aspecto, torna-se essencial identificar os atributos técnicos, pedagógicos e institucionais da mediação nos centros de informação para promover consistência na prática da mediação como fenômeno que promove igualdade de oportunidades, reconhecimento das diferenças, integração, inclusão e autonomia (SILVA, 2015).

Lima e Perrotti (2016, p. 161) discutem as noções de mediação e mediador cultural, bem como a de apropriação cultural, destacam o desafio da formação de bibliotecários como mediadores culturais competentes para a negociação com os protagonistas da cultura.

Desse modo, a atuação de bibliotecários como mediadores culturais exige uma formação humanística, já que a mediação cultural é um ato complexo e está implicada em relações e interações socioculturais e na superação de obstáculos à apropriação cultural (LIMA, 2016, p. 114).

Feitosa (2016) propõe entender a mediação contemplando as formas contemporâneas as interações simbólicas, de cumplicidades culturais e de trocas simbólicas e observando como esses fenômenos modificam os contextos em que são produzidas as informações, mas também aqueles pelos quais elas circulam e nos quais elas são recebidas para provocarem, aí sim, as verdadeiras mediações socioculturais.

Nas mediações complexas, visitadas por Feitosa (2016), as interações sociais são mais que relações mecânicas entre emissor e receptor; entre códigos de representação da informação e seus conteúdos; entre os conteúdos dos códigos de representação da informação, entre a informação e os meios tecnológicos, em especial os digitais que servem para armazená-la e para recuperá-la, no que estão compreendidos os fenômenos atuais da comunicação e informação em constantes trocas e compartilhamentos.

3 Mediação cultural no contexto francês

O conceito de mediação, na França, surgiu recentemente em vários campos da atividade social, mas se desenvolveu, de acordo com Bordeaux (2008), desde os anos de 1970, de forma inflacionária nos campos do direito, da família, da medicina, da educação e da mídia, apenas para citar alguns.

Para Caune (2018, p. 9, tradução nossa), “O surgimento do tema da mediação cultural no início dos anos de 1990 surge na mesma época em que se toma consciência dos fenômenos de exclusão, fratura e de segmentação da sociedade francesa”[1]. Segundo o autor, essa aparição expressou o desejo de pôr fim ao tempo da desconfiança e do confronto entre o campo da cultura e o da cultura da educação popular para iniciar um período de trabalho conjunto em prol de uma ambição compartilhada: desenvolver abordagens para a apropriação da arte viva e do patrimônio, democratizar o acesso a obras, a línguas e a práticas.

Camelo, Dubé e Maltais (2016) verificam que a mediação cultural se iniciou nos anos de 1980 em países de língua francesa e continua a se desenvolver através do aparecimento de duas vontades distintas de pensar nossas relações sociopolíticas com a cultura: a democratização cultural e a democracia cultural.

Fontan (2007) destaca o mediador como um intermediário, que faz uma intervenção em prol de algo. Ao longo da história e ainda hoje, o mediador é definido como uma pessoa de diálogo entre as partes, um elo de comunicação, que tende a buscar acordo entre opiniões divergentes ou a priori incompatíveis.

No contexto dos livros e da leitura, Garden (1996) diz que em 1991, o Departamento de Livro e da Leitura, órgão do Ministério da Cultura e Comunicação na França, em parceria com a Associação ATD Quart-Monde[2], realizaram uma primeira e pioneira experiência de mediadores de livros, no campo da leitura pública. Nessa instância, Bordeaux (2008, p. 3, tradução nossa) conta que foi “[...] um programa inovador de recrutamento de mediadores de livros, encarregados de disseminar o gosto e a prática da leitura entre as populações mais afastadas da rede de bibliotecas”[3].

Posteriormente, outros programas foram desenvolvidos a partir de 1998, tendo como parcerias o Ministério da Cultura e o Ministério da Juventude, do Esporte e da Vida Comunitária da França.

Contudo, Bordeaux (2008) diz que a mediação cultural ocupa um lugar ambíguo. Aparece como uma competência e não como um quadro estatutário de emprego, exceto no setor de “animação”: aparece, portanto, como uma especialização das profissões de adido de conservação e assistente de conservação do patrimônio, e não como uma profissão por direito próprio.

Finalmente, a lei francesa de quatro de janeiro de 2004 sobre os museus da França mencionou explicitamente pela primeira vez a mediação como uma atribuição dos museus: “Cada museu na França tem um serviço encarregado das ações de recepção do público, difusão, animação e mediação cultural. Essas ações são realizadas por pessoal” (BORDEAUX, 2008, p. 4).

O trabalho de Caillet (1995) e sua atuação na Diretoria de Museus da França desempenhou relevante papel na divulgação da noção de mediação cultural.

Contudo, Bordeaux (2008, p. 4) lamenta que além desses momentos cruciais, que pontuaram a institucionalização da mediação no sistema cultural, tem-se, na França, uma visão bastante limitada da importância quantitativa e qualitativa da mediação cultural como atividade profissional.

Desde a década de 1990, assiste-se a um crescimento da discussão da temática vinculada às bibliotecas, o que denota uma nova abordagem, tanto para a profissão de bibliotecário como para a biblioteca. Nessa possibilidade, a biblioteca ressurge como mediadora e o bibliotecário, profissional que intervém entre a cultura e o público, como mediador, cuja comunidade está agora no centro das missões da biblioteca.

4 Análise e discussão dos resultados

Entre os autores pesquisados, não há um consenso sobre o período de aparição da mediação cultural na França. Para a Médiation Culturelle Association (2008), a noção de mediação surgiu durante os anos de 1960 no campo cultural e no campo dos museus, nos anos 1980.

Camelo, Dubé e Maltais (2016) afirmam que a mediação cultural surgiu nos anos de 1980 nos países de língua francesa. Bordeaux (2008) diz que a noção de mediação, na França, desenvolveu-se desde a década de 1970. De acordo com Caune (2018), o surgimento do tema da mediação cultural deu-se no início dos anos de 1990.

Compreendeu-se que, de fato, a mediação cultural na França tenha se desenvolvido no decorrer da década de 1990.

Caune (2018) aponta que o campo da mediação cultural evoluiu através de duas vontades distintas para pensar as relações sociopolíticas com a cultura: os paradigmas da democratização cultural e da democracia cultural. Seguindo essa perspectiva e de modo retrospectivo, a democratização da cultura na França remonta aos primórdios da Revolução Francesa, estava vinculada à ideia de educação popular e à ideia do relatório sobre a educação popular do Marquês de Condorcet de 1792. Entretanto, a educação popular floresceu amplamente nas décadas de 1940 e 1950, fazendo-se necessário o estabelecimento de novos métodos e de novas instituições educativas, cujas mudanças incidiam nas adaptações necessárias em uma sociedade traumatizada pela Segunda Guerra Mundial.

Autores como Della Croce, Libois e Mawad (2011) afirmam que o movimento francês de educação popular influenciou fenômenos como a animação e a ação cultural. Na década de 1960, o conceito de animação cultural espalhou-se rapidamente da França para outros países através de dois canais: a francofonia, em primeiro lugar, que lhe permitiu ganhar uma posição na Bélgica, na Suíça e no Canadá, e, em segundo lugar, as organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e o Conselho da Europa, através das quais a animação cultural se tornou conhecida além das fronteiras da língua francesa, especialmente Espanha, Portugal e América Latina (GILLET, 2002).

A animação cultural traça sua própria história a partir da educação popular dos séculos XIX e XX, estando também relacionada ao desenvolvimento da ação cultural dos anos de 1960 e ao novo campo da ação social dos anos de 1980 (ROUAULT, 2002, p. 39; GILLET, 2002, p. 43). Percebeu-se, desse modo, que a animação cultural não é um fenômeno cultural isolado, mas também está relacionada à ação cultural. Besnard (2005) vai além ao dizer que a animação é um fenômeno sociocultural e um processo dinâmico para as relações sociais em conjunto com o conteúdo cultural: está na interseção da ação social e da ação cultural.

Na França, em 1959, com a criação do Ministério de Assuntos Culturais por Charles de Gaulle, tendo à frente o escritor André Malraux, marca-se uma política cultural pela qual o encontro da arte com o homem foi efetivado sem existir qualquer mediação em seu processo. No decorer da década de 1960, a ação cultural firmou-se como uma bandeira de ação do governo de Charles de Gaulle. Usava-se o termo “setor sociocultural” para descrever o novo papel atribuído às maisons de la culture (casas de cultura) na divulgação de obras artísticas de qualidade (BORDEAUX, 2008). Apesar de a animação cultural ter florescido e ganhado destaque, Rouault (2002, p. 40) observa que o desenvolvimento das maisons de la culture no final dos anos 1960 favoreceu o recrutamento de reconhecidos profissionais da cultura, mas não o de animadores socioculturais, já que a política cultural estabelecida por Malraux repeliu o papel do animador. Rouault (2002, p. 40) considera que o métier de animador cultural na França ainda é uma profissão vaga, difícil de definir, mal configurada, especialmente porque o background cultural do animador nem sempre é óbvio, mesmo que a sua função social seja necessária e reconhecida socialmente.

Midy (2002, p. 7) destaca que “ação cultural” é uma expressão recente, assim como o fenômeno a que se refere e as análises que tentam defini-la. O autor diz ainda que a ação cultural programada tem sua fonte, seu princípio e sua base na Carta Universal dos Direitos Humanos, na proclamação da Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948 do “direito à cultura” (MIDY, 2002, p. 11). Labourie (1978, p. 20) menciona também que nos anos de 1956-1965, após a proliferação de criações de educação popular na Libertação (término da Segunda Guerra), surgiu o desenvolvimento cultural, invocando as noções de ação cultural e difusão cultural.

Considera-se que a ação cultural é um conceito que não segue sozinho. O termo faz parte de uma constelação que sempre inclui “política cultural” e “desenvolvimento cultural”, muitas vezes “democratização cultural” e “democracia cultural”, em companhia de “animação cultural” (MIDY, 2002, p. 7).

No aspecto evolutivo da mediação cultural, situa-se em 1991 a realização de uma pioneira experiência de mediadores de livros no campo da leitura pública na França. No entanto, somente em 2004 a profissão de mediador cultural foi explicitada como atribuição aos museus franceses. Bordeaux (2008, p. 5) destaca que o reconhecimento institucional veio após décadas de práticas de mediação profissional dentro dos museus e de uma política voluntarista conduzida dentro do Ministério da Cultura pela Direção de Museus da França. Além disso, o trabalho de Élizabeth Caillet na Direção dos Museus da França desempenhou certo papel na divulgação da noção de mediação (BORDEAUX, 2008). Desse modo, entre os anos de 1990 e 2004, verificou-se a institucionalização da mediação cultural vinculada ao incentivo à leitura (BORDEAUX, 2008) e aos museus (CAILLET, 1995).

Comprovou-se que a noção de mediação cultural na França é recente. Emergiu no decorrer da década de 1980 no setor cultural a fim de criar novas ligações entre as classes populares e as instituições (CHARRETON; LÉPINE 2013, p. 105). Destaca-se que a noção de mediação cultural na França relaciona-se a diversos fenômenos socioculturais, como a animação cultural e a ação cultural (MIDY, 2002; FONTAN, 2007; MÉDIATION CULTURELLE ASSOCIATION, 2008); a democratização cultural e a democracia cultural (MIDY, 2002; BORDEAUX, 2008; CAMELO, DUBÉ E MALTAIS, 2016; DUFRÊNE E GELLEREAU, 2004; CAUNE, 2018) e a educação popular, a exclusão social e a fratura social (CAUNE, 2018).

Caune (2018, p. 9) afirma que o surgimento da mediação cultural no início dos anos 1990 é contemporâneo à tomada de consciência dos fenômenos de exclusão, de fratura e de segmentação da sociedade francesa. Segundo o autor, a mediação cultural vincula-se à democratização do acesso a obras, línguas e práticas. A mediação cultural reduziria, portanto, a lacuna entre a cultura e os indivíduos (CAUNE, 2018). A associação da mediação cultural com a democratização cultural também é referida por Bordeaux (2008) quando avalia a mediação como uma forma de nomear a meta não cumprida de justiça social na distribuição da propriedade cultural, em resposta à necessidade de reafirmar o paradigma geral da democratização cultural.

Entendeu-se, desse modo, que a noção de mediação cultural está vinculada aos fenômenos da animação e ação cultural, que por sua vez remontam à educação popular e à democratização da cultura.

A princípio, a mediação cultural esteve associada às práticas de mediadores de livros e aos ambientes dos museus. Atualmente, sua emergência no contexto francês associa-se a questões culturais e artísticas entre as instituições de informação e cultura e os públicos, em que ela intervém para reduzir as fraturas sociais e a exclusão social.

Quintas (2007) refere-se à mediação cultural como um processo de intervenção e apropriação através de uma relação personalizada e viva entre referências culturais e indivíduos. Ao negar que o processo de mediação se limite à simples difusão, a autora pensa a mediação cultural como uma apropriação ampla das formas artísticas e culturais, materializando-se através de relações personalizadas e pulsantes entre os elementos culturais, os mediadores e a comunidade.

A perspectiva da apropriação cultural também é adotada pela associação francesa Médiation Culturelle Association (2008), que percebe a mediação cultural como um impulso de querer compartilhar o encontro de objetos, espaços e obras e de garantir uma apropriação plena da cultura pela comunidade. Essa concepção também é a de Aboudrar e Mairesse (2018), para quem a mediação cultural conecta público e atividades culturais com objetivos de apropriação das informações, apreciação e desenvolvimento do gosto pelos elementos formadores do vasto sistema cultural.

A noção de mediação cultural como intervenção é postulada por Fontan (2007), que entende que o mediador cultural realiza uma intervenção em prol de algo e que o define ainda como uma pessoa de diálogo entre as partes, tendendo a buscar acordo entre opiniões divergentes ou a priori incompatíveis. Além disso, o autor posiciona o mediador cultural como aquele que busca, através da dialogia, um acordo entre as opiniões incompatíveis para a superação de uma situação localizada.

Para Lafortune (2013), a emergência de práticas de mediação cultural e do próprio conceito de mediação cultural ancora-se em uma lógica de intervenção centrada em processos e atores, a partir dos impactos atribuídos a ela, como um vetor de mudança social.

Nessa concepção, a mediação cultural se materializaria através de processos que contribuiriam para transformar a sociedade.

Neumann (2012) também entende que a noção de mediação cultural seja heterogênea e pensa que a mediação cultural, composta de múltiplas práticas e técnicas de intervenção, produz significados e oferece espaços e oportunidades para o desenvolvimento de relações interpessoais e para a redução das desigualdades sociais.

Meyer-Bisch (2016) analisa a mediação cultural composta e múltipla em suas expressões, voltada às áreas de intervenção de políticas públicas que dizem respeito, entre outras coisas, ao uso da mediação cultural como vetor para o desenvolvimento, para a manutenção ou para a afirmação da pertença local e regional. Além disso, Meyer-Bisch (2016) soma-se aos teóricos de língua francesa ao definir a mediação cultural como intervenção, destacando também perspectivas em torno da apropriação, de encontros, de memória e história coletiva e de reparo do tecido social das comunidades.

5 Mediação cultural: complexidade e construção do conceito

Diversos autores consideram que a mediação cultural está circunscrita num quadro complexo (DUFRÊNE; GELLEREAU, 2004; DAVALLON, 2007; NEUMANN, 2012; PERROTTI; PIERUCCINI, 2014; FEITOSA, 2016). Neumann (2012) acredita que não existe um modelo genérico de mediação cultural e que seus contornos são difíceis de definir. Não se trata de um conjunto homogêneo de práticas e técnicas de intervenção; há múltiplos modelos, perfis de mediadores e funções referentes à mediação cultural. Davallon (2007, p. 5) examina a mediação cultural sempre em contexto, situada em diferentes ambientes: “[...] a definição que parecia poder fazer consenso explode para designar realidades muito diferentes. Uma tal heterogeneidade arrasta qualquer sonhador [...]”.

Levadas em conta essas avaliações, percebe-se que a apropriação cultural, através dos processos de mediação cultural, não se dá de forma simples e linear, mas atinge, sobretudo, uma complexidade que abrange diferentes níveis e fatores.

Feitosa (2016) observa que muitas vezes a mediação é confundida com a interação e salienta que aquela difere desta pelo alto grau de complexidade presente nas mais variadas formas de mecanismos gregários e civilizatórios e de ordenações socioculturais que interferem em nossas vidas.

Diversos fatores contribuem para posicionar a mediação cultural como processo plural e complexo, dadas as diversas problemáticas que cercam o trabalho do bibliotecário com os elementos formadores da cultura. No que concerne às bibliotecas, a mediação cultural pode ser percebida em diversos processos, formas e tipos, servindo de exemplo as mediações implícitas e explícitas (ALMEIDA JÚNIOR, 2009), que compreendem os serviços de referência, de gestão de acervos, de processamentos técnicos, de tratamento e recuperação de registros em sistemas, da gestão da informação e do conhecimento e do desenvolvimento de linguagens classificatórias, assim como as demais atividades relacionadas à cultura em geral e às artes (exposições, incentivo à leitura, serviços de marketing etc.).

Nesse contexto, o informar é um ato complexo, pelo qual transitam fatores múltiplos que sinalizarão a apropriação cultural, tais como os diversos dispositivos produtores de sentidos, as programações culturais das bibliotecas, as políticas culturais para o setor, a dimensão histórica e contextual dos interesses sociais, as concepções de cultura, o pensamento hegemônico, as regulações, os paradigmas norteadores das bibliotecas (acesso, democratização e apropriação cultural) e a formação e as competências do bibliotecário como mediador cultural.

Quanto aos resultados do questionário aplicado aos pesquisadores envolvidos com a temática, concluiu-se que a mediação cultural é categoria essencial em todas as bibliotecas, independentemente de suas tipologias, plasmando-se em todos os fluxos informacionais que circulam através das mediações implícitas e explícitas.

Desse modo, assinalou-se as seguintes premissas da mediação cultural em bibliotecas:

  • a) todas as bibliotecas são mediadoras culturais, independentemente de suas tipologias;

    b) a informação é um produto da cultura; já a mediação cultural é um processo mais amplo, que engloba a mediação da informação e da leitura;

    c) a mediação cultural abrange todas as atividades das bibliotecas, espraiando-se em mediações implícitas e explícitas;

    d) no que tange às mediações explicitas e à função cultural e de lazer das bibliotecas, a mediação cultural é desenvolvida através dos modos de ação cultural, animação cultural e fabricação cultural;

    e) uma pedagogia apropriada ao trabalho do bibliotecário com a comunidade (mediações explícitas) necessita de maiores investigações, apesar de os pesquisadores participantes da pesquisa apontarem propostas promissoras, destacando a perspectiva dialógica, a do oprimido e a da negociação cultural;

    f) a mediação cultural é um processo que envolve estratégias de comunicação, interferências e dispositivos;

    g) a mediação cultural é um processo complexo, de práticas heterogêneas, envolvendo dispositivos, suportes, linguagens e técnicas;

    h) a mediação cultural na biblioteca encerra as noções de interação, compartilhamento, diálogo, apropriação, protagonismo e cidadania cultural;

    i) a mediação cultural refere-se a processos complexos englobando os diversos dispositivos na construção de sentidos;

    j) nos processos de mediação cultural, a atuação do bibliotecário abre-se em possibilidades para o acesso, a produção, a circulação, a apropriação e o protagonismo cultural, considerando-se a construção de significados e o desenvolvimento sociocultural da comunidade;

    k) os processos de mediação cultural em bibliotecas vinculam-se à construção de sentidos a partir do contato com os elementos formadores da cultura;

    l) a gestão pública e as políticas culturais também são reconhecidas como instâncias de mediação cultural;

    m) o bibliotecário precisa de conhecimentos transdisciplinares para atuar como mediador cultural e para assim contribuir para a apropriação cultural.

Pode-se, desse modo, entender a mediação cultural em bibliotecas como processos que possibilitam a elaboração de sentidos com potencial para a construção de interações, apropriações em direção ao protagonismo cultural. A mediação cultural comporta a noção participativa dos sujeitos na cultura, no processo de apropriação das informações, e revela nas ações dos bibliotecários o estabelecimento de interações simbólicas entre os sujeitos e o mundo cultural.

Para Lima (2016), a ideia de apropriação cultural está correlata à noção de mediação cultural. O bibliotecário será um mediador cultural quando servir à sociedade focando suas atividades na demanda da apropriação cultural. A apropriação cultural está inserida no processo de produção de significados, consistindo em experiências para os sujeitos, vistos não como meros decodificadores de conteúdos, mas como produtores de novos significados.

Para esta pesquisa, a cultura e a informação são vistas como um fenômeno relacionado à ordem do conhecimento, da interação social, da comunicação e da mediação.

Torna-se conveniente recordar que Coelho (2012, p. 268) definiu a mediação cultural como “Processos de diferente natureza cuja meta é promover a aproximação entre indivíduos ou coletividades e obras de cultura e arte”. Colocado dessa forma, esse enunciado traz elementos que não podem ser desprezados, uma vez que o autor se refere à mediação cultural como “processos de diferente natureza”.

Todavia, os resultados obtidos até aqui permitem inferir que o termo “aproximação” não parece aplicável, já que a mediação cultural consiste em muito mais do que uma simples aproximação.

Porém, um conceito para a mediação cultural em bibliotecas não pode ignorar as seguintes premissas:

  1. 1. (1) “A mediação cultural é ato autônomo, com identidade e lógicas próprias, definidas em relação com as esferas da produção e da recepção de informação e cultura” (PERROTTI; PIERUCCINI, 2014, p. 1).

    (2) A mediação cultural “[...] requer do mediador competências e atitudes de um protagonista cultural, para atuar como tal junto a outros protagonistas, com conhecimentos interdisciplinares e consciência de sua função social” (LIMA; PERROTTI, 2016, p. 162).

    (3) “[...] a mediação cultural, em suas estratégias e práticas, evidencia e favorece as relações interpessoais, especialmente as que envolvem o mediador” (LIMA; PERROTTI, 2016, p. 176).

    (4) O paradigma da apropriação direta passa a assinalar a relevância das ações de mediação direta e favorece o acesso e uso da informação, privilegiando a dialogia, a troca de informações, o compartilhamento e o debate em torno dessas informações (GOMES, 2014, p. 158). Essas condições, ainda segundo Gomes (2014, p. 158), são necessárias ao processo de construção do conhecimento e ao processo de apropriação dos conteúdos, formando o substrato da formação de protagonistas sociais e culturais (GOMES, 2014, p. 158).

    (5) “[...] a mediação é o conjunto de processos, intervenções, técnicas, estratégias que facilitam o encontro entre obras de arte / fenômenos artísticos e indivíduos / população. [...] A mediação cultural coloca os indivíduos no centro do processo de apropriação cultural e garante o acesso desses individuos ao maior número possível de pessoas nos níveis social, físico e intelectual” (NEUMANN, 2012, p. 9).

Levadas em conta todas essas reflexões, observa-se que a mediação cultural é um processo complexo, dinâmico, situacional e autônomo, que envolve diversos elementos e dispositivos e que assinala o paradigma da apropriação e do protagonismo cultural.

Assim, a partir dos resultados obtidos, foi possível verificar elementos que contribuíram para propor uma definição de mediação cultural em bibliotecas: “o conjunto de processos, interferências e dispositivos que possibilitam a apropriação cultural, colaborando na construção de significados com o intuito de alcançar o protagonismo cultural e o desenvolvimento sociocultural”.

6 Considerações finais

O período colonial no Brasil foi marcado pela legitimação da cultura europeia, do Estado português e da religião católica. Após um período fecundo, a instrução e as bibliotecas instauradas nos mosteiros e nos colégios desmoronaram com a expulsão da Companhia de Jesus em 1762.

O século XIX também assinalou um panorama desolador diante da instauração de bibliotecas públicas nas capitais dos estados brasileiros: sem infraestrutura necessária; instaladas em locais improvisados; com acervos desatualizados, muitas vezes compostos apenas por doações; sem recursos humanos adequados, investimentos nem políticas públicas, a maioria das instituições leitoras sucumbiram à própria sorte. No que tange às bibliotecas públicas, escolares e universitárias, é essa a realidade que ainda persiste no âmbito brasileiro, sendo que nenhum exame retrospectivo das bibliotecas públicas brasileiras, por mais ufanista que fosse, seria capaz de ignorar as deficiências ou precariedades dessas bibliotecas.

A presente investigação propôs-se a construir um conceito para a mediação cultural em bibliotecas selecionando dados e materiais bibliográficos no contexto da Ciência da Informação no Brasil e na França. A delimitação do universo de pesquisa referente à França deveu-se ao fato de que a mediação cultural surgiu e se desenvolveu em solo francês. Esta pesquisa se situa teoricamente entre vários campos do conhecimento que se interconectam e que deram um aporte indispensável ao desenvolvimento de uma proposta para o conceito de mediação cultural.

Para pensar a respeito da mediação cultural, é salutar percebê-la como movimento transdisciplinar, dadas suas associações disciplinares com a psicologia (comportamento dos indivíduos), com a sociologia (processos de relações sociais: poder dominante e dominado), com a linguística e a semiótica (representação e significação das linguagens nos processos de apropriação cultural) e com a antropologia (significados do termo cultura). Observa-se que o conceito de mediação cultural em bibliotecas vincula-se a processos, à construção de sentidos, aos paradigmas do acesso, à democratização da cultura, às políticas culturais, à apropriação cultural e ao protagonismo cultural. Circunscritos aos processos de mediação cultural também estão questões do patrimônio histórico e cultural, da memória local, das identidades culturais, do multiculturalismo e das necessidades culturais e artísticas da comunidade.

Também pode-se pensar a mediação instaurada através dos fenômenos da comunicação, de caráter histórico e social, nos quais se espera que o repertório cultural da coletividade seja modificado através da apropriação cultural.

O conceito de mediação evidencia as interações sociais e as mediações simbólicas. A definição fornecida por Coelho (2012) está correlata ao conceito de mediação cultural enquanto produção de sentidos, quando o autor diz que a cultura se manifesta sob diferentes formas que integram um vasto e intricado sistema de significações.

Neste momento, o conceito de cultura aponta para uma rede de significações e linguagens. Entende-se que a mediação cultural se estabelece como fenômeno eminentemente comunicacional e multidisciplinar, observadas as contribuições de Vygotsky (1991), quando se entende que a mediação pelo outro e pelo signo caracteriza, portanto, a atividade cognitiva.

Assim, o olhar para a mediação cultural como ação produtora de sentidos levou a considerar as expressões da cultura como possibilidades de experiências vivenciadas e internalizadas através da apropriação. Opondo-se à noção de passividade, de transmissão e assimilação cultural, tem-se na mediação cultural a visão de criação e recriação, de compartilhamento e ampliação de significados.

Na análise sobre o microcosmo e macrocosmo, vislumbrava-se as bibliotecas como dispositivos produtores de sentidos, agindo junto à valorização do próximo e da coletividade, revitalizando o apreço pelo local, pela comunidade a ser atendida, fazendo perceber o mundo por meio das relações e articulações entre o global e o local e não apenas pela globalização.

Agradecimentos

Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP)

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Notas

1 L’émergence de la thématique de la médiation culturelle, au début des années 90, est contemporaine de la prise de conscience des phénomènes d’exclusion, de fracture et de segmentation de la société française (CAUNE, 2018, p. 9).
2 A Associação ATD Quart-Monde é um movimento que atua em vários países contra a miséria e a exclusão, criado a partir da
3 “[...] un programme innovant de recrutement de médiateurs du livre, chargés de diffuser le goût et la pratique de la lecture auprès des populations les plus éloignées du réseau des bibliothèques” (BORDEAUX, 2008, p. 3).

Notas de autor

1 Doutor; Universidade Estadual Paulista, Marília, SP, Brasil

alessandrorasteli@yahoo.com.br

Información adicional

Declaração de autoria: Concepção e elaboração do estudo: Alessandro Rasteli Coleta de dados: Alessandro Rasteli Análise e discussão de dados: Alessandro Rasteli Redação e revisão do manuscrito: Alessandro Rasteli

Como citar: RASTELI, Alessandro. Em busca de um conceito para a mediação cultural em bibliotecas: contribuições conceituais. Em Questão, Porto Alegre, v. 27, n. 3, p. 120-140, 2021. Doi: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245273.120-140



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