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Museu Etno-Arqueológico de Itajaí: espaço comunitário de memórias coletivas
Itajaí Ethno-Archaeological Museum: Community space for collective memories
Em Questão, vol. 28, núm. 1, pp. 380-401, 2022
Universidade Federal do Rio Grande do Sul



Recepción: 30 Noviembre 2020

Aprobación: 07 Julio 2021

DOI: https://doi.org/10.19132/1808-5245281.380-401

Resumo: O artigo propõe algumas reflexões sobre o espaço do Museu Etno-Arqueológico de Itajaí, que ocupou a edificação da antiga estação ferroviária e hoje apresenta-se como um espaço comunitário, ressignificando as memórias coletivas da época, preservando, assim, a história da Estrada de Ferro Santa Catarina, considerada sua importância no Vale do Itajaí. O museu oportuniza partilhar a etnografia rural e local do bairro Itaipava e, por meio dos sambaquis, sua arqueologia. Ao enaltecer sua história, descreve um passado não tão distante e apresenta memórias coletivas daquele espaço-tempo. O objetivo desta pesquisa consiste na reflexão sobre a ética da criação do museu, na história do patrimônio edificado e das memórias internalizadas naquele espaço comunitário que foi a Estação Ferroviária Engenheiro Vereza e, atualmente, o Museu Etno-Arqueológico. Na fundamentação conceitual aprofunda-se as apreciações de Le Goff (2013) e Pierre Nora (1993) para abordar a história e memória, bem como o conceito de Halbwachs (2006) sobre memória coletiva. Também são utilizadas as considerações de Vázquez (2014) sobre ética e de Besterman (2006) na relação da ética com o museu e sua história com a comunidade, concentrando-se na abordagem qualitativa e nos preceitos do método fenomenológico de Moreira (2002) para analisar as experiências dos indivíduos que viveram e vivem em torno daquele espaço comunitário.

Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Memória, Informação, Ética, Museu Etno-Arqueológico.

Abstract: The article proposes some reflections on the space of the Ethno-Archaeological Museum of Itajaí, which occupied the building of the old railway station, and today presents itself as a community space, redefining the collective memories of the time, thus preserving the history of the Railway Santa Catarina, considered its importance in the Itajaí Valley. The museum provides an opportunity to share the rural and local ethnography of the Itaipava neighborhood and, through the shell mounds, its archeology. By extolling its history, it describing a not-so-distant past and presents collective memories of that space-time. The objective of this research is to reflect on the ethics of the creation of the museum, the history of the built heritage and the memories internalized in that community space that was the Engenheiro Vereza Railway Station and currently the Ethno-Archaeological Museum. The conceptual foundation deepens the assessments of Le Goff (2013) and Pierre Nora (1993) to address history and memory, as well as the concept of Halbwachs (2006) about collective memory. The considerations of Vázquez (2014) on ethics and Besterman (2006) in the relationship of ethics with the museum and its history with the community, are also used, focusing on the qualitative approach and the precepts of the phenomenological method by Moreira (2002), for analyze the experiences of individuals who have lived and live around that community space.

Keywords: Cultural Heritage, Memory, Information, Ethic, Ethno-Archaeological Museum.

1 Introdução

O presente artigo irá contribuir com a temática do patrimônio histórico cultural de Itajaí[1], destacando o surgimento de um novo museu, a implicação ética para sua criação, bem como os desdobramentos no bairro Itaipava. Segundo Chagas (2006, p. 3) “[...] museu e patrimônio constituem campos distintos e complementares, que frequentemente dançam ao som de uma mesma música. Ora é um, ora é o outro quem conduz a dança.”.

Antes mesmo da emancipação política e administrativa do município, em terras onde hoje é o bairro Itaipava, foi registrada a primeira colônia de Itajaí, por volta de 1820. O nome Itaipava é de origem tupi-guarani e significa “pedra que atravessa a água”. Ali viviam os índios botocudos[2], fato corroborado pelos sambaquis[3] existentes. Esse foi o local que mais tarde foi cortado pela linha férrea.

Essa parte da ferrovia, que demorou muito para ser concluída em virtude da diminuição de verbas públicas, foi conduzida pelo engenheiro Telasco Vereza, e o bairro Itaipava contemplado com uma das estações ferroviárias, que funcionou até 1971 quando a Estrada de Ferro Santa Catarina (EFSC) foi completamente desativada.

Os anos passaram e surgiu a ideia da criação de um museu que contasse a história local e rural, além de acolher o material arqueológico salvaguardado pela municipalidade. O Museu Etno-Arqueológico poderia instalar-se nas dependências da antiga estação ferroviária, “[...] a conservação da edificação será facilitada, em função da adequação de seu uso como instalação museológica [...]” (CORDEIRO; FREITAS, 2004, p. 127), com o objetivo de contar a história e fomentar o fenômeno da memória do trem do Vale do Itajaí, bem como do bairro e de sua comunidade rural.

Sendo assim, em 2010, quando Itajaí comemorava seu sesquicentenário, foi inaugurado o novo museu do município, destinado às temáticas de etnografia[4] da área rural e arqueologia, enaltecendo os festejos e manifestações culturais da comunidade.

A presente pesquisa investiga o Museu Etno-Arqueológico de Itajaí. No primeiro momento aborda a história da Estrada de Ferro Santa Catarina, com a construção da Estação Ferroviária Engenheiro Vereza, no bairro Itaipava e seus desdobramentos, até o surgimento de um novo museu para o município.

No segundo momento tece reflexões sobre a ética na relação entre o museu e a comunidade. O código de ética do Conselho Internacional de Museus (ICOM) acosta-se em temas como a constituição dos museus, os acervos, seus recursos bem como a pesquisa e sua relação com as comunidades nas quais se relaciona. Importa incluir a ética neste estudo porque ela tem conexão com as responsabilidades das instituições com a sociedade, conjecturando sobre o contexto e estabelecendo confiança entre a comunidade e a instituição.

Conforme Besterman (2006, p. 431), “A ética define a relação do museu com as pessoas, não com as coisas.”. Afirma, ainda, que em uma sociedade com diversas culturas, um museu ético recebe confiança e se torna um local seguro para as pessoas. A ética é vista como a filosofia da moral, uma ciência que recomenda as condutas e os atos corretos nas construções culturais.

No terceiro momento são discutidas as temáticas que englobam a linha do Museu Etno-Arqueológico: o saber fazer e suas memórias coletivas. Nora (1993, p. 9) aponta que “A memória é a vida, sempre carregada por grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à dialética da lembrança e do esquecimento [...]”.

Nesse momento, aborda-se a relação entre a trajetória da estação ferroviária e as lembranças que se apresentam nesse tempo/espaço, para que justamente não caiam no esquecimento, onde a memória seria a existência dos acontecimentos e a história a reconstrução do passado (NORA, 1993).

Nessa perspectiva, Le Goff (2013, p. 390) reporta o estudo da memória como “[...] um dos meios fundamentais para abordar os problemas do tempo e da história, relativamente aos quais a memória está ora atrasada, ora adiantada.”. Seguindo esta concepção, é necessário pesquisar e aprofundar no cerne do tempo/espaço, que permite deixar escapar algumas memórias, fazendo com que a história não seja contada, mas, sim, ressignificada por meio da reconstrução dos acontecimentos, “História com tempos e ritmos diferentes, ora linear ora repetitiva, que volta a ser do nosso tempo.” (LE GOFF, 2013, p. 478).

O estudo que originou este artigo tem como corpus documental revisões bibliográficas extraídas de livros e sites, bem como a análise das ações realizadas para motivar a presença da comunidade na instituição, por meio do registro fotográfico e do livro de visitantes. Essa análise e interpretação foram elaboradas sobre a ética da criação de um novo museu, suas abordagens temáticas e a comunidade no seu entorno, contando sua história e descrevendo memórias internalizadas naquele espaço comunitário.

O tratamento metodológico fundamentou-se na abordagem qualitativa, apreciando o corpus documental por meio de uma análise descritiva, uma vez que para conhecer a realidade, é necessário analisar, descrever e interpretar os acontecimentos no processo de ressignificação das memórias da estação ferroviária de Itajaí.

Essa perspectiva segue o método fenomenológico, uma vez que são descritas e analisadas as experiências vividas pelos sujeitos daquele tempo/espaço, a época em que viviam e quem vivia, bem como, as memórias coletivas e, principalmente, as histórias nas quais há sujeitos envolvidos. Assim é elaborada uma análise mais filosófica da história da Estação Ferroviária Engenheiro Vereza e, por conseguinte, do bairro Itaipava.

Essa história remete à essência dos fenômenos, ou seja, faz conjecturar sobre uma história do passado que não é tão distante assim, reportando a nossa própria história e a criação de uma instituição que conta, constrói e ressignifica memórias, portanto o enfoque metodológico produzirá conhecimento nas esferas humanas.

Segundo Coltro (2000, p. 39), “A fenomenologia exalta a interpretação do mundo que surge intencionalmente à consciência, enfatizando a experiência pura do sujeito [...]”. Ainda segundo o autor, “A pesquisa fenomenológica parte da compreensão do viver e não de definições ou conceitos, e é uma compreensão voltada para os significados do perceber [...]”.

Pensar assim é afastar das memórias a questão abstrata e observar as lembranças verdadeiras, enfatizando a vivência por meio da experiência. Conforme Moreira (2002, p.63), “Dessa forma, não irá pressupor nada, nem o senso comum, nem o mundo natural, nem as descobertas e as teorias da ciência”. Contudo, conseguiremos produzir uma noção intensa do ser humano de volta às suas raízes, abordando a etnografia e a arqueologia da região.

2 Estação Ferroviária Engenheiro Vereza

A construção da Estrada de Ferro Santa Catarina previa a ligação entre o Porto de Itajaí e o planalto catarinense, atravessando todo o estado de leste a oeste, até o limite com a Argentina. Conforme Cordeiro e Freitas (2004, p. 121), foi “[...] um consórcio de empresas, liderado pelo Banco Alemão, em Berlim, que fundou a ‘Estrada de Ferro Santa Catarina Sociedade Anônima’[...]”. No ano seguinte, pelo Rio Itajaí-Açu, começaram a chegar as primeiras locomotivas.


Figura 1
Figura 1 – Configuração geográfica atual do Vale do Itajaí com o traçado da EFSC
WITTMANN (2008).

Nessa ocasião foi intensificado o entusiasmo pela construção de muitos quilômetros de trilhos e estações por vários municípios do estado. Em 03 de maio de 1909 foi concluído o percurso Blumenau-Indaial com 30 Km de extensão. No mesmo ano, em junho, os trilhos chegaram até Ascurra, e, em outubro, à Ibirama.

Em 1913, foram produzidas matérias no jornal “O Pharol[5]” que se tornaram mais um incentivo à ferrovia com o título “Vem de novo a estrada de ferro”, e o jornal “Itajahy” publicou que “[...] foram contratados setenta trabalhadores, podendo atingir cento e quarenta contratações [...]” (CORDEIRO; FREITAS, 2004, p. 124) para a construção da linha férrea. Essas reportagens afiançavam a construção da ferrovia em Itajaí. Naquele ano, os engenheiros Ferraz e Vereza já haviam aplainado quilômetros de atalhos por onde passariam os trilhos.

Contudo, em 1914 foi cassada sua concessão, em virtude da discrepância entre as posições do Brasil e da Alemanha, durante a I Guerra Mundial (1914-1918). Em 1917 a empresa passou a ser administrada por uma comissão militar brasileira, então, os trabalhos foram reiniciados, mesmo que de forma mais tímida.

Entretanto, em 1920 são encontradas referências nos jornais da época “O Pharol” e “Itajahy” sobre a construção da estrada de ferro de Itajaí para Blumenau. Decorridos mais quatro anos, o então ministro da Viação e Obras Públicas, Francisco Sá mandou “[...] ouvir o tribunal de contas sobre a legalidade da abertura de crédito destinado ao início da construção da via férrea de Itajahy para Blumenau.” (CORDEIRO; FREITAS, 2004).

Em 15 de maio 1926 os trabalhos foram retomados. Com a chegada dos engenheiros foi instalado o escritório da Estrada de Ferro Santa Catarina S/A em Itajaí, acolhendo aqueles que construiriam as estações, sendo que a de Itaipava viria a ser chamada posteriormente de “Estação Ferroviária Engenheiro Vereza”.

O ano de 1926 foi de grande relevância para o município de Itajaí, pois Adolfo Konder ascendeu a governador do Estado de Santa Catarina (1926-1930), Victor Konder foi nomeado para o ministério de Viação e Obras Públicas e, no âmbito municipal, Marcos Konder tornou-se Superintendente[6]. Os três eram irmãos e residiam em Itajaí na “Casa Konder”[7], hoje tombada como patrimônio cultural. O local foi construído pelo pai deles, Marcus Konder, que veio da Alemanha. Essa conjuntura familiar sinalizava um quadro de grandes possibilidades para a Estrada de Ferro de Itajaí sair do papel, embora a história nos mostra que sua conclusão foi bem mais postergada.

Em 1º de abril de 1929 a estação de Lontras foi concluída e quatro anos mais tarde inaugurou-se um novo trecho, mais de 6 Km até a estação de Rio do Sul.

A Estrada de Ferro Santa Catarina, em seus primeiros vinte anos, foi instrumento efetivo para o avanço das fronteiras colonizadoras, elo entre Blumenau e novos locais que se converteram nas cidades de Indaial, Ascurra, Ibirama, Lontras, Rio do Sul e Trombudo Central (CORDEIRO; FREITAS, 2004).

As estações de Itajaí foram iniciadas no final dos anos 20, quando anunciavam o prolongamento da via ferroviária que foi terminada em 1947. Entretanto, a abertura definitiva desse prolongamento, com o primeiro trem percorrendo seus trilhos, só ocorreu em 1954. Importa lembrar que a estação do bairro Itaipava começou a ser construída em 1926.

Consolidada a linha rumo ao Porto de Itajaí, sua inauguração no dia 18 de dezembro de 1954 teve a presença do então presidente da república João Fernandes Campos Café Filho. Itajaí foi contemplada com algumas estações que compunham a Estrada de Ferro. Situavam-se nos bairros Fazenda, Matadouro, Itaipava e Boa Vista, além do ramal ao porto de Itajaí (SILVA, 2016).

A estação do bairro Itaipava oferecia amplo serviço às comunidades do interior, que usavam o telégrafo e o telefone da estação. Segundo Cordeiro e Freitas (2004, p. 127), “[...] para não perderem suas economias, os colonos do interior chegavam a guardar seu dinheiro nos cofres das estações, evidenciando o quão confiáveis eram seus serviços e funcionários.”.

Essa estação foi denominada “Estação Ferroviária Engenheiro Vereza”, em homenagem ao engenheiro Telasco Vereza, chefe da obra da Estrada de Ferro Santa Catarina. A história não mostra em registros essa homenagem, nem os motivos para ela, apenas sinaliza que ele foi o coordenador da comissão para a execução da estrada de ferro.

Essa rede ferroviária com suas diversas estações serviu ao Vale do Itajaí por mais de seis décadas transportando cimento, gado, madeira, areia e também passageiros que, habituados com carroças e carros de mola tracionados por animais, descobriram na ferrovia um meio célere, confortável e seguro para sua locomoção (CORDEIRO; FREITAS, 2004).

Segundo Wittmann (2008, p. 20), “[...] a ferrovia foi um dos principais e importantes agente estruturador das principais cidades do Vale do Itajaí, e um ícone da memória coletiva de uma ou mais gerações [...]”. Destarte analisar que salvaguardar e tornar notórias as memórias da linha férrea de Itajaí relacionando com a história do bairro e a edificação predial é entender que o patrimônio cultural está vivo e a história e suas memórias salvas.

No final da década de 60, com a abundância de recursos externos, foram construídas inúmeras vias asfaltadas; o petróleo estava em fase de consolidação, sendo abundante e barato, devido a projetos de extração, ampliando significativamente a produção petrolífera no Brasil. Por outro lado, com a pressa tornando-se um novo componente da sociedade, que permanece até a contemporaneidade, o transporte rodoviário adquiriu papel destacado para a população, relegando o trem a uma função antiquada.

A linha até Itajaí demorou demais para seu término. Nesse momento o transporte de madeira para o porto já era menor do que o registrado nos anos 30; tanto que no primeiro ano de funcionamento a ferrovia registrou queda nesse transporte em relação às vias rodoviárias que já existiam.

Com isso, em 12 de março de 1971 foi cumprida a determinação do Superintendente Hélio Mello: os maquinistas José Pacheco e Aníbal Rocha, operaram pela última vez a locomotiva 331 e sua composição de quatro vagões, ao longo do traçado da Estrada de Ferro Santa Catarina.

Dez anos depois, em 1981, o prefeito de Itajaí, por meio de uma reestruturação administrativa, criou secretarias e utilizou o prédio da antiga estação ferroviária para abrigar a Secretaria de Desenvolvimento Rural, com o objetivo de ficar mais próximo da ruralidade. Posteriormente esse prédio sediou a Secretaria Municipal de Agricultura e até meados de 2004 foi utilizado como Sub-Prefeitura do bairro Itaipava, no desenvolvimento de atividades administrativas, descentralizadas da prefeitura de Itajaí.

A Estação Ferroviária Engenheiro Vereza, que pode ser apreciada na figura 2, é o único exemplar remanescente das estações construídas em Itajaí. A municipalidade, por meio do decreto nº 6.577 de 30 de julho de 2002 homologou o tombamento do prédio. “Fica homologado o tombamento [...], do imóvel da ‘ESTAÇÃO FERROVIÁRIA ENGENHEIRO VEREZA’ situado à Av. Itaipava, nº 3.901, Bairro Itaipava, nesta cidade de Itajaí.” (ITAJAÍ, 2002). Conservando a edificação, mantém viva a história e preserva a memória da estrada de ferro em Itajaí.


Figura 2
Figura 2 – Prédio da Estação Ferroviária Engenheiro Vereza
FUNDAÇÃO GENÉSIO MIRANDA LINS (2020).

2.1 O surgimento de um museu

A prefeitura de Itajaí, por meio do decreto nº 7.344 datado do ano de 2004, autorizou a cessão de uso do prédio da Estação Ferroviária Engenheiro Vereza à Fundação Genésio Miranda Lins (FGML) para o estabelecimento de um novo museu no município. “O mencionado imóvel destina-se à implantação e funcionamento do Museu Etno-Arqueológico de Itajaí [...]” (ITAJAÍ, 2004).

O novo museu foi inaugurado em 25 de junho de 2010, durante as comemorações alusivas ao aniversário do município. Este museu em específico foi criado para comunicar a cultura das populações que povoaram as áreas rurais de Itajaí, resguardando e realizando pesquisas alusivas ao tema. É apontado como uma unidade museológica temática, trabalhando a etnografia e a arqueologia, contando com um laboratório de arqueologia e um arqueólogo concursado por meio da Fundação Genésio Miranda Lins (OLIVEIRA, 2011).

Essa unidade, além do laboratório de arqueologia, conta com acervos coletados no sambaqui do município de Bombinhas, exposições, equipamentos para pesquisa, espaços de reserva técnica e para ações educativas, abordando a arqueologia pré-histórica, histórica e a história da estação ferroviária, corroborando com o folclore local e os lavores rurais.


Figura 3
Figura 3 – Acervo do Museu Etno-Arqueológico de Itajaí
Elaborado pelos autores.

O Museu Etno-Arqueológico de Itajaí é um espaço que preserva a memória dos imigrantes e antepassados da região. Nas adjacências do museu foram localizados sítios arqueológicos, marcas de populações e culturas antigas; foram descobertas centenas de quilos de materiais como ossadas de animais, artefatos de ossos e pedras, conchas, colares e inúmeros itens pertencentes a povos antecedentes. Esses sítios são patrimônios culturais que nos auxiliam a perceber melhor como conviveram populações em épocas bem remotas.

O primeiro sítio arqueológico explorado pelo projeto de pesquisa da Fundação é o Sambaqui Itaipava II, que, coincidentemente, está localizado há menos de um quilômetro da referida estação ferroviária, fato que veio a favorecer, em todos os sentidos, a utilização daquele espaço para as finalidades do projeto. (CORDEIRO; FREITAS, 2004, p. 129).

O acervo etnográfico conta com artefatos dos labutadores da estrada de ferro, utensílios da época, imagens, retratos e destroços da construção ferroviária, que foram descobertos durante a escavação arqueológica e que ajudam a contar a história. Seu acervo também conta com itens doados pela comunidade rural do bairro Itaipava, para registro das memórias e do seu saber fazer.


Figura 4
Figura 4 – Acervo do Museu Etno-Arqueológico de Itajaí
Elaborado pelos autores.

A estrutura do museu conta com área externa, onde eventos são realizados com o desígnio de agregar a comunidade e visitantes a história e cultura local. As ações educativas são desenvolvidas por programas de educação patrimonial permanentes, fomentando aos envolvidos a ideia de preservação do patrimônio arqueológico e dos bens culturais, da memória da comunidade a ser ressignificada por gerações.

Idealizado como um espaço de memórias do município de Itajaí, hoje o museu vivencia em seu cotidiano uma diversidade cultural, em virtude de outras ações realizadas para que a comunidade utilize o espaço museológico como sendo extensão de sua casa. Para isso, a prefeitura de Itajaí oferta oficinas de violão, judô, capoeira, além de cursos de argila, apresentação de peças teatrais e colóquio sobre a arqueologia pré-histórica.

O contato com a comunidade se torna frequente e o espaço comunitário se apresenta para ressignificar memórias e construir outras para as futuras gerações. Observando por meio do método fenomenológico, podemos afirmar com os registros fotográficos e livro de visitantes que essas ações aproximam a comunidade do seu museu e ele de sua comunidade.

3 A ética na relação entre o museu e a comunidade

Estabelecer afinidade entre museu e comunidade vai além de pensar o museu e seu público. É ajuizar o dinamismo da instituição e o pertencimento que a comunidade experimenta. Esse dinamismo necessita estar presente nos serviços que a instituição oferecerá à sociedade.

A reflexão em torno do papel do museu para com a comunidade está ligada à ética da instituição e de sua criação. Pensar o papel social do museu é discorrer sobre sua relação com o público, com a comunidade na qual está inserido e com sua concepção pedagógica; isto vem ao encontro das ponderações da UNESCO[8] e do ICOM. “O código de Ética representa uma norma mínima para museus. Apresenta-se como uma série de princípios fundamentais em diretrizes para práticas profissionais desejáveis.” (ICOM, 2008, p. 9).

Em 1958 a UNESCO já vinha aventando a ideia da cátedra dos museus como meio educativo, um passo para a educação não-formal. Por sua vez, em 1971 o ICOM[9] abordou os avanços na relação entre museu, sua comunidade e a necessidade de redefinir a missão e os métodos dessas instituições, adotando um novo modelo de museu, alcunhado de “neighborhood museum” - o museu do bairro. Nessa perspectiva, esses espaços objetivam a construção e reconstrução das memórias e apreciação da história das comunidades, cooperando para o senso de pertencimento e da identidade local. Segundo o ICOM (2008, p. 6) “Os museus trabalham em estreita cooperação com as comunidades das quais provêm seus acervos [...]”.

Conforme Chagas (2006, p. 5), “[...] é neste sentido que se pode dizer que museus são pontes, janelas ou portas poéticas que servem para comunicar e, portanto, para nos humanizar.”. Desta forma, o museu se integra à comunidade e ela ao local comunitário produtor de memórias, que é o museu.

Nesse sentido, o ICOM recomenda que sejam proporcionadas exposições com problemáticas sociais, contradições da sociedade e aportes culturais das minorias. Contudo, é admirável envolver a comunidade, suas relações e estruturas, decompondo aspirações, expectativas, anseios e as formas de cumprir a cidadania, colaborando com a constituição de uma coletividade ética e solidária. (PRIAMO, 2016).

[...] sublinhar a importância do lado intangível da cultura, os traços afetivos e espirituais, a sensibilidade, as tradições, os valores, as festas, os lugares, tudo o que não é tangível e que tem a sua apreensão através dos sentidos e tem a sua expressão fora do museu. Esta essência social que dá vida à existência imaterial faz dos indivíduos protagonistas indispensáveis do objeto patrimonial. (PINTO, 2013 p. 2).

Assim, para além de pontes e janelas, o museu procura uma inovação no aprendizado em que a participação da comunidade se faça presente e o patrimônio edificado seja um espaço comunitário, de maneira que sejam apreciadas as memórias. Assim sendo, o espaço comunitário objeto deste estudo tem se tornado um lugar de “partilha da aprendizagem” (PINTO, 2013, p. 9), compartilhando o conhecimento com os moradores do bairro Itaipava, provendo o encontro do passado com o presente e ressignificando as memórias da estação férrea de Itajaí.

Vázquez (2014, p. 34) aponta-nos que ao compartilhar o conhecimento, estamos afeitos à ciência social, e a ética se arrola de forma muito achegada a ela, “[...] dado que o comportamento moral não é outra coisa senão uma forma específica do comportamento do homem, que se manifesta em diversos planos [...]”.

Na museologia a ética está conectada ao estético, na possibilidade de apreensão a partir do sensível e da subjetividade, já que o apego estético da museologia está em “[...] produzir um prazer desinteressado quando contemplado.” (VÁZQUEZ, 2014, p.137). Neste sentido, é no embate com o outro que a ética oferta novas probabilidades para ajuizar valores de uma determinada época, ou do próprio agir do sujeito na sociedade.

Segundo Ferreira e Grossi (2014, p. 24), “[...] esse agir do indivíduo constrói e reconstrói o ethos[10][...]”. É nessa relação com o outro que surge a “[...] perspectiva ética ao tocar a sensibilidade do eu/outro[...]”. Toda ação ética compõe uma construção e reconstrução de um ethos aceitável. Corroborando com a relação da ética com o outro, Eco (2000, p. 42) define que “[...] a dimensão ética começa quando entram em cena outros [...]”, portanto a morada da ética é o outro.

O Museu Etno-Arqueológico foi idealizado como um espaço de memórias do município de Itajaí, na atualidade vivenciando com diversos grupos sociais que o reconhecem e visitam, especialmente aqueles que tiveram suas histórias ligadas à estação ferroviária de Santa Catarina. Apresentar as memórias coletivas dos trabalhadores férreos e as histórias das edificações de suas estações, tornam o patrimônio cultural vivo na memória do catarinense. Conforme Choay (2017, p. 26), “O monumento tem por finalidade fazer reviver um passado mergulhado no tempo.”. Le Goff (2013, p. 486) considera que “[...] o monumentum é um sinal do passado.” e, ainda, “[...] é tudo aquilo que pode evocar o passado, perpetuar a recordação [...]”.

O envolvimento da comunidade na participação das ações museais, valorizando os saberes antepassados, permite aos envolvidos nessas ações serem protagonistas, apresentando-os como “contadores de histórias” e, com isso, a possibilidade de partilhar lembranças no espaço que se torna cada vez mais comunitário e de memórias coletivas.

3.1 O saber fazer e suas memórias coletivas

A memória, segundo Le Goff (2013, p.387), com sua “[...] propriedade de conservar certas informações, remete-nos em primeiro lugar a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas.”.

Portanto, a memória e a história continuamente se entrelaçam. Conforme Bloch (2003, p. 107), a memória é erigida a partir de tudo o que “[...] o homem diz ou escreve, tudo o que fabrica, tudo o que toca [...]”, todavia, o escrito, ou seja, o documento é um dos elementos fundamentais para ressignificação das memórias, sejam elas individuais ou coletivas, pertencentes a um grupo ou a toda a sociedade.

O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder. Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com pleno conhecimento de causa. (LE GOFF, 2013, p. 495).

A memória só poderia “[...] existir e permanecer na medida em que estivesse ligada a um corpo ou a um cérebro individual.” (HALBWACHS, 2006, p. 71). Desta forma, os indivíduos constituiriam capacidades de comportamento que os integrassem a um grupo de modo a evocar lembranças interpessoais.

A memória individual vive a partir de uma memória coletiva, onde a lembrança não é um ato particular, mas sim uma relação de todo um conjunto de indivíduos, grupos e lugares dos quais fazemos parte. Portanto, necessitamos da lembrança dos outros para abonar e corroborar as nossas próprias memórias. Contudo, não estamos sozinhos, encontramos ligação e interligação nas lembranças das outras pessoas (HALBWACHS, 2006).

A memória coletiva colabora para “[...] permitir uma abordagem mais complexa da memória individual, como as crescentes descobertas científicas sobre memória individual também produziram motivações importantes para uma ressignificação da noção de memória coletiva.” (BARROS, 2019, p. 272-273).

O museu precisa oportunizar que a comunidade busque sua identidade local, sua cultura, entrelaçada em seu dia-a-dia; está sem dúvida é e será sempre seu maior patrimônio. É entendê-la para preservá-la, contar sua história, seus valores e, acima de tudo, permitir que viva para as novas gerações a usufruírem. Segundo Jeudy (1990, p. 2), “[...] o patrimônio não se restringe ao monumento, ele busca um novo caminho que é o das memórias coletivas.”.

A memória coletiva, segundo Halbwachs (2006), constitui na memória externa ao sujeito, parte de um processo social, assim tornando os acontecimentos do passado em memórias de um grupo. Essas memórias podem ser encontradas no museu por peças museais e documentos históricos, que se tornam testemunhas do passado.

O documento é uma coisa que fica, que dura, e o testemunho, o ensinamento (para evocar a etimologia) que ele traz devem ser em primeiro lugar analisados, desmistificando-lhe o seu significado aparente. O documento é monumento. Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias. (LE GOFF, 2013, p. 497).

Conforme Choay (2017, p. 11), “[...] a expressão [patrimônio histórico] designa um bem destinado ao usufruto de uma comunidade [...]”, onde “[...] frestas da memória são materializadas pela narrativa [...]” (FERREIRA; GROSSI, 2014, p. 35).

A memória coletiva tem uma formidável função de colaborar para o anseio de pertencer a um grupo de passado comum que partilha memórias. Ela afiança o sentimento de identidade do sujeito por meio de uma memória partilhada.

O Museu Etno-Arqueológico realiza inúmeros projetos que contemplam a comunidade do bairro Itaipava, dentre eles pode-se destacar o “Retratos Itaipava” que proporciona uma experiência artística e cultural por meio de documentos e fotografias como fonte histórica. Com auxílio da comunidade vai se contando uma história, ofertando oficinas de fotografia documental e exposição visual.

O saber fazer é algo marcante para essa comunidade, que tem o museu como sua referência. O museu e a comunidade participam da Festa Nacional do Colono ocorrida anualmente no município, mostrando o saber da comunidade. A imagem a seguir mostra o engenho de farinha e o preparo do tradicional beiju, que é uma iguaria de origem indígena, afirmando novamente as tradições do início do povoamento das terras onde hoje é a Itaipava.


Figura 5
Figura 5 – O saber fazer do engenho de farinha na construção da memória coletiva junto à comunidade do bairro Itaipava
FUNDAÇÃO GENÉSIO MIRANDA LINS (2012).

A memória partilhada rememora a sociedade, pois o saber fazer de uma comunidade possui valores e significados. Seu registro contribuirá para a construção do patrimônio cultural, escrevendo a identidade local, propiciando permanência dessas práticas locais às futuras gerações.

4 Considerações finais

Considerando os alicerces éticos apresentados nesta pesquisa, por meio do código de ética do ICOM e autores, observou-se que os museus são, de fato, um espaço que, para além de contar a história, ressignifica e constrói novas memórias.

Segundo os subsídios para a criação de museus municipais, a valorização da dignidade humana, do patrimônio e da diversidade cultural, bem como a promoção da cidadania, o cumprimento da função social e a universalidade do acesso, são os princípios fundamentais dos museus. A aplicação se vincula aos princípios basilares do Plano Nacional de Cultura e do regime de proteção e valorização do patrimônio cultural (BRASIL, 2009).

O tombamento do prédio salvaguarda o patrimônio cultural e consente a construção das memórias coletivas, produzidas diariamente. Assim, permitindo constituir uma identificação local e cultural, o museu, para além de preservar a estrutura predial, conserva a história e disponibiliza-se à sociedade, para que a mesma propicie as memórias em favor do conhecimento.

O Museu Etno-Arqueológico de Itajaí proporciona a preservação do patrimônio edificado e a perpetuação da história da Estrada de Ferro Santa Catarina, permitindo que as memórias da Estação Ferroviária Engenheiro Vereza sejam apropriadas e ressignificadas pela comunidade do bairro Itaipava e por visitantes de outras regiões e suas ações educativas.

Portanto, o museu é entendido como um organismo vivo que atua no bairro, descrevendo seu surgimento, suas histórias e relembrando memórias, sejam elas por meio de documentos, peças ou do saber fazer. São evidências que caracterizam as temáticas da etnografia e arqueologia desse espaço.

O Museu Etno-Arqueológico de Itajaí revela o desejo de procurar representar a comunidade e fazer a diferença na vida das pessoas com o saber fazer e suas memórias coletivas, desenvolvendo competências para uma melhor compreensão do passado. Assim sendo, a Estrada de Ferro Santa Catarina, compreende o passado por ser considerada de um enorme valor histórico na ressignificação das memórias individuais e coletivas.

A Estação Ferroviária Engenheiro Vereza, apreciada pela comunidade do bairro Itaipava, pode ser considerada “[um dos] lugares, dotados de carga simbólica que os diferencia e identifica.” (PESAVENTO, 2008, p. 3) e avigora o patrimônio cultural itajaiense. Utilizando palavras dessa autora (2008, p. 6), essa Estação é um dos “[...] rastros da cidade antiga que ainda se dão a ver [...]”, ressignificando os trilhos do passado até o presente.

Referências

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Notas

[1] Município de Itajaí localizado no litoral norte do Estado de Santa Catarina. De acordo com o Censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Itajaí contava com 183.373 habitantes. Sua dimensão de 288.286 Km2 não o torna um dos maiores municípios em território de Santa Catarina, porém, economicamente, Itajaí é destaque no cenário catarinense.
[2] Os índios botocudos tinham este nome por usarem um pequeno cilindro de madeira, na forma de lápis, perfurado no lábio inferior da boca.
[3] Sambaquis são depósitos construídos pelo homem, constituídos por materiais orgânicos e calcários que, empilhados ao longo do tempo, sofrem uma fossilização química. Com pesquisas pode-se saber sobre a vida dos povos, sua alimentação, seus conhecimentos, a fauna e flora da época.
[4] Etnografia é um método de estudo utilizado pelos antropólogos com o intuito de descrever os costumes e as tradições de um grupo humano. Esse estudo ajuda a conhecer a identidade de uma comunidade humana que se desenvolve num âmbito sociocultural concreto.
[5] O Pharol – jornal popular da cidade de Itajaí, com o objetivo de empreender campanhas, na defesa de interesses coletivos. Sua última edição foi em 17 de agosto de 1936. (D’ÁVILA, 2018, p. 158).
[6] A figura do chefe do Poder Executivo nos municípios, com a nominação primeira de superintendente municipal – anos depois, alterada para prefeito municipal. (D’ÀVILA, 2018, p. 374).
[7] Na Casa Konder residiram inúmeros políticos do cenário Municipal, Estadual e Federal, tais como os ex-governadores de Santa Catarina: Adolfo Konder (1926-1930), Irineu Bornhausen (1951-1956), Antônio Carlos Konder Reis (1975-1979 / 1994-1995) e Jorge Konder Bornhausen (1975-1979), além do ministro da viação e obras públicas Victor Konder (1926-1930) e do superintendente municipal Marcos Konder. D’Ávila (2018, p. 374-375) descreve Marcos Konder como “superintendente municipal eleito sucessivamente para os quadriênios: 1915/1918, 1919/1922, 1922/1926 e 1926/1930. Não pôde concluir o último quadriênio em virtude da Revolução de 1930.”.
[8] Em 1958, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) realizou o Seminário Regional no Rio de Janeiro, onde ficou estabelecido a necessidade de os museus terem uma função educativa.
[9] 9ª Conferência Geral do ICOM (Conselho Internacional de Museus) - 1971, realizada entre Paris, Dijon e Grenoble, com o tema “Museu a serviço do homem, hoje e amanhã”.
[10] Ethos é uma palavra grega que remete à ideia de morada e de costumes. Esta morada é a casa do outro, ação do ser humano, a morada do ser. O ethos nunca está acabado ou pronto. Está sempre em construção.

Información adicional

Declaração de autoria: Concepção e elaboração do estudo: Carlos Eduardo Ignácio, Daniella Câmara Pizarro, Tânia Regina da Rocha Unglaub. Coleta de dados: Carlos Eduardo Ignácio, Daniella Câmara Pizarro, Tânia Regina da Rocha Unglaub. Análise e interpretação de dados: Carlos Eduardo Ignácio, Daniella Câmara Pizarro, Tânia Regina da Rocha Unglaub. Redação: Carlos Eduardo Ignácio, Daniella Câmara Pizarro, Tânia Regina da Rocha Unglaub. Revisão crítica do manuscrito: Carlos Eduardo Ignácio, Daniella Câmara Pizarro, Tânia Regina da Rocha Unglaub.

Como citar:: IGNÁCIO, Carlos Eduardo; PIZARRO, Daniella Câmara; UNGLAUB, Tânia Regina da Rocha. Museu Etno-Arqueológico de Itajaí: espaço comunitário de memórias coletivas. Em Questão, Porto Alegre, v. 28; n. 1, p. 380-401, 2022. DOI: http://dx.doi.org/10.19132/1808-5245281.380-401



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