Resumo: Este estudo objetiva analisar as características da produção de dissertações dos cursos de pós-graduação Stricto Sensu em Administração (PPGA), na área de Sustentabilidade, no Rio Grande do Sul – Brasil. A partir da análise documental de todas as 1813 dissertações já publicadas nos mestrados gaúchos, se buscou informações sobre o título da dissertação, ano de defesa, orientador, linha de pesquisa do orientador, palavras-chave. A partir do título e das palavras-chave buscou-se relacionar o documento com a Sustentabilidade e, caso houvesse relação, o resumo do trabalho era lido, visando confirmar as relações existentes. Foram encontradas 126 dissertações relacionadas com a área no senso realizado, por meio de uma pesquisa documental site da CAPES para identificar os cursos de mestrado acadêmico existentes no estado do Rio Grande do Sul e nos sites dos PPGA’s em busca das dissertações oriundas desses programas. Os resultados apontam que a Sustentabilidade ainda não possui representatividade nas dissertações dos mestrados acadêmicos em Administração do Rio Grande do Sul, porém quando se analisa as linhas de pesquisa dentro dos programas, percebe-se que há cursos onde a temática se faz presente de forma contínua. As questões de Sustentabilidade ainda são percebidas como assuntos de áreas específicas e compartimentadas e não como uma temática de conhecimento geral nos mestrados acadêmicos. Assim, percebe-se a dificuldade que as áreas possuem em identificar a Sustentabilidade como um conceito de aplicação em diversas atividades que fazem parte do cotidiano do profissional de Administração.
Palavras-chave:Mestrados em AdministraçãoMestrados em Administração,SustentabilidadeSustentabilidade,DissertaçõesDissertações,UniversidadesUniversidades.
Abstract: This study aims to analyze the characteristics of the production of dissertations postgraduate courses Administration (PPGA), in the Sustainability area in Rio Grande do Sul - Brazil. From the documentary analysis of all 1813 dissertations have been published in the gauchos masters, he sought information about the title of the dissertation, year of defense, advisor, search online advisor, keywords. From the title and keywords sought to relate the document Sustainability and if their relationship, the abstract was read, seeking to confirm the relationship. Found 126 dissertations related to the area in the sense carried out by a CAPES site documentary research to identify the academic master courses in Rio Grande do Sul state and the PPGA's sites in search of originating dissertations these programs. The results show that sustainability does not yet have representation in the dissertations of academic masters in Administration of Rio Grande do Sul, but when analyzing the research lines within the program, it is clear that there are courses where the theme is present continuously. Sustainability issues are still perceived as specific subject areas and compartmentalized and not as a general knowledge of the subject in academic masters. Thus, you see the difficulty that the areas have to identify the Sustainability as a concept of application in various activities that are part of the management of daily work.
Keywords: Masters Business Administration, Sustainability, dissertations, Universities.
Resumen: Este estudio tiene como objetivo analizar las características de la producción de los cursos de posgrado de la Administración disertaciones (PPGA), en el área de Sostenibilidad en Rio Grande do Sul - Brasil. A partir del análisis documental de todas las disertaciones de 1813 se han publicado en los maestros gauchos, que buscaba información sobre el título de la tesis, año de defensa, asesor, consejero buscar en línea, palabras clave. Desde el título y palabras clave trató de relacionar la sostenibilidad documento y si hay relación, se leyó el resumen, buscando confirmar la relación. Se han encontrado 126 disertaciones relacionadas con el área en el sentido llevado a cabo por una investigación documental CAPES sitio para identificar los cursos de maestría académica en Rio Grande do Sul y los sitios PPGA Está en busca de disertaciones se origina estos programas. Los resultados muestran que la sostenibilidad todavía no tiene representación en las disertaciones de los maestros académicos en Administración de Rio Grande do Sul, pero en el análisis de las líneas de investigación dentro del programa, está claro que hay cursos donde el tema está presente de forma continua. Los problemas de sostenibilidad todavía se perciben como áreas temáticas específicas y compartimentada y no como un conocimiento general del tema en maestros académicos. Por lo tanto, se ve la dificultad que tienen las áreas para identificar la sostenibilidad como un concepto de aplicación en diversas actividades que forman parte de la gestión del trabajo diario.
Palabras clave: Maestría en Administración de Empresas, sostenibilidad, disertaciones, universidades.
Artigos
ANÁLISE DAS DISSERTAÇÕES ACADÊMICAS SOBRE O TEMA SUSTENTABILIDADE NOS MESTRADOS EM ADMINISTRAÇÃO: MAPEANDO O PANORÂMA GAÚCHO
ANALYSIS OF THESES ON SUSTAINABILITY IN MASTERS BUSINESS ADMINISTRATION: MAPPING THE SCENARIO GAÚCHO
ANÁLISIS DE TESIS SOBRE SOSTENIBILIDAD EN LOS MASTERS EN GESTIÓN: MAPPING THE ESCENARIO GAUCHO

Recepción: 15 Julio 2017
Aprobación: 13 Enero 2018
O aprofundamento da problemática ambiental, atrelado à reflexão da influência da sociedade nesse processo, conduziu a um novo conceito chamado Sustentabilidade. Com isso, o momento atual exige que a sociedade esteja motivada e mobilizada para assumir um caráter propositivo e, para tanto, é importante o fortalecimento das organizações e instituições públicas, como as universidades, para a construção de uma lógica pautada pela Sustentabilidade. Diversas instituições de ensino têm começado a entender a necessidade de serem mais sustentáveis, servindo de modelo na adoção de práticas verdes (Clugston, 2004). Estas adoções são tanto em gestão universitária, pensando na infraestrutura e treinamento, quanto por meio de inclusões em currículos de cursos e projetos.
Conforme afirma Wrigth (2004), várias universidades do mundo já assinaram declarações de compromisso com a Sustentabilidade e, além disso, é notória a importância que essas possuem para gerar a mudança que se necessita. Para Clugston (2004) as universidades têm como responsabilidade ensinar sobre problemas sociais, além de liderar debates sobre o tema no intuito de propor soluções. O ensino superior deve questionar a realidade, estimulando o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades e valores gerando cidadãos mais conscientes que contribuam para um mundo melhor.
Deste modo, a noção de Sustentabilidade requer uma inter-relação necessária entre justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de desenvolvimento (Jacobi, 1997) e em função dessa necessidade de ruptura de padrões, acaba por dificultar a inserção desta temática nas dissertações dos mestrados das escolas de Administração.
Para Springett e Kearins (2005), o problema de introduzir a Sustentabilidade nos cursos de Administração está na luta ideológica que tenta contestar a “legitimidade” e o legado da teoria ortodoxa da Administração. Porém a consciência de que a Sustentabilidade é um processo necessário para a sociedade faz com que haja a necessidade de incluir o conceito nas escolas de negócios, de modo a criar oportunidades para que trabalhadores, gestores e professores adquiram conhecimentos que auxiliem para um progresso sustentável.
Assim, os cursos de pós-graduação em Administração podem representar elementos contributivos para o entendimento dos processos socioeconômico-ambientais em curso e tendo em vista este contexto o artigo procurou entender se a produção acadêmica oriunda das pós-graduações em administração está em sintonia com a sustentabilidade. Para isso, esta pesquisa objetivou analisar as características da produção de dissertações dos cursos de pós-graduação em Administração, na área de Sustentabilidade, no Rio Grande do Sul – Brasil.
Alguns estudos já trabalharam com o estudo das dissertações em mestrados: o trabalho de Corbellini et al (2014) analisou as dissertações e teses disponíveis no portal da Capes entre 2000 e 2010 na área da educação. Santos e Kobashi (2007) realizaram análise semelhante em dissertações na área de ciência da informação entre os anos de 2002 e 2005. Souza et al. (2013) desenvolveram um estudo na área da Administração, no qual traçam um panorama da inserção da temática da Sustentabilidade nos programas stricto sensu de Administração do Brasil, no período de 1998 a 2009.
Este artigo tem uma diferença em relação aos demais trabalhos já realizados, pois foi realizado um senso em relação a todas as dissertações sobre sustentabilidade produzidas nos mestrados em Administração do Rio Grande do Sul, reproduzindo assim um retrato de como este estado trabalha a temática da Sustentabilidade nos programas de pós-graduação. Baseado nos estudos de Souza et al. (2013), nesse trabalho, parte-se como pressuposto que a Sustentabilidade ainda possui uma inserção baixa nos mestrados em Administração Gaúchos e que existe a necessidade de maior divulgação do tema, como os estudos de Godoy, Brunstein e Fischer (2013) apontam.
A opção por estudar os mestrados do Rio Grande do Sul deveu-se por questões geográficas, já que estão dispostos em diferentes regiões socioeconômicas, com diferenças étnicas, culturais, econômicas e com nível de industrialização distintos, o que os autores acreditam que pode sinalizar com mais fidelidade o cenário do estado. Nos demais estados do Brasil, os mestrados em Administração estão, em sua maioria, em regiões metropolitanas e de grande contingente populacional o que pode não ser um contexto representativo. Estados como São Paulo e Minas Gerais possuem programas em outras localidades, além da região metropolitana, porém não estão localizados em regiões socioeconômicas como ocorre no Rio Grande do Sul.
Este trabalho está dividido em sete partes, sendo esta introdução a primeira delas. Após há uma discussão sobre Sustentabilidade identificando o seu conceito e suas dimensões. Na parte três descreve-se a Sustentabilidade nos cursos de Administração e na quarta parte trabalha-se com as questões que envolvem os mestrados em Administração e a Sustentabilidade. Na próxima sessão, encontra-se a metodologia deste estudo e na parte seis há a discussão sobre a investigação com os resultados deste artigo e, na última etapa, encontram-se as conclusões deste estudo.
Nesta seção será discutido o conceito de Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável, suas dimensões e diferenças e a relação deste com os assuntos desta pesquisa. O conceito sobre o que seria o DS foi originalmente proposto pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, como uma resposta ao aumento rápido da população mundial no pós Segunda Guerra, atrelada à noção de consumo institucionalizado na época. Deste modo, foi proposta a ideia de crescimento econômico sustentável, que é moderado não só pelas necessidades atuais como também nas consequências dos atos para as gerações futuras (Wced, 1987). Lélé (1991) afirma que o termo significa o desenvolvimento que pode ser continuado.
Na visão de Sachs (1992), esse conceito é uma resposta viável e necessária que busca a harmonização de objetivos sociais, ambientais e econômicos da sociedade e é constituído por seis dimensões (social, ecológica, ambiental, econômica, política nacional e política internacional). Já em seu estudo publicado em 2002, Sachs acrescenta mais duas dimensões ao DS (dimensões cultural e territorial). Atualmente há mais uma dimensão que está sendo incluída quando se trabalha com concepções de desenvolvimento sustentável, é a dimensão espiritual (Boff, 2012). A Tabela 1 apresenta uma síntese das dimensões do DS.

Ao enfatizar estas dimensões, Sachs (2002) esclarece que para que a Sustentabilidade seja alcançada, faz-se necessário a valorização das pessoas, seus costumes e saberes, de acordo com uma visão holística. Para tanto, Sachs (1986) formulou os princípios básicos dessa nova visão de desenvolvimento. Ele integrou basicamente seis aspectos, que deveriam guiar os caminhos do desenvolvimento: i) a satisfação das necessidades básicas; ii) a solidariedade com as gerações futuras; iii) a participação da população envolvida; iv) a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral; v) a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas; e vi) programas de educação.
Atualmente, o avanço para uma sociedade sustentável é permeado por obstáculos, na medida em que há restrita consciência a respeito das implicações do modelo de desenvolvimento em curso (Jacobi, 2003). Para Lange (2012), o desenvolvimento atual das sociedades humanas é colocado sob a nova restrição de Sustentabilidade. Reflexões sobre o futuro a curto, médio ou longo prazos são essenciais para atender a essa exigência de Sustentabilidade.
Com isso, a sociedade deve ser motivada e mobilizada para assumir um caráter proativo, para poder questionar de forma concreta a falta de iniciativa dos governos para implementarem políticas pautadas pela Sustentabilidade em um contexto de crescentes dificuldades e promover a inclusão social. De acordo com Cannon (2010), a Sustentabilidade não ocorrerá sem que haja um pensamento transformador sobre os modos de trabalhar, consumir e interagir entre os membros da sociedade. Nesse sentido, serão fundamentais a colaboração e inovação de iniciativas públicas e privadas para desenvolver métodos que reduzam os danos causados às pessoas e ao meio ambiente.
Alguns autores como Banerjee (2003) e Beckerman (2003) colocam em dúvida a validade do conceito de Sustentabilidade, criticando-o por representar interesses puramente econômicos – à custa das dimensões social e ambiental - especialmente os dos países mais ricos. Nascimento, Lemos e Mello (2008) afirmam que o conceito de Desenvolvimento Sustentável ainda encontra-se em construção, longe de se obter consenso, tendo inclusive autores que consideram esta proposta uma das causadoras dos danos socioambientais.
De acordo com Banerjee (2003), a aparente reconciliação entre crescimento econômico e meio ambiente proposta pelo DS seria simplesmente um elemento utópico, pois se utiliza o mesmo paradigma dominante, marcado pela acumulação capitalista para determinar o futuro da natureza. O autor complementa ao afirmar que o DS simplesmente simplifica o atual modelo de crescimento econômico, adicionando conceitos como os de prevenção da poluição, reciclagem, gerenciamento ambiental, o que não seria adequado. Beckerman (2003) também faz uma crítica à concepção atual de desenvolvimento, pois discorda da “igualdade entre gerações” defendidas pelas teorias de Desenvolvimento Sustentável. Para ele, as gerações futuras não têm direito algum pelo simples fato de ainda não existirem. E uma vez que as gerações futuras não podem ter direitos, os interesses delas não podem ser cobertos por nenhuma teoria da justiça coerente.
Além da dificuldade em trabalhar com o conceito de sustentabilidade, há também a dificuldade em diferenciá-lo do conceito de desenvolvimento sustentável, alguns autores tratam dessa diferença como Robinson (2004) que acredita que o DS possui uma abordagem mais utilitarista, focada em uma relação mais pragmática e que trabalha com ganhos de eficiência e melhoria tecnológica e a Sustentabilidade está relacionada à mudança de valores, preservação ambiental e a uma abordagem mais espiritual. O mesmo autor ainda comenta que o termo DS é mais atraente para o governo e o setor privado e a Sustentabilidade é mais abordada na área acadêmica e por Organizações Não Governamentais [ONG’S].
Já Gallopin (2003) argumenta que a Sustentabilidade é uma propriedade de um sistema aberto que mantém interações com o mundo externo. Isso não é em um estado fixo de constância, mas em uma preservação dinâmica da identidade essencial do sistema em meio a permanente mudança. Já o Desenvolvimento Sustentável não é uma propriedade, mas um processo de mudança direcionada por intermédio de um sistema que melhora com o tempo e de forma sustentável.
Para Holling (2000), há outra característica que diferencia os termos. Para o autor, a Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável representam uma “parceria lógica”: Sustentabilidade é a capacidade de criar, testar e manter a capacidade adaptativa; e Desenvolvimento Sustentável refere-se ao objetivo de fomentar as capacidades adaptativas criando oportunidades. Porém neste artigo é utilizada a concepção adotada por Barbieri e Silva (2011), na qual os autores expõem que nas empresas e nos cursos de Administração, essas duas expressões são usadas como sinônimos.
Deste modo, percebe-se a dificuldade de consenso por parte dos estudiosos como os conceitos e as temáticas que envolvem a Sustentabilidade. No presente trabalho admite-se a ideia de que a Sustentabilidade implica na premissa de que é preciso definir limites às possibilidades de crescimento e delinear um conjunto de iniciativas que levem em conta a existência de interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos por meio de práticas educativas e de um processo de diálogo informado, o que reforça um sentimento de corresponsabilidade e de constituição de valores éticos (Jacobi, 2003). Assim, entender como ocorre a Sustentabilidade nos cursos de Administração se faz necessário e será discutida na próxima seção.
O ensino superior deve questionar a realidade, estimulando o desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades e valores gerando cidadãos mais sensíveis para a problemática ambiental, e assim, possam contribuir para um mundo melhor. Deste modo, diversas pesquisas estão sendo realizadas de forma a identificar como as instituições de ensino superior estão trabalhando nestes aspectos.
Pesquisa realizada por Pinheiro et al. (2011), envolvendo universitários do nordeste brasileiro sobre questões sustentáveis, mostrou indícios de que a conscientização e sensibilização para os problemas relacionados à Sustentabilidade são capazes de transformar o discurso em prática. O que reforça o importante papel das universidades para vencer o atual desafio ambiental. De acordo com Brunstein, Godoy e Silva (2014), não se pode negar que se vive um momento histórico e social favorável à construção de novos fundamentos da educação gerencial, os quais se relacionam à inserção de aspectos voltados à Sustentabilidade na prática das organizações.
Analogamente, Castro (2000) reforça a importância do papel das universidades neste contexto e comenta que as mesmas devem ser espaços de relevância para a produção do saber, e que devem congregar em seus trabalhos a busca de soluções socioambientais de curto, médio e longo prazos. A demora da produção do conhecimento sobre Sustentabilidade e a dificuldade de transmitir informações para a comunidade, pode ser decisiva para evitar prejuízos às novas gerações.
Desse modo, percebe-se que as questões voltadas para a Sustentabilidade tendem a estar cada vez mais em pauta, nas universidades e nos cursos superiores. No caso dos cursos de Administração, tem-se observado um aumento nos estudos que relacionam à Sustentabilidade e a ciência da Administração (Demajorovic e Silva, 2012; Fisher e Bonn, 2011; Jacobi et al., 2011; Bevan, 2014; Gonçalves-Dias et al., 2009). Para Godoy, Brunstein e Fischer (2013), existe a necessidade do ensino ambiental nos cursos de Administração, pelo fato de que em suas salas de aula emergem gestores, líderes e profissionais que poderão prejudicar ou mitigar o desenvolvimento sustentável.
Na mesma linha, Paulo e Ferolla (2010) acreditam que a formação dos Administradores deve ter como princípio proporcionar uma visão que transcenda o utilitarismo puro e simples e passe a avaliar os benefícios da tomada de decisão em direção à Sustentabilidade. Por essa razão, conforme afirmam Andrade, Tachizawa e Carvalho (2000), os Cursos de Administração, no nível de graduação e pós-graduação, devem levar em consideração em seu currículo e, portanto, em seu projeto pedagógico e no seu processo ensino-aprendizagem, novas disciplinas na formação profissional do Administrador; entre elas a gestão ambiental, com o objetivo de acompanhar as transformações e as necessidades do mercado diante do processo de globalização.
Para Godoy, Brunstein e Fischer (2013), apesar do crescente interesse pelo tema, sua inserção no ensino e pesquisa em Administração tem sido lenta. As autoras observaram que do total de artigos publicados no período 2006-2012 nos seis principais periódicos nacionais da área de Administração, 6,2% trataram temas de gestão ambiental. Isso representa evolução em relação aos 2,3% obtidos em pesquisa relativa ao período 1996-2005. As autoras também expõem outra constatação: a de que entre os grupos de pesquisa registrados no diretório de grupos de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico [CNPq] na área de Administração, 25% abordam tópicos ligados à Gestão Ambiental, sendo que 93% desses grupos se iniciaram após 2002, ano em que foi regulamentada a lei nº 9.795/1999 (trata da obrigatoriedade da inserção da educação ambiental na educação formal em seus mais diversos níveis), ficando clara a importância de ações concretas do setor governamental para promover a educação voltada para a Sustentabilidade.
De acordo com Junior et al.(2014), no que se refere aos cursos de Administração, pode-se identificar algumas inclusões da Sustentabilidade em cursos de MBA nos EUA, porém, no Brasil, este assunto ainda não é pacífico. Diversos autores comentam os problemas existentes para se incluir esse assunto em Cursos de Administração, como: i) a questão da interdisciplinaridade do tema, que vem a dificultar uma implementação efetiva da matéria (Jacobi et al., 2011); ii) uma visão mais sistêmica, que considere a aprendizagem a partir de uma participação mais concreta dos diversos stakeholders envolvidos (Jacobi et al., 2011); iii) a dificuldade de introdução de novas formas de ensino-aprendizagem (Gonçalves-Dias, Herrera e Cruz, 2013); iv) obstáculos na criação de um novo currículo (Leal Filho, 2011), entre outras.
Além disso, há o problema de inserção desse assunto é apontada por Springett (2005) ao identificar a dificuldade de compreensão dos estudantes que a Sustentabilidade não é somente um discurso sobre ecologia e economia, mas é essencialmente ideológica e política. A Sustentabilidade envolve um processo de investigação crítica que encoraja as pessoas a explorarem a complexidade e as implicações dessa abordagem frente às forças econômicas, políticas, sociais, culturais, tecnológicas e ambientais que a nutrem ou a impedem (Godoy, Brunstein e Fischer, 2013).
Muitas vezes a integração das variáveis ambientais nas propostas pedagógicas dos cursos de Administração é vista como um aspecto negativo, pois ameaça à competitividade das organizações (Demajorovick e Silva, 2012), porém conforme as diretrizes curriculares nacionais de graduação exigem e a visão de alguns autores como Paulo e Ferola (2010) e Castro (2000) esse é um processo na qual as instituições de ensino devem passar.
Os programas de pós-graduação do Brasil tiveram o seu grande impulso nos anos de 1960, quando através de uma parceria subordinada aos países desenvolvidos se limitava a formação de cientistas e pesquisadores (Santos, 2003). Já os programas de Pós-Graduação em Administração do Brasil tiveram seu marco inicial com a criação da Fundação Getúlio Vargas [FGV] e da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo [USP] que se tornaram referência no Ensino de Administração no Brasil (Andrade e Amboni, 2002). Já no começo da década de 70 surge uma nova fase assinalada pelo intercâmbio entre pesquisadores de universidades americanas e alunos brasileiros de pós-graduação em Administração, iniciando assim, a pós-graduação em Administração de maneira mais efetiva (Castro e Ávila, 2013).
Para Leite Filho (2008), os programas de pós-graduação são os formadores de pesquisadores, professores, mestres e doutores que contribuem para produção do conhecimento. Assim a vocação e linhas de pesquisa dos programas provocam a renovação e a robustez da produção científica refletida na divulgação de seus trabalhos.
Percebe-se a importância dos programas de pós-graduações em Administração do Brasil para a criação de conhecimento científico de que a sociedade brasileira necessita. De acordo com a Capes (2016), são 226 cursos de pós-graduação em Administração no Brasil, sendo que desses 98 de mestrados acadêmicos, 57 doutorados e 71 mestrados profissionais.
O curso de mestrado em Administração tem como característica a pluralidade de temas abordados na formação dos profissionais, sejam eles professores ou gestores. Neste sentido, os mestrados em Administração no Rio Grande do Sul, assim como outros cursos, têm como desafio colaborar para uma sociedade baseada em comportamentos social e ambientalmente responsáveis e a melhoria das habilidades, valores e competências humanas para uma real participação nos processos decisórios daqueles que batem à sua porta em busca de novos conhecimentos (Salgado e Cantarino, 2006).
Com relação às políticas sobre Sustentabilidade para os programas de pós-graduação, percebe-se que apesar da legislação estabelecer a obrigatoriedade da inclusão da Educação Ambiental como prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal (Brasil, 1999) e determinar a obrigatoriedade de estar presente nos currículos de formação de professores, em todos os níveis e em todas as disciplinas, essa regra não é obrigatória para mestrados e doutorados. Barbieri (2004) entende que o tema pode ser concebido como um eixo transversal, permeando diversas disciplinas nos cursos de ensino superior em Administração, sendo que em pós-graduação poderia haver uma disciplina específica sobre o tema. O relatório “Mapeamento da Educação Ambiental em Instituições Brasileiras de Educação Superior” (Rupea, 2005; Brasil, 2007), em uma amostra de 22 universidades brasileiras, públicas e privadas, de 11 estados, revela que as iniciativas realizadas se devem mais a grupos de docentes e pesquisadores o que demonstra a dificuldade de inserção dessas políticas no contexto do ensino dos mestrados em Administração.
O papel das universidades, neste contexto, é importante não só porque suas pesquisas e ensino geram transferências de conhecimento sobre Sustentabilidade, mas porque educam futuros profissionais com potencial para contribuir para um futuro sustentável (Barth e Rieckmann, 2012). Assim, instigar debates e gerar informações consistentes acerca dos problemas existentes e relacioná-los com a formação de profissionais pode colaborar com a construção de uma sociedade mais justa e sustentável. Neste sentido, a inserção da temática no currículo dos mestrados pode ser uma forma de iniciar o processo de sensibilização por meio da qualificação de profissionais que serão futuros docentes e disseminarão os conhecimentos adquiridos por meio de sua formação.
Na próxima seção será descrita a metodologia que foi adotada para a realização deste trabalho. Serão descritos o tipo de pesquisa, a forma de obtenção dos dados e o modo de análise dos dados obtidos.
A escolha pela pesquisa em cursos de Mestrados Acadêmicos em Administração deve-se ao fato de que este tipo de curso é responsável por formar profissionais que poderão modificar a realidade da instituição na qual gerenciam e também qualificar professores que futuramente capacitarão os profissionais de negócios (Lopes, 2006).
Deste modo, trata-se de uma pesquisa descritiva, uma vez que como defendido por Roesch (2005), as pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a obtenção de informações sobre uma determinada população ou fenômeno. Elas buscam informação necessária para a ação ou predição. Para alcançar o objetivo proposto, foi feita uma pesquisa documental, bibliométrica, por meio da análise das dissertações oriundas de todos os programas de pós-graduação em Administração Stricto Sensu do Rio Grande do Sul.
Como primeira etapa da pesquisa, buscaram-se no site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior [CAPES] quantos e quais são os mestrados acadêmicos em Administração existem no estado do Rio Grande do Sul – Brasil. De acordo com este site, são nove mestrados acadêmicos em Administração em funcionamento atualmente em sete cidades distintas do estado. Para melhor visualização dos programas existentes, a Figura 1 localiza os programas no mapa, sendo que em Passo Fundo e Porto Alegre existem dois programas e nas demais cidades existe um programa de pós-graduação em Administração.

Dos nove mestrados existentes no estado do Rio Grande do Sul, três deles iniciaram suas atividades em 2015 e outro iniciou suas atividades em 2016. Como estes quatro programas ainda não possuem dissertações concluídas, realizou-se a análise das dissertações de cinco programas.
A partir disso, buscou-se na base de dados de cada universidade as dissertações oriundas dos programas de Pós-Graduação em Administração. Os trabalhos foram agrupados em uma planilha do software Microsoft Excel que compilou informações sobre o título da dissertação, ano de defesa, orientador, linha de pesquisa do orientador, palavras-chave. A partir do título e das palavras-chave buscou-se relacionar o documento com a Sustentabilidade. Caso houvesse correspondência, o resumo do trabalho era lido, visando confirmar as relações existentes.
Ressalta-se que este estudo se refere a um senso sobre o tema no Rio Grande do Sul e desta forma, um total de 1813 dissertações em Administração foram analisadas. Dessas, 126 representam alguma relação com a temática da Sustentabilidade. Além disso, uma análise descritiva dos dados pesquisados foi realizada por meio da compilação dos dados, contagens e elaboração de tabelas com a utilização do software Microsoft Excel.
Para isso, analisou-se cada dissertação buscando identificar se o assunto a ser discutido possui relação com a Sustentabilidade, orientador, linha de pesquisa do orientador, temáticas relacionadas, entre outros fatores. Nesse trabalho optou-se por identificar as dissertações que possuem relação com a sustentabilidade como “Dissertações verdes” ou “Dissertações Sustentáveis”. Como muitas informações foram retiradas diretamente de sites públicos, optou-se por divulgar o nome das universidades neste trabalho. A coleta de dados iniciou em novembro de 2015 e terminou em março de 2016.
Ressalta-se a dificuldade de encontrar referencial que demonstre a importância das dissertações sustentáveis no processo de sensibilização da comunidade acadêmica e deste modo, as referências utilizadas têm relação com autores que avaliam a importância do currículo sustentável nas universidades. A partir dos referenciais, buscou-se identificar que variáveis deveriam ser utilizadas para se estudar as dissertações. Chegou-se nas seguintes categorias:
1) Dissertações Sustentáveis – Busca analisar de que forma e em que quantidade a temática da sustentabilidade é abordada nas dissertações;
2) Inserção e Integração de Conceitos coma Sustentabilidade – Relaciona que temáticas e teorias estão sendo trabalhadas juntamente coma temática da Sustentabilidade e de que forma elas se integram e se relacionam entre disciplinas e linhas de pesquisa.
Assim, as categorias criadas serão a base para a análise dos dados obtidos. A tabela 2, sintetiza essas informações.

Nessa seção serão apresentadas as análises das dissertações dos programas de pós-graduação do Rio Grande do Sul e as relações delas com a Sustentabilidade. Como primeiro exame, optou-se por descrever o quantitativo de dissertações, conforme explicitado na Tabela 1.

A Tabela 1 relaciona o número de dissertações existentes em cada programa de pós-graduação em Administração e o número de dissertações que de alguma forma abordam temas relacionados à Sustentabilidade. Apenas um mestrado possui mais de 15% das dissertações contendo o assunto em questão. Percebe-se com isso a pouca inserção do tema na formação em geral dos programas de pós-graduação visto que esta é uma temática multidisciplinar e pode ser trabalhada nos mais diversos assuntos e teorias o que corrobora com o trabalho realizado por Godoy, Brunstein e Fischer (2013), que menciona a lentidão da inserção da Sustentabilidade nos cursos de Administração. Observa-se também que em um programa, apenas 3,60% das dissertações trabalham a Sustentabilidade como temática nas dissertações, o que é preocupante, visto que o assunto é transdisciplinar e pode percorrer diferentes assuntos na formação do administrador. .
Trabalho realizado por Souza et al. (2013), analisou as dissertações e teses em Administração do Brasil, entre 1998 e 2009, identificou que apenas 3,9% das dissertações em Administração possuem relação com a Sustentabilidade. Nesta pesquisa foi encontrado o valor de 6,94%. Para facilitar a análise, a Figura 2 estabelece a relação entre o número de dissertações totais e o número de dissertações “verdes” ou “sustentáveis”.

Ao analisar a Figura 2, percebe-se um reduzido número de Dissertações “Verdes” em relação às “Não Verdes”. Observa-se que o tema já está presente em todos os programas, porém ainda de forma pouco habitual. Ao analisar apenas a Figura 2 em conjunto com a Tabela 2, nota-se que existem dois programas que possuem maior relação com a temática da Sustentabilidade.
Para analisar mais profundamente os dados sobre o número de dissertações “verdes” por programa de pós-graduação, optou-se por observar este número por linha de pesquisa dentro de cada mestrado. Deste modo, a Tabela 2 estabelece esta relação.

A Tabela 2 estabelece a relação entre as dissertações “verdes” e linhas de pesquisa dentro de cada programa de pós-graduação. Inicialmente, pode ser percebida que diversas linhas de pesquisa não têm nenhuma dissertação que trate sobre Sustentabilidade, como por exemplo, as linhas de pesquisa de Finanças, Gestão de Sistemas e Tecnologia em TI e de Modelagem Quantitativa do PPGA da UFRGS. Percebe-se que as linhas que não possuem dissertações “verdes”, estão relacionadas com assuntos mais quantitativos e também a aspectos técnicos que podem dificultar a aplicabilidade da Sustentabilidade nessas linhas. Porém, tal aspecto não é um impeditivo para a não inserção da temática nas linhas, pois o PPGA da UFSM, na linha de pesquisa denominada por Economia, Controle e Finanças possui dois trabalhos sobre Sustentabilidade.
Outro ponto interessante para análise é a relação direta de algumas linhas de pesquisa com a Sustentabilidade (a linha de pesquisa Estratégia em Organizações do PPGA da UFSM e a linha de pesquisa Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade do PPGA da UFRGS). Estas duas linhas de pesquisa possuem um percentual significativo de dissertações “verdes”, contribuindo para que a Sustentabilidade seja vista como um componente interdisciplinar. Importante observar que uma das linhas de pesquisa possui a Sustentabilidade em seu nome (Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade) o que evidencia a importância do tema dentro daquele programa de pós-graduação.
Devido ao fato deste estudo ser um senso sobre as dissertações do Rio Grande do Sul, buscou-se também pesquisar os trabalhos por data de defesa de cada dissertação buscando não provocar vieses na análise pelo fato de ter programas mais antigos e outros foram criados mais recentemente. A Figura 3 especifica a relação entre ano de defesa da dissertação e número de dissertações “verdes”.

A Figura 3 estabelece a relação entre o número de dissertações “verdes” existentes em cada PPGA e o ano de defesa das mesmas. Percebe-se que os temas relacionados à Sustentabilidade começaram a se fazer presentes já no ano de 1982, demonstrando o pioneirismo do PPGA da UFRGS ao inserir assuntos sustentáveis nas dissertações de programas de pós-graduação em Administração. Também se observa que foi a partir de 2006 que o assunto começou a se expandir para as outras universidades, mantendo a continuidade nas dissertações atuais.
Para se chegar ao número de dissertações que abordam temas relacionados à Sustentabilidade, analisaram-se as palavras-chave e os resumos de cada documento, na tentativa de encontrar palavras que naturalmente remetiam-se a temática em questão. Tomou-se o cuidado para apenas identificar os termos que dentro do contexto da dissertação estavam com conotação identificada com a Sustentabilidade. Desta forma, a Tabela 3 identifica as palavras que foram encontradas nas dissertações e foram diretamente relacionadas com a Sustentabilidade.

A Tabela 3 especifica um rol de palavras e a quantidade de vezes que as mesmas aparecem dentro das palavras chave indicadas pelos autores nas bases de dados dos mestrados. Observa-se que as palavras mais utilizadas representam os conceitos sobre a temática (como Sustentabilidade que aparece 30 vezes; responsabilidade social – 22 vezes, gestão ambiental – 21vezes) o que pode sinalizar que existe a tentativa por parte das dissertações de entender estes conceitos dentro de um contexto específico. Também nota-se que existe uma gama de palavras e conceitos diferentes nas dissertações, o que confirma o caráter multifacetado e global desta questão.
Devido ao conceito de Sustentabilidade proposto por Boff (2012), considerou-se a espiritualidade como um conceito com relação direta com a Sustentabilidade e, por esse motivo, se faz presente nesta tabela.
Como próxima análise, optou-se por identificar quais os assuntos relacionados com a Sustentabilidade foram abordados em cada dissertação pesquisada, surgindo assim a Tabela 4.

Ao relacionar os resultados obtidos com as categorias disponibilidades na metodologia do trabalho, observa-se que na categoria Dissertações Sustentáveis percebe-se que a Sustentabilidade ainda não possui representatividade nas dissertações dos mestrados acadêmicos em Administração do Rio Grande do Sul. Porém quando analisadas as dissertações por linhas de pesquisa na qual fazem parte, percebe-se a inserção da temática em duas linhas, em dois programas distintos. Isso significa que os cursos estudados não possuem dentre seus objetivos gerais formar profissionais preparados para a realidade da Sustentabilidade.
Os dados mostram uma predominância de dissertações voltadas para a aplicação de estratégias sustentáveis em empresas e organizações que correspondem a 43% do total das dissertações “verdes” analisadas. Além disso, foi observado que as palavras-chave mais utilizadas nestes trabalhos estão relacionadas aos conceitos de Sustentabilidade, Responsabilidade Social e Gestão Ambiental o que identifica a intenção de se apropriar dos conceitos iniciais sobre Sustentabilidade a aplicá-los ao contexto da Administração.
Na categoria Inserção e Integração de conceitos com a Sustentabilidade, identifica-se que entre os programas estudados, há os que possuem uma inserção superficial da Sustentabilidade nas dissertações, onde predomina a temática em linhas de pesquisa específicas, não sendo um assunto tratado com uma temática transdisciplinar como a legislação especifica como sendo o ideal. Existem também os programas que possuem o assunto de forma mais integrada com todas ou quase todas as linhas de pesquisa, identificando a Sustentabilidade como um assunto que permeia os temas e os espaços de discussões dentro dos mestrados.
Com esta pesquisa, concluiu-se que a Sustentabilidade ainda não possui representatividade nas dissertações dos mestrados acadêmicos em Administração do Rio Grande do Sul, porém, quando analisadas as dissertações por linhas de pesquisa na qual fazem parte, percebe-se a inserção da Sustentabilidade em duas linhas dentro de dois programas distintos. Isso significa que os cursos estudados não possuem dentre seus objetivos gerais formar profissionais preparados para a realidade da Sustentabilidade. Provavelmente, as questões sobre a temática da Sustentabilidade ainda são percebidas como assuntos de áreas específicas e compartimentadas e não como um assunto de conhecimento geral.
Considerando que a Lei 9.795/99 estipula como obrigatório o ensino sobre Educação Ambiental nas escolas e universidades e que os cursos de Mestrado Acadêmico tem como uma das missões a formação de professores, se torna de suma importância que a Sustentabilidade esteja contemplada nas estruturas curriculares, projetos de pesquisa, palestras e dissertações para que os egressos tenham conhecimentos e capacidade para atuar em projetos e ações de desenvolvimento sustentável dentro dos ambientes universitários.
Para Souza et al. (2013), estudos como esses contribuem para conhecer o estado da arte da Sustentabilidade, pois as dissertações são o resultado das orientações que retratam linhas e projetos de pesquisa dos orientadores e, deste modo, podem ser considerados elementos representativos da evolução do campo de estudo. Assim como Souza et al. (2013), os pesquisadores do presente trabalho também possuem este entendimento: de que as dissertações pesquisadas podem refletir o cenário da Sustentabilidade dentro dos programas de pós-graduação em Administração do Rio Grande do Sul.
Além de inserir o tema nas pós-graduações em Administração, os ambientes universitários devem propiciar aos alunos a vivência da Sustentabilidade, conscientizando-os dos efeitos decorrentes de suas ações diárias, conforme aponta Brandli et al. (2014). Assim, percebe-se que a Sustentabilidade se aplica em diversas atividades que fazem parte do cotidiano do profissional de Administração. Devido a sua posição estratégica nas instituições, ele tem a possibilidade de introduzir e difundir o tema em seu ambiente de trabalho.
Como limitações, tem-se o fato da pesquisa utilizar uma base de dados que pode estar sujeita a falhas, como falhas na busca pelas dissertações e nas classificações por palavras-chaves e também a ser um estudo apenas documental. Para novas pesquisas, identificou-se a necessidade de entrevistar os professores e os coordenadores dos mestrados em Administração para estabelecer relações entre as dissertações e a Sustentabilidade. Ressalta-se que os autores deste artigo estão desenvolvendo investigações visando ampliar o escopo da abordagem apresentada.








