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Patrimônio Industrial e Turismo: A Vila Operária de Galópolis, Caxias do Sul, RS

Industrial Heritage and Tourism: The Workers' Village Galópolis, Caxias do Sul, RS

VANIA BEATRIZ MERLOTTI HERÉDIA
Universidade de Caxias do Sul, Brasil
BRUNA TRONCA
Universidade de Caxias do Sul, Brasil

Patrimônio Industrial e Turismo: A Vila Operária de Galópolis, Caxias do Sul, RS

Rosa dos Ventos, vol. 8, núm. 3, pp. 343-357, 2016

Universidade de Caxias do Sul

Recepção: 23 Junho 2016

Aprovação: 07 Setembro 2016

Resumo: O presente artigo3 tem por objetivo discutir a questão do patrimônio industrial, na sua relação e possibilidades para o turismo cultural. O estudo tem como objeto a vila operária localizada no bairro de Galópolis, Caxias do Sul, RS, por se tratar de patrimônio significativo da cultura industrial implantada pelos imigrantes italianos que se estabeleceram no local nas décadas finais do século XIX. A metodologia utilizada segue os pressupostos teóricos da micro História (Grendi, 1981), apoiada em fontes bibliográficas e documentais. Para descrição da Vila Operária, recorre-se à inventariação patrimonial (Querol, 2013), para detalhar os prédios em questão, por meio da revisão bibliográfica da literatura que trata de experiências de sucesso da incorporação desses espaços arquitetônicos ao turismo cultural, como possibilidade para a realidade de Galópolis. Utilizou-se a experiência italiana, segundo estudos realizados por Fontana (1985), que tem como base a arqueologia industrial, e o bairro de Caxias do Sul, pela qualidade de seu patrimônio arquitetônico, com intenção de evidenciar o campo do patrimônio industrial como possibilidade para o turismo cultural.

Palavras-chave: Turismo industria, Patrimônio Industria, Patrimônio Arquitetônico, Vila Operária, Galópolis, Caxias do Sul, RS, Brasil.

Abstract: This article aims to discuss the industrial heritage issue, in its relation and possibilities for cultural tourism. The study has as object the worker’s village located in the district of Galópolis, Caxias do Sul, RS, because it is a significant heritage of industrial culture established by Italian immigrants who settled in this local in the final decades of the nineteenth century. The methodology follows the theoretical assumptions of micro-history (Grendi, 1981), supported by bibliographic and documentary sources. To describe the Worker’s Village, resorts to asset inventorying (Querol, 2013), to detail the buildings in question through bibliographic review of the literature that deals with successful experiences of incorporation of these architectural spaces to cultural tourism, as a possibility for the reality of Galópolis. It uses the Italian experience, according to studies conducted by Fontana (1985), which is based on industrial archeology and the district of Caxias do Sul, by the quality of its architectural heritage with the intention to evidence the field of industrial heritage as a possibility for cultural tourism.

Keywords: Industrial Tourism, Industrial Heritage, Architectural Heritage, Worker’s Housing, Galópolis.

INTRODUÇÃO

Na sociedade pós-fordista, o sistema industrial rearticulou seus processos de produção tornando desnecessários os grandes prédios que abrigavam as fábricas até a primeira metade do século XX. As fábricas tradicionais se foram, deixando atrás de si prédios magníficos, em geral em estado de abandono (Harvey, 1993). Se as primeiras inquietações em relação a esse patrimônio nasceram nas próprias comunidades que os abrigam, nas décadas finais do mesmo século a discussão sobre patrimônio industrial conquistou espaço de reflexão acadêmica. Os argumentos que percorriam os debates passaram a articular áreas diversas, como a História, a Cultura, o Turismo e a Arquitetura, tendo como fio condutor a ideia de Patrimônio e a apropriação que cada uma das áreas faz do mesmo. Do ponto de vista do Turismo, a vinculação do patrimônio industrial abre a possibilidade de sua preservação e de sustentação econômica, sendo um campo novo de atuação que pode utilizar os preceitos da nova museologia cujo “eixo central do processo de patrimonialização é constituído pelo sujeito, as suas circunstâncias e a diversidade cultural que resulta da sua capacidade criativa e de adaptação ao meio” (Querol, 2013, p.167).

A escolha para demonstração dessa articulação encontra-se no estudo de caso do lanifício São Pedro, primeira cooperativa têxtil da região nordeste do Rio Grande do Sul, local onde trabalharam muitos emigrantes provindos de uma região de produção de lã, no Norte da Itália. O estudo de caso trata do patrimônio que foi construído na vila operária que abrigou esse grupo de imigrante na região. A análise do patrimônio industrial mostra a relação da estrutura fabril construída no Brasil com o modelo europeu, local de proveniência desses imigrantes. A construção da identidade do grupo fez-se associada à fábrica, à qual acreditavam que suas vidas estariam eternamente ligadas, levando a sobreposição entre a identidade familiar, a fabril e a do povoado.

O presente artigo tem por objetivo discutir a questão do patrimônio industrial, na sua relação e possibilidades para o turismo cultural, tendo como estudo de caso, como já colocado, a vila operária localizada no bairro de Galópolis, Caxias do Sul, RS. O povoado de Galópolis remonta à história da imigração europeia e a vila se desdobra no século XX em paralelo ao desenvolvimento da fábrica que a mantém. Nessa direção, o patrimônio industrial que se localiza nesse território faz parte da vida cotidiana da comunidade. Utiliza-se como método a inventariação patrimonial, como proposta pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional [IPHAN], para detalhar os prédios em questão e ajudar a identificar os casos de sucesso da incorporação de tais espaços arquitetônicos ao turismo cultural, com vistas a indicar possibilidade para a realidade de Galópolis.

A exemplo do que tem acontecido em várias localidades da Itália e França, o bairro de Caxias do Sul, pela qualidade de seu patrimônio arquitetônico, poderá se colocar como atrativo diferencial, na disputada região turística da Serra Gaúcha; a aplicação da metodologia proposta, sustentada no novo paradigma patrimonial, indica tal possibilidade. Destaca-se como de interesse a experiência italiana, realizada na cidade de Schio, onde os estudos sobre patrimônio e arqueologia industrial, realizados pela Universidade degli Studi di Padova, colocam aquela experiência como referência internacional.

PATRIMÔNIO INDUSTRIAL

O interesse pelo patrimônio industrial, como comenta Kühl (2008), é relativamente recente, se em comparação a outros tipos de bens culturais. Segundo a mesma autora, a preocupação com a preservação de tal legado surgiu no final do século XVIII, na França, como reação ao “vandalismo revolucionário4” (p.37). No século seguinte, é referenciado também em outros países, como Portugal, Inglaterra e Suécia. Tagil (2003) define-o como segue:

O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de tratamento e de refino, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infraestruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação (p.3).

Os estudos sobre patrimônio industrial permitem reconhecer, entre outros, as formas de produção presentes em determinados territórios e as transformações que enfrentaram no seu processo de modernização. Os prédios, mas também as ferramentas e equipamentos são testemunho de como os cenários foram sendo modificados, em prol da otimização da produção.

Em alguns países, o estudo do patrimônio industrial é realizado no âmbito de uma disciplina denominada como Arqueologia Industrial, que nasceu na Inglaterra na década de 1950, criada por Michael Rix (Kühl, 2008). Não por acaso, trata-se do país berço da revolução industrial, portanto, local propício para o reconhecimento da importância histórica desses testemunhos, e para encabeçar a proteção aos “testemunhos industriais” (Baggio, 2013-2014, p.7). Mainini (1981) afirma que “falar da arqueologia industrial não significa limitar-se a examinar os restos das plantas que lidavam apenas com o setor produtivo” (p.19), salientando que os estudos são retomados “porque no campo da arqueologia industrial todos os restos materiais das formas da produção urbana e rural derivam das inovações tecnológicas introduzidas no período da revolução industrial e de seus antecedentes” (p.19-20). É uma forma de compreender a evolução da indústria, de suas técnicas e das consequências dessas ações sobre o território.

A VILA OPERÁRIA DE GALÓPOLIS

Olhar a vila operária de Galópolis a partir da gramática que é defendida pelo novo paradigma patrimonial, permite reconhecer as “novas cartografias sociais resultantes da prática de uma justiça social que privilegia a construção de uma noção plural de conhecimento [...] e possíveis práticas coletivas de salvaguarda” (Querol, 2013, p.169). Esse paradigma utiliza o conceito de “patrimônio aberto e em constante construção, que resulta da união das manifestações materiais e imateriais e que, por isso, põe a tônica no sujeito” (Idem). Ainda segundo o mesmo autor, agora seguindo De Varine5, a Museologia Social tem como “objetivo principal: o desenvolvimento do território a partir dos conhecimentos associados às formas de cultura local, com o museu como gestor do processo” (p.177), considerando que a comunidade é a protagonista da dinâmica cultural. No caso da Vila de Galópolis, a noção de patrimônio está vinculada a visão que os moradores da Vila têm em relação as suas origens, usadas como elementos identitários na sobreposição de uma identidade étnica com uma identidade fabril. Dessa forma, o método6 proposto auxilia a inventariar os bens por meio de uma identificação que garanta a sua proteção, a partir da comunidade, que é quem define seu patrimônio cultural. Como a fábrica se mistura com a Vila, a memória coletiva torna-se um meio de identificar esse patrimônio, ao unir uma série de memórias individuais que constituem o quadro social dessa localidade.

O povoado de Galópolis data dos primeiros anos da presença de imigração itálica na Colônia Caxias, na década de 1890, então dividida em vários travessões ou linhas e, a partir dessa divisão, em léguas, de acordo com a separação estabelecida pelos órgãos oficiais. A Diretoria da Colônia tinha como responsabilidade receber os imigrantes, definir os lotes coloniais e orientá-los para que pudessem chegar ao seu destino. A demarcação foi realizada pela diretoria da colônia, que “traçou uma linha reta ao Norte da Picada dos Boêmios, Forqueta, Núcleo Louro e parte de Nova Palmira, delineando entre as extremidades daquela linha, de Oeste a Este” (Herédia, 1997, p. 40), as primeiras quatro léguas como ponto de partida para a ocupação da Colônia. Esta região ficou conhecida como Vale del Profondo e, mais tarde, como Cascata da Quarta Légua, Desvio do Morro e Le Machine.

O local era semelhante ao deixado na terra de origem, marcado pela presença de morros e por terrenos com pedras, onde os recém chegados realizavam uma agricultura de subsistência, já que a situação geográfica não era propícia à agricultura extensiva ou à criação de gado. Muitos desses imigrantes eram operários vindos dos municípios de Schio, Província de Vicenza, e também do Valle dos Signori (Livro Tombo..., 1936, p.1), devido a conflitos salariais. Tinham experiência no trabalho fabril e, quando chegaram ao Brasil, especificamente na Colônia Caxias, decidiram organizar um pequeno lanifício, juntamente com alguns habitantes do local. Fundaram, então, uma cooperativa têxtil denominada Società Tevere e Novità, cujos teares foram trazidos da Itália, em um barracão construído próximo ao arroio Pinhal, para utilizar a água para movimentar os teares. Os imigrantes criaram condições econômicas e sociais que, se comparadas à situação social vivida na antiga pátria era um paraíso. Com esforço, e dedicação foi possível construir, na nova terra, uma paisagem com características europeias a partir das condições encontradas no local. A pequena propriedade, o trabalho na fábrica local, a garantia de emprego aos familiares e o investimento dos trabalhos agrícolas que realizavam foram determinantes na construção de Galópolis (Herédia, 2015, p.2).

A crise econômica que marcou o final do século XIX foi um cenário que a maioria dos imigrantes italianos não esqueceu, sendo a fuga da miséria o principal motivo do abandono à pátria. De regiões bastante distintas, muitos foram obrigados a emigrar para sobreviver. É interessante na história desse lanifício a junção de protagonistas que desempenharam papéis importantes no lanifício, mas que provieram de regiões lanieras distintas. É o caso de Hércules Galló, um imigrante italiano que se instala na Colônia Caxias no começo do século XX, e tem interesse em investir na indústria de lã, uma vez que seu pai era proprietário de uma indústria de lã, de ciclo completo, na cidade de Biella, região do Piemonte. Os pequenos vilarejos dessa região viviam da produção de lã, atividade tradicional naquelas localidades. Esse empresário decide viajar para o Brasil quando o pai morre e a herança do lanifício o ajuda a realizar o projeto. Anos mais tarde, como comerciante, negocia e assume a direção da cooperativa têxtil que se localizava no município de Caxias do Sul e a transforma em um grande empreendimento. Sua capacidade de trabalho, forma de empreender e de potencializar os negócios o fazem estimado pelos operários e habitantes da vila. Em 1908 é visto “como um diretor ativo e capaz, tomando conta da parte comercial” (Brito, 1978, p.22). Dois anos depois, a fábrica é reconhecida como uma das dez maiores empresas do Estado do Rio Grande dos Sul.

O povoado, então conhecido como Galló, se caracterizava por um aglomerado de população proletária, efetivado a 5º Distrito do Município em 2 de fevereiro de 1914. A partir desse ato, a vila passou a ser chamada de Galópolis (Herédia, 2003, pp.118-119). A Vila Operária, mais propriamente, começara a ser construída em 1912, com a fusão da Companhia de Tecidos com o capital da empresa Chaves & Almeida. Os proprietários desta sociedade, Hércules Galló e a família Chaves, tinham conhecimento das necessidades operárias e da estrutura necessária. Dessa maneira, decidiram implantar um plano habitacional que garantisse a fixação e imobilização de mão de obra especializada em torno da fábrica, principalmente dos funcionários estrangeiros contratados para mover os novos teares mecânicos comprados na Europa. A vila foi estabelecida à medida que a fábrica expandia-se. As casas para os operários eram de propriedade da fábrica, e foram dimensionadas para abrigar o número de operários que o empreendimento necessitava. Os moradores que recebiam a moradia pagavam um aluguel simbólico, variável conforme a área edificada e o cargo ocupado no lanifício. As despesas de água e luz também eram controladas pela fábrica (Economia do Rio Grande do Sul..., 1955, p.2).

As primeiras casas eram de madeira, com dimensões variadas. O estilo arquitetônico utilizado era semelhante às construções de origem italiana, apesar do uso da madeira ao invés da pedra, com casas geminadas - construídas uma contígua à outra - e idênticas, ocupando todo o quarteirão de terrenos da fábrica. Quanto à compartimentação, as residências possuíam de dois a três cômodos, utilizando sempre o mesmo projeto, com jardim e horta externos.

Primeiras casas
operárias do Lanifício de Galópolis, entre 1914-1916
Figura 1
Primeiras casas operárias do Lanifício de Galópolis, entre 1914-1916
Acervo Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami

Em 1928, a família Galló vende suas ações para o grupo Chaves Barcellos, devido à morte de Hércules Galló anos antes, e dessa venda nasce a Sociedade Anônima Companhia Lanifício São Pedro. Nessa fase, a vila operária já havia crescido e as moradias oferecidas, preferencialmente alugadas aos operários, representavam um elemento de interiorização frente à fábrica e garantia de continuidade do processo fabril (Lopes & Silva, 1979, p.15). Apenas a partir de 1974 houve a possibilidade de compra e venda de algumas casas. Isso significa que a vila foi preservada e assegurou o patrimônio que a constituía.

Quando a família Galló vendeu suas ações para o Grupo Chaves Barcelos, a fábrica possuía sob seu controle 43 casas utilizadas para moradia dos operários (Livro de Atas..., 1928, p.14). No inventário da venda da Companhia Chaves & Irmão, apareciam os seguintes bens: “uma cascata, edifícios e linha de troly, maquinários e instalações, terrenos com área de 484.243m², casas dos operários, veículos, carreta e oito animais, num total de bens de 4.510:000$000” (Herédia, 1997, p.121). Em 1946, a diretoria do Lanifício propôs a criação de um Fundo de Construção de Casas para Operários, para ampliar as casas da vila operária (Herédia, 2001). Já em 1955, segundo registros, “as edificações especialmente construídas para a moradia de operários constituem um conjunto de oitenta residências dotadas de todos os requisitos de conforto, dispondo de espaço e condições excelentes de ventilação e iluminação” (Economia do Rio Grande do Sul..., 1955, p.2).

Para os operários foram construídas mais casas de alvenaria, além de serem adquiridas algumas casas particulares pela empresa. Em 1939 foi iniciada a construção da Igreja Matriz, na praça central em frente às residências operárias (figura 2). Além das moradias, a vila operária havia interiorizado um conceito de comunidade que foi expandido, em função dos interesses da fábrica e da população, criando aporte de edifícios de cunho social. A vila atendia a todas as necessidades dos operários à medida que possuía escola, igreja, praça, campo de futebol, uma cooperativa que oferecia uma série de serviços, um sindicato e inclusive, mais tarde, um cinema. Ou seja, os operários tinham suas necessidades supridas no local onde trabalhavam, que era o mesmo local em que moravam.

Vista das casas
operárias ao redor da praça e da igreja matriz, Galópolis
Figura 2
Vista das casas operárias ao redor da praça e da igreja matriz, Galópolis
Acervo Associação dos Moradores de Galópolis

À medida que o operário supria praticamente todas as suas necessidades dentro dos limites da Vila, ficava restrito e dependente do mesmo. Esta situação criava um processo de isolamento que acentuava a dependência entre o domínio do trabalho e o domínio da moradia, mas também produzia uma identidade de grupo que, por muitas décadas, foi o elo dos habitantes de Galópolis.

Mesmo com a construção da Rodovia Federal Getúlio Vargas na década de 1940 [atual BR -116], e sua passagem por Caxias do Sul, ligando o Rio Grande do Sul ao centro do país, as transformações na Vila Operária, que eram esperadas pela promessa da rodovia trazer em seu traçado o progresso, não ocorreram. Galópolis permaneceu como um lugar de passagem, e seu atrativo continuava a ser a grande estrutura industrial local (figura 3).

Vista geral do Lanifício,
em períodos diversos
Figura 3
Vista geral do Lanifício, em períodos diversos
Acervo Cia Sehbe S.A

Tal fato é reforçado quando se analisa que em quarenta anos, entre 1930 e 1970, o crescimento do número de habitantes da Vila não acompanhou o crescimento demográfico do município a que estava vinculado. O lanifício cresceu qualitativamente, com incremento do seu capital, dos seus investimentos e principalmente por meio da inovação tecnológica que permitiu aumentar a produção, com número menor de trabalhadores.

A VILA OPERÁRIA COMO PATRIMÔNIO INDUSTRIAL

É importante explicitar que o patrimônio industrial construído historicamente em Galópolis7 representa uma trajetória de êxito na economia do Rio Grande do Sul. O patrimônio aqui relatado é entendido como um bem cultural, uma demonstração do processo de transformação que a localidade passou à medida que promoveu atividades de produção, de cunho manufatureiro, marcadas por empreendimentos de tecelões e mais tarde por atividades de tipo industrial. Como colocado por Arantes (2006):

Os bens culturais encontram-se necessariamente situados – inseridos em contextos espaço-temporais específicos: localizam-se em determinado tempo-espaço, integram atividades de determinados grupos sociais e não de outros, e são suportes de significados e de sentidos que são construídos e transformados tanto por essas mesmas atividades, quanto pelas estruturas de relacionamento social que as ordenam (p.431).

É oportuno lembrar, ainda, que quando começa a passagem da sociedade tradicional para a industrial, é preciso resolver a questão habitação. As cidades que foram marcadas pela presença de indústrias tiveram processos simultâneos de urbanização. Isso significa que junto com a indústria, houve a expansão das cidades, mesmo que haja experiências de estabelecimentos industriais localizados em áreas rurais. Os donos das indústrias precisavam garantir as condições de vida de seus operários. Em muitos países, a solução encontrada foi a criação de vilas operárias que asseguravam a permanência do operário junto à fábrica e, em decorrência, de toda sua família8.

Ressalta-se que em 1874 o Rio Grande do Sul já possuía um modelo de indústria com vila operária na cidade de Rio Grande, da Companhia União Fabril de Rio Grande (Fagundes, 1987). Este conjunto incluía habitações em fita9 para os operários, e ainda equipamentos como escola, armazém cooperativo e associação beneficente. Entretanto, para o quinto distrito de Caxias do Sul, a proposta de construção de uma vila operária era inovadora e atingia o objetivo de manutenção da mão de obra familiar e da reprodução da força de trabalho.

No caso de Galópolis, fica claro que a preocupação com a vila manifestava-se por parte da fábrica em todas as esferas: da questão educativa, religiosa, sanitária, social à recreativa, justificando-as como o fim para atender as necessidades básicas da comunidade operária. Os operários sentiam-se parte da fábrica, como se fossem também propriedade da mesma. Com esse sentimento, impossibilitava-se maior politização da classe, como se reivindicar direitos referentes à condição operária fosse um ato de deslealdade ao patrão. Por outro lado, as instituições criadas na vila e mantidas pela fábrica fortaleceram a absorção dos valores da classe que os dominava como modelo exemplar de comportamento, postura e estilo de vida. “A organização coletiva e os mecanismos usados pela fábrica promoveram essa integração que confundia os espaços da moradia com os espaços fabris” (Herédia, 2015, p.13). Esse vínculo possibilitou o fortalecimento e manutenção da história local, que é narrada por seus moradores, e caracteriza-se como memória coletiva.

Baggio (2013-2014) explica que as vilas operárias estavam localizadas “nas imediações da fábrica, de preferência no campo do que nas cidades, para além das casas, havia toda uma gama de serviços comunitários como a escola, o teatro, o refeitório, a igreja, o jardim” (p.12). A autora evidencia que as habitações eram caracterizadas segundo o status social do operário, o que envolvia desde o empreendedor, o dirigente, o técnico e o próprio operário. Havia uma hierarquização das residências. Realça ainda que, mesmo as vilas operárias possuindo modelos comuns, “assumem os traços diferenciais adaptando-se as especificidades e peculiaridades do território nas quais surgem” (p.13). Coloca que os aspectos geográficos, ambientais, climáticos interferem e modificam algumas das características postas nos modelos (Lorandi, 1981, p.187). Cita o caso das indústrias têxteis que precisavam se localizar junto aos cursos do rio o que definia devido à demanda de água a localização da fábrica.

Na experiência de Galópolis, a vila operária forçava um vínculo muito estreito entre o operário e a fábrica, tornando o mesmo dependente de todas as funções que a mesma oferecia, ou seja, não apenas a do emprego como também moradia, alimentação, escola, igreja e até a recreação. Silva (2015, p.1) ressalta que as vilas operárias são demonstração do interesse pelo modo de vida da classe trabalhadora, como um arquivo a céu aberto. Dessa maneira, segundo estudo realizado por Milano (2010), a vila operária de Galópolis é um modelo de patrimônio a ser preservado:

O ineditismo de um núcleo operário em uma localidade semi-rural com forte cultura da imigração italiana, que absorveu as inovações da habitação industrial europeia e ainda manteve os costumes e tradições da região em perfeita harmonia, faz de Galópolis um lugar atípico e diferencial, com todos os atributos para se tornar um bem de patrimônio histórico que merece ser preservado (p.167).

Reforçando a ideia de Tagil, apresentada anteriormente, a vila operária, assim como demais estruturas e infraestruturas ligadas ao desenvolvimento de atividades sociais relacionadas com a indústria, neste caso, o lanifício, são compreendidas como patrimônio industrial. A raridade dessa formação em Galópolis por sua posição geográfica, pela história da migração, pelas tipologias e paisagens conservadas, reflete na valorização e preservação do espaço como patrimônio.

Mesmo que construída há mais de um século, a vila operária e sua identidade permanecem em Galópolis, conforme o plano idealizado pelos proprietários do lanifício. A estrutura urbana – das casas dispostas ao redor da praça e da igreja (figura 4); a escala das casas – em relação às primeiras casas de madeira construídas; e as residências geminadas em alvenaria foram mantidas e são parte do patrimônio e da identidade de Galópolis. Dentre o conjunto da vila operária, podem-se distinguir as casas geminadas em duas tipologias, de acordo com sua a divisão em duas ou três residências, a cada bloco edificado.

Vila Operária,
Galópolis.
Figura 4
Vila Operária, Galópolis.
As Autoras, 2016.

No conjunto operário, as casas duplas remanescentes contam com seis exemplares, todas construídas em tijolos aparentes. Esta tipologia apresenta projetos racionais, geometrias simplificadas e funcionalidade espacial. Contemplam espaços de convivência, como sala e cozinha, com concentração da área molhada aos fundos, e o setor íntimo, com três dormitórios, disposto entre os dois pavimentos (figura 5). Todos os ambientes possuem boas condições de ventilação e iluminação, que segundo a Carta de Atenas (Iphan, 1933, p.7), são ‘condições naturais’ necessárias às cidades [sol, espaço, vegetação].

Plantas do
modelo de casas operárias duplas, Galópolis.
Figura 5
Plantas do modelo de casas operárias duplas, Galópolis.
Milano, 2010, p.127. Representação: Bruna Tronca, 2016.

Nessas residências, de aproximadamente 80m² de área útil, o projeto original estipulado pela fábrica para construção das moradias previa a acomodação de uma família com filhos, para maior comodidade, imobilização e continuidade dos operários e seus filhos no ofício laniero. Para tanto, o setor íntimo estava distribuído da seguinte maneira: o dormitório localizado no andar térreo era destinado ao casal; já os quartos do pavimento superior, sob a inclinação do telhado, no sistema de sótão, estavam designados aos filhos. Essas casas têm a utilização de tijolos aparentes [figura 6], e revestimentos internos em madeira como materiais construtivos. O sistema estrutural é em alvenaria portante, reforçado por uma sequência modular de pilares, também em alvenaria, dispostos e aparentes nas empenas laterais. Em geral, as portas de entrada de cada residência ficam nessas paredes, com acesso à rua através do afastamento lateral entre as unidades. Originalmente, as aberturas estavam arrematadas por vergas em forma de arco abatido.

Casas operárias
duplas, rua Félix Spinato, Galópolis.
Figura 6
Casas operárias duplas, rua Félix Spinato, Galópolis.
As Autoras, 2016.

Da mesma forma, os três blocos geminados, de mesmo material, que contemplam três residências cada, apresentam racionalidade e funcionalidade como característica. Seu projeto (figura 7) é distribuído de tal forma que permite que todos os compartimentos possuam janelas para ventilação e iluminação natural, mesmo na unidade do meio. As áreas molhadas – banho e cozinha- também ficam concentradas nos fundos da edificação, e cada casa possui três quartos.

Plantas do
modelo de casas operárias triplas, Galópolis.
Figura 7
Plantas do modelo de casas operárias triplas, Galópolis.
Milano, 2010, p.137. Representação: Bruna Tronca, 2016.

Essa tipologia dialoga com as casas duplas, pelo uso dos mesmos materiais e da mesma linguagem do telhado em duas águas10. Porém, nestes casos, a construção, quanto ao nível de acabamento, é mais simples do que as casas duplas. As portas principais de acesso foram dispostas na fachada frontal, sobre as esquadrias apresentam-se vergas retas, e as paredes laterais são planas, sem saliências verticais como elementos estruturais [figura 8].

Casas operárias
triplas – Rua Pedro Chaves, Galópolis.
Figura 8
Casas operárias triplas – Rua Pedro Chaves, Galópolis.
As Autoras, 2016.

As residências geminadas triplas também possuem, de acordo com a proposta original estipulada pela fábrica para a moradia de seus funcionários, a distribuição do setor íntimo com o dormitório de casal no andar térreo. No pavimento superior, sob a inclinação do telhado, no sistema de sótão, estão dispostos os dois dormitórios que estavam designados aos filhos. Essas residências fazem parte de um conjunto edificado que forma a Vila Operária de Galópolis e que, por sua relação arquitetônica, histórica, tecnológica e social com o Lanifício, podem ser considerados como patrimônio industrial. “O patrimônio industrial reveste-se de um valor social como parte do registro de vida de homens e mulheres comuns e, como tal, proporciona-lhes um importante sentimento de identidade” (Tagil, 2003, p.4)

Os valores desse conjunto arquitetônico refletem as relações da imigração, da apropriação da nova terra, da vontade dos colonos de empreender e trabalhar, e da dependência de Galópolis em função da fábrica. “Estes valores são intrínsecos às localidades industriais, às suas estruturas, aos seus componentes, [...] à sua paisagem industrial” (Tagil, 2003, p.4). O sítio apresenta a conservação da paisagem local, das características fabris e do ambiente do antigo bairro operário. Mas, vale destacar que com o passar do tempo e com a possibilidade de compra e venda das unidades de moradia, as casas sofreram adaptações tanto internas como de fachada. A troca de moradores, a alteração dos hábitos familiares, a necessidade de novas compartimentações e a dificuldade de conservação de alguns materiais ocasionaram intervenções sobre os modelos originais construídos. Esse é um dos complexos problemas citados por Kühl (2008) quanto ao tratamento do legado da industrialização: a preservação versus a especulação imobiliária. Porém, de acordo com a teoria de Brandi, “o período intermediário entre o tempo em que a obra foi criada e esse presente histórico que de modo contínuo se desloca para frente, será constituído de outros tantos presentes históricos que se tornaram passado, mas de cujo trânsito a obra poderá ter conservado o traço” (Brandi, 2004, p.33). Ou seja, os traços das transformações sofridas pelas casas da vila operária no decorrer dos anos, a partir de novas concepções e contemporização, representam a passagem da obra no tempo e, em caso de restauração das mesmas, não devem ser cancelados.

O Estatuto da Cidade, como Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001, estabelece como entre suas diretrizes a “proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico” (Brasil, 2001, p.2). Para conservar o conjunto da vila operária, sua relação história com a fábrica e sua originalidade, são necessários estudos e investigações históricas que formulem um inventário completo das características industriais locais, permitindo a fundamentação de políticas de proteção do patrimônio industrial. Miranda (2008) destaca que a inventariação de determinado bem se apresenta como uma medida rápida e eficiente e seu processo não deve ser confundido com o tombamento. “Trata-se de instrumentos de efeitos absolutamente diversos, embora ambos sejam institutos jurídicos vocacionados para a proteção do patrimônio cultural” (Miranda, 2008, p.308).

Como ressalta Kühl (2008, p.24) “o inventário do patrimônio industrial é tema de maior relevância e instrumento essencial para a preservação”. Dessa maneira, o patrimônio poderá ser reconhecido e valorizado por todos, tanto proprietários, como moradores locais, visitantes e a sociedade em geral.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O patrimônio industrial da vila operária de Galópolis, objeto desse estudo comprova o que postula a Museologia Social quando afirma que é a comunidade protagonista de sua dinâmica cultural. As possíveis relações entre as dimensões materiais e imateriais que são evidentes no patrimônio arquitetônico de Galópolis mostram como o próprio território se posicionou a partir dos desdobramentos da fábrica desde o momento da sua fundação, preservando partes da vila operária, das construções que abrigavam a fábrica e edifícios presentes no povoado.

No caso das residências que fazem parte de um conjunto edificado que constitui o centro da vila operária de Galópolis e que, por sua relação arquitetônica, histórica, tecnológica e social com o Lanifício, como patrimônio industrial são testemunhos de uma história que ali ocorreu a partir da primeira década do século XX. Dessa forma, “o patrimônio industrial reveste-se de um valor social como parte do registro de vida de homens e mulheres comuns e, como tal, proporciona-lhes um importante sentimento de identidade” (Tagil, 2003, p.4).

Os valores desse conjunto edificado refletem as relações de imigração, de apropriação da nova terra, da vontade dos imigrantes de empreender e trabalhar, e da dependência de Galópolis em função do Lanifício. “Estes valores são intrínsecos às localidades industriais, às suas estruturas, aos seus componentes, (...), à sua paisagem industrial” (Tagil, 2003, p.4). O território apresenta a conservação da paisagem local, das características fabris e do ambiente do antigo bairro operário. Porém, esse patrimônio ainda não está legalmente valorizado, não sendo reconhecido pelo município como bem tombado material ou de paisagem, muito menos como patrimônio industrial. Este fato impede a preservação do conjunto para as gerações futuras, protegendo os vestígios industriais. São necessários estudos e investigações históricas que formulem um inventário completo das características industriais locais, permitindo a fundamentação de políticas de proteção do patrimônio industrial.

É importante lembrar o que Arantes (2006, p.426) comenta sobre o patrimônio cultural e seus usos na dimensão urbana, ou seja: “diferentemente dos fatos de memória, que é elaborada, transmitida e realimentada diretamente pelos atores sociais, em redes de relações sociais, o patrimônio é uma realidade instituída pelo Estado”. Esse autor chama a atenção que essa atividade de identificar os bens culturais para protegê-los é “uma atividade especializada- e não parte da cultura comum- que coloca em cena o Estado como representante do interesse público nos processos de construção de representações simbólicas da nação e da identidade dos grupos que a formam” (Arantes, 2006, p.427).Sem considerar o valor do patrimônio edificado existente e da necessidade de preservação do mesmo, com o passar dos tempos e com a troca de moradores, as casas da vila operária sofreram adaptações tanto internas como de fachada. A aquisição das casas operárias, a alteração dos hábitos familiares com o passar dos anos, a necessidade de novas compartimentações e a dificuldade de conservação de alguns materiais ocasionaram intervenções não-condizentes com a originalidade.

A única forma de manter a memória desse patrimônio é garantir a sua preservação por meio legal cuja ação pode ser eficaz no sentido de assegurar sua proteção, ou através de suas disponibilização turísticas, como mostram experiências européias. A riqueza dos testemunhos que constituem o patrimônio industrial é um campo novo para o turismo cultural. “Independentemente de quem os construiu, são bairros operários que conservam a memória e a história de uma classe trabalhadora que necessita ser lembrada” (Janke, 2010, p.336), condição em que, com certeza, despertariam interesse de visitação.

A escolha da metodologia proposta é uma possibilidade de dispor de um instrumento de preservação do patrimônio cultural que seja utilizado como campo para o turismo cultural. Segundo Ribeiro e Silva (2010), o processo de identificação e seleção de bens culturais está na base de toda a atividade patrimonial. Dessa forma, a vila de Galópolis tem todos os elementos necessários para tornar-se mais atrativa na área do turismo cultural, desde que saiba aproveitar os bens culturais que dispõem. Querol (2013) lembra que a Convenção para a salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, aprovado pela Unesco, abre um “novo capítulo para este organismo e para a história de um fenômeno sociocultural como o patrimônio” (p.168). A autora chama a atenção que a Unesco “reconhece e estabelece que o seu valor é dado pelas próprias comunidades” (p.169).

A comunidade de Galópolis possui a consciência de que o patrimônio industrial é importante para a conservação de sua história, uma vez que ainda abriga famílias que tiveram seus antecessores atuando na fábrica e reconhecem que participaram na construção daquele patrimônio. Os valores que essa comunidade ainda mantém são fundamentais para a luta da preservação e a abertura para o campo do turismo cultural já que existe o conhecimento sobre a obra e o valor que a mesma representa como garantia da manutenção da identidade coletiva da comunidade. Timidamente, a comunidade começa a pensar nas suas possibilidades em termos turísticos

Referências

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Notas

1 Vania Beatriz Merlotti Herédia – Doutora. Professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/2028194865995189 E-mail: vbmhered@gmail.com
2 Bruna Tronca – Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade, Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, RS, Brasil. Currículo: http://lattes.cnpq.br/9749945138166899 Email: btronca@ucs.br
3 Parte deste trabalho foi apresentada na II Conferência Internacional Turismo & História realizada na Universidade de Caxias do Sul, promovido em parceria com a Universidade de Algarve em 2016. Observações sugeridas no Grupo de Trabalho foram absorvidas e incluídas neste estudo.
4 Movimento ocorrido na França, no período da Revolução Francesa, caracterizado por destruição de monumentos históricos, e remanescentes da arte medieval.
5 O francês Hugues De Varine, historiador, antigo presidente do ICOM e consultor internacional em desenvolvimento comunitário e participação cidadã, é considerado uma das principais referências internacionais na área da Museologia.
6 Segundo Falcoski e Travassos Falcoski (2010), “o caráter inovador e a construção de uma metodologia que permita associar a vocação específica de cada imóvel com as possibilidades de reaproveitamento desse imóvel pelo município tende a contribuir com a ampliação e aplicação da matriz metodológica” (p.3).
7 É interessante observar que a Vila Operária de Galópolis é um espaço que reflete a riqueza do patrimônio industrial. Vale lembrar que a cidade de Schio, local de onde provieram os operários de Galópolis, tem “um projeto de museu aberto a cidade, ligado a arqueologia industrial onde prevê a recuperação do Lanifício Rossi, Cazzola e do Jardim de Jacquard” (Baggio, 2013-2014, p.20).
8 “As experiências referem-se a núcleos habitacionais criados no Norte da Itália no século XIX, na Inglaterra, Bélgica, Alemanha e França” (Baggio, 2013/2014, p.15). Tem experiências que datam 1835, como é o caso da cidade de Mulhouse na França. Entretanto a primeira vila na Itália é a cidade operária de San Leucio em Caserta, construída em 1783 por Ferdinando IV de Bourbon.
9 Conjunto construído com paredes laterais comuns entre si, com telhado contínuo para todas as casas.
10 Um telhado é dividido em águas, cada água representa uma superfície inclinada da cobertura.
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