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Produção do Conhecimento sob a Dimensão Ambiental em Eventos Turísticos e Megaeventos Esportivos: Uma Análise dos Periódicos Vinculados aos Programas Nacionais de Pós-Graduação em Turismo
Production of Knowledge about the Environmental Dimension in Tourist Events and Sports Mega Events: An Analysis of Journals Linked to National Post-Graduation Programs in Tourism
Produção do Conhecimento sob a Dimensão Ambiental em Eventos Turísticos e Megaeventos Esportivos: Uma Análise dos Periódicos Vinculados aos Programas Nacionais de Pós-Graduação em Turismo
Rosa dos Ventos, vol. 10, núm. 1, pp. 153-168, 2018
Universidade de Caxias do Sul
Recepción: 26 Febrero 2017
Aprobación: 27 Diciembre 2017
Resumo: O presente estudo tem por objetivo sistematizar o conhecimento científico produzido nos periódicos nacionais, vinculados a programas de pós-graduação com área básica em Turismo, quanto à dimensão ambiental e o planejamento de eventos turísticos, com ênfase, em particular, em megaeventos esportivos. Em termos de metodologia, o estudo classifica-se como descritivo e bibliográfico. Assim, para identificar os estudos publicados em tais periódicos, foi realizado um levantamento de palavras-chaves nas edições disponíveis nos endereços eletrônicos dos mesmos. No total foram consultados 2059 artigos. Os resultados permitem concluir que: de 2059 artigos examinados, 65 (3,2%) contemplam o tema eventos turísticos ou megaeventos esportivos; desses 65 artigos, 49 (75,4%) tratam de eventos e 16 (24,6%) de megaeventos esportivos; de 65 publicações relativas a eventos turísticos ou megaeventos esportivos, apenas três (4,6%) consideram a dimensão ambiental. Vale ressaltar que apenas um examina a dimensão ambiental no processo de planejamento de megaeventos esportivos.
Palavras-chave: Turismo, Eventos Turísticos, Megaeventos Esportivos, Dimensão Ambiental, Sistematização de Conhecimento.
Abstract: This study aims at systematizing scientific knowledge produced in national journals, which are linked to postgraduate programmes in Tourism, in relation to environmental dimension and the planning of tourist events, emphasizing sports mega events. In terms of methodology, this study is descriptive and bibliographic. In order to identify the studies published in such journals, keywords were searched through issues available online. 2059 articles were consulted in total. The results allow to conclude: from 2059 articles examined, 65 (3,2%) contemplate tourist events or sports mega events; from 65 articles, 49 (75,4%) consider events and 16 (24,6%) sports mega events; from these 65 publications related to tourist events or sports mega events, just three (4,6%) take the environmental dimension into consideration. It is worth highlighting that just one of those analyses the environmental dimension in the planning process of sports mega events.
Keywords: Tourism, Tourist Events, Sports Mega Events, Environmental Dimension, Knowledge Systematization.
INTRODUÇÃO
Megaeventos esportivos, tais como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo de Futebol, são categorizados como hallmark ou megaeventos (Kim, Gursoy & Lee, 2006). Segundo Roche (1994), megaevento consiste em um acontecimento de curta duração, para o qual se torna necessária a criação de infraestruturas e comodidades para sua realização, resultando em efeitos permanentes nas cidades e/ou países-sede.Qualquer evento turístico [de um megaevento a um festival musical] possui características de um empreendimento com operações bem definidas, na medida em que consomem energia, água e demais recursos, gerando resíduos sólidos, emissões atmosféricas e efluentes líquidos. Dessa forma, percebe-se que os eventos turísticos também podem provocar impactos no meio ambiente. Para que um evento assuma sua responsabilidade ambiental, é preciso que o mesmo contabilize a variável ambiental em todas as fases de seu planejamento. De Conto (2004), ao examinar a responsabilidade ambiental dos eventos, destaca que os mesmos somente são considerados bem planejados à medida que contabilizarem os custos ambientais.
Diante da sistematização realizada sobre a produção disponível nos principais meios de divulgação científicos nacionais e estrangeiros, verifica-se claramente a existência de uma lacuna no conhecimento científico disponível sobre eventos turísticos no que tange à consideração da dimensão ambiental no seu planejamento (Pereira, Ávila & Camilotto, 2015; 2014; Nazari, Ávila, Camilotto, Wolf, Correa & Pereira, 2014; Camilotto & Pereira, 2014; Pereira, 2011; 2007). Embora seja inegável o crescimento e a popularidade dos eventos turísticos, Ma, Egan, Rotherham & Ma (2011. (2011) argumentam que as pesquisas científicas sobre impactos de eventos ainda concentram-se de forma mais significativa na dimensão econômica do que na dimensão ambiental ou social. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo geral sistematizar o conhecimento científico produzido nos periódicos nacionais, vinculados a programas de pós-graduação com área básica Turismo, quanto à dimensão ambiental e o planejamento de eventos turísticos, com ênfase, em particular, em megaeventos esportivos. Como objetivos específicos, apontam-se os seguintes: (a) identificar o número de artigos publicados sobre os temas eventos turísticos e megaeventos esportivos; e (b) verificar o número de artigos sobre eventos turísticos e megaeventos esportivos que abordam a dimensão ambiental.
Em termos de estrutura, este trabalho organiza-se da seguinte forma: a primeira seção apresenta esta introdução sobre o tema investigado. Já a segunda, trata da metodologia utilizada, bem como do método de coleta de dados empregado. Em seguida, a terceira seção apresenta e discute os resultados da pesquisa. Por fim, a quarta seção finaliza o trabalho, apresentando as principais conclusões do estudo.
METODOLOGIA
No que tange à metodologia empregada, o estudo classifica-se como descritivo, uma vez que estuda as relações estabelecidas entre duas ou mais variáveis de um determinado fenômeno, sem manipulá-las (Köche, 2004). Além disso, o estudo também se caracteriza como bibliográfico. Segundo Köche (2004), um dos objetivos da pesquisa bibliográfica é justamente sistematizar o estado da arte disponível em um dado momento sobre um determinado tema.
Para a coleta dos dados, inicialmente realizou-se uma pesquisa na Plataforma Sucupira, portal de buscas sobre os programas de pós-graduação no Brasil. Essa plataforma está vinculada à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior [Capes] do Ministério da Educação (Plataforma Sucupira, 2017). Ao adentrar no site selecionou-se a opção Dados Cadastrais do Programa no qual, nas áreas para preenchimento, informou-se a área básica como sendo Turismo e em situação do programa, os que atualmente estão em funcionamento. Até dezembro de 2016, período de término da realização da presente pesquisa, havia 11 programas de pós-graduação em funcionamento no Brasil e vinculados à área básica de Turismo:
· Gestão de Negócios Turísticos – Universidade Estadual do Ceará (UECE): nível mestrado profissional e início em 2012;
· Gestão em Alimentos e Bebidas – Universidade Anhembi Morumbi (UAM): nível mestrado profissional e início em 2016;
· Hospitalidade – Universidade Anhembi Morumbi (UAM): nível mestrado acadêmico e início em 2002; nível doutorado e início em 2015;
· Turismo – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS): nível mestrado profissional e início em 2016 (a partir de maio);
· Turismo – Universidade de Brasília (UNB): nível mestrado profissional e início em 2007;
· Turismo – Universidade Federal de Rio Grande do Norte (UFRN): nível mestrado acadêmico e início em 2008; nível doutorado e início em 2014;
· Turismo – Universidade Federal Fluminense (UFF): nível mestrado acadêmico e início em 2015;
· Turismo e Hotelaria – Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI): nível mestrado acadêmico e início em 1997; nível doutorado e início em 2013;
· Turismo – Universidade de São Paulo (USP): nível mestrado acadêmico e início em 2014;
· Turismo – Universidade Federal do Paraná (UFPR): nível mestrado acadêmico e início em 2013;
· Turismo e Hospitalidade – Universidade de Caxias do Sul (UCS): nível mestrado acadêmico e início em 2000; nível doutorado e início em 2015.
A partir desses 11 resultados, adentrou-se no site de cada um dos Programa e buscou-se a existência de periódico vinculado ao mesmo. Essa pesquisa resultou em oito periódicos apresentados no Quadro 1.
Não foram identificados periódicos vinculados aos seguintes programas: Gestão de Negócios Turísticos da Universidade Estadual do Ceará [UECE], Turismo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe [IFS] e Gestão em Alimentos e Bebidas da Universidade Anhembi Morumbi [UAM]. Com exceção da Revista Hospitalidade, os demais possuem todas as edições publicadas e disponibilizadas digitalmente através dos seus websites. A Revista Hospitalidade disponibiliza as edições a partir do ano II, número 2, 2º semestre de 2005.
Nos periódicos realizou-se uma primeira filtragem em todos os artigos publicados e que estivessem disponíveis digitalmente até dezembro de 2016, época selecionada para o recorte da presente pesquisa. Nesses, selecionou-se os que abarcassem, em suas palavras-chave, o termo “evento (s)” ou “megaevento (s)”, mesmo que sendo parte de um enunciado, como, por exemplo, <turismo de eventos> ou <megaeventos culturais> [1]. Dentre as palavras-chave fez-se uma nova filtragem selecionando somente os que se referissem a <megaeventos> [2]. Em seguida, os artigos foram novamente verificados, a partir de seus resumos, para identificar quais se relacionavam a [3] <megaeventos esportivos>, [4] <megaeventos> e <dimensão ambiental> e [5] <megaeventos esportivos> e <dimensão ambiental>. No total foram analisados 2.059 artigos.
RESULTADOS DA SISTEMATIZAÇÃO
No periódico Cenário foram publicadas seis edições entre 2013 e 2016, totalizando 50 artigos (Cenário, 2017). Após análise das palavras-chave desses artigos, não se encontrou artigo que contivesse o termo evento[s] ou megaevento[s]. A Revista de Turismo Contemporâneo publicou oito edições entre 2013 e 2016, totalizando 61 artigos (Revista de Turismo Contemporâneo, 2017). Desses, três contêm, em suas palavras-chave, o termo evento[s] ou megaevento[s] representando 4,9% dos artigos publicados [Quadro 2].
Percebe-se que, apesar de não estar entre as palavras-chave, o primeiro artigo aborda megaeventos esportivos por tratar-se da Copa do Mundo de 2014. Ao analisar o resumo, observa-se ter como objetivo analisar os resultados, legados e potencial prospecção a respeito das oportunidades a serem geradas pelas obras e serviços para a cadeia produtiva de turismo e para a sociedade, durante e após a realização do megaevento da Copa do Mundo 2014 (Raye, Souza, Viegas & Boaria, 2013). Dessa maneira, não contempla a dimensão ambiental neste tipo de evento.
Na Revista Hospitalidade foram analisados 186 artigos disponibilizados no site do periódico e publicados semestralmente em 23 edições, com início no segundo semestre de 2005. Ressalta-se que nos anos de 2015 e de 2016 foram publicados números especiais (Revista Hospitalidade, 2017). Desse total, sete artigos contêm, em suas palavras-chave, o termo evento[s] ou megaevento[s], representando 3,8% do total de publicações [Quadro3].
Dos sete artigos publicados, somente um refere a megaeventos. Tendo como título, “Eventos Esportivos: a repercussão midiática dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, Brasil”, o artigo pesquisa, através das notícias divulgadas pela mídia ainda na fase pré-evento, a repercussão midiática dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro (Pessoa & Tarsitano, 2013). Apesar de referir-se a megaeventos esportivos, novamente não contempla a dimensão ambiental do objeto de estudo.
O periódico Turismo Visão e Ação, por ser um dos mais antigos pesquisados, é um dos que mais possuem publicações. Em 53 edições, em geral quadrimestrais, foram publicados 385 artigos (Turismo Visão e Ação, 2017). Analisando as palavras-chave do total de artigos, verificou-se que seis artigos contemplam evento[s[ ou megaevento[s], representando 1,6% do total de publicações [Quadro 4]
Dos seis artigos publicados sobre a temática eventos, dois abordaram megaeventos. O estudo de Trotta, Strehlau e Turolla foi publicado em 2015 e refere-se ao megaevento esportivo Copa do Mundo, especificamente, a edição de 2014 realizada no Brasil. O objetivo do trabalho foi o de avaliar a importância do anúncio internacional para sediar um megaevento na imagem de uma cidade-sede e a manifestação em uma esfera positiva ou negativa, levando em conta a qualificação do teor das notícias analisadas, tendo como objeto de estudo os municípios de Curitiba e Florianópolis. Já o artigo com autoria de Silva, Braga e Romano (2016) analisou artigos com a temática megaeventos que foram publicados nos anos de 2010 a 2015 em periódicos nacionais de turismo. Como conclusão da pesquisa, os autores percebem a existência de uma marginal importância dada a pesquisas que relacionem megaeventos e turismo.
O periódico Revista Rosa dos Ventos - Turismo e Hospitalidade publicou, desde 2009, 26 edições (Revista Rosa dos Ventos - Turismo e Hospitalidade, 2017). Dos 215 artigos que foram publicados até a data do recorte do estudo, oito artigos referem-se a evento[s] ou megaevento [s] em suas palavras-chave, representando 3,7% do total de publicações [Quadro 5].
Dentre os nove artigos publicados, um se refere a megaeventos. “Public participation in Environmental Impact Assessment (EIA) and major sports events: a comparative analysis of the London 2012 Olympic Games and e Rio 2007 Pan American Games” foi publicado em 2014 no periódico e explora a participação pública na Avaliação de Impacto Ambiental [AIA] e a tomada de decisão no contexto de megaeventos esportivos e a infraestrutura associada no Brasil e na Inglaterra, a partir dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 e dos Jogos Pan Americanos do Rio 2007 (Pereira & De Conto, 2014). Observa-se essa ser a primeira menção à dimensão ambiental em megaeventos e, no caso, megaeventos esportivos desde o início das análises dos artigos.
Foram 24 edições publicadas no periódico Turismo e Sociedade desde 2008. Dentre essas, um dossiê sobre megaeventos em 2014, ano da realização da Copa do Mundo de Futebol FIFA no Brasil (Turismo e Sociedade, 2017). Do total de 195 artigos publicados, 11 abordam o termo evento[s] ou megaevento[s] em suas palavras-chave, sendo quatro no dossiê já referido (Quadro 6). Esse dado representa 5,6% do total.
Dos 11 artigos publicados que contêm evento[s] ou megaevento[s] em suas palavras-chave, cinco se referem a megaeventos, sendo todos sobre megaeventos esportivos. “Os efeitos dos megaeventos esportivos nas cidades” foi o primeiro deste leque a ser publicado, sendo em 2008. Percebe-se que na época, seis anos antes da Copa do Mundo de 2014 e oito antes dos Jogos Olímpicos de 2016 já havia uma discussão presente nos periódicos, mesmo que praticamente única, sobre os efeitos desses eventos. Esse trabalho busca apresentar os efeitos ambientais, culturais, econômicos, políticos e sociais resultantes nas cidades-sede de megaeventos esportivos tomando como objeto de estudo eventos anteriores à publicação do artigo, em 2008 (Matias, 2008).
O artigo “Megaeventos esportivos: reflexões sobre sustentabilidade e suas relações com o turismo”, publicado no Dossiê sobre Megaeventos em 2014, objetiva refletir sobre as relações entre megaeventos esportivos e questões ambientais, com foco em princípios de sustentabilidade e socioeconômicos, especialmente sob a ótica do turismo. Com base nas últimas sete edições dos Jogos Olímpicos, os resultados apontam que a maioria das ações dos eventos anteriores foi pontual e isolada, não produzindo legados significativos para as cidades e para as populações locais (Pace & Hardt, 2014).
Uma discussão sobre megaeventos esportivos e a sua importância como estratégia de desenvolvimento urbano foi a proposta do artigo “Copa do Mundo no Brasil: entre expectativas elevadas e benefícios imprecisos” também publicado em 2014 no dossiê sobre megaeventos e tendo como objeto de estudo a Copa do Mundo de Futebol FIFA 2014 e o município de Curitiba (Firkowski, Baliski & Ferreira, 2014). Um terceiro artigo presente no dossiê foi “Megaeventos: uma estratégia de atração turística?” que procurou investigar como a produção de megaeventos, associada a relações internacionais, pode contribuir para a promoção da imagem dos países que os sediam, potencializando a atratividade turística internacional (Alberini, 2014). Já o artigo “A Gastronomia brasileira na Copa do Mundo de Futebol da FIFA 2014: uma breve análise” constituiu uma breve reflexão sobre o potencial uso do patrimônio gastronômico brasileiro no contexto da Copa do Mundo de Futebol da FIFA 2014 (Minasse Gimenes, 2014).
O periódico Turismo em Análise é o mais antigo dentre os pesquisados e também com o maior número de artigos, sendo 557 desde sua primeira publicação em 1990 (Turismo em Análise, 2016). Além disso, apresentou o maior número de publicações contendo o termo evento[s] ou megaevento[s] nas palavras-chave. Foram 25 artigos correspondendo a 4,5% do total de publicações. Sobre a porcentagem, observa-se que é similar a outros periódicos [Quadro 7].
Título | Palavras-chave | Data |
Meca para o turismo de negócios e eventos. | Turismo De Negócios. Turismo De Eventos. São Paulo. Vocação Turística. | 1993, 4(2) |
Turismo de eventos: o caso do Centro de Convenções da Bahia. | Turismo de Eventos. Centro de Convenções da Bahia. Salvador, Bahia, Brasil. | 1994, 5(1) |
Turismo, eventos e governo. | Turismo e Eventos. Ações Do Governo. Competitividade Internacional. | 1997, 8(1) |
Evento como veículo de comunicação dirigida aproximativo. | Evento. Comunicação Dirigida. Tipos. Conceitos. | 1997, 8(1) |
Evento: da proposta ao planejamento. | Turismo e Eventos. Proposta. Planejamento. Estratégias. Comunicação. Marketing. Negociação. | 1997, 8(1) |
Calendário e datas de eventos. | Turismo e Eventos. Evento. Calendário. Data. | 1997, 8(1) |
Cerimonial e protocolo em eventos: validade e implicações. | Turismo e Eventos. Cerimonial. Protocolo. Validade. Implicações | 1997, 8(1) |
Importância e papel dos fornecedores turísticos na organização de eventos. | Turismo e Eventos. Fornecedores Turísticos. Agência de Viagem. Meios de Hospedagem. Companhia de Transporte Aéreo. Importância e Papel. | 1997, 8(1) |
Turismo e eventos: instrumento de promoção e estratégia de marketing. | Turismo e Eventos. Eventos. Estratégia. Promoção. Marketing. | 1997, 8(1) |
Eventos: estratégia do mundo dos negócios. | Evento. Planejamento Estratégico. Planejamento Operacional. | 1997, v. 8, n. 1 |
Formación en la Empresa Universitaria: Centro Organizador de Congresos y Convenciones | Turismo e Eventos. Organização de Eventos. Formação Universitária. Universidad Austral de Chile | 1997, 8(1) |
Turismo e megaeventos esportivos. | Turismo e Eventos Esportivos. Megaeventos Esportivos. Impactos. Jogos Olímpicos. Copa do Mundo. | 1998, 8(2) |
Turismo de negócios e eventos no desenvolvimento do município de Guarulhos. | Turismo de Eventos. Viagem De Negócios. Convention&Visitors Bureau. Feiras Comerciais. Guarulhos, SP, Brasil. | 2000, 11(1) |
Espaços diferenciados para eventos na cidade de São Paulo. | Turismo de Eventos. Espaços para Eventos. Eventos Alternativos. Diferencial. Serviços e Mercado de Eventos. | 2000, 11(1) |
Turismo de Eventos: promoções e parcerias no Brasil. | Turismo de Eventos. Promoções e Parcerias. Papel do Convention Bureau, Brasil. | 2003, 14(1) |
Impactos econômicos do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. | Fórmula 1. Análise De Insumo-Produto. Impactos Econômicos De Eventos Esportivos. Turismo. Economia Do Turismo. Teorometria. | 2004, 15(2) |
Turismo urbano na cidade de São Paulo: a importância de alguns segmentos e seus reflexos na configuração do espaço. | Turismo Urbano. Eventos. Negócios. Cidades. Espaço. São Paulo. | 2007, 18(2) |
Análise do relacionamento da cadeia de suprimentos do setor de serviços de eventos em Goiânia – GO | Cadeia De Suprimentos. Marketing De Relacionamento. Serviços. Eventos. | 2013, 24(2) |
Estruturação de processos na área de eventos: um estudo de caso em uma empresa em Santa Maria, RS. | Serviços. Eventos. Estrutura Organizacional. Processos. | 2013, 24(2) |
Percepção do residente em relação a turismo e megaevento: análise bibliométrica de periódicos internacionais e latino-americanos. | Turismo. Megaeventos. Residentes. América Latina. Bibliometria. | 2013, 24(3) |
Aprendizagem Informal em Evento Inesperado de um Hotel de Porto Alegre – RS | Aprendizagem Informal, Eventos Inesperados, Hotel | 2014, 25(3) |
Pesquisa de identificação do perfil e satisfação dos turistas e visitantes de Brasília durante a Copa do Mundo 2014 | Turismo. Pesquisa de Perfil de Visitantes. Megaeventos Esportivos. Demanda Turística. | 2015, 26(1) (Especial) |
Comportamento e fontes de informação dos turistas: uma análise dos participantes do Latin American Poker Tour 2013 (Viña Del Mar, Chile). | Comunicação. Busca de Informação. Comportamento do Consumidor. Poker. Eventos. | 2015, 26(2) |
Comparação da acurácia de previsões de demanda turística em sedes olímpicas. | Previsão de Demanda. Combinação de Previsões. Megaeventos. | 2016, 27(1) |
Moda, eventos e turismo: contribuições do Festival da Moda de Fortaleza para o turismo de eventos na capital cearense. | Eventos. Turismo de Eventos. Moda. Festival da Moda de Fortaleza. | 2016, 27(1) |
Desses 25 artigos, cinco abordam megaeventos esportivos. Sob o título “Turismo e megaeventos esportivos”, Ishiy (1998) aborda, a partir de eventos como a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos, a importância dos megaeventos esportivos no mercado internacional de viagens e turismo, a sua importância para a indústria do turismo e seus impactos nos núcleos receptores. O artigo “Impactos econômicos do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1” objetiva realizar uma avaliação econômica dos impactos econômicos gerados pela realização do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1, em São Paulo, em 2003 (Haddad, Kadota & Rabahy, 2004), que refere-se a megaeventos esportivos, sem abordar a dimensão ambiental.
Objetivando caracterizar os contrastes nos estudos científicos internacionais e latino-americanos, que versam sobre a percepção dos residentes frente ao turismo e megaeventos, o artigo “Percepção do residente em relação a turismo e megaevento: análise bibliométrica de periódicos internacionais e latino-americanos” conclui que essas pesquisas são relevantes em todos os periódicos abordados, mas com diferenças acentuadas quanto às metodologias de pesquisa usadas nas revistas do continente latino e as globais (Milito, Marques & Alexandre, 2013). O artigo “Pesquisa de identificação do perfil e satisfação dos turistas e visitantes de Brasília durante a Copa do Mundo 2014” versa sobre os resultados de pesquisa de demanda realizada durante a edição de 2014, especificamente a partir das atividades realizadas na cidade de Brasília (Basso et al., 2015). Por fim, tendo como objeto de estudo os Jogos Olímpicos de 2004 na Grécia e de 2012 no Reino Unido, a pesquisa de Bundchen e Werner (2016) buscou compreender o comportamento da demanda turística frente à realização desses dois megaeventos.
O periódico Caderno Virtual de Turismo publicou 54 edições – sendo duas edições especiais – e 410 artigos desde 2001, ano de seu primeiro número (Caderno Virtual de Turismo, 2017). Na pesquisa realizada verificou-se que cinco artigos referem-se a eventos, o que caracteriza 1,2% do total de publicações [Quadro 8]. Desses cinco artigos, apenas um se refere a megaeventos e, especificamente, a megaeventos esportivos. “Cidade mercadoria, cidade-vitrine, cidade turística: a espetacularização do urbano nos megaeventos esportivos” analisa cidades-sede de Jogos Olímpicos a partir do modelo de cidade-espetáculo e como essas se articulam com os interesses do atual modo de produção dos grandes eventos esportivos (Mascarenhas, 2014).
Com base nos dados apresentados, estudos dessa natureza contribuem para caracterizar a distribuição da produção científica sobre a dimensão ambiental em megaeventos nas revistas associadas aos Programas de Pós-Graduação em Turismo do Brasil. É notório sobre as lacunas ainda existentes sobre o assunto, o que evidencia a necessidade de abrir caminhos para novos questionamentos que merecem ser respondidos pela academia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A investigação sobre o conhecimento científico produzido nos periódicos nacionais, vinculados a programas de pós-graduação com área básica turismo, quanto à dimensão ambiental e o planejamento de eventos turísticos, com ênfase, em particular, em megaeventos esportivos permite concluir que:
· De 2059 artigos examinados, 65(3,2%) contemplam o tema eventos turísticos ou megaeventos esportivos;
· De 65 artigos, 49(75,4%) tratam de eventos e 16 (24,6%) de megaeventos esportivos;
· De 65 publicações relativas a eventos turísticos ou megaeventos esportivos, apenas três (4,6%) consideram a dimensão ambiental. Destaca-se que apenas um examina a dimensão ambiental no processo de planejamento de megaeventos esportivos.
As produções encontradas estão centradas na Revista Rosa dos Ventos Turismo e Hospitalidade do Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade da Universidade de Caxias do Sul e Turismo e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade Federal do Paraná. As instituições de ensino dos autores são assim destacadas: Universidade de Caxias do Sul; Universidade Federal de Pelotas; Universidade Nuertingen-Geislingen University, Alemanha; Oxford Brookes University, Inglaterra; Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Centro Universitário Assunção; e Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Analisando de forma holística e sistêmica os megaeventos e, considerando os impactos ambientais decorrentes de suas operações, é importante e necessário desenvolver novos estudos que contemplem esses fatores. Apesar de o Brasil ter sediado a Copa do Mundo de Futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016, dois dos mais notórios megaeventos esportivos mundiais, parece não existir ainda um corpo sólido de pesquisas na área, por parte de pesquisadores em turismo, o que reforça uma lacuna no conhecimento existente nessa área. Em síntese, espera-se também que a socialização desse conhecimento, ainda com limitações na forma de olhar os estudos disponibilizados nos periódicos, permita avançar nas pesquisas sobre a dimensão ambiental no contexto de megaeventos esportivos no Brasil, tomando como estudos de caso a Copa do Mundo de Futebol de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e megaeventos musicais.
Referências
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Notas