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RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E DESEMPENHO FINANCEIRO: UMA ANÁLISE DE EMPRESAS LISTADAS NA B3

CORPORATE SOCIAL RESPONSIBILITY AND FINANCIAL PERFORMANCE: AN ANALYSIS OF COMPANIES LISTED ON B3

Livia Bruna Gois Pinheiro
Universidade de Fortaleza, Brasil
Bruno Goes Pinheiro
Universidade Federal do Ceará, Brasil
Luis Eduardo Brandão Paiva
Universidade Nove de Julho, Brasil

RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E DESEMPENHO FINANCEIRO: UMA ANÁLISE DE EMPRESAS LISTADAS NA B3

Revista Catarinense da Ciência Contábil, vol. 22, pp. 1-19, 2023

Conselho Regional de Contabilidade de Santa Catarina

Received: 20 March 2023

Revised: 05 June 2023

Accepted: 07 August 2023

Published: 12 September 2023

Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo analisar como o desempenho financeiro influencia a Responsabilidade Social Corporativa em empresas no Brasil. Foram coletados dados de informações financeiras, bem como informações sobre Responsabilidade Social Corporativa, no período entre 2010 e 2019, das empresas listadas na Bolsa de Valores do Brasil. Para a coleta de dados, utilizou-se o sistema de dados da Economática® para obter informações sobre desempenho financeiro e de controle. Em relação à Responsabilidade Social Corporativa, adotou-se a base de dados da empresa CSRHub. A partir disso, foram utilizadas técnicas estatísticas para análise de dados, como a análise de correlação e a regressão linear múltipla dos mínimos quadrados ordinários. Os resultados permitiram evidenciar a relevância do desempenho financeiro nas práticas de responsabilidade social corporativa, podendo variar dependendo da prática social aplicada pelas organizações. O desempenho financeiro demonstrou influência nas quatro práticas de Responsabilidade Social Corporativa investigadas: comunidade, meio ambiente, governança e empregados. Nesse sentido, esta pesquisa buscou ampliar compreensões sobre a melhoria da gestão das empresas, por meio da análise das evidências que vinculam o desempenho financeiro às práticas de Responsabilidade Social Corporativa. A relevância deste estudo reside no fornecimento de comprovações concretas do impacto do desempenho financeiro nas iniciativas de Responsabilidade Social Corporativa, contribuindo, portanto, para o aprimoramento geral da gestão empresarial.

Palavras-chave: Responsabilidade Social Corporativa, Desempenho Financeiro, Bolsa de Valores.

Abstract: This research aimed to analyze how financial performance influences Corporate Social Responsibility in companies in Brazil. Data was collected on financial information, as well as information on Corporate Social Responsibility, for the period between 2010 and 2019, from companies listed on the Brazilian Stock Exchange. For data collection, the Economatica® data system was used to obtain information on financial and control performance. With regard to Corporate Social Responsibility, the CSRHub database was used. Statistical techniques were then used to analyze the data, such as correlation analysis and ordinary least squares multiple linear regression. The results showed the relevance of financial performance in corporate social responsibility practices, which may vary depending on the social practice applied by the organizations. Financial performance showed an influence on the four Corporate Social Responsibility practices investigated: community, environment, governance and employees. In this sense, this research sought to broaden understandings about improving company management by analyzing the evidence linking financial performance to Corporate Social Responsibility practices. The relevance of this study lies in providing concrete evidence of the impact of financial performance on Corporate Social Responsibility initiatives, thus contributing to the overall improvement of business management.

Keywords: Corporate Social Responsibility, Financial Performance, Stock Exchange.

1 INTRODUÇÃO

A Responsabilidade Social Corporativa (RSC) vem sendo reconhecida no âmbito acadêmico como uma prática cada vez mais recomendada nas organizações, na medida em que confere ampla vantagem competitiva diante dos concorrentes (Albuquerque Filho et al., 2019; Cezarino et al., 2022). A partir dos anos 1990, houve um significativo aumento nas pesquisas direcionadas para o campo do conhecimento científico da RSC, tornando-se, assim, um dos temas mais relevantes e discutidos do século XXI (Azim, 2016; Santos-Jaén et al., 2021).

Nesse contexto, a RSC envolve a relação da corporação com seus diversos públicos, bem como com o meio ambiente. Isso inclui o relacionamento com stakeholders, clientes, sociedade e até mesmo acionistas, compreendendo assim o escopo abrangente da RSC (Carroll, 1991; Cezarino et al., 2022; Crisóstomo et al., 2011; Glanfield et al., 2017). É importante destacar que a prática da responsabilidade social, assim como a sua comprovação, pode gerar retornos institucionais promissores, especialmente com o amplo reconhecimento da imagem empresarial. Isso, por con­sequência, proporciona benefícios diretos tanto para as organizações quanto para a sociedade (Ribeiro et al., 2017).

Definições mais atuais referentes à RSC ressaltam um conjunto de ações voluntárias que visam tanto o benefício social quanto à manutenção da reputação e competitividade da empresa (Melo et al., 2020). As organizações têm, em geral, o objetivo de maximizar seus lucros e, consequentemente, a riqueza dos acionistas. No entanto, é importante enfatizar que a RSC não pode ser dissociada desse objetivo, pois promove práticas socialmente responsáveis, o que traz benefícios para a empresa, como a construção de uma reputação positiva, a fidelização de clientes e uma maior atratividade para investidores (D'souza, 2020).

A responsabilidade social também pode estar relacionada com o alcance dos objetivos da empresa, incluindo a rentabilidade. Isso faz com que as organizações tenham maior empenho perante seus acionistas e partes interessadas (Pletsch et al., 2015). A relação entre a responsabilidade social e o desempenho econômico-financeiro é um tema de muitas discussões, contudo, ainda há baixa incidência desse campo no Brasil (Borba, 2006; Paiva et al., 2019; Vaia et al., 2017).

A avaliação do desempenho financeiro nas empresas é uma das perspectivas mais importantes, uma vez que pode ter impactos significativos nas decisões de gestão e na capacidade de criação de valor (Teixeira & Amaro, 2013). Com o aumento da competitividade, as organizações têm sido forçadas a reduzir suas margens de lucro e a fundamentar suas decisões (Wernke & Lembeck, 2004). A medição do desempenho organizacional considera uma variedade de aspectos, tais como eficiência, qualidade, eficácia, produtividade, qualidade de vida no trabalho dos colaboradores, lucratividade e inovação (Siqueira et al., 2003). Essa medição é fundamental, pois caracteriza o cenário das organizações diante da concorrência, globalização, mercado, tecnologias e tendências gerenciais (Silva et al., 2018).

Com base nessa contextualização e levando em consideração a RSC e o desempenho financeiro das empresas, surge a seguinte questão para o desenvolvimento desta pesquisa: qual a influência do desempenho financeiro na Responsabilidade Social Corporativa (RSC) em empresas no Brasil? A partir disso, esta pesquisa tem como objetivo analisar como o desempenho financeiro influencia a Responsabilidade Social Corporativa (RSC) em empresas no Brasil.

Este estudo se justifica, principalmente, devido à relevância de ampliar a compreensão e o conhecimento sobre a relação entre o desempenho econômico-financeiro e a RSC. Esses temas têm sido objeto de grande relevância nas pesquisas e despertam amplo interesse entre os pesquisadores da área das Ciências Sociais Aplicadas, empresários, administração pública e sociedade em geral (Hernández et al., 2020). Os resultados sobre a possível relação entre RSC e desempenho financeiro ainda são inconclusivos e, muitas vezes, contraditórios (Nguyen et al., 2022). Com isso, pesquisas que abordem essas temáticas, em conjunto, podem ampliar compreensões sobre essa relação, contribuindo com discussões e reflexões para esse campo do conhecimento científico.

O desenvolvimento desta pesquisa tem como foco também contribuir para preencher a lacuna existente no conhecimento científico sobre a relação entre RSC e o desempenho financeiro. Ao ressaltar que os resultados até o momento são inconclusivos e contraditórios, esta pesquisa pode preencher essa lacuna e fornecer insights valiosos para ampliar a compreensão dessa relação. Essas temáticas abordadas de forma conjunta impactam no enriquecimento de discussões e reflexões acadêmicas sobre a importância da RSC e a sua relação com o desempenho financeiro das organizações, fornecendo implicações práticas com informações sobre essa relação para gestores, acadêmicos e outras partes interessadas.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Responsabilidade Social Corporativa

A RSC está relacionada com o comportamento positivo ou responsável da empresa com os seus stakeholders. Sendo assim, essa relação está associada à ideia de que as empresas podem se beneficiar positivamente ao se envolverem com suas partes interessadas e públicos relevantes, tanto interna quanto externamente (Glanfield et al., 2017; Blasi et al., 2018; Saygili et al., 2022).

Knorringa e Nadvi (2016) e Lund-Thomsen (2020) destacam que a RSC está relacionada ao processo em que as organizações compreendem as preocupações econômicas, ambientais e sociais em suas atividades, requerendo a necessidade de reconhecer os diversos interesses dos stakeholders que moldam esse processo. Isso abrange não apenas as organizações, mas também seus proprietários, fornecedores, comunidades, empregados, instituições e o Estado. Carroll (1979) define a RSC em quatro diferentes categorias: discricionária, ética, legal e econômica. Essas categorias não são mutuamente exclusivas e não representam uma dicotomia entre preocupações econômicas e sociais. Pelo contrário, elas estão interligadas e refletem a interdependência entre os aspectos econômicos e sociais da RSC (Figura 1).

Pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa
Figura 1
Pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa
Fonte: Adaptada de Carroll (1979).

A responsabilidade econômica é a base da pirâmide, sendo o principal tipo de responsabilidade social identificada nas empresas, devido aos lucros serem o objetivo pelo qual as empresas existem. A responsabilidade social econômica significa a responsabilidade da empresa de produzir bens e serviços que a sociedade deseja. A responsabilidade legal compreende regras básicas, expressas por leis e regulamentos em suas várias instâncias, municipal, estadual e federal, para que a organização desempenhe função econômica, atendendo as sociais.

Na responsabilidade ética, encontram-se comportamentos e atividades complementares que não são necessariamente regulados por lei, mas que são esperados pela sociedade em relação às práticas empresariais. As responsabilidades éticas são as mais difíceis de serem tratadas pelas empresas e podem ser definidas como as expectativas que a sociedade tem de as empresas irem além dos requisitos legais. A responsabilidade discricionária é aquela sobre as quais a sociedade não tem uma mensagem clara para os negócios. A responsabilidade é voluntária e direcionada pelo desejo da empresa de se envolver em funções sociais não obrigatórias, não exigidas por lei e nem mesmo esperadas das empresas.

A pirâmide de RSC de Carroll (1979) foi complementada por Wartick e Cochran (1985) por meio de algumas concepções que transformaram o modelo de RSC mais lógico e robusto. Esses autores criticaram e resumiram o que viram como três desafios à RSC: (i) responsabilidade econômica; (ii) responsabilidade pública; e (iii) capacidade de resposta social. Ademais, agregaram em seu modelo três segmentos, princípios, processos e políticas, que caracterizam orientações filosóficas, institucionais e organizacionais, respectivamente

A RSC está associada à capacidade da organização de atender simultaneamente os interesses de diversos públicos e agregar valor com os que ela se relaciona, sendo possível incorporá-los ao planejamento de suas atividades (Instituto Ethos, 2013). Crisóstomo et al. (2011) categorizam a RSC em três dimensões: (i) dimensão das partes interessadas, relacionada à forma como a empresa interage com seus funcionários, clientes e fornecedores; (ii) dimensão ambiental, como as operações de negócios se preocupam com o ambiente sustentável; e (iii) dimensão social, que se refere à maneira como a empresa contribui para uma sociedade mais justa, incorporando preocupações sociais em suas atividades comerciais.

Bowen (1957) foi um dos pioneiros no estudo da teoria da Responsabilidade Social e estabeleceu a ideia fundamental de que as empresas são centros vitais de poder e tomada de decisão, reconhecendo que suas ações têm impactos significativos na vida das pessoas em diversos aspectos. Em sua pesquisa, ele questionou quais são as responsabilidades que os "homens de negócios" têm para com a sociedade e argumentou que as empresas devem ter uma compreensão mais aprofundada de seu impacto social. Além disso, ele defendeu a importância de avaliar o desempenho social e ético das empresas por meio de auditorias e de incorporar essas questões na gestão dos negócios. Essas perspectivas inovadoras propostas por Bowen estabeleceram as bases para a compreensão e a prática da RSC.

Garriga e Melé (2004) categorizaram as teorias de RSC em 4 grupos: teorias instrumentais, teorias políticas, teorias integrativas e teorias éticas. Nas teorias instrumentais, a corporação é vista como um instrumento para gerar riquezas, dado que suas atividades são um meio de obter resultado econômico. Já as teorias políticas se preocupam com o poder das corporações na sociedade e com o uso responsável desse poder na política. Nas teorias integrativas, a corporação está focada na satisfação de demandas sociais, pois os negócios dependem da sociedade para continuidade e crescimento. As teorias éticas estão relacionadas às responsabilidades das empresas em relação à sociedade.

De acordo com Melo Neto e Froes (2001), a RSC é representada por sete vetores que orientam o processo de gestão, fortalecendo a dimensão social da empresa. Esses vetores contribuem para facilitar a implementação da RSC e o planejamento de investimentos (Figura 2).

Vetores da Responsabilidade Social Corporativa
Figura 2
Vetores da Responsabilidade Social Corporativa
Fonte: Adaptado de Melo Neto e Froes (2001).

Diante disso, a Figura 2 mostra como deve ser a ação das empresas quando são denominadas socialmente responsáveis, compreendendo desde o desenvolvimento da comunidade e preservação do meio ambiente, ao investimento no bem-estar dos seus funcionários e dependentes e um ambiente de trabalho saudável, além de proporcionar comunicações transparentes, oferecer retorno aos acionistas, garantir sinergia com seus parceiros e assegurar a satisfação dos clientes.

2.2 Desempenho Financeiro

Segundo Macedo e Corrar (2012), o desempenho das organizações é um fator crucial a ser analisado pelas empresas no Brasil e no mundo. Por meio dele, as organizações podem comparar e avaliar sua performance, garantindo sua competitividade no mercado. Além dessa ideia, esses autores ressaltam que as medidas de desempenho podem gerar diversos debates. Por exemplo, há questionamentos sobre quais indicadores devem ser considerados e como consolidar as diversas formas de desempenho em um critério justo de avaliação do desempenho da empresa. Isso ocorre porque a avaliação não pode se basear apenas em um único indicador. A falta de informações gerenciais precisas, que possam subsidiar a tomada de decisões em curto, médio e longo prazo, representa um desafio para uma gestão eficiente (Gurjão et al., 2019).

Gurjão et al. (2019) explicam que a análise financeira das empresas é uma ferramenta significativa, pois serve de base para controlar as empresas, já que fornece informações relacionadas à situação econômica e financeira, demonstra o desempenho empresarial, as causas das variações na situação financeira, a eficiência na utilização dos recursos e na rentabilidade, apresenta as falhas da administração e a avaliação de alternativas futuras, apresentando o comportamento de uma empresa ao longo de um período para a tomada de decisão.

De acordo com Wernke e Lembeck (2004), para que as empresas se mantenham competitivas em um mercado, é necessário considerar a análise de desempenho como imprescindível. Devido ao aumento da concorrência, as organizações têm sido forçadas a reduzir suas margens de lucro e a fundamentar melhor suas decisões. Para Oliveira Júnior (2018), a análise financeira das organizações é útil quando se busca o enfoque gerencial, por ser base de informações para tomada de decisão. Quanto mais informações forem filtradas das demonstrações, maior a possibilidade de desenvolver um planejamento financeiro, oferecendo à empresa competitividade com relação aos concorrentes, o que contribui para o crescimento econômico e o desenvolvimento organizacional.

Por meio da avaliação do desempenho financeiro organizacional, é possível analisar as relações das organizações, visto que esse processo consiste na avaliação e no julgamento de uma situação, buscando-se distintas possibilidades de tomada de decisão. Além disso, os indicadores financeiros referenciam aos custos associados às atividades desenvolvidas dos clientes, do aprendizado e da melhoria contínua interna da empresa (Turra et al., 2015; Costa et al., 2022).

A avaliação do desempenho financeiro em empresas é de extrema importância, pois pode permitir a maximização do impacto das decisões dos gestores na capacidade de criar valor para os clientes da organização. As demonstrações financeiras englobam todas as atividades realizadas por uma organização, expressas em termos monetários e estruturadas de acordo com os princípios contábeis. Por meio dessas demonstrações, é possível obter diversas informações relevantes tanto para o campo contábil quanto financeiro (Teixeira & Amaro, 2013; Turra et al., 2015).

Os índices financeiros são ferramentas que relacionam contas ou grupos das demonstrações financeiras, fornecendo insights sobre diferentes aspectos da situação financeira e econômica das organizações. A estrutura de capital está intrinsecamente ligada à forma como uma empresa utiliza o capital próprio e o capital de terceiros para financiar seus projetos. O capital próprio é composto pelos recursos provenientes da retenção de lucros e pelos investimentos feitos pelos acionistas, enquanto o capital de terceiros é representado pelos recursos obtidos por meio da contratação de dívidas. Ambos os tipos de capital desempenham um papel crucial na viabilização de projetos empresariais (Pinheiro et al., 2017).

De acordo com Gurjão et al. (2019), a rentabilidade é um dos principais indicadores de desempenho de um negócio, demonstrando a habilidade da empresa em produzir lucro a partir dos investimentos realizados, seja em termos de investimentos financeiros, ativos ou patrimônio líquido. Por outro lado, a liquidez desempenha um papel fundamental na saúde financeira das empresas, mas é importante evitar confundi-la com os índices de capacidade de pagamento. É essencial ressaltar que os índices de liquidez não são diretamente derivados do fluxo de caixa da empresa.

Segundo Fanti et al. (2016), os índices de liquidez analisam a capacidade da organização liquidar seus deveres com terceiros e são classificados em: (i) índice de liquidez imediata - caracteriza o quanto a empresa dispõe para liquidar suas dívidas de curto prazo, realiza o comparativo da disponibilidade com o total do passivo circulante; (ii) índice de liquidez seca - representa avaliação da real situação de liquidez da organização, comparando o ativo circulante com o passivo circulante, subtraindo o estoque; e (iii) índice de liquidez corrente - considera a quantidade de recursos que a empresa dispõe prontamente para ser transformada em dinheiro no curto prazo, levando-se em conta as dívidas de curto prazo. Na avaliação financeira das empresas não basta apenas um indicador eficaz, é necessário um balanceamento favorável entre os indicadores.

2.3 Estudos Empíricos Anteriores

Crisóstomo et al. (2011) examinaram a relação entre a RSC e o desempenho financeiro das empresas brasileiras, para uma amostra de 78 empresas não financeiras, no período de 2001 a 2006, tendo também levado em consideração no estudo o valor da empresa. Os autores tiveram como um dos principais resultados que a RSC pode ser considerada como destruidora de valor no Brasil, uma vez que foi visualizada uma relação negativa significante entre a RSC e o valor da empresa. Ademais, o estudo não identificou nenhum efeito material significativo da RSC sobre o desempenho financeiro e nenhum efeito do desempenho financeiro sobre a RSC foi observado.

Freguete et al. (2015) analisaram a relação entre a prática de RSC e o desempenho financeiro de empresas brasileiras durante o período da crise financeira de 2008. Eles dividiram a amostra de duas maneiras, a saber: (i) as empresas do Brasil presentes no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores, usado como referência para organizações com práticas de RSC; e (ii) as outras empresas listadas na Bolsa de Valores. Os achados do estudo indicaram que, em tempos de crise econômica, as empresas que adotam práticas de RSC não demonstram um desempenho financeiro distinto em comparação com as demais empresas do mercado.

Ribeiro et al. (2017) investigaram a relação entre os indicadores socioambientais e o desempenho financeiro em companhias abertas do setor de energia elétrica que faziam parte do Índice Bovespa, no período de 2009 a 2015. Os resultados encontrados apontam que o retorno sobre o ativo (ROA) e o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) têm resultados parecidos quando comparados aos investimentos socioambientais e ao tamanho das empresas. Uma das principais conclusões do estudo foi que os indicadores sociais internos apresentam uma relação direta e significativa com os resultados organizacionais, ou seja, o investimento da empresa em empregados tende a gerar resultados financeiros positivos para as companhias.

Paiva et al. (2019) analisaram a relação entre práticas de responsabilidade socioambiental e desempenho econômico em pequenas e médias empresas (PMEs) no Brasil. Os resultados indicaram que as empresas têm demonstrado maior preocupação em evidenciar suas práticas de responsabilidade social. Além disso, foi constatada uma associação entre as empresas que enfatizaram as práticas de responsabilidade socioambiental em seus websites e um desempenho econômico alto ou médio-alto. Adicionalmente, empresas que apresentaram alguma premiação relacionada às práticas de responsabilidade socioambiental em seus websitesobtiveram um desempenho econômico superior em comparação com as demais empresas.

Anzilago et al. (2020) buscaram evidenciar os efeitos da RSC (ambiental e social) no desempenho financeiro de 29 empresas listadas no índice de responsabilidade empresarial (ISE), no período de 2012 a 2016. Os autores verificaram que a governança da RSC não contribui diretamente para o desempenho financeiro, mas a RSC ambiental apresenta influência na RSC e no desempenho financeiro das empresas.

Diante do exposto, por meio de toda a revisão de literatura, reforça-se a relevância desta pesquisa para a investigação da análise de como o desempenho financeiro influencia a RSC, tendo em vista que os resultados empíricos anteriores não são uniformes, sendo necessário novas pesquisas para aprofundamento da temática. Ressalta-se, ainda, que este estudo se diferencia dos elencados nesta revisão da literatura, uma vez que considera a RSC por meio de quatro práticas (comunidade, empregados, meio ambiente e governança), o que pode gerar melhores avaliações dessa relação entre o desempenho financeiro e a RSC.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esta pesquisa é classificada como descritiva, pois busca identificar diferentes variáveis e compreender as relações de causa e efeito entre elas, seguindo a abordagem proposta por Martins e Theóphilo (2009). Quanto à metodologia, adota uma abordagem quantitativa, utilizando ferramentas estatísticas para o tratamento dos dados. A escolha dessa abordagem quantitativa é adequada para estudos descritivos, pois proporciona resultados precisos, evitando distorções nas análises e interpretações e oferecendo uma margem de segurança. Além disso, este estudo também se caracteriza como documental, uma vez que utiliza métodos e técnicas de compreensão, apreensão e análise de relatórios.

O objeto de análise desse estudo são as empresas listadas na Bolsa de Valores do Brasil, denominada: Brasil, Bolsa e Balcão (B3). Para isso, foram coletados dados de informações financeiras, como também informações sobre RSC, no período compreendido entre 2010 e 2019. A coleta de dados utilizou o sistema de dados da Economática® para as informações de desempenho financeiro e de controle. Em relação à RSC, adotou-se a base de dados da empresa CSRHub, declarado por Aggarwal (2013) como o maior banco de dados de avaliações sustentáveis organizacionais do mundo. A classificação da RSC pela CSRHub considera quatro práticas: comunidade, empregados, meio ambiente e governança (Tabela 1).

Tabela 1
Variáveis da pesquisa
TIPOVARIÁVELSIGLADESCRIÇÃOFONTE
Dependente (RSC) ComunidadeCOMVerifica o compromisso da empresa com a cidadania, os direitos humanos, o tratamento da cadeia de suprimentos, impactos sociais e ambientais dos produtos e serviços.CSRHub
EmpregadosEMPAvalia as relações e direitos trabalhistas, remuneração, benefícios, treinamentos e desempenhos dos empregados.CSRHub
Meio AmbienteMAAnalisa como a organização lida com as mudanças climáticas, a operação com a eficiência energética, práticas ambientais alternativas, e inclusão de programas para melhoria ambiental.CSRHub
GovernançaGOVVerifica se as políticas e práticas da organização estão alinhadas aos objetivos de sustentabilidade; se a gestão da empresa é transparente com seus stakeholders, e como é envolvimento dos funcionários na gestão da empresa.CSRHub
Independente (Desempenho Financeiro)EndividamentoENDIV Capitais de Terceiros x100 Patrimônio LíquidoEconomática
Rentabilidade do AtivoROALucro Líquido x100 AtivoEconomática
Liquidez GeralLIQAtivo Circulante + Realizável a Longo Prazo Passivo Circulante + Passivo Não CirculanteEconomática
ControleTamanhoTAMLogaritmo Natural do Ativo TotalEconomática
Setor de AtuaçãoSAVariável dummyCSRHub
AnoANOVariável dummy-
Fonte: Elaborada pelos autores.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Com o intuito de analisar os dados, esta pesquisa utilizou modelos de regressão linear múltipla, que têm como variáveis dependentes as quatro práticas de RSC (COM, EMP, MA e GOV), identificadas nas equações 1, 2, 3 e 4.

1) COMi,t = β. + β.ENDIVi,t + β.ROAi,t + β.LIQi,t + β.TAMi,t + SAi,t + ANOi,t + Ɛ

2) EMPi,t = β. + β.ENDIVi,t + β.ROAi,t + β.LIQi,t + β.TAMi,t + SAi,t + ANOi,t + Ɛ

3) MAi,t = β. + β.ENDIVi,t + β.ROAi,t + β.LIQi,t + β.TAMi,t + SAi,t + ANOi,t + Ɛ

4) GOVi,t = β. + β.ENDIVi,t + β.ROAi,t + β.LIQi,t + β.TAMi,t + SAi,t + ANOi,t + Ɛ

As equações são representadas pelas variáveis independentes: ENDIVi,t que é o endividamento da empresa i no ano t; ROAi,t que é a rentabilidade da empresa i no ano t; e LIQi,t a liquidez geral da empresa i no ano t. Como variáveis de controle foram utilizados: o TAMi,t que é o tamanho da empresa i no ano t; SAi,t que significa o setor de atuação da empresa i no ano t; e, por fim, ANOi,t que é o ano da empresa i no ano t. Enquanto, β0 é o intercepto da reta e β são os coeficientes angulares e Ɛ é o erro da regressão.

Foi utilizado o método de regressão linear múltipla dos Mínimos Quadrados Ordinários. Fávero et al. (2009) destacam que a reta de regressão é construída de forma a ter a soma dos resíduos igual a 0 e a soma dos quadrados dos resíduos minimizada. O tratamento dos dados foi pelo Microsoft Excel, realizando a tabulação dos mesmos para inserção no Software estatístico Stata (versão 12) e StatisticalPackage for the Social Sciences (SPSS) (versão 28).

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 Análise Descritiva

A Tabela 2 apresenta o número de observações na amostra, abrangendo o período de 2010 a 2019. A amostra é composta por empresas listadas na B3.

Tabela 2
Quantidade de observações por ano
AnoObservação%
2010485,67
2011718,38
2012779,09
20138510,04
20148710,27
20158710,27
20169511,22
20179711,45
201810011,81
201910011,81
Total847100
Fonte: Elaborada pelos autores.

Ao longo do período analisado, foi notada uma evolução significativa na quantidade de observações que compõem a amostra. Em 2010, foram registradas 48 observações, enquanto em 2015 esse número aumentou para 87. Ao final do ano de 2019, a amostra totalizou 100 observações. Essa tendência de crescimento ao longo dos anos indica uma maior importância atribuída pelas empresas às práticas de RSC. Essa constatação está em linha com as afirmações de Pontes et al. (2014), os quais destacam que a RSC tem conquistado espaço nas estratégias organizacionais. Ademais, com o advento da globalização, a sociedade tem se conscientizado cada vez mais e passou a exigir que as empresas adotem posturas responsáveis em relação aos impactos que causam no ambiente em que estão inseridas.

É importante destacar que essa evolução na quantidade de observações ao longo do tempo reflete uma crescente preocupação das organizações em adotar práticas sustentáveis e socialmente responsáveis, e reforça a importância de estudar a relação entre RSC e desempenho financeiro, como proposto nesta pesquisa. Além disso, a Tabela 3 destaca as empresas divididas em 14 setores da economia, de acordo com a classificação setorial definida pelo CSRHub.

Tabela 3
Distribuição setorial da amostra
SetorObservação%Empresas
Finanças e Bens Imobiliários18521,8427
Utilitários e Refino15518,321
Bens de consumo11313,3414
Agricultura e Mineração10212,0413
Varejo546,387
Tecnologia445,198
Construção e Engenharia435,085
Alimentos, Bebidas e Tabaco374,376
Transporte283,315
Bens duráveis273,193
Saúde182,134
Serviços172,013
Educação e Governo131,532
Viagem111,32
Total847100120
Fonte: Elaborada pelos autores.

A partir das 847 observações coletadas de 120 empresas, pode-se verificar que os 10 maiores setores com observações da amostra são: Finanças e Bens Imobiliários (21,84%), Utilitários e Refino (18,3%), Bens de consumo (13,34%), Agricultura e Mineração (12,04%), Varejo (6,38%), Tecnologia (5,19%), Construção e Engenharia (5,08%), Alimentos, Bebidas e Tabaco (4,37%), Transporte (3,31%) e Bens duráveis (3,19%). Além disso, para compreender o comportamento das variáveis dependentes (comunidade, empregados, meio ambiente e governança) com relação ao número de observações da amostra, realizou-se a análise estatística descritiva dos dados (Tabela 4).

Tabela 4
Estatística descritiva das variáveis dependentes
VariávelNº observ.MédiaDesvio PadrãoCoeficiente de VariaçãoMedianaMínimoMáximo
Comunidade84755,027,920,145529,6787,67
Empregados84756,869,310,165826,6781,00
Meio Ambiente84756,688,740,155729,0087,67
Governança84748,016,280,134829,0069,67
Fonte: Elaborada pelos autores.

A variável Empregados tem a maior média dentre as variáveis dependentes. Glanfiel et al. (2017) relatam que práticas direcionadas aos empregados compõem um elemento central da estratégia das organizações. Essas ações corroboram com o fato de que as empresas devem motivar e reter empregados qualificados, para que isso influencie na percepção dos stakeholders sobre a empresa, como também atraia investimentos mediante a capacidade estratégica da organização. A prática que apresenta a segunda maior média é o Meio Ambiente e, em seguida, a terceira maior é a Comunidade. De acordo com Bertoncello e Chang Junior (2007), a RSC é reconhecida como uma estratégia que visa aumentar a rentabilidade e promover o desenvolvimento das empresas. Essa abordagem é fundamentada na percepção de que os consumidores estão mais conscientes e buscam práticas e produtos que contribuam positivamente para a comunidade e o meio ambiente.

A prática que apresentou a menor média foi Governança. Uma possível explicação para essa baixa média na prática de RSC pode ser encontrada no estudo de Bueno et al. (2018). Eles afirmam que, no Brasil, o sistema de governança corporativa é pouco efetivo, além de empresas apresentarem mecanismos internos falhos, frequentemente expostos por escândalos que envolvem problemas de agência. Esses fatores contribuem para a adoção de práticas de governança corporativa fracas nas organizações. Nesse mesmo sentido, ao analisarem as práticas de RSC voltadas para os empregados no Brasil, Pinheiro, Soares e Abreu (2022) concluíram que a orientação para uma abordagem eficiente de RSC ainda é considerada "longa e tortuosa". Essa situação é motivada pela existência de mecanismos incipientes de governança corporativa nas empresas.

Com o intuito de avaliar melhor a média das variáveis dependentes, ou seja, as práticas de RSC (Comunidade, Empregados, Meio Ambiente e Governança) analisadas neste estudo, foi apurada a média anual das práticas ao longo do período 2010-2019 (Figura 3).

Evolução das variáveis de RSC ao longo do período 2010-2019
Figura 3
Evolução das variáveis de RSC ao longo do período 2010-2019
Fonte: Elaborada pelos autores.

Constata-se, portanto, que entre o ano de 2010 e 2011 houve um aumento significativo da prática Comunidade, com um salto de 50,61 para 59,65, a maior evolução dentro do período analisado. Entre 2011 e 2016, a prática adotada permaneceu praticamente constante. Após o período de 2016, a média da prática analisada começou a apresentar queda. Essa condição é fundamentada pelo fato de que, no ano de 2018, na cidade de Candeias/BA, ocorreram vazamentos de óleo acarretados pela Petrobrás. Esses vazamentos resultaram na contaminação do Rio São Paulo e do manguezal, provocando graves impactos na saúde e no desenvolvimento da comunidade (Forte, 2020). Além disso, em janeiro de 2019, ocorreu o rompimento da barragem Mina do Feijão, da empresa Vale S.A, localizada em Brumadinho. Essa barragem de rejeitos rompeu, soterrando mais de 270 pessoas e ocasionando impactos ambientais, econômicos, culturais e sociais (Neves-Silva & Heller, 2020).

Verifica-se que, entre os anos 2010 e 2013, há uma evolução ascendente da prática de responsabilidade social aos Empregados pelas empresas analisadas. Durante o período de 2013 a 2016, não houve aumento da média, permanecendo constante ao longo desse período. A partir de 2017, observa-se uma queda nessa prática, o que pode ser atribuído à provável influência da mudança das leis trabalhistas no Brasil naquele ano. Essa mudança resultou em benefícios para as empresas, mas também fragilizou as condições de trabalho dos empregados (Guimarães Junior & Silva, 2020; Pinheiro et al. 2022).

Ademais, a Figura 3 evidencia as práticas de responsabilidade social ligadas ao Meio Ambiente, por ano, compreendendo um período de 10 anos. É pertinente evidenciar que, apesar de um descenso entre o período de 2011 e 2012, nos demais anos do período analisado, a média das empresas que praticam responsabilidade social relacionada ao Meio Ambiente se manteve constante. Como possíveis explicações dessa constância, tem-se o estabelecimento da Lei n.º 12.651, em maio de 2012, referente ao novo Código Florestal Brasileiro, sobre a proteção da vegetação nativa (Forte, 2020). Destaca-se o fato de que as organizações brasileiras divulgam informações de acordo com o modelo definido pela Global Reporting Initiative (Crisóstomo et al., 2020).

É demonstrada, ainda, na Figura 3 a evolução média da prática de responsabilidade social relacionada à Governança das empresas da amostra desta pesquisa, compreendendo a evolução ao longo do período 2010-2019. Durante o período de 2010 e 2011, percebe-se uma evolução das práticas de responsabilidade social associadas à Governança. Em 2012, houve uma queda em comparação ao ano anterior, e nos anos seguintes retornou uma pequena evolução até 2014. Porém, ao analisar o restante do período (2016-2019), observa-se uma tendência de queda na média das práticas relacionadas à Governança.

A Tabela 5 apresenta a estatística descritiva, fornecendo informações que visam ampliar a compreensão do comportamento das variáveis independentes (endividamento, rentabilidade e liquidez geral) e da variável de controle (tamanho), em relação ao número de observações da amostra.

Tabela 5
Estatística descritiva das variáveis independentes e de controle
VariávelN. observ.MédiaDesvio PadrãoCoeficiente de VariaçãoMedianaMínimoMáximo
ENDIV8471,913,932,060,75-23,8440,93
ROA847-0,4110,64-26,210,05-259,0576,91
LIQ GERAL8471,9520,6710,580,790,00595,61
TAMANHO84715,231,610,1115,041,7920,07
Fonte: Elaborada pelos autores.

As variáveis de Endividamento (ENDIV), Rentabilidade (ROA) e Liquidez Geral (LIQ GERAL) registraram, respectivamente, médias 1,91, -0,41 e 1,95. A Liquidez Geral assinalou a maior média, porém a variável demonstra uma alta dispersão, que pode ser considerada pelo coeficiente de variação. O Endividamento apresentou a segunda maior média e a maior homogeneidade, e isso demonstra um baixo coeficiente de variação e desvio padrão. A variável Tamanho apresenta média 15,23, apresentando o menor coeficiente de variação.

4.2 Análise Inferencial

Com o foco em realizar a correlação das variáveis dependentes (comunidade, empregados, meio ambiente e governança), variáveis independentes (ENDIV, ROA, LIQ GERAL) e variável de controle (Tamanho), foi realizada uma análise de correlação (Tabela 6).

Tabela 6
Correlação entre as variáveis do modelo
ComunidadeEmpregadosMeio AmbienteGovernançaENDIVROALIQ GERALTamanho
Comunidade 1
Empregados0,698***1
Meio Ambiente0,542***0,431***1
Governança0,598***0,532***0,518***1
ENDIV0,132***0,083**0,124***0,0629*1
ROA0,0010,029-0,0090,0575*0,04101
LIQ GERAL-0,053-0,042-0,081**-0,006-0,0270,0041
Tamanho0,067*0,152***0,0090,061*0,384***0,233***-0,011 1
Fonte: Elaborada pelos autores.Nota. Valores exibidos representam o coeficiente de correlação de Pearson. ***, ** e * correspondem à significância estatística do coeficiente de correlação em 1%, 5% e 10%, respectivamente.

A partir disso, percebe-se que as variáveis independentes não se correlacionam. Com isso, não se constata a existência de multicolinearidade entre as variáveis independentes, atendendo a um dos pressupostos da regressão. É possível verificar que o Endividamento (ENDIV) tem correlação positiva com todas as variáveis dependentes (Comunidade, Empregados, Meio Ambiente e Governança). A Rentabilidade (ROA) tem correlação positiva apenas com a variável dependente Governança, apresentando uma significância estatística do coeficiente de correlação em 10%. A Liquidez Geral apresenta correlação negativa com a variável dependente Meio Ambiente, com significância de 5%. A variável Tamanho tem correlação positiva com as variáveis dependentes (Comunidade, Empregados e Governança), apresentando significância estatística.

Para analisar a influência do desempenho financeiro na RSC em empresas no Brasil, foram elaborados modelos de regressão linear múltipla, estimados por meio do método dos Mínimos Quadrados Ordinários (Tabela 7).

Tabela 7
Resultados da aplicação dos modelos de regressão
VariáveisComunidadeEmpregadosMeio AmbienteGovernança
Intercepto43,1887***35,0720***43,9454***37,1278***
ENDIV0,3997***0,2597***0,2904***0,1470*
ROA-0,0271-0,0183-0,03380,0155**
LIQ GERAL-0,0139**-0,0135*-0,0171**0,0031
TAMANHO0,10050,7173***0,25200,1952
Efeito fixo dos anosSimSimSimSim
Efeito fixo dos setoresSimSimSimSim
N. Observações847847847847
0,27400,30290,25070,1449
Teste F13,1814,9012,955,90
p-value0,00000,00000,00000,0000
Fonte: Elaborada pelos autores.Nota. ***, ** e * correspondem à significância estatística do coeficiente de correlação em 1%, 5% e 10%, respectivamente.

Com base no modelo de regressão, vale ressaltar que todos os pressupostos foram atendidos, ou seja, normalidade e homoscedasticidade dos resíduos, além da ausência de multicolinearidade e de autocorrelação serial. Por meio da análise de variância, o teste F foi significante, confirmando adequação do modelo estatístico. Quanto às práticas de RSC ligadas à Comunidade, verifica-se que as variáveis que influenciam esta prática são Endividamento (ENDIV) e Liquidez Geral (LIQ GERAL). O Endividamento tem influência de forma positiva, ou seja, na medida em que se aumenta o endividamento empresarial, mais práticas da comunidade às empresas estão sendo realizadas, como o desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis, tratamento da cadeia de suprimentos etc. Enquanto isso, a Liquidez Geral apresenta uma relação negativa, prejudicando práticas de responsabilidade ligadas à comunidade, como: doações de caridade e voluntariedade, impactos ambientais e sociais dos produtos e serviços da empresa etc.

As práticas relacionadas aos Empregados são influenciadas pelas variáveis Endividamento (ENDIV), Liquidez Geral (LIQ GERAL) e Tamanho. O Endividamento e o Tamanho têm um impacto positivo, contribuindo para que as empresas adotem relações e direitos trabalhistas, benefícios, programas e desempenho em diversidade. Uma possível explicação para a variável Tamanho, em relação às práticas de RSC, é que as grandes organizações têm maior capacidade de oferecer infraestrutura e recursos financeiros para a implementação de políticas sociais (Crisóstomo & Oliveira, 2016). Por outro lado, a Liquidez Geral tem um impacto negativo, o que significa que empresas com uma saúde financeira sólida tendem a praticar menos responsabilidade social em relação aos empregados, o que pode afetar a remuneração, os treinamentos, as políticas e a saúde dos empregados.

Quanto às práticas voltadas ao Meio Ambiente, o Endividamento (ENDIV) afeta positivamente, e isso favorece a prática de programas de conservação e eficiência de recursos naturais, prevenção da poluição de sustentabilidade ambiental, tecnologias ambientais etc. A Liquidez Geral (LIQ GERAL) exerce influência negativa sobre as práticas relacionadas ao Meio Ambiente.

A última prática da RSC é a Governança. Assim, observa-se que apenas duas variáveis de desempenho financeiro influenciam essa prática: Endividamento (ENDIV) e Rentabilidade (ROA). O Endividamento tem significância positiva em relação à Governança. Dessa forma, as empresas que são endividadas tendem a realizar práticas de RSC relacionadas à Governança. Quanto à Rentabilidade, constata-se influência positiva na prática de Governança, contribuindo para que as empresas tenham uma gestão transparente com os seus stakeholders e, a partir disso, sejam comprometidas com a sustentabilidade e com a responsabilidade corporativa em todos os níveis.

Observou-se, portanto, uma associação positiva entre o endividamento, a rentabilidade e as práticas de governança. Esses resultados fornecem informações valiosas sobre como o desempenho financeiro das empresas pode influenciar suas práticas de RSC em diversas áreas. É importante destacar que essa constatação diverge das conclusões obtidas nas pesquisas de Freguete et al. (2015) e Crisóstomo et al. (2011), que não identificaram relações entre a prática de RSC e o desempenho financeiro de empresas brasileiras.

Em síntese, a análise das práticas de RSC com relação às variáveis independentes (Endividamento, Liquidez Geral, Tamanho e Rentabilidade) revelou diferentes influências nas áreas de Comunidade, Empregados, Meio Ambiente e Governança. O Endividamento e o Tamanho tiveram um impacto positivo nas práticas relacionadas aos Empregados, enquanto a Liquidez Geral apresentou um efeito negativo. Em relação à Comunidade, o Endividamento exerceu uma influência positiva, ao passo que a Liquidez Geral mostrou uma relação negativa. No contexto do Meio Ambiente, o Endividamento teve um impacto positivo, mas a Liquidez Geral exerceu uma influência negativa.

5 CONCLUSÃO

Este estudo buscou analisar como o desempenho financeiro influencia a RSC em empresas no Brasil. Para isso, utilizou-se a base de dados da CSRHub para avaliar a RSC das empresas. O estudo utilizou as quatro práticas de RSC definidas pelo CSRHub, que são: Comunidade, Empregados, Meio Ambiente e Governança. Para avaliar o desempenho financeiro das empresas, foram coletadas informações do sistema Economática, utilizando as métricas de Endividamento, Rentabilidade e Liquidez Geral.

O modelo de regressão linear múltipla verificou que o desempenho financeiro influencia as quatro práticas de RSC. Quanto às práticas de responsabilidade relacionadas à comunidade, as variáveis de desempenho que apresentaram impacto foram endividamento e liquidez geral, sendo esses impactos, respectivamente, de forma positiva e negativa. Para as práticas sociais ligadas aos empregados, referentes às variáveis de desempenho financeiro, obtiveram os mesmos resultados da prática comunidade, ou seja, a influência do endividamento e liquidez geral. Em relação às práticas de meio ambiente, constatou-se que as variáveis de desempenho financeiro seguem a mesma relação das práticas comunidade e empregados. Quanto à prática de governança, pôde-se comprovar que as variáveis de endividamento e rentabilidade influenciam de forma positiva. Portanto, constatou-se a importância do desempenho financeiro nas práticas de RSC, sendo essa relevância variável de acordo com a prática social adotada pelas organizações.

Além disso, para avaliar o desempenho financeiro das empresas no Brasil, foram realizadas análises estatísticas descritivas das variáveis de endividamento, rentabilidade e liquidez geral. Essas análises incluíram medidas como média, desvio padrão, coeficiente de variação, mediana, valores mínimos e máximos. De forma geral, observou-se uma tendência de queda nas práticas de RSC nos últimos anos nas empresas brasileiras. Essa queda pode ser atribuída a diversos fatores, como o desastre do rompimento da barragem em Brumadinho, as alterações nas leis trabalhistas e a implementação do novo Código Florestal Brasileiro.

De modo geral, a pesquisa aprofunda a discussão sobre a relação entre a RSC e o desempenho financeiro, um tema amplamente debatido internacionalmente, mas ainda carente de estudos no contexto brasileiro. O estudo demonstrou que as práticas de RSC podem ser influenciadas pelo contexto institucional, com cada país apresentando suas particularidades. Além disso, é importante ressaltar que a pesquisa tem o potencial de auxiliar na melhoria da gestão das empresas, fornecendo evidências do impacto do desempenho financeiro nas práticas de RSC. Essas contribuições destacam a relevância do trabalho no avanço do conhecimento e na promoção de práticas mais sustentáveis e socialmente responsáveis nas organizações.

Algumas contribuições desta pesquisa merecem destaque, especialmente as implicações para gestores, acadêmicos e outras partes interessadas. Para os gestores, a alocação de recursos em RSC pode ser considerada uma decisão de investimento que deve ser tratada no contexto orçamentário da empresa. Dessa forma, este estudo indica que a alocação de recursos em RSC parece ser uma decisão estratégica. Foi identificado que apenas o endividamento favorece a adoção de todas as práticas de RSC, enquanto outros indicadores de desempenho têm influência sobre algumas práticas específicas de RSC. Isso sugere que os gestores das empresas no Brasil podem estar sendo seletivos na adoção de cada prática de RSC, com base em diversas métricas de desempenho.

Do ponto de vista acadêmico, o estudo amplia o debate sobre o tema, conforme mencionado anteriormente, e os resultados indicam que no Brasil a RSC está sendo influenciada pelo desempenho financeiro. Portanto, são necessárias mais pesquisas para confirmar essa tendência nas ações sociais das empresas brasileiras. Em relação aos demais stakeholders, acredita-se que eles estejam cientes da importância da RSC para a empresa junto à sociedade e que exerçam influência na alocação de recursos com essa finalidade, principalmente quando a situação financeira da empresa não apresenta restrições.

Por fim, este estudo apresenta algumas limitações que devem ser explanadas: a amostra da pesquisa, por considerar apenas as empresas listadas no Brasil, Bolsa, Balcão (B3); apenas empresas que foram avaliadas pelo CSRHub, no período compreendido entre 2010 e 2019, o que limita a generalidade do estudo. Diante disso, como sugestões para futuros pesquisadores, recomenda-se, portanto, ampliar a amostra de empresas, incluindo outros países. Além disso, podem ser consideradas outras variáveis de RSC por meio de outras bases de dados, além de mais variáveis de desempenho financeiro. Espera-se que o foco em futuras pesquisas seja ampliar ainda mais as compreensões nesse campo do conhecimento científico.

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