Artigo
O PAPEL DA FAMÍLIA NA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE MULHERES EXECUTIVAS E EMPREENDEDORAS
THE ROLE OF THE FAMILY IN THE PROFESSIONAL LIVES OF LEADING FEMALE BRAZILIAN EXECUTIVES AND ENTREPRENEURS
EL PAPEL DE LA FAMILIA EN LA TRAYECTORIA PROFESIONAL DE MUJERES EJECUTIVAS Y EMPRENDEDORAS
O PAPEL DA FAMÍLIA NA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL DE MULHERES EXECUTIVAS E EMPREENDEDORAS
Revista Alcance, vol. 24, núm. 1, pp. 036-049, 2017
Universidade do Vale do Itajaí
Recepção: 22 Junho Abril 2016
Resumo: O objetivo deste trabalho é entender o papel da família na trajetória profissional das mulheres executivas brasileiras que chegaram aos primeiros escalões das grandes empresas operando no Brasil e das mulheres empreendedoras. Destaca-se a quase ausência de estudos no campo da administração no Brasil que investigam a possível relação entre o sucesso profissional e a influência da família, principalmente no caso de mulheres executivas. Trata-se de uma pesquisa qualitativa exploratória; dois estudos de caso comparativos com entrevistas semiestruturadas com 25 empreendedoras e 47 executivas (presidentes, diretoras e superintendentes) com idades de 30 a 70 anos. Adotou-se a análise de conteúdo. Enquanto as mães das executivas influenciaram no sucesso profissional devido à importância que deram aos estudos, as mães das empreendedoras influenciaram não apenas pelo enfoque nos estudos, mas também pela experiência empreendedora repassada de uma geração para outra.
Palavras-chave: Importância dos estudos na trajetória profissional da mulher, Experiência empreendedora da mulher, Papel da família na trajetória profissional, Mulheres executivas.
Abstract: This article aims to understand the role of the family in the professional lives of Brazilian female executives who have reached the top levels of management in large companies operating in Brazil, and female entrepreneurs. There are practically no studies in the field of management in Brazil that investigate the possible relationship between professional success and the influence of parents, especially among top executives. This is a qualitative, exploratory study consisting of two comparative case studies, with semi-structured interviews with 25 women entrepreneurs and forty-seven top women executives (CEOs, directors, and superintendents) aged between 30 and 70 years. For the analysis of the data, we used content analysis. We found that while the mothers of the women executives had influenced their success by stressing the importance of studying hard, the mothers of the women entrepreneurs had influenced their careers not only by enforcing to studying, but also through the entrepreneurial experience passed from one generation to the next.
Keywords: Importance of education in women’s professional lives, Women’s entrepreneurial experience, Family role in the professional life, Female executives.
Resumen: El objetivo de este trabajo es entender el papel de la familia en la trayectoria profesional de las mujeres ejecutivas brasileñas que llegaron a los primeros escalones de las grandes empresas que operan en Brasil y de las mujeres emprendedoras. Se destaca la casi ausencia de estudios en el campo de la administración que investigan la posible relación entre el éxito profesional y la influencia de la familia, principalmente en el caso de mujeres ejecutivas, en Brasil. Se trata de una investigación cualitativa exploratoria; son dos estudios de caso comparativos con entrevistas semiestructuradas con 25 emprendedoras y 47 ejecutivas (presidentes, directoras y superintendentes) con edades de 30 a 70 años. Para ello se utilizó el análisis de contenido. Mientras que las madres de las ejecutivas influyeron sobre el éxito profesional gracias a la importancia que les dieron a los estudios, las madres de las emprendedoras influyeron no solo por el enfoque en los estudios, sino también por la experiencia emprendedora pasada de una generación para otra.
Palabras clave: Importancia de los estudios en la trayectoria profesional de la mujer, Experiencia emprendedora de la mujer, Papel de la familia en la trayectoria profesional, Mujeres ejecutivas.
1 INTRODUÇÃO
O objetivo deste artigo é entender o papel da família na trajetória profissional das mulheres executivas brasileiras que chegaram aos primeiros escalões das grandes empresas operando no Brasil e das mulheres empreendedoras. A pergunta que norteou este trabalho foi: Qual o papel da família no sucesso de empreendedoras e executivas?
A contribuição deste estudo está ancorada numa lacuna observada na literatura e em dez anos (MOTA-SANTOS et al., 2016; TANUTE et al., 2015; MOTA-SANTOS; TANURE; CARVALHO NETO, 2015; CARVALHO NETO; TANURE; MOTA-SANTOS, 2014; MOTA-SANTOS; TAURE; CARVALHO NETO, 2014) de um esforço de pesquisa destes pesquisadores na temática das mulheres. Há muitos estudos sobre a influência da família na escolha profissional, no momento da escolha da profissão, os quais serão retratados a seguir (OLIVEIRA; DIAS, 2013; ANDRADE, 1997; ALMEIDA; MAGALHÃES, 2011; DIAS, 1995; SOARES, 2002; ALMEIDA; PINHO, 2008; SANTOS, 2005). No entanto, são praticamente inexistentes no Brasil os estudos sobre a influência da família na trajetória profissional (como aspectos relacionados aos estudos, à influência de ir para o mercado de trabalho ou do enfoque no ambiente do lar). Esta lacuna existe tanto na administração quanto na psicologia. Além da ausência de estudos sobre a influência na trajetória profissional, quando se fala em executivas, essa ausência se torna mais relevante, tanto no plano nacional quanto no internacional, principalmente por ser um público a que os pesquisadores têm pouco acesso, uma vez que são minoria. O que não acontece no caso das empreendedoras, pois em relação a elas já existem vários estudos que retratam essa temática, como Filion (1993) e Ferreira e Nogueira (2013) no âmbito nacional, e Hisrich e Peters (2004), Bullough et al. (2015) e Powell e Eddleston (2013) no plano internacional.
Quanto aos estudos que já existem em relação ao papel da família na escolha profissional, cumpre apontar algumas contribuições relevantes que deixam clara a lacuna do papel familiar posterior, bem após o momento da escolha profissional, ou seja, na trajetória profissional. A escolha profissional de um indivíduo é influenciada por diversos fatores (OLIVEIRA; DIAS, 2013). Além da influência familiar sobre o sujeito, estudiosos tratam da influência dos tipos de profissão sobre as famílias; ou seja, do mundo ocupacional (ANDRADE, 1997; ALMEIDA; MAGALHÃES, 2011) e da dificuldade de reconhecer as influências que as pessoas recebem dos familiares (KROM, 2000; OLIVEIRA; DIAS, 2013), mas todos os estudos retratam apenas a influência no momento de escolher qual profissão seguir. Neste trabalho, opta-se por estudar o papel da família na trajetória profissional e não na escolha de qual profissão seguir.
O significado que os pais dão aos elementos da vida ocupacional estará presente no modo que o filho enxerga o universo profissional (DIAS, 1995), pois, ao reprimir certos comportamentos e incentivar outros, os pais interferem no processo de apreensão da realidade, determinando em parte a formação dos interesses dos filhos (SOARES, 2002); essa influência se inicia na infância (OLIVEIRA; DIAS, 2013). Pesquisas retratam o papel da família nesse processo de escolha profissional (ALMEIDA; MAGALHÃES, 2011), como a dificuldade de adolescentes estabelecerem metas profissionais e a relação com pais negligentes (MAGALHÃES; ALVARENGA; TEIXEIRA, 2012).
A família, por ser uma dimensão fundamental para entender a escolha profissional, é um dos fatores contextuais mais estudados (MAU; BIKOS, 2000; POCINHO et al., 2010; SANTOS, 2010; SOBRAL; GONÇALVES; COIMBRA, 2009). O apoio da família é uma variável que influencia de forma positiva na ajuda à tomada de decisão de qual profissão seguir (POCINHO et al., 2010). Novamente, são raros os estudos que abordam a percepção desta frente ao desenvolvimento profissional dos filhos (BARDAGI; HUTZ, 2008). O conceito de família adotado neste estudo engloba pais, mães, avós e tios.
Alguns estudos ainda tratam da relação entre as aspirações vocacionais e o nível educacional e socioeconômico das famílias (CROCKETT; BINGHAM, 2000; MAU; BIKOS, 2000; LOPES, 2010; PAULINO, 2013). Mais uma vez, a relação do nível educacional é apenas feita com a escolha profissional. Para Hannah e Khan (1989), as representações das profissões construídas pelos pais são transmitidas de forma intencional ou não para os filhos. Além disso, os autores acreditam que o nível socioeconômico pode afetar as crenças dos filhos nas suas capacidades de desenvolverem várias ocupações, o que faz com que os filhos deixem de escolher tais profissões e escolham outras. Outros estudos fornecem evidências de que os indivíduos levam em conta considerações da família na tomada de decisão em relação ao trabalho (GREENHAUS; POWELL, 2012; POWELL; GREENHAUS, 2010). Entretanto, os processos cognitivos individuais destas decisões são pouco estudados (POWELL; GREENHAUS, 2012).
Estudos sobre a diferença da influência de pais e mães retratam que os filhos preferem discutir seus planos de carreira com a figura materna, pois estas demonstram dar maior suporte na escolha profissional. Já o pai apresenta um perfil de maior encorajador de independência e autonomia (GUERRA; BRAUNGART-RIEKER, 1999). Na falta do pai, a figura materna passa a ocupar lugar no processo de escolha da profissão (LOPES; PAULA, 2011). Este enfoque na diferença da influência entre pais e mães também se dá apenas em relação à escolha profissional e não no desenrolar da carreira, que é o que propõe o presente trabalho.
A participação da mulher no mercado de trabalho (SCHERER, 2008) e a influência da família na escolha de uma profissão (ANDRADE, 1997; BARDAGI, 2008; BRATCHER, 1982; FILOMENO, 1997; SANTOS, 2005; 2010) são temáticas cada vez mais estudadas. A contribuição desta pesquisa está em descrever o quanto os fatores sociais, mais especificamente os familiares, têm um papel não apenas no momento da escolha profissional (já muito estudado), mas também no crescimento e na realização profissional de mulheres executivas e empreendedoras (pouco estudado). Fenômeno que no Brasil é ainda objeto de grandes questionamentos (ANDRADE, 2010). Outra relevância é a comparação com mulheres empreendedoras.
O referencial teórico está dividido em duas partes. A primeira parte retrata a entrada e o crescimento da mulher no mercado de trabalho, bem como as dificuldades para lidar com as demandas de uma carreira e demandas da vida pessoal. A segunda parte aborda a influência familiar na carreira.
2 A ENTRADA E O CRESCIMENTO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO NO BRASIL
Se até o final do século XIX o espaço social das mulheres que trabalhavam estava restrito ao círculo familiar (BERTOLINI, 2002; ROCHA-COUTINHO, 1994), no final deste século surgem as primeiras escolas normais no Brasil, com o objetivo de prepará-las para o Magistério. Essa era a única profissão “aceitável” pela sociedade para mulheres de classe média e alta (ROCHA-COUTINHO, 1994). O aprendizado era para torná-la uma boa mãe e boa esposa (VAINFAS, 2010).
Com as necessidades de mão de obra para as indústrias no fim do século XIX, aumenta a necessidade de mulheres solteiras e de classes mais baixas trabalharem nas fábricas (BERTOLINI, 2002; ROCHA-COUTINHO, 1994). No final de 1960 ocorre a inserção feminina nas áreas ligadas à Arquitetura, Engenharia, Medicina e Direito. As mulheres começam a não ter mais apenas a vida do lar e vão para as universidades em busca de um projeto de vida profissional (BRUSCHINI; LOMBARDI, 2000; 2001), mas ainda não se falava em carreira (GONÇALVES, 2000).
A participação feminina no mercado de trabalho brasileiro aumenta com a expansão da economia. Com a crescente urbanização e a aceleração do processo industrial intensifica-se a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro a partir da década de 1970 (LEONE, 2000). As mudanças nos valores relativos ao papel social da mulher contribuíram para o aumento da oferta de trabalhadoras, situação que persistiu mesmo durante a crise econômica dos anos 1980 (ALVES; AMORIM; CUNHA, 1997).
As mulheres eram maioria na população de 10 anos ou mais de idade em 2011 (cerca de 53,7%) e minoria (45,4%) na população ocupada (PO). Essa estrutura distributiva reflete-se no nível de ocupação, relação que mostra o contingente de ocupados em relação ao total da População em Idade Ativa (PIA). Para as mulheres, esse indicador foi de 40,5% em 2003, passando para 45,3% em 2011 (IBGE, 2012).
Na atualidade, nos países em desenvolvimento, as mulheres empresárias são muitas vezes as primeiras em suas famílias a receber educação para iniciar e conduzir um negócio (BULLOUGH et al., 2015). No caso das executivas, o apoio e o incentivo dos pais para que elas estudassem impulsionaram-nas para o mercado de trabalho e, consequentemente, para a construção de uma sólida carreira (SANTOS, 2012). Este dado aparece em outras partes do mundo. Segundo Powell e Butterfield (2013), mulheres altamente educadas estão cada vez mais optando por carreiras que terão acesso rapidamente ao topo da hierarquia organizacional.
A participação consolidada da mulher no mercado de trabalho faz com que ela conviva com dois modelos de conduta: universal (trabalho fora de casa) versus particular (trabalho doméstico). Isso ocorre porque ela continua como a responsável pelos cuidados com a casa e com a criação dos filhos, mesmo quando assume uma atividade produtiva (BRUSCHINI, 1989). Além disso, a mulher passa a desempenhar papéis mais complexos relacionados à gestão (BARBOSA et al., 2010).
Com a permanência da mulher no mercado de trabalho, o enfoque no conflito vida pessoal versus profissional começa a aparecer mais. Discussão que é antiga e ocorre até os dias atuais, pois, como já relatava Engels (1995), se a mulher cumpre com as atividades do lar, tem dificuldade de se dedicar ao trabalho fora de casa, não podendo, assim, ter vida financeira independente. Se ela participa do mercado de trabalho e começa a ganhar a vida independente, se sobrecarrega ao cumprir as obrigações domésticas.
A dupla jornada de trabalho, situação atual da mulher nas sociedades de capitalismo avançado, traz culpa e cansaço, a partir do momento em que ela busca um espaço fora do lar e não tem com quem dividir as tarefas domésticas e o trato com os filhos, realidade essa da executiva brasileira (TANURE; CARVALHO NETO; ANDRADE, 2007; CARVALHO NETO; TANURE; ANDRADE, 2010; SANTOS, 2012) e um dos motivos para a busca por uma nova possibilidade profissional, no caso das empreendedoras pesquisadas, para ter mais flexibilidade e controle de sua agenda para cuidar dos filhos.
A escolha do empreendedorismo como forma de inserção no mercado de trabalho vem ao encontro de uma busca proativa de independência financeira e de realização da mulher, além de responder às mudanças que ocorrem no espaço privado (JONATHAN, 2011). A crescente participação da mulher empreendedora brasileira, tendência que se evidenciou em 2007 quando a sua participação superou a dos homens na atividade empreendedora, é uma das condições geradas pela flexibilização do mercado de trabalho, ou seja, pela participação não apenas de homens no mercado (BULGACOV et al., 2010). Muitas mulheres brasileiras, motivadas para empreender em função dos cuidados com os filhos, o fazem em suas próprias casas, tornando o espaço do lar em home office, o que permite conciliar os dois afazeres (NATIVIDADE, 2009). Já nos países em desenvolvimento, mulheres empresárias, além de ganhar respeito de suas comunidades, incentivam comportamentos semelhantes dentro da própria família e passam a ser reconhecidas por sua liderança nos negócios (BULLOUGH et al., 2015).
Entretanto, ainda prevalece como maior desafio de mulheres empreendedoras a busca por equilíbrar a vida familiar com a vida profissional (BARBOSA et al., 2010). Ou seja, os papéis socialmente atribuídos às mulheres em relação à sua família, a ideia de que sua função principal é desempenhar responsabilidades domésticas e o papel reprodutivo constituem um obstáculo significativo para o acesso, a pemanência e o sucesso do seu empreendimento (BULGACOV et al, 2010). Embora não sendo os conflitos mais frequentes, são considerados os mais difíceis de equacionar (JONATHAN; SILVA, 2007), os de maior peso (ALPERSTEDT; FERREIRA; SERAFIM, 2014). O exercício da multiplicidade de papéis mostra ser uma questão cercada de ambivalência. Ora está associada a um sentimento de realização, ora de frustração e angústia (JONATHAN, 2005). A interface entre trabalho e família tem atraído a atenção de pesquisadores ao longo das últimas três décadas (GREENHAUS, 2008), pois o número de empreendimentos conduzidos por mulheres justifica a tendência de os estudos das ciências sociais se dedicarem aos assuntos relacionados ao conflito trabalho versus família.
Apesar de muitos estudos evidenciarem o tempo como o maior gerador de conflito trabalho versus família (SILVA, 2006; MARTINS et al., 2010), a flexibilidade de horário passa a ser o ponto fundamental para a harmonização das demandas do trabalho e da família (LINDO et al., 2007). Se no passado não se falava em carreira feminina e muito menos em realização, hoje pesquisas evidenciam que as mulheres sentem mais satisfação do que culpa ao construírem um projeto de vida centralizado no empreendedorismo (SILVA, 2006; JONATHAN; SILVA, 2007) e na vida executiva (TANURE et al., 2007; SANTOS, 2012; MOTA-SANTOS, TANURE; CARVALHO NETO, 2015).
Apesar de todo o cansaço, elas demonstram paixão pelo que fazem, felicidade no trabalho e grande realização profissional (SANTOS, 2012; TANURE et al., 2007). Este dado corrobora pesquisas que demonstram que poucos indivíduos estão propensos a tomar uma decisão que sacrifica seu trabalho somente para o benefício de sua família. Mesmo as pessoas orientadas para a família são susceptíveis a contemplar implicações de uma decisão de sair de um emprego (POWELL; GREENHAUS, 2012).
3 FAMÍLIA E CARREIRA, CARREIRA E FAMÍLIA
Se se envolve de alguma maneira outras pessoas em nossas decisões (PHILLIPS, CHRISTOPHER-SISK; GRAVINO, 2001), não é de se estranhar que os pais apresentem grande influência em várias delas, principalmente na escolha da profissão (SOARES, 2002; ALMEIDA; PINHO, 2008), mas também no desenvolvimento da carreira (PINTO, 2002). Até porque os indivíduos são mais propensos a procurar ajuda em relação a essas decisões com os membros da família (WHISTON; KELLER, 2004). O processo de desenvolvimento de carreira emerge, pelo menos até certo ponto, da origem familiar (BLUSTEIN, 2004).
Neste trabalho entende-se por família a mesma concepção dada por Filomeno (1997), ou seja, um grupo de pessoas que tem como objetivo proteger e transmitir seus valores a seus membros. Um grupo voltado para criação, educação e socialização dos filhos, sendo essa relação permeada por afeto e sentimento. Os filhos, muitas vezes, são acompanhados pelos desejos de seus pais e familiares (acrescenta-se aqui, além dos pais, mães, avós e tios), recebendo essas expectativas e podendo cumpri-la ou não (SOARES, 2002; ALMEIDA; PINHO, 2008).
Ideologias, valores e conceitos vão sendo transmitidos de geração para geração no ambiente familiar, inclusive as concepções de trabalho, estudo e profissão (FILOMENO, 1997; SOARES, 2002). A família interfere na apreensão da realidade dos filhos e, assim, em parte determina a formação de seus interesses profissionais ao incentivar certas atitudes (SOARES, 2002). Estudos destacam a importância de padrões de funcionamento familiar nos quais se estabelecem relações positivas entre pais e filhos e uma comunicação efetiva para o desenvolvimento da carreira (CARVALHO; TAVEIRA, 2010).
A família influencia as decisões profissionais de seus filhos através de mensagens subliminares (WHITAKER, 1997). Sempre há alguma maneira de influenciar as decisões profissionais, seja de forma mais sutil ou manipuladora, ou expressando abertamente a opinião (ALMEIDA; PINHO, 2008). A rede de relações familiares que se forma em cada família está presente nas diferentes escolhas em geral que são feitas na vida (SOARES, 2002).
A literatura afirma que a família é um dos principais fatores de influência na escolha da profissão (SANTOS, 2005). Apesar disso, Bardagi & Hutz (2008) ressaltam que não há diálogo sistemático sobre este tema dentro das familias.
Certamente, as influências familiares sobre o destino profissional da mulher são notáveis. Leite (1994), por exemplo, recorre à frase de Simone de Beauvoir: “ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, para explicar que a influência familiar na infância da mulher marca muito sua trajetória profissional futura. Apesar do cenário descrito por Simone de Beauvoir ser de 1949, percebe-se que atualmente muitas mulheres têm sido estimuladas à profissionalização.
O aumento do número de mulheres que trabalham não pode deixar de afetar a divisão de tarefas domésticas e os modelos tradicionais, acarretando, com isso, consequências na aquisição de posições de poder sexualmente diferenciadas no seio da família. Como diz Bourdieu (2005, p. 108), “[...] as filhas de mães que trabalham têm aspirações de carreira mais elevadas e são menos apegadas ao modelo tradicional de condição feminina”.
Em momentos históricos certamente o ambiente social também influencia a família, como é o caso do papel atual da mulher na sociedade (KROM, 2000). Mães que trabalham fora de casa e não se identificam com esta situação podem influenciar suas filhas a realizar um casamento em que podem não exercer uma atividade fora do lar (WHITAKER, 1997).
Condições históricas, sociopolíticas e econômicas também podem influenciar as escolhas de jovens de épocas diferentes, ou seja, acontecimentos históricos relevantes podem ser úteis no entendimento de estilos de vida preferidos em gerações diferentes. A presença das mulheres no Brasil dos anos 1960 e 1970 na luta armada, por exemplo, denotava ir contra a ordem política vigente, mas também ir contra o lugar tradicionalmente atribuído à mulher (SARTI, 2004). Desta forma, pode-se entender melhor as expectativas de gerações de trabalhadores em relação a suas carreiras (MAGALHÃES, 2010).
No caso do empreendedorismo, estudos mostram que, apesar do fenômeno criado pela cultura ser transmitido pelas diversas vias de subjetividade social e sofrer influência do sistema econômico adotado (no Brasil), aparece como uma característica que é constituída na infância (FERREIRA; NOGUEIRA, 2013). A visão sobre o futuro de seus negócios é o fator principal de sucesso de empreendedores bem-sucedidos e a família, sistema básico de relações de um empreendedor, acaba moldando os tipos de visão inicial que este futuro empreendedor possa ter (FILION, 1993).
Outros estudos apontam que as mulheres empreendedoras experimentam apoio para o sucesso empresarial, enquanto os empreendedores do sexo masculino não possuem tanto apoio (POWELL; EDDLESTON, 2013). Entre as categorias de pesquisa sobre o ambiente familiar do empreendedor estão a ocupação e o status social dos pais, relacionamento com estes e ordem de nascimento. O relacionamento dos pais com a criança denota ser o aspecto mais importante do ambiente familiar para o estabelecimento do desejo de exercer uma atividade empresarial no futuro. O relacionamento de apoio, o estímulo de independência e o de responsabilidade aparecem como mais relevantes. No caso de mulheres empreendedoras, o relacionamento de apoio (em especial paterno) demonstra ser o mais importante (HISRICH; PETERS, 2004).
Ao buscar identificar os fatores que podem ser considerados como motivadores, facilitadores e dificultadores para empreender, Silveira e Fernandes (2012) relatam que a influência da família e dos meios sociais nos quais a pessoa está inserida é fundamental para o desenvolvimento da capacidade empreendedora. A existência do empreendedorismo no núcleo familiar pode ser considerada como uma das variáveis essenciais que favorecem a iniciativa de empreender.
4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Optou-se pela realização de uma pesquisa qualitativa exploratória, tendo como método dois estudos de caso comparativos. O método de pesquisa de estudos de caso comparativos é defendido por Yin (1994) e Eisenhardt (1989). Aqui os dois casos se referem ao papel familiar na trajetória profissional das mulheres executivas brasileiras que chegaram aos primeiros escalões das grandes empresas operando no Brasil e das mulheres empreendedoras.
Estes dois estudos de caso, um com executivas e outro com empreendedoras, possibilitaram aprofundar neste tema do papel dos familiares na trajetória de mulheres de sucesso, sejam como executivas ou como empreendedoras. A comparação permite levantar que fatores são pertinentes aos dois casos, o que possibilita contribuição à literatura.
Nos dois casos foram entrevistadas 72 mulheres, das quais 47 executivas que trabalham em São Paulo e em Belo Horizonte (com idades entre 32 a 60 anos) e 25 empreendedoras de diferentes segmentos, estas na região metropolitana de Belo Horizonte (com idades entre 30 a 70 anos).
No estudo de caso referente às executivas foram entrevistadas mulheres que conquistaram cargos do 1º escalão (presidentes), 2º escalão (vice-presidentes e diretoras) e 3º escalão (superintendentes) das grandes empresas (em média com mais de mil funcionários) situadas no Brasil, de diversos setores da economia. No estudo de caso das empreendedoras foram entrevistadas aquelas que possuíam empreendimentos com mais de 5 anos, considerados pela literatura de empreendedorismo como negócios consolidados.
O processo de escolha dos respondentes deu-se por intermédio de indicações e por meio da técnica denominada “bola de neve”. Após entrevista realizada com uma executiva e com uma empreendedora, era solicitado que estas indicassem outras que, por sua vez, também indicavam outras. As entrevistas com as 47 executivas foram realizadas nas capitais de Minas Gerais e São Paulo (destas, duas no interior de Minas) em 20 grandes empresas. A maioria das entrevistadas (28) trabalha em multinacionais. As entrevistas com as empreendedoras foram realizadas na grande BH (Belo Horizonte e Contagem).
Este número de entrevistas é relevante, pois se trata de um público de difícil acesso, no caso das executivas, haja vista que quase não há publicações relativas a mulheres nestas posições, principalmente quando se fala em primeiro e segundo escalão.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas. No caso das executivas, no período de junho de 2010 a agosto de 2011 e, no caso das empreendedoras, no período de junho de 2014 a fevereiro de 2015. A entrevista semiestruturada fornece ao pesquisador informações ricas e detalhadas sobre o tema em questão.
Considera-se útil esclarecer também que, como salienta Trivinos (1987), as perguntas que fizeram parte do roteiro de entrevistas semiestruturadas destas pesquisas não nasceram a priori. Elas são resultado não só da teoria que alimenta a ação dos investigadores, mas provenientes também de dez anos de esforço de pesquisa (MOTA-SANTOS et al., 2016; TANUTE et al., 2015; MOTA-SANTOS; TANURE; CARVALHO NETO, 2015; CARVALHO NETO; TANURE; MOTA-SANTOS, 2014; MOTA-SANTOS; TAURE; CARVALHO NETO, 2014). As entrevistas giravam em torno de questões sobre: influência do pai e da mãe no sucesso profissional; profissão do pai; profissão da mãe; se houve ou não incentivo aos estudos; se houve ou não incentivo a ter uma carreira, a ter uma profissão, a ir para o empreendedorismo
O tempo médio das entrevistas foi de 50 minutos. Com as executivas, algumas entrevistas eram realizadas em suas salas de trabalho e outras realizadas em salas de reunião dentro das empresas. Com as empreendedoras, as entrevistas foram realizadas, em sua grande maioria, nas empresas e, em alguns poucos casos, na casa da empreendedora. As entrevistas foram registradas com um gravador digital e transcritas posteriormente. Optou-se por tratá-las por “Ex” seguido do número correspondente à sua entrevista, no caso das executivas, e por “Em” seguido do número correspondente à sua entrevista, no caso das empreendedoras.
Para o tratamento dos dados, adotou-se a técnica de análise de conteúdo. Este procedimento tem como objetivo principal sintetizar e analisar o material oriundo de diversas fontes, utilizando para isso, categorias de análise (FLICK, 2009). A análise do conteúdo do tipo categorial temática permitiu estabelecer 3 categorias de análise: (1) importância dos estudos para as mães das executivas e a importância do empreendedorismo para as mães das empreendedoras; (2) mães fortes e a “queima do sutiã”; (3) influência da família ampliada, tios e avós.
Na codificação define-se a unidade de registro (BARDIN, 2011; DELLAGNELO; SILVA, 2005), que, nesta pesquisa, foi o papel dos familiares na trajetória profissional das empreendedoras e das executivas.
A categorização finaliza o processo de codificação. Entretanto, não é obrigatória na análise de conteúdo (BARDIN, 2011; DELLAGNELO; SILVA, 2005). Os critérios de categorização podem ser sintéticos, léxicos, expressivos e semânticos. Este último, utilizado neste estudo, refere-se a agrupamentos de acordo com categorias temáticas (BARDIN, 2011), que consistem em isolar temas de um texto e extrair partes utilizáveis de acordo com o problema pesquisado (RICHARDSON, 2007).
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Os dados coletados foram divididos em três categorias de análise. A primeira trata do papel das mães das executivas em relação aos estudos e do papel das mães das empreendedoras em relação a abrir seu próprio negócio. A segunda categoria destaca o papel especial da mãe forte sobre as filhas nos dois casos. A terceira retrata o papel de outros familiares, tios e avós.
5.1 A importância dos estudos para as mães das executivas e a importância do empreendedorismo para as mães das empreendedora
A maioria das executivas relatou que suas mães as incentivaram a estudar e também a trabalhar, as ensinaram a não depender de ninguém. Os relatos a seguir de duas executivas expressam isso: (Ex – 11) “mulher precisa ter o seu dinheiro antes de casar”. (Ex – 8) “Minha mãe nasceu para casar, ter filho, cuidar da casa e do marido, mas ela não queria que eu fosse igual a ela. Ela dizia: Eu não quero que você cresça, que você case, que seja dependente de marido. Depender de marido é um saco. Você tem que dar satisfação de tudo”.
A expectativa para as executivas foi diferente da expectativa ocorrida com suas mães (Ex – 46) “O ginásio na época da minha mãe já era suficiente. Mas minha mãe queria mais pra mim. Ela tinha uma cabeça avançada. Para ela eu tinha que trabalhar. Trabalhar é bom. Cada conquista minha ela vibrava junto. As executivas já não podiam deixar de cursar uma universidade e ter uma profissão”. (Ex – 34) “Estava implícito que tinha que tirar notas boas e passar na melhor faculdade” (Ex – 7) “Tinha que ir para escola. Não podia nem ficar doente” (Ex – 45) “Minha mãe é do lar, mas não me deixava cuidar da casa para que eu pudesse estudar”. A educação e a profissionalização já fazem parte de sua identidade, ao contrário das suas mães. Uma vez qualificadas para o mercado, elas passam então a pensar em uma carreira contínua, com progressão, e não mais em ter apenas um trabalho. Mais uma vez aparecem aqui as influências das demandas da sociedade da época, as chamadas solicitações sociais influenciando a familia que, por sua vez, influencia seu núcleo familiar (KROM, 2000).
Enquanto as mães e os pais das executivas influenciaram no sucesso profissional devido à importância que deram aos estudos: as mães das empreendedoras influenciaram não apenas em relação aos estudos, mas principalmente pela experiência empreendedora repassada de mães para as filhas. A ênfase no estudo ocorre, mas não de forma expressiva como no caso das executivas. (Ex – 45) “Meu pai dizia: vou deixar educação e não parede para vocês”, ou seja, o pai demonstra que para ele é mais importante deixar educação do que imóvel para a filha.
Mesmo para as executivas que tiveram ou têm mães profissionais, na percepção de muitas, o estudo é outro diferencial entre elas e as mães. Apesar de algumas mães de executivas terem investido no estudo (algumas já possuíam profissões relacionadas a curso superior, como: farmacêutica, psicóloga, médica, advogada, contadora, design e pedagoga), a maioria das executivas alcançou um nível de escolaridade muito mais alto que suas mães.
Como a maioria eram meninas de classe média, as executivas eram incentivadas a investir nos estudos. A partir dessa época, como informam Bruschini e Lombardi (2000; 2001) e Gonçalves (2000), os estudos já faziam parte de um projeto profissional e não mais visavam à melhor qualificação para as suas funções na família. Porém, situações nas quais o pai incentiva a filha a não depender de homem ainda foram muito poucas.
Apesar de não ter sido o enfoque, algumas executivas (13) lembraram o esforço dos pais (pai e mãe) para manterem um bom padrão de escola para elas. Em concordância, Gonçalves (2000) e Bruschini e Lombardi (2000) já retratavam que os estudos foram uma possibilidade de acesso das mulheres a postos mais elevados, uma vez que estavam mais preparadas que outras mulheres que estudaram menos. Essa percepção também é relatada por algumas empreendedoras: (Em - 05) “Meu pai sempre deu muito valor nessa questão de estudo”. (Em – 02) “Minha mãe dizia preocupada: ‘vai se casar sem ensino superior?’”.
5.2 O papel da mãe forte
Outro conjunto de dados relevantes dos dois estudos de caso retrata a importância de mães fortes para que suas filhas fossem para o mercado de trabalho. Essa ênfase era dada principalmente pelas mães dependentes financeiramente do marido, as quais projetavam nas filhas o desejo de independência em relação ao parceiro amoroso. Estas mães, de personalidade forte, mesmo dependentes dos maridos financeiramente, não queriam o mesmo para suas filhas e as incentivavam para que elas tivessem uma experiência profissional. O desejo de uma vida independente financeiramente por parte das mães influenciou claramente as filhas para que focassem na busca por uma profissão. Muitas mães de executivas, apesar de terem sido criadas para casar, ter filhos e cuidar da casa e do marido, conforme a literatura afirma (DEL PRIORE, 2011; ROCHA-COUTINHO, 1994), educaram suas filhas, as atuais executivas, de forma diferente, pois não queriam que as filhas fossem iguais a elas. No caso das empreendedoras, essa preocupação não foi percebida, até porque muitas mães das entrevistadas eram trabalhadoras, tendo inclusive exercido a carreira de empreendedora.
O exemplo de mãe profissional também aparece, mas de forma muito pouco expressiva, na influência das mães sobre as executivas. Uma entrevistada chegou a dizer que em sua família as mulheres sempre trabalharam fora, não tendo referência de mulher do lar (Ex-42). Nessa família, o trabalho já é parte da identidade das mulheres. Apenas uma relatou que o incentivo foi por necessidade, pois a mãe tinha sete filhos e não tinha renda paterna.
Outro aspecto que também foi marcante na pesquisa com as executivas está relacionado à imagem de força de suas mães em momentos difíceis, de crise, na vida familiar. O fato de suas mães terem sido fortes em momentos difíceis, as incentivaram também a correr atrás de seus sonhos e superar todas as barreiras existentes no mundo corporativo. Mãe que foi para São Paulo com dois filhos pequenos e sem trabalho, mãe que ficou viúva com 36 anos e com sete filhos para educar, entre outros exemplos.
Frases do tipo: “a minha mãe é corajosa de enfrentar, de fazer, ela é muito dinâmica, vai atrás, ela nunca parou, está com 75 anos hoje e é dona do próprio nariz, da própria casa, não tem empregada, ela cuida de tudo sozinha” (EX 10) “Muito forte, nada derruba aquela velhinha” (EX 4) “Minha mãe sempre foi referência porque sempre foi quem resolvia tudo” (fechadura estragada, por exemplo). “Passou para gente a questão de dirigir as coisas” (EX 6) também apareceram.
No caso das empreendedoras, três relataram o mesmo fato relacionado a momentos difíceis: (Em – 02) “Meu pai faleceu e minha mãe foi obrigada a assumir o negócio da família”. (Em – 20) “Eu vim de uma família muito pobre mesmo. Quando meu pai voltou da guerra, minha mãe arregaçou a manga e começou a trabalhar para sustentar os nove filhos”. (Em – 14) “As mulheres, mesmo quando donas de casa eram muito mais fortes. É a marca da família”.
5.3 O papel da família mais ampliada na trajetória das empreendedoras: tios e avós
Outro dado relevante entre esses dois estudos de caso é que a experiência de empreendedorismo dos avós e até de alguns tios aparece como influência na carreira de mulheres empreendedoras e não nas executivas. (Em – 12): “A minha avó materna tinha uma lojinha no interior que eu frequentei desde pequena. Eu vendia tudo desde pequena. Divertia-me”. (Em – 21): “Eu acho que tenho um pouco o espírito empreendedor da minha avó. Ela criou a família fazendo doce no tacho”.
Foi comum ouvir a frase: “eu venho de uma família de empreendedores” (Em - 03 e 09). No convívio com esses familiares, as empreendedoras, algumas até muito novas, já “experimentavam” as atividades de vendas, contato com clientes, ou seja, como relatou uma empreendedora: “desde muito cedo convivi com o empreendedorismo dentro de casa”.
As mulheres, mães e avós dessas empreendedoras, trabalhavam em casa ou nos negócios da família. Dado que corrobora a literatura sobre o trabalho feminino no Brasil nas décadas de 1960 a 1980. Avó que tinha loja, os antigos “armarinhos” que vendiam de tudo; mãe de uma empreendedora que ajudava o avô na fábrica de cachaça da família; avó que fazia doce no tacho para vender. A vida familiar, até mesmo o negócio familiar, modelava a trajetória feminina empreendedora.
O termo “ajudava” aparece de forma considerável quando se fala em trabalho das mães e avós das empreendedoras. Além disso, se no caso das executivas, o enfoque aos estudos potencializou uma carreira de sucesso, no caso das empreendedoras, em nenhum momento se ouviu o termo carreira. A profissão acontece na vida dessas mulheres como uma continuação de uma experiência adquirida pela família ou por uma oportunidade de conciliar de forma mais qualitativa o tempo e as demandas da vida pessoal versus trajetória profissional.
Os fatores encontrados em relação às executivas foram: (1) Papel das mães das executivas em relação aos estudos; (2) Papel especial da mãe forte sobre as filhas. Já em relação às empreendedoras, os achados estão relacionados a: (1) Papel das mães das empreendedoras em relação a abrir seu próprio negócio; (2) Papel especial da mãe forte sobre as filhas; (3) Papel de outros familiares, tios e avós.

Pode-se verificar na Tabela 1 que foram encontradas três categorias de análise quando se pergunta: qual o papel da família no sucesso profissional de executivas e empreendedoras? A comparação entre os dois estudos de caso permite levantar que fatores são pertinentes aos dois casos e que fatores não são pertinentes.
Percebe-se então que o papel da família no sucesso profissional de executivas e empreendedoras perpassa principalmente pelo papel da mãe. Uma mãe, que no caso das executivas, apesar de ser dependente financeiramente do marido, apresenta um comportamento forte diante dos desafios da vida. E uma mãe, no caso das empreendedoras, que além de repassar experiência empreendedora, já que no caso destas mães a grande maioria trabalhava inclusive exercendo a carreira empreendedora, que demonstrava também um comportamento forte diante dos acontecimentos da vida. Este foi um resultado comum encontrado nos dois estudos de caso.
O enfoque aos estudos apareceu de forma mais evidente na vida das executivas. Enfoque este dado principalmente pelas mães, uma vez que os estudos eram a possibilidade de acesso a uma vida profissional.
Já a experiência profissional, no caso relacionado ao empreendedorismo, foi um fator relevante para as mulheres empreendedoras. Papel este exercido pelos tios e avós que vivenciaram uma experiência ligada ao empreendedorismo.
Estes três achados possibilitaram tratar de um tema inexistente no Brasil em relação aos estudos sobre o papel da família na trajetória profissional de mulheres de sucesso (no caso, executivas e empreendedoras). Como já relatado anteriormente, há estudos que ressaltam apenas o papel da família na escolha profissional, ou seja, no momento de se fazer a escolha de qual profissão seguir.
6 CONCLUSÃO
A pergunta que norteou este trabalho foi: Qual o papel da família no sucesso profissional de executivas e empreendedoras?
Os dois estudos de caso mostram que as mães, mais do que os pais, tiveram um papel determinante na trajetória das filhas que conquistaram espaço no mundo das grandes empresas como executivas, bem como na trajetória das empreendedoras.
Fala-se neste artigo do impacto não relacionado à escolha de uma profissão específica, tema já muito estudado, mas sim do impacto no desenvolvimento da trajetória profissional. Desenvolvimento este relacionado ao enfoque nos estudos e também na busca por um lugar “ao sol”, um lugar no ambiente público visto em décadas passadas como espaço apenas masculino. A postura das mães teve, na percepção das executivas, um impacto relevante no sucesso de suas carreiras, pois foram elas que mais impulsionaram as filhas a buscarem o mercado de trabalho. No caso das empreendedoras, o impacto foi na experiência empreendedora materna repassada a elas, também especialmente pelas mães.
Nas décadas de 1970 e 1980 algumas mulheres já vivenciavam a experiência profissional, como parece ser o caso de muitas mães das empreendedoras. Mães e também empreendedoras de pequenos negócios (lojinhas, armarinhos, costura em domicílio) e mães que “ajudavam” os maridos nos negócios familiares. O termo “ajudava” apareceu de forma considerável nos relatos das empreendedoras e corrobora a literatura sobre o trabalho feminino no Brasil.
Nessa mesma época, outras mulheres ocupavam apenas o espaço da casa, e a pesquisa sugere que, no caso das mães das executivas, a vontade de ter uma profissão que a maioria delas não tinha impulsionou suas filhas a correrem atrás de uma qualificação. O momento social propício no Brasil, em que as mulheres em geral buscavam um lugar no ambiente público, ou seja, buscavam oportunidades de trabalho, facilitou que as mães estimulassem suas filhas a ingressarem no mercado de trabalho. Mas a pesquisa traz outra situação de influência: o desejo das filhas de não quererem ser submissas aos seus cônjuges como as suas mães o foram.
A pesquisa corrobora autores que acreditam que o momento histórico e as mudanças advogadas pela sociedade podem também influenciar as escolhas e, consequentemente, ter influência no sucesso profissional. Já se iniciava na vida destas executivas e empreendedoras a abertura de uma educação não apenas voltada para a casa e para a família, mas também para o espaço público da carreira, do mercado.
No caso das executivas, aparecem relatos em que fica evidente a importância das mães, mais que os pais, no incentivo aos estudos. Estudos que propiciaram uma qualificação maior e, com isso, um crescimento na carreira. No caso das empreendedoras, foi comum ouvir mais relatos de outras pessoas influentes da família (tios, avós) quando se fala de profissão do que relatos dos pais.
Espera-se, por meio deste estudo, contribuir, em termos empíricos, já que não há framework para uma maior conscientização das executivas e das empreendedoras em relação às influências que tiveram na carreira, além de incentivar novas pesquisas que aprofundem este assunto, ainda muito pouco estudado no caso de empreendedoras e incipiente no caso das executivas. Espera-se contribuir também de forma aplicada para o conhecimento de profissionais da área de carreira que lidam com executivos e com profissionais empreendedores.
A contribuição deste artigo está em abrir uma avenida de investigação que o estudo exploratório permitiu, qual seja, descrever o quanto os fatores sociais, mais especificamente os familiares, influenciaram no crescimento profissional destas mulheres, executivas e empreendedoras. Entretanto, este estudo é sobre a percepção das próprias mulheres, uma limitação do trabalho, uma vez que não foram entrevistados os familiares destas. Além disso, novas pesquisas para aprofundar sobre a importância dos fatores sociais e pessoais no sucesso de carreira se fazem necessárias. Outra contribuição deste artigo é a pesquisa com um público muitas vezes inacessível, no caso das executivas.
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Autor notes