GROUNDED THEORY: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM ADMINISTRAÇÃO NO PERÍODO DE 2000 A 2014

GROUNDED THEORY: AN ANALYSIS OF BRAZILIAN SCIENTIFIC PRODUCTION IN BUSINESS ADMINISTRATION FROM 2000 TO 2014

GROUNDED THEORY: UN ANÁLISIS DE LA PRODUCCIÓN CIENTÍFICA BRASILEÑA EN ADMINISTRACIÓN EN EL PERÍODO DE 2000 A 2014

Alexandre Ramires de Castro
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil
Lisiane Machado
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil

GROUNDED THEORY: UMA ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA BRASILEIRA EM ADMINISTRAÇÃO NO PERÍODO DE 2000 A 2014

Revista Alcance, vol. 24, núm. 2, pp. 258-271, 2017

Universidade do Vale do Itajaí

Recepção: 27/06/2016

Aprovação: 22/06/2017

Resumo: A Grounded Theory surge como um caminho para a geração de teorias, desenvolvendo um estilo único que viesse atender esta questão. Após quase 50 anos de utilização nas ciências sociais, como estão os resultados das pesquisas feitas por meio da Grounded Theory no Brasil? A pesquisa é de abordagem qualitativa, de nível descritivo, baseada em investigação bibliográfica na construção do referencial teórico e de levantamento bibliométrico de 20 artigos (com classificação entre A1 e B1), encontrados em periódicos científicos nacionais e nos anais dos congressos da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), publicados entre 2000 e 2014, que indicaram utilizar o método no desenvolvimento de pesquisa empírica publicada para a geração de novas teorias. Dentre os principais resultados, a conclusão é que a Grounded Theory como método de pesquisa nos artigos analisados não é aplicada de maneira uniforme, embora os autores tenham empregado as etapas e os princípios básicos que mantiveram a essência do método. Observou-se que a maioria dos artigos foram planejados e executados com base nos procedimentos metodológicos propostos pelo método, embora tenham desconsiderado alguns princípios elementares na sua construção. Todos os artigos analisados neste estudo não produziram uma teoria propriamente dita; mas sim produziram aproximações teóricas.

Palavras-chave: Grounded Theory, Método de pesquisa, Pesquisa bibliográfica.

Abstract: Grounded Theory emerged as a way of generating theories; of developing a unique style that was able to fill the can fill the gap between "theoretically disinterested empirical research" and "empirically disinterested theories", proposing a way that would be solve this question. After about 50 years of use in the social sciences, what have been the results of research carried out using grounded theory in Brazil? The research uses a qualitative, descriptive approach, based on bibliographic research and on the construction of the theoretical framework and a literature review of 20 articles (with classification of between A1 and B1) published in national scientific journals and in the Annals of congresses of the National Association for Postgraduation and Research in Administration (ANPAD) published between 2000 and 2014, that indicated the use of this method in the development of empirical research published to generate new theories. Among the main results, it is concluded that grounded theory, as a research method in the articles analyzed, is not applied uniformly, though the authors have used the steps and basic principles that have maintained the essence of the method. It was observed that most of the articles were planned and executed based on methodological procedures proposed by the method; although the authors have failed to consider some basic principles in the construction of these articles. All the articles analyzed in this study have not produced an actual theory, but rather, theoretical approaches.

Keywords: Grounded Theory, Research method, Literature review.

Resumen: La Grounded Theory surge como un camino para la generación de teorías, desarrollando un estilo único para atender a esta cuestión. Después de casi 50 años de utilización en las ciencias sociales, ¿cómo están los resultados de las investigaciones realizadas por medio de la Grounded Theory en Brasil? El estudio es de abordaje cualitativo, de nivel descriptivo, basado en investigación bibliográfica para la construcción del marco teórico y de análisis bibliométrico de 20 artículos (con clasificación entre A1 y B1), encontrados en periódicos científicos nacionales y en los Anales de los Congresos de la Asociación Nacional de Posgrado e Investigación en Administración (ANPAD) publicados entre 2000 y 2014, que mostraron utilizar ese método en el desarrollo de investigaciones empíricas publicadas para la generación de nuevas teorías. Entre los principales resultados, la conclusión es que la Grounded Theory como método de investigación en los artículos analizados, no es aplicada de manera uniforme, aunque los autores hayan respetado las etapas y los principios básicos que mantuvieron la esencia del método. Se observó que la mayoría de los artículos fueron planeados y ejecutados en base a los procedimientos metodológicos propuestos por el método, aun cuando hayan desconsiderado algunos principios elementales en su construcción. Ninguno de los artículos analizados en este estudio resultó en una teoría propiamente dicha, pero sí en aproximaciones teóricas.

Palabras clave: Grounded Theory, Método de investigación, Investigación bibliográfica.

1. INTRODUÇÃO

Na abordagem da Grounded Theory, a teoria é emergente e a descoberta ocorre a partir dos dados analisados em um estilo de pesquisa qualitativa que busca gerar novas teorias por meio de alguns elementos básicos, como conceitos, categorias e propriedades. A sua proposta, desde o lançamento, em 1967, é interessante, pois tem o objetivo de buscar um equilíbrio entre a teoria existente e o aprendizado a partir dos dados coletados empiricamente e, apesar de estruturado, o método é flexível.

Em 1967, os sociólogos americanos Barney Glaser e Anselm Strauss estavam preocupados em desenvolver uma metodologia, uma forma ou um estilo de se fazer pesquisa, que fosse capaz de preencher o espaço existente entre o que eles chamaram de “pesquisas empíricas teoricamente desinteressadas” e de “teorias empiricamente desinteressadas”, que predominavam nas ciências sociais naquela época; pois o demasiado esforço em pesquisa nesta área havia sido concentrado em apenas validar teorias existentes, e muito pouco estava sendo feito no sentido de construir novas teorias (CHARMAZ, 2006).

Os objetivos de Glaser e Strauss eram encontrar meios de gerar teorias, a partir da coleta e da observação de dados e fenômenos, pois acreditavam que era preciso observar in loco a movimentação dinâmica dos fatos e deixar que estes dados falassem sobre o fenômeno, guiando todo o processo de pesquisa e descreveram todo este desenvolvimento do processo no artigo intitulado The Discovery of Grounded Theory (GLASER; STRAUSS, 1967).

O presente estudo tem como objetivo, de um ponto de vista crítico-analítico, verificar como está a aplicabilidade do método em pesquisas brasileiras na área de Administração. Para tal empreendimento, foi realizado um levantamento bibliométrico dos artigos publicados conforme listagem do sistema QUALIS da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (2015), com classificação entre A1 e B1, e artigos científicos publicados nos Anais dos congressos da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), publicados entre 2000 e 2014, que indicaram utilizar o método no desenvolvimento da pesquisa empírica publicada para geração de novas teorias.

O estudo tem como referência a pesquisa realizada por Jacobus, Souza e Bitencourt (2012), os quais observaram a utilização da Grounded Theory em periódicos com índice de impacto relevante em periódicos estrangeiros. Neste estudo, os pesquisadores observaram que alguns aspectos chamaram a atenção, e foi elaborada então uma investigação para indicar se autores que utilizaram a Grounded Theory garantiriam um mínimo grau de estabilidade ao conceito da teoria de Grounded Theory.

Assim sendo, os questionamentos para a investigação, conforme Jacobus, Souza e Bitencourt (2012, p. 2), foram:

[...] quais são as diferenças entre as concepções de autores como Glaser, Strauss, Corbin e Charmaz? Para além dessas diferenças, existe ainda um nível de convergência que garante um mínimo grau de estabilidade ao conceito de ‘grounded theory’? As aplicações da ‘grounded theory’ nos estudos organizacionais e sobre administração refletem as diferenças conceituais? Existe coerência entre as práticas metodológicas e os preceitos vinculados a ‘grounded theory’? Além dessas, outras perguntas são pertinentes para quem se interessa em saber como se dá a aplicação dessa metodologia: Para que tipos de problemas a ‘grounded theory’ está sendo empregada? Quais as justificativas dos autores para sua utilização?

Diante do contexto apresentado, tem-se a seguinte questão de pesquisa: Como a Grounded Theory tem sido aplicada nos estudos na área de Administração no Brasil, por meio de relatos de pesquisas empíricas em que o método foi empregado?

Refletindo, portanto, sobre os aspectos mencionados anteriormente, tem-se como principais desdobramentos deste questionamento: Como a realidade da pesquisa brasileira em Administração estaria? Esta abordagem estaria sendo utilizada? Quais as justificativas dos autores para a utilização da Grounded Theory como meio de pesquisa? Houve alguma preocupação dos pesquisadores brasileiros em diminuir o risco da tendenciosidade das informações? Foi explicitado o empenho em detalhar o processo de codificação? É perceptível o emprego constante do método comparativo nos estudos brasileiros? Foi utilizada somente a Grounded Theory, ou esta foi utilizada em conjunto com outro método de pesquisa? Os estudos foram qualitativos ou quantitativos? Qual a relação entre revisão de literatura, etapas de coleta e de análise dos dados nas publicações nacionais? E fundamentalmente o propósito original da Grounded Theory em gerar teoria foi realmente considerado pelos autores brasileiros?

A estrutura deste artigo tem o propósito de, primeiramente, apresentar um sucinto histórico da origem e do desenvolvimento da Grounded Theory, pois o mesmo já foi amplamente apresentado e discutido em vários artigos (GLASER; HOLTON, 2004; SHAH; CORLEY, 2006; CHARMAZ, 2006; PETRINI; POZZEBON, 2008; JACOBUS; SOUZA; BITENCOURT, 2012; GLASER, 2014). Após, apresentam-se os métodos e os procedimentos utilizados para a verificação da Grounded Theory nos estudos analisados, sendo apresentado o levantamento realizado sobre a produção acadêmica contemporânea brasileira de Administração para visualizar de forma abrangente como a Grounded Theory tem sido aplicada. Por fim, apresentam-se as análises e as considerações dos resultados obtidos com a aplicação dos procedimentos metodológicos adotados.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta seção apresentam-se os conceitos abordados para a composição do referencial teórico deste estudo. A Grounded Theory é um método de pesquisa qualitativa, tendo como foco específico inicial o desenvolvimento de teorias por meio de uma contínua interdependência entre a coleta e a análise de dados.

Na Grounded Theory a pesquisa inicia focando na área de estudo e definindo a questão de pesquisa. A seguir, inicia-se a captura dos dados (data collection) de diferentes formas, incluindo observações de campo e entrevistas. Uma vez capturados, os dados são analisados utilizando o método da comparação constante (constant comparison), seguido de procedimentos da codificação (coding) e da amostra teórica (theoretical sampling); assim, por meio deste processo, teorias são geradas. A geração e o desenvolvimento destes elementos ocorrem por meio de um processo interativo, ou seja, não são gerados a priori e testados subsequentemente (GLASER; STRAUSS, 1967). Portanto, a ênfase da Grounded Theory é o aprendizado a partir dos dados e não a partir de uma visão teórica existente.

Glaser e Strauss entendiam que as duas tradições (a interpretativista e a positivista) compartilhavam a mesma limitação, pois não integravam a teoria e a pesquisa empírica. A tradição da pesquisa quantitativa tinha alcançado o êxito na resposta ao desafio de testar teorias, com gradual aperfeiçoamento da metodologia de verificação (GLASER; STRAUSS, 1967), permanecendo, todavia, uma inércia quanto ao desenvolvimento da capacidade de produzir teorias a partir desta abordagem de pesquisa. A superação dessa lacuna não poderia vir, conforme estes autores, com a fiel aplicação dos princípios vinculados a uma metodologia cujo enfoque é a verificação, e não a criação de teorias.

Os autores continuaram desenvolvendo e aprimorando o método, mas cada um passou a seguir um caminho próprio, inclusive com divergências sobre o assunto. Strauss faleceu em 1996, o que fez diminuir, em parte, o acirrado debate sobre as diferenças dos caminhos escolhidos por ele e por Glaser (GLASER, 1978; GLASER, 1992; GLASER; HOLTON, 2004; STRAUSS; CORBIN, 1990; STRAUSS; CORBIN, 1994; STRAUSS; CORBIN, 1997). Após estes debates, outros livros e artigos desenvolveram e aprimoraram o método.

Utilizado para a pesquisa em ciências sociais, uma prática indutiva para a descoberta de teorias, essa perspectiva indutiva surgiu, em parte, pela insatisfação dos autores com a predominância das práticas hipotético-dedutivas nas pesquisas sociológicas; assim, as características marcantes do método (GLASER, 1978) são: i) a proposta principal é a construção da teoria e não somente a codificação de dados; ii) como regra geral, o pesquisador não deve definir um quadro conceitual que antecede ao início da pesquisa. Essa premissa é definida para garantir que os conceitos possam emergir sem viés conceitual predefinido, e sim a partir dos dados analisados sistematicamente; iii) a análise e a conceitualização são obtidas com a ajuda de procedimentos interpretativos por meio do processo principal de coleta de dados e comparação constante, no qual cada fatia de dados é comparada com construtos e conceitos existentes, visando enriquecer uma categoria existente, formar uma nova ou estabelecer novos pontos de relação entre categorias, antes de serem finalmente formalizados e apresentados.

A Grounded Theory não tinha a intenção, por parte de seus autores, em substituir um paradigma, mas em preencher uma lacuna, dialogando com os paradigmas já existentes. De forma explícita existe o diálogo entre o tradicional e o novo nesta abordagem:

A teoria deveria fornecer claras e suficientes categorias e hipóteses, de forma que aquelas consideradas cruciais pudessem ser verificadas em pesquisas atuais e futuras; elas devem ser claras de forma a serem facilmente operacionalizadas em estudos quantitativos quando estes forem apropriados. (GLASER; STRAUSS, 1967, p. 3).

A Grounded Theory também não foi definida por seus autores como uma solução para todas as questões de pesquisa existentes, sendo mais indicada para a construção teórica com o objetivo de responder questões de pesquisa para “explorar novas áreas, buscar revelar processos, entender fenômenos que estão pouco compreendidos, entender variáveis não especificadas, ligações mal estruturadas ou examinar variáveis que não podem ser examinadas por meio da experimentação” (SHAH; CORLEY, 2006, p. 1827).

O resultado final da utilização da Grounded Theory na pesquisa é a teoria (que emerge dos dados), é um consenso de interpretações, uma construção com as vozes dos envolvidos e do pesquisador (MELLO, 2014).

O método da comparação constante (constant comparison) é o coração do processo, habilitando a geração da teoria por meio da codificação sistemática e de procedimentos de análise. Primeiramente, o pesquisador compara as entrevistas (ou outros dados), objetivando a emergência da teoria. Os resultados da comparação são codificados (coding), identificando as categorias (equivalente a temas) e as suas propriedades (subcategorias) (STRAUSS; CORBIN, 1990). Deste processo pode-se observar que, ao codificar, surgem certas proposições teóricas.

As categorias emergem dos dados e o pesquisador procura adicionar à sua amostra dados que aumentem a diversidade, visando desenvolver e fortalecer a teoria emergente. Este processo (conjunto de princípios) se propõe a guiar os pesquisadores, aproximando desta forma a teoria e a pesquisa empírica especialmente no campo das ciências sociais, e ainda mais ousadamente propicia a geração de novas teorias a partir da pesquisa; teorias estas sustentadas, fortalecidas e ampliadas pelos dados das pesquisas empíricas, criando uma recursividade que visa gerar o arcabouço para a sustentação das teorias geradas, mesmo frente a novas fontes de dados.

3. MÉTODOS E PROCEDIMENTOS DA PESQUISA

Esta etapa do processo de investigação científica tem como finalidade apresentar e descrever os procedimentos metodológicos empregados para atender à proposta de pesquisa do estudo. Para fundamentá-lo teórico-empiricamente, desenvolveu-se uma pesquisa com abordagem qualitativa, de nível descritivo, baseada em investigação bibliográfica na construção do referencial teórico e de levantamento bibliométrico de 20 artigos encontrados em periódicos científicos nacionais e nos Anais dos congressos da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), no período de 2000 a 2014, sobre pesquisas empíricas que empregaram o método Grounded Theory em estudos na área de Administração no Brasil.

Os procedimentos metodológicos do estudo foram organizados em quatro etapas: a) construção do referencial teórico sobre Grounded Theory; b) escolha das fontes de pesquisa para realizar a busca dos artigos; c) busca e seleção dos artigos nas bases de dados conforme critérios estabelecidos; e d) análise descritiva dos artigos empíricos que mencionam o uso de tal método (Figura 1).

Resumo das etapas do procedimento metodológico
Figura 1
Resumo das etapas do procedimento metodológico
Fonte: Elaborada pelos autores.

A primeira etapa consistiu na elaboração do referencial teórico, em que foram abordados os principais autores sobre o método investigado. A seguir, procedeu-se à escolha das fontes de pesquisa para realizar a busca dos artigos sobre a temática em questão. Foram utilizados artigos de periódicos científicos nacionais, conforme listagem do sistema Qualis da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (2015), com classificação entre A1 e B1, e artigos científicos publicados nos Anais dos congressos da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), os mais importantes e destacados congressos brasileiros da área.

Como critério para a localização dos artigos, inicialmente, realizou-se uma busca nas bases de dados de pesquisa selecionadas com a palavra-chave “Grounded Theory” em seu “resumo” ou “abstract”. Após, para certificar-se da existência ou não de demais artigos, fez-se uma busca selecionando o item “texto completo” com a mesma palavra-chave. Cabe ressaltar que foram selecionados apenas os artigos com relatos empíricos e com temas relacionados à grande área da Administração. Foram desconsiderados os artigos teóricos que tratavam apenas de apresentar a Grounded Theory como um método a ser empregado em estudos no contexto da Administração ou que apenas citavam o termo de busca mencionado; além disso, nos artigos que foram publicados tanto no periódico científico quanto no congresso, optou-se em analisar o que foi publicado no periódico.

Ao todo, considerando o período de 2000 a 2014, foram selecionados 20 artigos, sendo 16 em periódicos científicos e quatro em congressos. Destes, um artigo foi publicado no ano de 2002; um artigo, em 2004; dois artigos, em 2007; cinco artigos, em 2008; um artigo, em 2009; três artigos, em 2010; três artigos, em 2011; um artigo, em 2012; dois artigos, em 2013; e um artigo, em 2014. Observa-se que nos últimos cinco anos foram publicados 11 artigos, o que evidencia uma crescente aplicabilidade deste método em pesquisas científicas brasileiras. Quanto à distribuição dos artigos por periódico: oito são Qualis A2, representados por BAR – Brazilian Administration Review (1), O&S - Organizações & Sociedade (4), RAC - Revista de Administração Contemporânea (2) e RAE - Revista de Administração de Empresas (1); e oito são Qualis B1, representados por Base Unisinos (2), Faces: Revista de Administração (1), RAM – Revista de Administração Mackenzie (1) e Revista de Administração da UNIMEP (1). Já no que se refere aos congressos três artigos foram publicados nos Anais do Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração (EnANPAD) e um artigo nos Anais do Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD (EnEO).

A aplicação do método Grounded Theory nos 20 artigos analisados contemplou temas diversos, entre os quais se destacam: estratégia organizacional (3), sustentabilidade (2), marketing (2), consumo (2), inovação tecnológica e vantagem competitiva, processo orçamentário, conhecimento organizacional, mudança organizacional tecnológica, implementação de e-learning em instituições de ensino, consórcios de exportação, aprendizagem organizacional, sistema de informação, pesquisa de imagem organizacional, carreira e qualidade de vida dos colaboradores, todos com um artigo. No Quadro 1, apresentam-se os artigos analisados organizados por classificação Qualis e área temática.

Quadro 1
Artigos Classificação e Área Temática
Artigos Classificação
e Área Temática
Fonte: Elaborado pelos autores.

A estruturação do instrumento de coleta de dados – o formulário de dados – foi planejada de forma a registrar e categorizar os dados dos artigos selecionados diante da aplicação da abordagem metodológica Grounded Theory (ver Apêndice), por meio de um roteiro, com base em algumas questões propostas por Jacobus, Souza e Bitencourt (2012) em seu estudo sobre o emprego deste mesmo método em artigos internacionais. O roteiro permitiu investigar:

A próxima seção tem por objetivo apresentar e discutir a análise realizada nos artigos selecionados.

4. GROUNDED THEORY APLICADA À ÁREA DA ADMINISTRAÇÃO: UMA ANÁLISE DOS ARTIGOS PUBLICADOS NO CONTEXTO BRASILEIRO

Conforme já mencionado anteriormente, a presente pesquisa baseou-se em algumas questões norteadoras propostas por Jacobus, Souza e Bitencourt (2012) em seu estudo sobre o emprego da Grounded Theory como método de pesquisa em artigos internacionais. Esta seção tem por objetivo apresentar e discutir a análise realizada em artigos brasileiros selecionados de acordo com o proposto na seção de métodos e procedimentos.

Após identificar a área temática (Quadro 1) de cada um dos artigos selecionados, verificaram-se as justificativas ou os motivos dos autores a empregar o método Grounded Theory em suas pesquisas. Dos 20 artigos selecionados, apenas um não apresentou uma justificativa explícita para o uso do método Grounded Theory. A maioria dos artigos justifica o seu emprego mencionando a possibilidade de desenvolvimento e geração de teorias que se baseiam nos dados de coleta do estudo (BACELLAR; IKEDA, 2007; ZILBER; PEREZ; LEX, 2009, SARAIVA et al., 2011; VASCONCELOS; PINOCHET, 2002; SANTOS; BANDEIRA-DE-MELLO, 2008; CRUZ; ZOUAIN, 2008; PINTO; PEREIRA, 2014; ANTONELLO, 2007; CARISIO et al., 2008; OLIVEIRA, 2010; MACHADO; AGUIAR, 2011). Para ilustrar, Oliveira (2010) afirma que a possibilidade de construção de teoria, modelos e proposições técnicas foram consideradas na escolha do método. Outra justificativa foi de que a aprendizagem emerge a partir de dados [coletados] e não inicia a partir de um ponto teórico já existente (PETRINI; POZZEBON, 2010). As autoras Petrini e Pozzebon (2008) enfatizam que a escolha se referiu à ênfase do aprendizado da Grounded Theory emergir a partir dos dados e não a partir de uma visão teórica existente, buscando um equilíbrio entre a teoria existente e o aprendizado a partir dos dados. Os autores também mencionam, por exemplo, que por se tratar de uma metodologia aplicada para gerar teoria, esta é uma opção quando pouco se conhece sobre um determinado assunto ou para prover uma nova abordagem a um conhecimento já existente, mas ainda não completamente estruturado (ZILBER; PEREZ; LEX, 2009). Outro ponto relevante mencionado é que os relatos de estudos empíricos contribuem para a disseminação da Grounded Theory como método de pesquisa, incentivando outros pesquisadores brasileiros a empregá-la (PINTO; SANTOS, 2012) e “pelo fato de encorajar a criatividade e a descoberta de problemas multifacetados e relevantes para os envolvidos, ao mesmo tempo que atenua a subjetividade do pesquisador” (BANDEIRA-DE-MELLO; CUNHA, 2004, p. 160).

Alguns autores destacam o rigor metodológico do método quanto à coleta, à análise e à consequente geração de teoria, visto que “por oferecer uma série de procedimentos que aumentam a credibilidade dos resultados e possibilitam sua posterior verificação e escrutínio público; por ser um método interpretativista que se preocupa em explicar a ação coletiva como resultado da intersubjetividade dos indivíduos e suas relações com o ambiente e a sociedade” (BANDEIRA-DE-MELLO; CUNHA, 2004, p. 160). Percebe-se com a leitura dos artigos analisados o cuidado dos autores em apresentar a justificativa para o emprego do método Grounded Theory, com a finalidade de deixar claro ao público leitor suas escolhas e intenções de pesquisa. Entende-se que, por se tratar de um método qualitativo pouco empregado na área de Administração, a maioria dos autores tem a preocupação de justificar a sua escolha metodológica considerando também o fato de que esta tem um rigor metodológico diferenciado a ser executado em todo o processo de pesquisa.

A maioria dos artigos analisados empregou em seus estudos outro método de pesquisa além da Grounded Theory (12). Dentre os outros métodos, destacam-se o estudo de caso único (4), o estudo de caso múltiplo (3), a etnografia (3), o survey (1) e a combinação de pesquisa bibliográfica, documental e estudo de campo (1); tendo como unidades de análise organizações (10), indivíduos (7), setor (1), grupo (1) e consórcio exportador (1). Por exemplo, Santos e Bandeira-de-Mello (2008) mencionam que desenvolveram um estudo de caso simples com a intenção de geração de teoria substantiva pelo método da Grounded Theory, combinado com uma abordagem processualista do estudo da mudança estratégica em uma organização do setor metal-mecânico. Quanto ao emprego do método etnográfico, Pinto e Santos (2012) destacam que, como o objetivo de seu estudo era desvendar as experiências de consumo de um grupo de consumidores, achou-se adequada a utilização de alguns elementos da etnografia para conduzir o trabalho de campo, visto que esta ofereceria dar oportunidade aos pesquisadores vivenciar o campo e o dia a dia dos consumidores no seu ambiente e construir um conhecimento comum a ambos; já na Grounded Theory possibilitaria ao pesquisador ir além das descrições tão comuns nos estudos etnográficos, com a construção de uma teoria focada naquela situação de consumo específica. Assim, neste sentido, percebeu-se nos exemplos mencionados que as abordagens de estudo de caso e de etnografia complementaram o método Grounded Theory e vice-versa na realização das pesquisas.

A preocupação com a confiabilidade das análises, isto é, se os autores se preocuparam em diminuir o risco de tendenciosidade das informações utilizando direta ou indiretamente a triangulação de dados, é evidenciada em 12 dos 20 artigos analisados. A maioria dos artigos utiliza duas ou mais técnicas de coletas de dados, em que as entrevistas (semiestruturada e não estruturada) são as mais empregadas e complementadas pelo uso de documentos (relatórios, balanços sociais, jornais, revistas, fôlderes, vídeos e fotografias) e observação (direta e participante). Além destas, foram empregadas outras técnicas de coleta de dados, como questionário, trabalho bibliográfico, diário de campo e grupo focal. Pinto e Santos (2012), por exemplo, investigaram a forma como os consumidores brasileiros oriundos das classes mais populares vivenciam suas experiências de consumo de produtos eletrônicos. Para isso, empregaram como técnicas de coletas de dados a entrevista e a observação, as quais foram conduzidas informalmente nas visitas que foram feitas às casas dos moradores. Eles comentam ainda que, à medida que a fase de coleta de dados avançava, as observações tornavam-se mais focadas e diante da riqueza de detalhes que emergiram, os principais aspectos de cada situação foram registrados em diários de campo, nos quais, além dos acontecimentos e das descrições, havia a preocupação em descrever os sentimentos do pesquisador e algumas interpretações que julgavam pertinentes, tanto ao dia a dia dos informantes quanto aos seus discursos e práticas. Portanto, percebe-se nesse relato que as três técnicas foram empregadas em modo de complementaridade na coleta de dados e informações.

Com os artigos analisados, percebeu-se que os autores se preocuparam em detalhar o processo de codificação existente na Grounded Theory e a análise dos dados, visto que isto foi demonstrado em 16 dos 20 artigos analisados. Observa-se que a maioria dos artigos (19) empregou a técnica de análise de conteúdo em suas pesquisas. Também foi empregada a técnica análise de discurso e a análise estatística. O artigo de Bandeira-de-Mello e Cunha (2004), por exemplo, comenta que o seu processo de codificação foi divido em três fases não lineares: codificação aberta, axial e seletiva. Os autores ainda relataram que, após identificar as categorias conceituais pela codificação aberta, a codificação axial examinou as relações entre categorias e subcategorias para explicitar causas e efeitos, condições intervenientes e estratégias de ação, que foram relacionadas em proposições; por fim, a codificação seletiva refinou e integrou todos os resultados, possibilitando a identificação da categoria central da teoria. Outro exemplo que cabe ser mencionado é o artigo de Santos e Bandeira-de-Mello (2008), no qual os autores informam que, no total, foram gerados 137 códigos, 545 citações e 41 notas de análise; sendo que destes, 129 são códigos de primeira ordem, diretamente ligados às citações, e oito são construtos teóricos abstratos e todos os códigos emergiram dos dados, e todas as categorias foram definidas por meio de exame detalhado dos dados. Pinto e Santos (2012, p. 426) também comentam que:

... o processo foi divido em três etapas: aberta, axial e seletiva. A codificação aberta envolveu a quebra, análise, comparação, conceituação e categorização dos dados. Após a identificação de categorias conceituais pela codificação aberta, a codificação axial examinou as relações entre categorias e subcategorias. Por fim, a codificação seletiva refinou todo o processo, identificando a categoria central da teoria, com a qual todas as outras estão relacionadas.

O pesquisador, ao apresentar passo a passo o detalhamento da sua pesquisa, permite que, futuramente, esta possa ser replicada em contextos diversos. Além disso, quanto mais claro ficar para o leitor este detalhamento, mais há garantias da validade e da fidedignidade da pesquisa, ou seja, está relacionado ao rigor científico esperado, o qual envolve cuidados para garantir conclusões válidas de acordo com a questão de pesquisa estabelecida.

Como parte do processo da Grounded Theory, observou-se que os autores se preocuparam em apresentar frameworks teóricos nos estudos analisados, sendo isso evidenciado em 14 artigos analisados. Os autores, na maioria dos artigos, referiram-se a modelos teóricos ou esquemas. Por exemplo, Freitas e Bandeira-de-Mello (2013), que investigaram a implementação de e-learning em sete instituições de ensino, mencionam que em seu estudo são identificadas as categorias resultantes para integrá-las em um modelo teórico que pretende explicar o processo de acordo com a interpretação da fala dos gestores. Como mencionado no artigo de Petrini e Pozzebon (2008), o modelo teórico contribuiu destacando a interconexão entre as categorias e as propriedades, ajudando a entender melhor como fatores influentes facilitam a integração da sustentabilidade de uma forma lógica e coerente na empresa em estudo. Entende-se que a construção de um modelo teórico é importante para que se visualize o desenho gráfico da pesquisa e que este possa explicar, por exemplo, a relação existente entre as categorias de análise e os construtos teóricos.

A maioria dos artigos (15) descreve o detalhamento do processo específico adotado para conseguir a partir da codificação, até chegar à produção de uma nova contribuição teórica. Observa-se que um destes artigos apresenta o detalhamento do processo, mas não o nomeia como codificação, apenas como categorias (CRUZ; ZOUAIN, 2008). Conforme Petrini e Pozzebon (2008), em seu estudo, os dados foram lidos e categorizados em conceitos sugeridos pelos próprios dados. As autoras empregaram a técnica de análise “coding” (codificação), que reside em identificar possíveis categorias, suas propriedades e relacionamentos. Assim, os temas deram origem às categorias e os conceitos às propriedades ou subcategorias, estabelecendo o relacionamento entre elas (codificação axial); neste momento, as primeiras proposições teóricas ocorreram, iniciando a elaboração dos mesmos. Enfim, esse processo foi realizado para cada caso investigado e a cada caso as experiências eram sistematicamente comparadas entre si. O artigo de Ikeda e Bacellar (2008), por exemplo, descreve os achados, porém não os relacionam com a teoria.

No que se refere à comparação constante (método comparativo) entre os insights empíricos emergentes e a teoria do estudo, a maioria dos artigos analisados (14) apresenta esta etapa. Por exemplo, Pinto e Santos (2012, p. 421) ensinam que fazer comparações é essencial para a análise dos dados na Grounded Theory e

... não apenas para identificar e classificar incidentes (comparação incidente-incidente), mas também para estimular a reflexão sobre propriedades e dimensões de categorias conceituais mais ‘densas’ (comparação teórica) e, para (re)direcionar a amostragem teórica do estudo. O método de comparação constante - envolvido no processo simultâneo de coleta, codificação e categorização dos dados - pode ser dividido, basicamente, em dois grandes tipos de comparação: incidente-incidente e teórica.

Dos 20 artigos analisados, 18 estudos tratam os dados como qualitativos e apenas dois estudos apresentam dados quantitativos (TACHIZAWA, 2010; MACHADO; AGUIAR, 2011). O que efetivamente se confirma é que no contexto brasileiro o emprego da Grounded Theory é mais empregado em estudos qualitativos do que quantitativos, isto é, o foco foi direcionado à abordagem qualitativa nos estudos analisados.

Conforme observou Jacobus, Souza e Bitencourt (2012), embora os fundadores da Grounded Theory tenham aconselhado a revisarem a literatura apenas após terem realizado sua própria análise dos dados, eles não estabeleceram essa sugestão como um dogma. Observou-se que 15 dos 20 artigos analisados apresentaram a revisão de literatura antes de tratar da coleta e da análise dos dados. Os demais artigos (5) não apresentaram justificativas quanto à estruturação do artigo com a revisão de literatura após a análise dos dados. Acredita-se que os autores seguem os moldes de estruturação padrão, visto que a maioria das revistas e dos congressos tem um layout padrão de formatação de artigos.

Nos artigos analisados, a maioria dos autores (13) não apresentou proposições em seus estudos. Apenas sete estudos apresentaram proposições; porém cabe comentar que dois destes estudos são qualitativos e mencionam hipótese em vez de proposição.

A Grounded Theory foi idealizada não para testar teorias, mas para gerá-las (GLASER; STRAUSS, 1967). No entanto, percebeu-se que todos os artigos analisados neste estudo não produziram uma teoria propriamente dita, ou seja, uma teoria plena, mas sim produziram aproximações teóricas, sendo que três artigos podem ser classificados como aproximações teóricas superficiais (CRUZ; ZOUAIN, 2008; IKEDA; BACELLAR, 2008; MACHADO; AGUIAR, 2011). Contudo, cabe ressaltar o esforço dos pesquisadores em aplicar em seus estudos empíricos um método como a Grounded Theory; pois estas iniciativas contribuem para encorajar outros pesquisadores a investirem na aplicação deste e de outros métodos complementares em seus estudos, a relacionar o que emerge do campo de pesquisa com as teorias já existentes; além de promover a disseminação e o entendimento de que os procedimentos metodológicos tanto de coleta quanto de análise de dados são fundamentais para garantir o rigor científico da pesquisa e, posteriormente, a possibilidade de replicação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização desta pesquisa compreendeu o desafio de investigar como a Grounded Theory tem sido aplicada nos estudos na área de Administração no Brasil por meio de relatos de pesquisas empíricas em que o método foi empregado, baseando-se no desdobramento dos principais questionamentos propostos no artigo de Jacobus, Souza e Bitencourt (2012).

Portanto, realizou-se um levantamento dos artigos publicados entre 2000 e 2014, em periódicos de revistas conforme a listagem do sistema Qualis da CAPES, com classificação entre A1 e B1 e artigos científicos publicados nos Anais dos congressos da ANPAD, sendo selecionados 20 artigos para análise, considerando que os autores empregaram o método Grounded Theory em seus estudos.

Dentre os principais resultados que emergiram desta investigação, destaca-se que os estudos empíricos analisados apontam que a Grounded Theory como método de pesquisa não é aplicada de maneira uniforme, embora os autores tenham empregado as etapas e os princípios básicos que mantiveram a essência do método. Assim, entende-se que a maioria dos artigos analisados tem planejamento e execução baseados nos procedimentos metodológicos propostos pela Grounded Theory, embora os autores tenham desconsiderado alguns princípios elementares na sua construção. Assim, os estudos analisados não produziram efetivamente uma teoria plena, mas sim produziram aproximações teóricas.

Destaca-se que a proposta principal da Grounded Theory é a construção da teoria e não somente a codificação de dados (GLASER, 1978). Apesar da maioria dos artigos analisados (14) apresentarem a descrição do método de comparação constante que habilita a geração da teoria por meio da codificação sistemática e de procedimentos de análise, neste processo pode-se observar que, ao codificar, surgem proposições ou hipóteses. Portanto, o fato da maioria dos artigos (13) não apresentarem proposições em seus estudos e as ocorrências de confusão no emprego dos termos proposição e hipóteses em outros estudos (2), podem ser considerados como uma falha para atingir o resultado final da utilização da Grounded Theory em pesquisas, que é a geração de teoria plena.

Dessa forma, ressalta-se a importância da definição de proposições para o estudo (definidas de forma qualitativa) ou hipóteses de pesquisa (definidas de forma quantitativa), sendo que ambas se referem a possíveis respostas para a questão de pesquisa, as quais se pretendeu testar, verificar ou demonstrar a veracidade, por exemplo. A coleta de dados permite testar as proposições e as hipóteses. Os dados coletados produzem evidências ou não para responder à questão de pesquisa proposta. No entanto, se uma proposição ou uma hipótese testada for rejeitada, esta deve ser revista ou reformulada. Já em situação de aprovação podem gerar um novo conhecimento ou uma nova teoria.

Cabe ainda comentar que podem ocorrer algumas limitações no presente estudo, pois os autores podem ter suprimido alguma informação pertinente, visto que grande parte dos artigos analisados estão vinculados a pesquisas mais amplas e que, para a publicação em revistas e congressos, são adequados de acordo com a formatação padrão de submissão destes. Outro fator de limitação se refere à interpretação dos termos e das palavras empregados no método, tanto por parte dos autores dos artigos quanto dos pesquisadores deste estudo.

Como sugestões de pesquisas futuras indica-se que o levantamento dos artigos brasileiros realizado neste estudo seja comparado, qualitativamente e/ou quantitativamente, com o estudo realizado por Jacobus, Souza e Bitencourt (2012), o qual tratou da análise de artigos internacionais quanto ao emprego do método Grounded Theory.

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APÊNDICE - FORMULÁRIO: ROTEIRO PARA COLETAR OS DADOS DE ANÁLISE DOS ARTIGOS SOBRE GROUNDED THEORY


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