MÍDIA SOCIAL E FELICIDADE: PERSPECTIVAS A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS DE VIAGEM
SOCIAL MEDIA AND HAPPINESS: PERSPECTIVES BASED ON TRAVEL EXPERIENCES
MEDIOS SOCIALES Y FELICIDAD: PERSPECTIVAS A PARTIR DE LAS EXPERIENCIAS DE VIAJE
MÍDIA SOCIAL E FELICIDADE: PERSPECTIVAS A PARTIR DE EXPERIÊNCIAS DE VIAGEM
Revista Alcance, vol. 27, núm. 1, pp. 33-46, 2020
Universidade do Vale do Itajaí
Recepção: 27/02/2019
Aprovação: 17/10/2019
Resumo: É constante a busca pelo entendimento do papel das redes sociais na vida das pessoas e o que a intensidade de seu uso representa. No que se refere às viagens, existem estudos acerca do compartilhamento, na internet, das experiências vivenciadas pelos viajantes, apontados por Ek Styvén e Foster (2018), Jadhav et al. (2018), Sedera et al. (2017), Sigala (2016), Bilgihan et al. (2016), Munar e Jacobsen (2014), e o quanto as viagens contribuem para a elevação da sua autoestima e felicidade, visto por Olague de La Cruz, Flores Villanueva e Garza Villegas (2017), McCabe e Johnson (2013) e Abou-Zeid e Ben-Akiva (2012). O presente estudo visa compreender a relação entre a felicidade e o uso das redes sociais nas experiências de viagem. Por intermédio de um survey, realizou-se uma pesquisa descritiva de abordagem quantitativa, com pessoas que desfrutaram de alguma experiência de viagem de turismo nos últimos dois anos. Foi utilizada uma amostra com 411 respostas válidas em um questionário estruturado de modo a identificar a relação entre a felicidade, a experiência na viagem e as redes sociais. Constatou-se que a intensidade do uso das redes sociais influencia o compartilhamento das experiências de viagem. Evidenciou-se, igualmente, que o bem-estar, proporcionado na última viagem, colabora para que o viajante se sinta satisfeito com a sua vida e seja mais feliz.
Palavras-chave: Redes Sociais, Experiência de Viagem, Felicidade.
Abstract: There is a continual search to understand the role of social networks in people's lives and what the intensity of their use represents. When it comes to travel, there have been studies about the sharing of travelers’ experiences on the Internet, e.g., those of Ek Styvén and Foster (2018), Jadhav et al. (2018), Sedera et al. (2017), Sigala (2016), Bilgihan et al. (2016), Munar and Jacobsen (2014), and studies on how travel contributes to raising self-esteem and happiness, e.g., those of Olague de La Cruz, Flores Villanueva and Garza Villegas (2017), McCabe and Johnson (2013) and Abou-Zeid and Ben-Akiva (2012). The present study aims to understand the relationship between happiness and the use of social networks in travel experiences. It was a descriptive survey, using a quantitative approach. The survey was carried out with people who had traveled for tourism purposes in the past two years. An analysis of 411 valid response to a structured questionnaire was used, seeking to identify a relationship between happiness, travel experience and social media. Finally, it was observed that the use of social networks influences the sharing of travel experiences, just as satisfaction with the most recent trip also influences the traveler’s satisfaction with life and happiness.
Keywords: Social Media, Travel Experience, Happiness.
Resumen: Es constante la búsqueda por entender el papel de las redes sociales en la vida de las personas y lo que la intensidad de su uso representa. Si se trata de viajes, estudios sobre el compartir esas experiencias en Internet de experiencias vivenciadas por viajeros, como Ek Styvén y Foster (2018), Jadhav et al. (2018), Sedera et al. (2017), Sigala (2016), Bilgihan et al. (2016), Munar y Jacobsen (2014) y cuánto los viajes contribuyen a la elevación de su autoestima y felicidad, como lo ha visto por Olague de La Cruz, Flores Villanueva y Garza Villegas (2017), McCabe y Johnson (2013) y Abou-Zeid y Ben-Akiva (2012). El presente estudio tiene como objetivo comprender la relación entre la felicidad y el uso de las redes sociales en las experiencias de viaje. Se realizó una investigación descriptiva de abordaje cuantitativo, por intermedio de un survey con personas que realizaron alguna experiencia de viaje de turismo en los últimos dos años. Se utilizó una muestra 411 respuestas válidas en un cuestionario estructurado para identificar la relación entre felicidad, experiencia en el viaje y los medios sociales. Se constató que la intensidad en el uso de las redes sociales influye en el compartir las experiencias de viaje, así como la satisfacción con el último viaje también influye en la satisfacción con la vida y la felicidad del viajero.
Palabras clave: Redes Sociales, Experiencia de Viaje, Felicidad.
1 INTRODUÇÃO
As redes sociais são plataformas digitais, formadas no intuito de conectar pessoas e compartilhar informações entre elas, sejam estas de caráter pessoal, profissional ou comercial. São construídas por meio de sites e aplicativos e agregam aqueles usuários que compactuam dos mesmos valores e interesses. Por possuírem essa característica participativa e por serem “alimentadas” pelos usuários, essas plataformas estão mudando a maneira como a sociedade consome a informação (Correa, Hinsley, & Zúñiga, 2010). Elas influem na tomada de decisão dos internautas, pois, a todo o momento, essas tecnologias da informação e da comunicação permitem que as pessoas contribuam com pensamentos, opiniões e criações (Hays, Page, & Buhalis, 2013). Mais do que influenciar pessoas na seleção de um destino de viagem, a mídia social forma novos porta-vozes, os quais compartilham informações em suas redes de contatos (Jadhav et al., 2018). Esse novo tipo de engajamento torna-se benéfico para o turismo, uma vez que facilita a transformação e a formação contínua de experiências diferenciadas (Hudson & Thal, 2013). Com relação às experiências de viagem, além de ser uma importante fonte de novos conhecimentos, as redes sociais alteram a natureza das experiências atuais e podem, igualmente, serem decisivas na escolha de um destino de viagem (Jadhav et al., 2018; Bilgihan et al., 2016; Sigala, 2016).
Acerca do compartilhamento desses conhecimentos e conteúdos, estudos recentes, no entanto, dividem as opiniões. Autores como Jadhav et al. (2018), Choe, Kim e Fesenmaier (2017), Sedera et al. (2017), Sheldon e Bryant (2016) e Sigala (2016), Guerra, Gosling e Carvalho (2015), Ma e Chan (2014), evidenciam que as redes sociais são utilizadas em todo o processo do turismo, desde o planejamento do itinerário, a busca de informação até o compartilhamento social da experiência, com a geração de novos conteúdos. Existem relações positivas entre os altos níveis de atividades sociais, como viajar, por exemplo, e estar motivado a utilizar as redes sociais como um meio de documentação e interação social. Esse fato ocorre no decorrer da viagem, em que o turista publica suas fotos e faz comentários nas redes sociais em busca de afirmação. A influência social é procurada e adquirida não só por intermédio da teoria da confirmação da expectativa, mas também pelas publicações que representam a revivescência de experiências e o estabelecimento de uma relação próxima com o destino turístico visitado (Jadhav et al., 2018; Choe, Kim, & Fesenmaier, 2017; Sedera et al., 2017; Sheldon & Bryant, 2016; Sigala, 2016; Guerra, Gosling, & Carvalho, 2015; Ma & Chan, 2014).
Por sua vez, Bilgihan et al. (2016) e Nemec, Rudež e Vodeb (2015) divergem desse pensando e revelam que o turista recorre às redes sociais, principalmente, para pesquisar as informações antes de viajar, a fim de planejar roteiros e buscar conhecimento sobre o destino, e não que elas sejam utilizadas durante e depois da experiência turística em si. Ek Styvén e Foster (2018) possuem um posicionamento mais intermediário e salientam que quanto mais experiência de viagem os consumidores acumulam, maior o seu conhecimento e mais provável se considerarem líderes de opinião. Essa experiência adquirida, entretanto, não significa que eles estejam sempre dispostos a se conectarem e/ou a compartilharem suas experiências. Lee e Ma (2012) já apresentavam o mesmo pensamento e acrescentam, ainda, que aquelas pessoas acostumadas a compartilhar conhecimento em blogs, por exemplo, estão mais propensas a dividir essas informações nas redes sociais. Por seu turno, Munar e Jacobsen (2014) pontuam que as redes sociais são cada vez mais relevantes para o compartilhamento de experiências turísticas e ressaltam, igualmente, que essas dependem de uma gama de fatores, como tecnologia, motivações pessoais, cultura e ambientes turísticos. Dentro desse contexto, nota-se que as viagens de lazer contribuem, de maneira relevante, para a satisfação pessoal dos turistas (Sirgy et al., 2011), assim como as motivações para viajar estão, igualmente, significativa e positivamente relacionadas com a satisfação do turista (Battour et al., 2014).
No que se refere às viagens e ao turismo, estudos buscaram entender o compartilhamento das informações em redes sociais e também seu uso em todo o processo de viagem: Ek Styvén e Foster (2018), Jadhav et al. (2018), Choe, Kim e Fesenmaier (2017), Sedera et al. (2017), Bilgihan et al. (2016), Sheldon e Bryant (2016), Sigala (2016), Guerra, Gosling e Carvalho (2015), Nemec Rudež e Vodeb (2015), Ma e Chan (2014), Munar & Jacobsen (2014) e Lee & Ma (2012). Outros analisaram como as viagens contribuem, de maneira relevante, para a satisfação pessoal dos turistas: Aureliano-Silva, Oliveira e Alves (2017), Olague de La Cruz, Flores Villanueva e Garza Villegas (2017), Kruger et al. (2015), Sirgy et al. (2011), Filep e Deery (2010). Logo, a lacuna teórica encontrada para esse estudo procura entender a relação entre o uso das redes sociais, a satisfação pessoal e a satisfação com as experiências de viagens, a qual não foi evidenciada em estudos anteriores. A partir disso, gerou-se a pergunta norteadora dessa pesquisa. Durante as experiências de viagens, existe alguma relação entre o uso das redes sociais e a felicidade do turista?
No intuito de cumprir com a proposta de estudo apresentada, aplicou-se uma pesquisa quantitativa com a técnica survey em um questionário estruturado, realizado com pessoas que vivenciaram alguma experiência de viagem de turismo nos últimos dois anos. O instrumento de pesquisa foi baseado nos construtos de Sedera et al. (2017), Munar e Jacobsen (2014), McCabe e Johnson (2013), Correa, Hinsley e Zúñiga (2010) e Diener et al. (1985) e resultou em 411 questionários válidos para análise de dados.
Nesse sentido, a presente investigação buscou contribuir, de maneira teórica e empírica, com as discussões relacionadas ao uso das redes sociais nas experiências de viagem do turista e a relação com a sua felicidade e a satisfação pessoal, bem como ampliar os conhecimentos sobre o comportamento do consumidor viajante, a fim de proporcionar um posterior desenvolvimento de estratégias de marketing que envolvam não somente os turistas, mas também as redes sociais.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Felicidade e satisfação pessoal
A felicidade varia de acordo com a cultura, a classe social, a localidade e, nesse sentido, a felicidade ou a infelicidade de um indivíduo exerce grande influência sobre a sociedade e a comunidade na qual está inserido (Lopez, 2017). Diener e Suh (2003) apontam que é secular a procura por “uma vida boa”. Os autores salientam que existem evidências crescentes de que o nível de felicidade de um indivíduo pode ser moldado por fatores genéticos.
Com um significado amplo, a felicidade pode ser interpretada de diversas maneiras e pontos de vista. Muitas vezes está colocada como um objetivo central na vida das pessoas e é afetada pela sociedade de consumo e pelas próprias abordagens sobre o tema. Na Grécia antiga, Sócrates, Platão e Aristóteles consideravam a felicidade como a meta mais alta a ser alcançada pelos seres humanos e acreditavam que somente humanos divinos poderiam alcançar esse objetivo. Um conceito que difere do pensamento contemporâneo, em que todos têm direito à felicidade (Quadros, 2016; Oishi, 2011; Diener e Suh, 2003).
Randholph (2004) reforça que a busca pela felicidade existe desde a antiguidade até os dias atuais, e as dúvidas sobre como alcançá-la ainda são muitas. Inicialmente, buscava-se eliminar as causas do sofrimento, pois se acreditava, utopicamente, que esse seria o caminho racional para a felicidade. Com os avanços tecnológicos, a vida se tornou mais fácil, mais segura, mais confortável e o sofrimento, causado por dor, fome e doença, diminuiu consideravelmente. Entretanto, muitas pessoas continuam infelizes por outros motivos.
Ainda nesse contexto, Seligman (2012) faz uma ligação entre o bem-estar de um indivíduo, que ele julga tratar-se de uma construção, e a felicidade, considerada uma questão que pode ser mensurável. O autor cita a teoria da felicidade autêntica que evidencia o seguinte: quanto mais as pessoas têm emoções positivas, maior engajamento e mais sentido na vida, tanto mais felizes e mais satisfeitas elas são com a vida. Por esse motivo, a felicidade pode ser analisada por três diferentes elementos: a emoção positiva, o envolvimento e o significado.
2.2 Satisfação no Turismo
No que diz respeito ao turismo, a felicidade é concebida, igualmente, em termos de emoções positivas, significados e engajamentos (Seligman, 2012). Deste modo, as experiências satisfatórias integram a motivação de um turista, ocorram estas antes, durante ou depois de sua experiência de viagem (Filep & Deery, 2010). Em estudos recentes, evidenciou-se que a busca da felicidade, por meio do turismo, tem uma relação positiva com o desejo de hospitalidade do destino, ou seja, o viajante espera uma relação emocional positiva por parte do local que o recebe (Aureliano-Silva, Oliveira, & Alves, 2017).
Observa-se, ainda, que os turistas desenvolvem certas emoções durante a sua experiência de viagem, com base na sua capacidade de entretenimento, de estímulo e de se sentirem confortáveis e relaxados. Em síntese, sentir-se bem recebido e ter a expectativa de encontrar bons atrativos são fatores que contribuem para a satisfação geral com um destino (Olague de La Cruz, Flores Villanueva, & Garza Villegas, 2017). Nesse enfoque, realizar viagens de lazer contribui, de maneira significativa, para a satisfação pessoal dos turistas (Abou-Zeid & Ben-Akiva, 2012; Sirgy et al., 2011). Do mesmo modo, os objetivos e os motivos para realizar a viagem influenciam, igualmente, na satisfação com a experiência. Quanto mais objetivos intrínsecos e quanto mais as necessidades privadas forem, mais satisfeito com a experiência o viajante deve ficar (Kruger et al., 2015).
2.3 Influência Social em Viagens de Turismo
Entende-se por redes sociais os serviços em plataformas digitais que permitem aos indivíduos construir um perfil público ou “semipúblico”, dentro de um sistema que compartilha informações, contatos e faz conexões. Em geral, as pessoas que estão conectadas à internet fazem o uso dessas plataformas digitais com bastante frequência (Hinsley & Zúñiga, 2010; Boyd & Ellison, 2007). Questões como a influência social, as gratificações, a presença social e a satisfação explicam a intenção de uma pessoa participar de uma rede social (de Oliveira & Huertas, 2015).
As pessoas entendem a internet como uma fonte de informação e de aconselhamento. Consideradas um grande fenômeno tecnológico, as redes sociais são usadas como ferramenta de marketing e se transformaram em uma tendência que está em evolução e pode afetar todas as decisões tomadas por pessoas (Sedera et al., 2017; Bilgihan et al., 2016; Hays, Page, & Buhalis, 2013). Nesse contexto, um dos resultados mais importantes do estudo de Sheldon e Bryant (2016) é com relação às necessidades psicológicas dos indivíduos, dentre as quais está inclusa a necessidade humana de se sentir visto e valorizado. De acordo com os autores, o apoio social de outros, feito por meio de likes ou por comentários, pode afetar positivamente a própria autoestima de um indivíduo. Afora esse fato, existe a necessidade desse indivíduo de acompanhar ou de obter informações sobre o que os outros estão fazendo, sejam eles amigos, familiares ou até mesmo desconhecidos.
No que concerne ao planejamento de viagens, estudos apontam que as redes sociais podem ampliar o engajamento social das pessoas, uma vez que possuem um impacto significativo em todas as etapas do planejamento, as quais compreendem ou a escolha de um destino e/ou a compra de um pacote de viagem (Jadhav et al., 2018; Hudson & Thal, 2013; Ye et al., 2011). As redes sociais têm um papel fundamental em todo o processo e durante toda a jornada do turista. Antes de viajar, é possível pesquisar opiniões, ler informações, planejar, buscar fornecedores por intermédio das redes sociais. No decorrer da viagem, é possível estar conectado com outras pessoas, sejam elas residentes do destino sejam amigos e familiares, no intuito de buscar afirmação. Para tal, os viajantes costumam publicar suas fotos, compartilhar experiências e fazer comentários. Após a viagem, ainda é possível refletir, reviver e criar memórias das experiências compartilhadas (Sedera et al., 2017; Sigala, 2016).
Na maioria das vezes, os consumidores confiam na internet, como fonte de informação, para a tomada de decisões, compra de produto ou serviço. Entretanto, as percepções de Bilgihan et al. (2016) são um contraponto. Os autores acreditam que, apesar de as pessoas usarem a internet como fonte de informação para planejar destinos de viagens, elas estão pouco propensas a compartilhar esse conhecimento em websites, por exemplo. Nemec Rudež e Vodeb (2015) corroboram esse pensamento e destacam o fato de os estudantes – base da pesquisa realizada pelos autores – utilizarem mais as redes sociais na intenção de obter informações do que postar um novo conteúdo. Ek Styvén e Foster (2018) complementam o raciocínio e afirmam que as pessoas não estão, necessariamente, dispostas a se conectarem e a compartilharem, na mídia social, as suas experiências e os conhecimentos adquiridos em viagens. A seleção de um destino pode ser um meio de criar uma impressão positiva nas pessoas, mas existe uma preocupação de como essas pessoas percebem essa questão. Com base nas interações e nas participações com a criação de conteúdos, não se pode negar, portanto, que as redes sociais alteram, significativamente, a natureza das experiências de viagens (Sigala, 2016).
2.4 Hipóteses
A motivação positiva do turista é concebida a partir de suas experiências com a viagem (Filep & Deery, 2010). Os seguintes fatores são importantes para a satisfação do visitante: ser bem recebido no destino, sentir a hospitalidade do local e vivenciar os atrativos oferecidos (Aureliano-Silva, Oliveira, & Alves, 2017; Olague de La Cruz, Flores Villanueva, & Garza Villegas, 2017). É por esse motivo que a realização de viagens de lazer e entretenimento contribuem para a satisfação pessoal (Abou-Zeid & Ben-Akiva, 2012; Sirgy et al., 2011). Bimonte e Faralla (2012) constatam que a felicidade do turista depende de uma ampla gama de variáveis que caracterizam a sua vida e a de seus familiares. Desse modo, os estilos de vida distintos resultam em atividades turísticas diferentes, atitudes e comportamentos diversos que influenciam nos níveis de felicidade do visitante. Nawijn (2010) salienta que desfrutar de uma viagem de férias é um evento que colabora para a conquista da felicidade e da satisfação pessoal, pois aumenta o humor e a satisfação. McCabe e Johnson (2013) corroboram essa mesma visão e identificam que o turismo contribui para o bem-estar do turista. Nesse sentido, o presente estudo propõe as seguintes hipóteses:
H1: A satisfação pessoal influencia positivamente com a satisfação com a última viagem.
H2: A felicidade influencia positivamente com a satisfação com a última viagem.
Autores como Ek Styvén e Foster (2018), Bilgihan et al. (2016) e Nemec Rudež e Vodeb (2015) descobriram que, apesar de as pessoas utilizarem a internet como uma fonte de informação e busca de conhecimento, esse fato não significa que estão dispostas a compartilhar, igualmente, as suas experiências. Estudos, como os de Sheldon e Bryant (2016), revelam, no entanto, que as pessoas cultivam uma necessidade psicológica de serem vistas e lembradas e as redes sociais contribuem para que elas se sintam valorizadas por meio do compartilhamento de experiências. Dentro desse contexto, a influência social, as recompensas e a satisfação explicam a intenção de uma pessoa de utilizar uma rede social (de Oliveira & Huertas, 2015). Com objetivo de compartilhar informações, as pessoas estão cada vez mais conectadas (Hinsley & Zúñiga, 2010; Boyd & Ellison, 2007). No turismo, nota-se que as redes sociais acompanham a jornada do turista desde a busca por um destino até o compartilhamento das experiências (Sedera et al., 2017; Sigala, 2016). Nesse sentido, enuncia-se a hipótese:
H3: O compartilhamento da viagem influencia positivamente à intensidade do uso das redes sociais.
Como consequência desses estudos, nos quais se acredita que a satisfação com a experiência de viagem também contribui para a satisfação pessoal e a felicidade do turista (McCabe & Johnson, 2013; Abou-Zeid & Ben-Akiva, 2012; Sirgy et al., 2011; Nawijn, 2010), bem como o crescente uso das redes sociais e a necessidade de pertencimento colaboram para que o turista publique suas experiências (Sedera et al., 2017; Sheldon & Bryant, 2016; Sigala, 2016; de Oliveira & Huertas, 2015; Correa, Hinsley, & Zúñiga, 2010; Boyd & Ellison, 2007), surge a necessidade de investigar se a relação entre satisfação pessoal e satisfação com a última viagem seria moderada pela intensidade do uso das redes sociais. Verifica-se, dessa maneira, que:
H4: a intensidade de uso das redes sociais modera a relação entre a satisfação com a última viagem e a satisfação pessoal e a felicidade: quanto maior for a intensidade do uso das redes sociais maior será a relação entre esses fatores.
Na Figura 1, são apresentados o modelo estrutural da pesquisa e as hipóteses propostas:
Figura 1: Modelo de Estudo
Fonte: Elaborada pelos autores (2018).
O modelo constituído nesse estudo, representado na Figura 1, descreve as quatro hipóteses apresentadas anteriormente. A partir disso, busca-se confirmar: se há uma influência positiva da satisfação pessoal do viajante com a sua satisfação com a última viagem, se há uma influência positiva da felicidade com a satisfação com a última viagem e se há uma influência positiva do compartilhamento da viagem com a intensidade do uso das redes sociais. Sugere-se, por fim, que a intensidade de uso das redes sociais modera a relação entre a satisfação com a última viagem e a satisfação pessoal e a felicidade. Logo, na presente hipótese, quanto maior for a intensidade do uso das redes sociais, maior será a relação entre esses fatores.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
No intuito de alcançar o propósito desse estudo, foi realizada uma pesquisa quantitativa com o emprego da técnica survey com pessoas que residem em Blumenau, cidade que é conhecida nacionalmente pela promoção de eventos e pelo desenvolvimento do turismo com a Oktoberfest, e que realizaram alguma experiência de viagem de turismo nos últimos dois anos. O instrumento de coleta de dados foi um questionário estruturado de preenchimento próprio com perguntas fechadas. A amostra foi composta de forma não probabilística intencional e por conveniência.
As escalas que determinaram o construto foram baseadas na medida métrica, ou seja, em escalas intervalares com cinco itens no padrão tipo Likert, os quais partiram de “discordo totalmente” até “concordo totalmente” ou do “nunca” até “sempre”.
O instrumento de pesquisa foi baseado nos construtos de Correa, Hinsley e Zúñiga (2010), os quais, em uma dimensão, mediram a intensidade do uso das redes sociais, o envio de mensagens instantâneas e a publicação diária de fotos e de vídeos. Em outra dimensão do estudo, a escala de satisfação pessoal, proposta por Diener et al. (1985), juntamente com a de felicidade de McCabe e Johnson (2013), mensuraram a intensidade da satisfação pessoal e a felicidade dos pesquisados. A dimensão experiência do estudo de Sedera et al. (2017) foi utilizada para medir a satisfação das pessoas com relação à última experiência de viagem. Por fim, a intensidade do uso das redes sociais, na última experiência de viagem, foi medida com base nos autores Munar e Jacobsen (2014).
Foi realizado um pré-teste com o questionário, no qual se utilizou uma parte da amostra para analisar a compreensão do instrumento de coleta de dados e para identificar possíveis erros. Como o instrumento se comportou de forma positiva, deu-se seguimento à pesquisa. A coleta de dados foi então processada entre os dias 23 de abril e 7 de maio de 2018 e resultou em 411 questionários válidos.
As análises descritivas foram demonstradas por meio de frequências, porcentagem, médias, desvio padrão e variância. Por seu turno, a análise multivariada se deu por meio da Modelagem de Equações Estruturais que, de acordo com Hair et al. (2009), busca explicar as relações entre as múltiplas variáveis. Os dados da pesquisa foram analisados por meio dos softwares. Statistical Package for the Social Sciences – SPSS 22.0, SmartPLS 3 e Microsoft Excel 2010.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A proposta do presente estudo foi a de conhecer melhor o perfil dos blumenauenses que realizaram alguma viagem de turismo nos últimos dois anos, bem como a sua relação com felicidade, satisfação pessoal e o uso das redes sociais. A Tabela 1 destaca as características dessa amostra, dividida em sexo, faixa etária, renda média familiar mensal e estado civil:

Na Tabela 1, destaca-se que o perfil dos entrevistados, apesar de ser bem homogêneo quanto ao gênero, é composto, em sua maioria, por mulheres (50,6%). É, igualmente, predominante a idade entre 25 e 39 anos (57,4%), pessoas com renda média familiar mensal entre R$ 2.035 e R$ 6.780 (36%) e solteiros (50,1%). Na Tabela 2, percebem-se características sobre o perfil de viagem desses entrevistados:

Na Tabela 2, é possível notar que grande parte dos participantes da amostra costuma viajar, pelo menos, uma vez ao ano (47,7%), seguidos pelos que viajam duas ou mais vezes ao ano (35%). As pessoas que não costumam viajar muito (7,3%) são uma minoria. O último destino escolhido, pela maioria dos entrevistados, foi outro estado do Brasil (45%), seguido pelos que viajaram para outras cidades de Santa Catarina (37%) e pelos destinos internacionais (18%).
A seguir, apresentam-se tabelas com os resultados de média, desvio padrão e variância dos cinco construtos aplicados nesse estudo.

Na Tabela 3, está demonstrada a intensidade do uso das redes sociais e se nota uma média alta - em todas as situações acima de 4,32 - e um desvio padrão baixo. O desvio padrão mede a dispersão da amostra na média. Obteve-se um desvio um pouco maior (0,949), mas ainda assim baixo, quando foi analisado o uso das redes sociais para ler, apenas, as notícias, ou seja, é possível notar que existe uma intensidade alta no uso das redes sociais no dia a dia das pessoas, com as mais variadas finalidades: visitar, enviar mensagens, publicar fotos e vídeos e ler notícias. Esse resultado confirma o que Correa, Hinsley & Zúñiga (2010) constataram em seu estudo, em que os usuários da internet empregam o uso de redes sociais com bastante frequência.

Ao analisar as Tabelas 4 e 5, referentes à satisfação pessoal e à felicidade, nota-se um resultado mediano, com um destaque para a questão “Em geral sou uma pessoa feliz”, que apresentou a média mais elevada (4,21) e um desvio padrão baixo (0,654). Itens como a felicidade com a família (4,36) e com a vida social (3,91) também foram os mais elevados. De uma certa maneira, Seligman (2012) havia comentado a relação entre a satisfação pessoal e a felicidade quando afirmou que quanto mais emoções positivas o indivíduo acumula, mais satisfeito ele se sente de modo geral. Outros autores reforçam, outrossim, que é uma questão pessoal e que varia de acordo com a cultura, a localidade, a classe social, os fatores genéticos e as situações diversas (Lopez, 2017; Diener & Suh, 2003).

Na pesquisa de Filep e Deery (2010), a felicidade é mensurada de acordo com as emoções positivas recebidas antes, durante e depois da viagem, e explica os estados momentâneos e reflexivos do turista. Os autores acreditam que a felicidade não é só um resultado importante para a satisfação com a experiência, mas também para a sua motivação. De maneira geral, Sirgy et al. (2011) destacaram que as viagens de lazer contribuem para a satisfação pessoal desses indivíduos. Outros autores constaram que a felicidade e a satisfação pessoal têm relação com a experiência de viagem (McCabe & Johnson, 2013; Abou-Zeid & Ben-Akiva, 2012; Nawijn, 2010).
Nesse contexto, a Tabela 6 apresenta os resultados obtidos na pesquisa, no que diz respeito à satisfação com a última viagem. Em geral, as médias da experiência e do cumprimento das expectativas com a última viagem foram altas e variaram entre 4,05 e 4,06, respectivamente, seguidas por um resultado mediano quando se trata dos serviços recebidos na última experiência.

Na Tabela 7, está representado o último construto que mediu o compartilhamento dessa última experiência de viagem nas redes sociais. Com resultados medianos e um desvio padrão alto, observou-se que contar sobre a viagem, postar fotos, vídeos e enviar mensagens não faz parte do comportamento dos respondentes da pesquisa. No que tange aos comentários na internet, em sites como Booking e TripAdvisor, por exemplo, esse resultado foi ainda menor. Nesse sentido, os resultados contradizem os estudos de Jadhav et al. (2018), Sedera et al. (2017), Choe, Kim e Fesenmaier (2017), Sheldon e Bryant (2016), Guerra, Gosling e Carvalho (2015) e de Ma e Chan (2014), que evidenciam que as pessoas buscam afirmação ao utilizar as redes sociais e pretendem ser geradoras de conteúdo. Verifica-se, por conseguinte, que esses resultados seguem a mesma linha de raciocínio de Ek Styvén e Foster (2018), Bilgihan et al. (2016), Nemec Rudež e Vodeb (2015), Munar e Jacobsen (2014) e de Lee e Ma (2012), os quais afirmam que adquirir conhecimentos pelas redes sociais não significa que as pessoas estão dispostas a criar conteúdos e a compartilhar as suas experiências. Salientam, ainda, que essa questão está atrelada a outros aspectos.

4.1 Modelagem de Equações Estruturais
A modelagem de equações estruturais examina uma série de relações de dependência simultaneamente e combina os aspectos da análise fatorial e a regressão linear, com o intuito de verificar, estatisticamente, as possíveis relações entre os construtos (Hair et al., 2009).
Devido ao fato de ser um instrumento nunca testado anteriormente, desenvolveu-se um modelo para, em seguida, tratar por meio da Modelagem de Equações Estruturais (MEE), conforme apresentado anteriormente na Figura 1. Assumiram-se para a estrutura analisada duas situações: a satisfação com a última viagem exerce influência na satisfação pessoal com a felicidade; e a intensidade de uso das redes sociais e o compartimento da viagem exercem influência uma sobre a outra.
A verificação da relação entre as escalas foi feita por meio da Modelagem de Equações Estruturais (MEE), apresentada na Figura 2. Para o Coeficiente de determinação de Pearson (R²), consideram-se os seguintes percentuais, 2% pequeno, 13% médio e 25% grande. O Indicador de tamanho do efeito (f²) considera os valores de 0,02 para pequeno, 0,15 para médio e 0,35 para grande (Hair et al., 2009). Os escores encontrados nesse estudo foram considerados positivos para a execução e a Modelagem de Equação Estrutural é apresentada a seguir:

Na Figura 2, observa-se que o construto “Satisfação com a última viagem” possui impacto na “Satisfação pessoal” (Ӷ0,305) e na “Felicidade” (Ӷ0,315), ou seja, estar satisfeito com a última experiência deixa a pessoa mais satisfeita com a sua vida e mais feliz. O resultado suporta e confirma a H1 e H2, nas quais a satisfação pessoal está relacionada positivamente com a satisfação com a última viagem e a felicidade está relacionada positivamente com a satisfação com a última viagem. Esses fatores colaboram com o estudo de Sirgy et al. (2011), em que os resultados apontam que as viagens de lazer contribuem, de maneira significativa, para a satisfação pessoal.
Nota-se, igualmente, que a “Intensidade do uso das redes sociais” possui impacto (Ӷ0,427) no “Compartilhamento das experiências de viagem”, o que significa que quanto mais ativo na rede social, mais propenso o usuário está para compartilhar as suas experiências ou postar fotos e vídeos. A H3, em que o compartilhamento da viagem está relacionado positivamente à intensidade de uso das redes sociais, é então suportada e confirmada.
No entanto, a “Intensidade do uso das redes sociais” não tem impacto na “Satisfação pessoal” (Ӷ-0,091) e na “Felicidade” (Ӷ-0,031), ou seja, utilizar as redes sociais com frequência não deixa a pessoa mais ou menos feliz e satisfeita com a vida. O mesmo acontece com o “Compartilhamento da experiência de viagem” que, do mesmo modo, não tem impacto na “Satisfação pessoal” (Ӷ-0,012) e na “Felicidade” (Ӷ-0,060). Esses resultados fazem com que a H4 não seja suportada. Torna-se, por essa razão, uma contribuição para os estudos de Sedera et al. (2017) e de Sheldon e Bryant (2016), que ressaltam que as pessoas buscam aceitação por intermédio do uso das redes sociais. Nesse sentido, não é comprovado que o uso das redes sociais, realmente, tem impacto na felicidade e na satisfação pessoal do turista.
Na Tabela 8, é possível avaliar a consistência interna dos indicadores do construto. Essa análise exige uma confiabilidade, composta com carga acima de 0,70, para ser considerada satisfatória e um Alfa de Cronbach também acima de 0,70, que é o valor mínimo recomendado (Hair et al., 2009). Dentro dessa perspectiva, é possível concluir que os dados estão satisfatórios, pois se encontram acima dos níveis apontados como ideais.

No intuito de avaliar a correlação entre as medidas, considerando suas escalas e correlações múltiplas, foi utilizada a análise discriminante que envolve determinar uma variável estatística, de acordo com Hair et al. (2010). O autor (Hair et al., 2010, p. 224) ainda pontua que uma “variável estatística discriminante é a combinação linear das duas (ou mais) variáveis independentes que melhor discriminarão entre os objetos”. Desse modo, a validade discriminante representa o grau em que dois conceitos similares são distintos, sendo ideal encontrar valores baixos nessas relações. O critério de Fornell-Larcker é utilizado para que haja validez discriminante, sendo necessário que a raiz quadrada da variância média, extraída (AVE) do construto com ele mesmo, seja maior que sua correlação com os restantes (Ringle, Da Silva, & Bido, 2014). Conforme se observa na Tabela 9, considerou-se que os dados apresentam validade discriminante:

Fonte: Dados da pesquisa (2018).
5 CONCLUSÃO
O presente estudo teve como objetivo compreender a relação entre a “felicidade” e “o uso das redes sociais nas experiências de viagem”. Dentre os principais resultados encontrados, notou-se um perfil de indivíduos que costuma viajar, pelo menos, de uma a duas vezes por ano ou até mais. Outrossim, essas pessoas utilizam as redes sociais com bastante frequência no seu dia a dia. Dentro do construto foram identificados resultados, nos quais se evidenciou a existência de uma relação entre a satisfação pessoal e a satisfação com a última viagem, ou seja, estar realizado com a última experiência de viagem torna esse indivíduo mais feliz com a sua vida. Notou-se, igualmente, que a intensidade do uso das redes sociais possui impacto no compartilhamento das experiências de viagem nessas plataformas, ou melhor, quanto mais ativo, mais propenso o usuário está a compartilhar suas experiências. O estudo verificou ainda que tanto a utilização das redes sociais com frequência como o compartilhamento da experiência de viagem não deixam a pessoa mais ou menos feliz e satisfeita com a sua vida e, por conseguinte, a não comprovação de que o uso das redes sociais tenha algum impacto na felicidade e na satisfação pessoal.
Verificou-se, portanto, que não existe uma correspondência entre todas essas variáveis. Ficou tão somente evidente qual é o impacto que o uso das redes sociais, no dia a dia das pessoas, tem na publicação de experiências de viagem na internet. Em conformidade com o estudo de Lee & Ma (2012), observou-se que quanto mais ativo nas redes sociais, mais propenso o indivíduo está a compartilhar informações, assim como quanto mais conteúdo ele, habitualmente, gerar em outros canais, mais inclinado estará a partilhar conhecimentos nas redes sociais.
Por meio dos resultados dessa pesquisa, constatou-se que as experiências de viagem têm relação com a satisfação pessoal e com a felicidade do viajante, o que corrobora os estudos de Abou-Zeid e Ben-Akiva (2012) e de Sirgy et al. (2011). Notou-se, outrossim, que publicar nas redes sociais não deixa a pessoa mais ou menos feliz e satisfeita com a vida, o que respalda os estudos de Sedera et al. (2017) e de Sheldon e Bryant (2016), que evidenciam que as pessoas buscam a aceitação, o entrosamento e o pertencimento por meio do uso dessas plataformas digitais, ou seja, uma busca da satisfação com a viagem de maneira geral. Entretanto, nesse estudo não foi comprovado que o uso, realmente, impacte na felicidade e na satisfação pessoal do turista. Em resumo, percebe-se, na amostra analisada, a utilização intensa desse tipo de mídia social, mas não se considera que tenha relevância para o bem-estar das pessoas, mesmo durante as experiências de viagens. Torna-se notório que é a viagem em si que contribui para a satisfação pessoal e o bem-estar. Logo, o modelo proposto neste estudo confirmou-se apenas parcialmente.
Esses resultados colaboram tanto para os avanços de estudos acerca do comportamento do consumidor turista e do uso das tecnologias e das redes sociais no dia a dia como para a avaliação de sua contribuição para o bem-estar e a satisfação pessoal. Entre as limitações encontradas nesta pesquisa, foi a sua aplicação apenas na cidade de Blumenau/SC. Como sugestão para estudos futuros, deve-se considerar a aplicação em outras cidades e regiões, a fim de dar mais abrangência. Este também é um estudo quantitativo, logo as questões processuais de como funciona essa relação entre a satisfação pessoa, felicidade, satisfação com a última viagem e uso das redes sociais não podem ser percebidas. Sugere-se um novo estudo qualitativo abrangendo essas questões para aprofundar o conhecimento deste modelo. Este não é um estudo longitudinal, logo questões envolvendo o período do ano e outros acontecimentos podem interferir nos resultados. Por fim, tendo a H4 não suportada, sugere-se um aprofundamento sobre os estudos envolvendo a “Intensidade do uso das redes sociais” e o “Compartilhamento da experiência de viagem” e seus impactos na “Satisfação pessoal” e na “Felicidade”.
Gratidão
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
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