Editorial
O primeiro número de 2018 demonstra que o caráter social segue cada vez mais crescente nas discussões sobre os diversos tipos de tecnologia. A racionalidade técnica, cada vez mais dinâmica e inclusiva, tem sido incorporada pelos pesquisadores e disseminada pela Revista Tecnologia e Sociedade. O caráter interdisciplinar desta área e da própria revista é ressaltado pelos diferentes campos disciplinares que englobam as suas discussões nas ciências sociais aplicadas, ciências humanas e multidisciplinar.
Este fato é observado pelos temas que integram a 30º edição, os quais demonstram diferentes e importantes relações impulsionadas pelo campo CTS, tais como: comunidades tradicionais e implicações do capitalismo tardio; importância do protagonismo de agentes sociais e desenvolvimento de uma cidade; consequências do desenvolvimento do smartphone para o estilo de vida das pessoas; modelo de aceitação das tecnologias de informação no mercado brasileiro; construção social da tecnologia e tecnologia social; fenômenos da educação e tecnologia social; as tecnologias digitais de informação e comunicação para a realidade das crianças; governo eletrônico para os idosos; vulnerabilidade social e sistema de alerta de desastres naturais em áreas urbanas; e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e as taxas de matrículas no ensino médio.
O primeiro artigo, de Esperanza Tasies de Castro, da Universidad de Costa Rica, aborda as disputas territoriais que afetam as comunidades tradicionais indígenas da Costa Rica. O centro analítico desta pesquisa é a compreensão das tensões e contradições que permeiam esses territórios, cujos integrantes lutam para manter suas tradições e formas específicas de produção e reprodução da vida, considerando o capitalismo tardio que os afeta.
O segundo artigo, de Lucia da Silva Vilarinho, Wilza Gomes Reis Lopes e Maria do Socorro Lira Monteiro, todas da Universidade Federal do Piauí, discute o protagonismo dos agentes sociais no agronegócio do Cerrado do Piauí, e o seu potencial para influenciar o desenvolvimento do município de Uruçuí, considerando uma perspectiva mais abrangente que a econômica, por meio do capital social.
O terceiro artigo, de Leonardo Rossatto Queiroz, da Universidade Estadual de Campinas, fala da história da evolução do smartphone, atentando-se às inovações introduzidas pelo Iphone e pelos dispositivos com sistema operacional Android, refletindo sobre as consequências do desenvolvimento do aparelho, sob a logica do controle do mercado mundial por poucas empresas.
O quarto artigo, de Patricio Esteban Ramírez-Correa e Tarcilla Mariano Mello, da Universidad Católica del Norte, no Chile, e Ari Melo Mariano, da Universidade de Brasília, utiliza um modelo de aceitação de tecnologias da informação, para estudar os fatores que explicam a aceitação da Netflix no mercado brasileiro, e quais as suas intenções de uso. Destacam-se os níveis de importância das percepções de diversão, de utilidade e de facilidade de uso.
O quinto artigo, de Ecinoely Francine Przybycz Gapinski, Carlos Cesar Garcia Freitas, Carlos Alberto Marçal Gonzaga, Cristina Ide Fujinaga, todos da Universidade Estadual do Centro-Oeste, aproxima-se das temáticas ‘construção social da tecnologia’ e ‘tecnologia social’, mediante identificação e análise dos componentes da prática tecnológica em um projeto de tecnologia social. Destaca-se que o uso desses componentes são um importante recurso teórico para análise do fenômeno desenvolvimento tecnológico, por permitir maior profundidade de julgamento, em especial à tecnologia social que tem se caracterizado como um processo de construção social.
O sexto artigo, de Luciane Cristina Benites Pereira e Carlos Cesar Garcia Freitas, da Universidade Estadual do Norte do Paraná, é composto por um estudo acerca dos fenômenos educação e tecnologia social, e verifica os processos de educação empregados em projetos de tecnologia social, na tentativa de identificar como a educação tem sido trabalhada nesse aspecto.
O sétimo artigo, de Sandra Aparecida Batista e Carlos Cesar Garcia Freitas, da Universidade Estadual do Norte do Paraná, traz reflexões sobra a problemática proveniente do uso da tecnologia na educação, a fim de apresentar paralelos entre o uso desta ferramenta mediante concepção tradicional, determinista, linear, de neutralidade e de uma visão ampliada e humanista na perspectiva da Tecnologia Social, que visa essencialmente atender as necessidades humanas.
O oitavo artigo, de Patricia Mirella de Paulo Falcão e Daniel Mill, da Universidade Federal de São Carlos, aborda as tecnologias digitais de informação e comunicação, visto que as crianças estão fortemente expostas a tais tecnologias. Sendo assim, busca-se refletir a temática crianças e tecnologias digitais sobre o aspecto de conceitos de vigilância estudados pelo filósofo Michael Focault e também presentes na obra “1984” de George Orwell.
O nono artigo, de Gustavo Hermínio Salati Marcondes de Moraes e Fernando de Souza Meirelles, da Universidade Estadual de Campinas e da Fundação Getúlio Vargas, respectivamente, analisa os fatores que influenciam os idosos no uso de uma iniciativa de governo eletrônico no Estado de São Paulo, identificando os seguintes fatores de influência: expectativa de desempenho, condições de facilitação e hábito.
O décimo artigo, de Marcelo Rodrigues da Silva e Ivan Carlos Vicentin, do Instituto Federal do Paraná e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, respectivamente, considera o aprofundamento da relação entre Estado e sociedade; o fortalecimento dos conceitos de governança pública e da comunicação pública; e a consolidação do uso contínuo da Internet no Brasil. Identifica as práticas de comunicação utilizadas pelas prefeituras municipais para disseminação, à sociedade, dos princípios de governança pública, por intermédio dos portais governamentais na Internet.
O décimo primeiro artigo, de Fabio Teodoro de Souza, Clóvis Ultramari e Beatriz Hummell, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, discute sobre a vulnerabilidade social e a construção de um sistema de alerta em um cenário mais abrangente de demandas não cumpridas e riscos crescentes, visando a elaboração de políticas públicas sobre desastres naturais em áreas urbanas, no município de Curitiba.
O décimo segundo artigo, de Fabiane Grike, Gilson Ditzel Santos, Marlize Rubin Oliveira, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, analisa a relação entre o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e as taxas de matrículas no Ensino Médio por habitante dos maiores municípios das microrregiões do estado do Paraná. Destaca-se que a educação é uma forte aliada no desenvolvimento de uma determinada região.
Ademais, agradecemos o auxílio dos profissionais que integraram a comissão científica da revista no ano de 2017, a equipe editorial da revista, aos pesquisadores que nos confiaram os seus trabalhos e aos leitores que, cada vez mais assíduos, desfrutam do nosso esforço e da nossa tentativa de contribuir com futuras pesquisas e de fortalecer as temáticas que se relacionam com a CTS, através de diferentes abordagens.
Tenham uma boa Leitura e um bom início de ano!
https://periodicos.utfpr.edu.br/rts/article/download/7581/4792 (pdf)