Artigos originais
Estilo de vida e suas relações com osteoporose e perda do equilíbrio corporal
Lifestyle and its correlations with osteoporosis and loss of body balance
Estilo de vida y sus relaciones con la osteoporosis y pérdida del equilibrio corporal
Estilo de vida e suas relações com osteoporose e perda do equilíbrio corporal
Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, vol. 5, núm. 2, pp. 200-208, 2017
Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Resumo: Este é um estudo transversal com abordagem quantitativa e que tem como objetivo avaliar as relações entre estilo de vida e a densidade mineral óssea. A pesquisa se deu com 13 mulheres com idade de 40 a 75 anos. As participantes responderam os seguintes questionários: Questionário Internacional de Atividade Física versão curta (IPAQ); Escala Perfil de Estilo de Vida Individual (NAHAS); e um questionário acerca do perfil sociodemográfico. Todas pesquisadas também realizaram o exame de densitometria óssea e teste de Time Up Go. A idade média foi de 60,7 anos (dp±10,3 ), com IMC de 26,9kg/m2 (dp±4,3). Tinham hábito tabágico e consumiam álcool 8% e 18% respectivamente; tinham diabetes mellitus (38,4%), dislipidemia (30,7%) e hipertensão arterial (84%). No grupo com estilo de vida negativo havia duas pessoas com osteoporose e uma com osteopenia, e no grupo com estilo de vida positivo, apenas uma pessoa com osteopenia. Os indivíduos com estilo de vida negativo tinham maior alteração do equilíbrio corporal em relação aos que tinham estilo de vida positivo. Conclui-se que a perda de massa óssea está mais presente em indivíduos com estilo de vida negativo assim como, a perda do equilíbrio postural.
Palavras-chave: Osteoporose, Equilíbrio postural, Estilo de vida.
Abstract: This is a cross-sectional study with a quantitative approach, which aims at evaluating the relationships between lifestyle and bone mineral density. The research involved 13 women between 40 and 75 years of age. The participants answered the following questionnaires: International Physical Activities Questionnaire (IPAQ), short version; the Individual Lifestale Profile Scale; and a questionnaire regarding the sociodemographic profile. All participants also went through the bone densitometry test and the Time Up and Go test. The average age was 60.7 years old (sd±10.3), with an BMI of 26.9kg/m2 (sd±4.3). 8% of them had smoking habits and 18% consumed alcohol. Most of them had diabetes mellitus (38.4%), dyslipidemia. In the group with a negative lifestyle there were two people with osteoporosis and one with osteopenia, while the group with a positive lifestyle, just one person with osteopenia. The individuals with a negative lifestyle had higher alterations in their body balance than those who had a positive lifestyle. It can be concluded that the loss of bone mass is more common among individuals with a negative lifestyle. The same can be said for the loss of postural balance.
Keywords: Osteoporosis, Balance postural, Estilo de vida.
Resumen: Este es un estudio transversal con abordaje cuantitativo que tiene como objetivo evaluar las relaciones entre estilo de vida y la densidad mineral ósea. La investigación se dio con 13 mujeres con edad de 40 a 75 años. Las participantes respondieron a los siguientes cuestionarios: Cuestionario Internacional de Actividad Física versión corta (IPAQ); Escala Perfil de Estilo de Vida Individual (NAHAS); y un cuestionario acerca del perfil sociodemográfico. Todas las investigadas también realizaron el examen de densitometría ósea y test de Time Up Go. La edad promedio fue de 60,7 años (dp±10,3), con IMC de 26,9kg/m2 (dp±4,3). Tenían hábito de tabaquismo y consumían alcohol 8% y 18% respectivamente; tenían diabetes mellitus (38,4%), dislipidemia (30,7%) e hipertensión arterial (84%). En el grupo con estilo de vida negativo había dos personas con osteoporosis y una con osteopenia y en el grupo con estilo de vida positivo, solo una persona con osteopenia. Los individuos con estilo de vida negativo tenían una mayor alteración del equilibrio corporal en relación a los que tenían estilo de vida positivo. Se concluye que la pérdida de masa ósea está más presente en individuos con estilo de vida negativo así como la pérdida del equilibrio postural.
INTRODUÇÃO
A osteoporose é caracterizada por diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, levando a um aumento na fragilidade dos ossos e, consequentemente, a um aumento no risco de fraturas1. Cada vez mais, a osteoporose é reconhecida como enfermidade limitante da qualidade de vida. A perda de independência, decorrente da incapacidade de deambular, leva à piora da mesma e aumenta ainda mais os riscos de quedas e novas fraturas2.
A osteoporose é considerada uma importante questão de saúde pública mundial devido a sua alta prevalência e em função dos seus efeitos devastadores na saúde física e psicossocial. Pode causar invalidez pelas deformidades e incapacidades nos indivíduos afetados, trazendo grandes prejuízos financeiros pelo demorado tratamento das fraturas decorrentes da enfermidade. Muitos tratamentos têm sido usados para a perda de massa óssea, entretanto não existe cura total para a osteoporose estabelecida.
Ainda não estão bem estabelecidos os benefícios das mudanças de hábito de vida como um importante fator modificável relacionado à saúde óssea, mesmo caso da prevenção de perda de massa óssea, e da possibilidade de que seja feita com alimentação bem balanceada e prática regular de exercício físico3.
Entretanto, já ficou demonstrando que indivíduos que consomem álcool, refrigerantes à base de coca, e que usam tabaco apresentam comprometimento da massa óssea com o passar da idade4.
Evidências científicas indicam que os indivíduos portadores de osteoporose apresentam diminuição da força muscular e da mobilidade, alterações nas curvaturas da coluna vertebral e má coordenação motora5,6.
8 Outros estudos demonstram que indivíduos com osteoporose apresentam controle postural deteriorado, além de capacidades funcionais diminuídas, o que leva, consequentemente, às ocorrências de queda. O déficit de equilíbrio resulta em dificuldades na execução da maioria das atividades de vida diária, o que prejudica a saúde e qualidade de vida desses indivíduos.
Diante disto cabe se perguntar. Quais as relações encontradas entre estilo de vida, qualidade da massa óssea e massa muscular? Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar as relações entre estilo de vida e a densidade mineral óssea.
MÉTODO
Este é um estudo transversal com abordagem quantitativa realizado no Centro Universitário Adventista de São Paulo – (UNASP), no período de abril a novembro de 2015, com um grupo de mulheres.
Todas as voluntárias participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Este estudo atende às propostas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde- CNS nº 466/12 do Ministério da Saúde.
Os participantes responderam os seguintes questionários: Questionário Internacional de Atividade Física versão curta (IPAQ)9, Escala Perfil de Estilo de Vida Individual10, e um questionário sociodemográfico.
A população de estudo foi constituída por 13 mulheres com idade de 40 a 75 anos, todas eram pacientes do setor de hidroterapia da policlínica universitária.
Os indivíduos envolvidos neste estudo foram selecionados segundo os seguintes critérios de inclusão: ter um exame de densitometria óssea realizado no ano anterior ao início do estudo, idade superior a 40 anos, sexo feminino. Entretanto, não poderiam participar indivíduos que apresentassem diagnóstico prévio de depressão, esquizofrenia ou qualquer condição mental que impeça a continuidade do trabalho, ou indivíduos que fizessem uso de corticoide continuadamente, graças a doenças reumatológicas.
Os dois primeiros questionários foram validados para a população brasileira. Os participantes também fizeram o teste Time UP and GO para avaliar o equilíbrio dinâmico e um teste de equilíbrio estático realizado no aparelho Nintendo Wii® pela base Base Balance Board. Todos os pacientes apresentaram o exame de densitometria óssea.
O Questionário Internacional de Atividade Física versão curta (IPAQ), tem o objetivo de averiguar que tipos de atividade física as pessoas fazem como parte do seu dia a dia. O IPAQ apresenta as formas longa e curta e pode ser aplicado pelo telefone ou ser auto administrado, tanto como recordatório dos últimos sete dias quanto de uma semana normal/habitual.
O IPAQ foi desenvolvido a partir das dificuldades encontradas para se obter medidas de atividades físicas internacionalmente comparáveis. É um instrumento que permite estimar o dispêndio energético semanal de atividades físicas relacionadas com o trabalho, transporte, tarefas domésticas e lazer, realizadas por, pelo menos, 10 minutos contínuos, com intensidade de moderada a vigorosa11. O IPAQ é uma ferramenta que vem sendo utilizada por diversos órgãos de pesquisa, com o objetivo de aprimorar, validar, reproduzir e posteriormente comparar os níveis de atividade física de diferentes populações12.
O questionário Escala Perfil de Estilo de Vida Individual10 que é um instrumento para mensurar estilo de vida baseado nos componentes “Nutrição”, “Atividade física”, “Comportamento preventivo”, “Relacionamentos sociais” e “Controle do estresse”, e a versão brasileira da Escala Perfil de Estilo de Vida Individual, são instrumentos auto-administrados, que consideram o comportamento dos indivíduos no último mês. Seus resultados permitem determinar a associação entre o estilo de vida e a saúde.
O questionário tem 15 questões, e em cada questão se pode obter de zero a 3 pontos. Ao final o questionário é somado; se o entrevistado obtiver uma pontuação de até 15 pontos, seu estilo de vida é considerado negativo e necessita de mudança urgente. Uma pontuação entre 16 e 30 pontos é compatível com um estilo de vida regular, e acima de 30 pontos indica um bom estilo de vida.
O exame de densitometria óssea serve para medir a densidade dos ossos, diagnosticar a osteoporose e avaliar o risco de fraturas. Utiliza-se uma tecnologia avançada de Raio-X, conhecida como absormetria radiológica de dupla energia ou DEXA (DualEnergy X-ray Absorptiometry), para detectar a osteoporose. O DEXA, atualmente, é um método estabelecido para medir-se a densidade mineral óssea (DMO). É um procedimento rápido e indolor para a medição da densidade mineral óssea. Com ele, essa medição é feita na parte inferior da coluna vertebral e nos quadris.
Avaliação do equilíbrio corporal
O NintendoWii® é um aparelho de realidade virtual não imersivo, ou seja, que não envolve todo o corpo dentro de um sistema virtual. É um videogame que vem sendo inserido nos tratamentos motores e cognitivos como ferramenta terapêutica.
Sua interface abrange jogos variados que proporcionam benefícios motores e entretenimento, encorajando os pacientes a continuar a terapia por longos períodos de tempo13. Ele detecta tanto os movimentos quanto a aceleração em três dimensões usando um controle manual (Wii Remote) e um receptor posicionado em cima ou abaixo do aparelho televiso. Para avaliação do equilíbrio os pacientes posicionaram os dedos dos pés e calcanhares sobre um desenho indicativo, com os braços estendidos ao longo do corpo, e são orientados a manter a postura ereta, estável e imóvel durante 32 segundos, em cada uma das oito condições sensoriais: 1ª) rosto para frente, olhos abertos, fixando um alvo na parede oposta à plataforma, sobre uma superfície firme (NO); 2ª) rosto para frente, olhos fechados, em superfície firme (NC); 3ª) olhos fechados, cabeça com rotação de 45° graus para a direita, em superfície firme (HR); 4ª) olhos fechados, cabeça com rotação de 45° graus para a esquerda, em superfície firme (HL); 5ª) olhos fechados, cabeça inclinada 30° para trás, em superfície firme (HB); 6ª) olhos fechados, cabeça inclinada 30° para frente, em superfície firme (HF); 7ª) rosto para frente, olhos abertos, fixando um alvo na parede oposta à plataforma, em superfície instável, sobre uma almofada (PO); 8ª)rosto para frente, olhos fechados, em superfície instável, sobre uma almofada (PC)14.
Test time Up and Go (TUG)
Este é um teste de fácil aplicação, rápido e que não requer equipamentos especiais, sendo recomendável a sua inclusão na rotina clínica. Apresenta boa correlação com medidas mais extensas de equilíbrio, velocidade de marcha e habilidades funcionais. O paciente inicia o teste sentado em uma cadeira com braços. É solicitado que se levante, caminhe por três metros, vire-se e retorne à cadeira, vire-se e sente-se novamente. É recomendado que a cadeira seja padronizada: 46 cm de altura e braços com 65 cm de comprimento. O teste tem início após comando verbal "vá". A cronometragem será finalizada somente quando o idoso colocar-se novamente na posição inicial sentado com as costas apoiadas na cadeira.
O teste é interpretado com base no tempo gasto pelo paciente para realizar as atividades. O risco de queda é considerado como normal para os adultos que completarem o teste em até 11 segundos; resultados entre 11,01 e 16 segundos, em idosos que tendem a ser independentes na maioria das atividades da vida diária, são considerados frágeis; no entanto, quando se gasta acima de 20,1 segundos para a realização da tarefa, é necessária uma avaliação mais detalhada do indivíduo para verificar o grau de comprometimento funcional. Este teste tem sido utilizado como um bom preditor de quedas em idosos15.
Analise estatística
Os dados estão apresentados em média e desvio padrão, e a análise foi feita por meio de estatística descritiva. Para comparar as proporções entre os grupos foi utilizado o teste exato de Fisher, considerando-se p<0,05 para resultados estatisticamente significantes.
RESULTADOS
Foram avaliadas 13 pacientes, e distribuídas em dois grupos, o grupo I formado por indivíduos com estilo de vida negativo e o grupo II por indivíduos com estilo de vida positivo. Todas eram do sexo feminino. Em 61% delas, a distribuição do peso nos membros inferiores era 4% diferente; foram consideradas indivíduos que apresentaram alteração do equilíbrio.
A idade média foi de 60,7 anos (dp±10,3), com IMC de 26,9kg/m2 (dp±4,3). Da amostra, 8% eram tabagistas, 18% consumiam bebidas alcoólicas regularmente, 38,4% eram diabéticas, 30,7% tinham dislipidemia, e 84% apresentavam hipertensão arterial.
A proporção de participantes com estilo de vida negativo, que disseram que sua saúde era pior em relação a pessoas de sua mesma idade foi significantemente maior do que para mulheres com estilo de vida positivo. Isso também foi visto quando perguntado se a saúde do participante tinha piorado em relação a um ano anterior: p=0,01 e p=0,02, respectivamente.
A maior parte das mulheres sem alteração do equilíbrio foi considerada como tendo hábitos de vida positivos, e a pontuação para este grupo foi maior do que 30 pontos medidos pelo questionário de NAHAS, enquanto para aqueles com equilíbrio alterado a pontuação foi menor do que 30 pontos, e seus hábitos de vida foram classificados como negativos (Tabela 1).
A densidade mineral óssea e t-score para coluna lombar, cabeça e colo de fêmur são semelhantes para ambos os grupos. Entretanto, no grupo com estilo de vida
negativo, havia duas pessoas com osteoporose e uma com osteopenia, e no grupo com estilo de vida positivo, apenas uma pessoa com osteopenia (Tabela 2).
O equilíbrio estático foi avaliado por meio do teste com o Nintendo Wii, e o dinâmico por meio do teste time UP and GO, para os dois grupos. O grupo com estilo de vida positivo conseguiu realizar mais pontos na avaliação do equilíbrio estático, tendo, portanto, menores alterações no equilíbrio. Quando realizaram o TUG foi verificado que para o grupo com estilo de vida negativo a pontuação média foi de 15,3±2,7 e para o grupo com estilo de vida positivo a pontuação foi de 13,1±2,2 assim, com menor alteração do equilíbrio corporal.
Nas correlações entre densidade mineral óssea, T-score, Z-score, e os dados de estilo de vida do questionário de NAHAS, não foram encontradas correlações significativas, conforme mostra a tabela 3.
O percentual de massa magra se correlacionou positivamente com o equilíbrio dinâmico, ou seja, quanto maior o percentual de massa gorda maior era o tempo gasto para realizar o TUG, conforme mostra a Figura 1.
DISCUSSÃO
O presente estudo analisou a densidade mineral óssea em pacientes maiores de 40 anos, e suas relações com a alteração do equilíbrio.
Dentre os principais resultados, pode-se destacar que: pacientes que têm maior densidade mineral óssea têm um estilo de vida mais positivo. Os pacientes com estilo de vida negativo apresentaram maior alteração do equilíbrio corporal. Houve maior proporção de pacientes com diabetes no grupo de pacientes com alteração do equilíbrio corporal.
Neste estudo o estilo de vida negativo foi um fator de risco para menor DMO e alterações do equilíbrio. O estilo de vida corresponde ao conjunto usual de ações que refletem as atitudes, valores e oportunidades das pessoas. Essas ações têm uma influência significativa sobre a saúde geral e qualidade de vida.
O estilo de vida está relacionado a comportamentos: alimentação adequada e balanceada, prática regular de atividade física, redução do uso de tabaco, comportamento preventivo, relacionamentos sociais satisfatórios e controle do stress. Tais comportamentos, quando são praticados de forma negativa na vida do indivíduo, podem reduzir a massa óssea e promover perda de alteração do equilíbrio1.
Um bom estado nutricional e hábitos de alimentação saudáveis estão relacionados a um maior nível de densidade da massa óssea durante o crescimento e à proteção contra as perdas de cálcio pelo esqueleto ao longo do tempo. Sabe-se que o pico de massa óssea é atingido entre a adolescência e os 35 anos de idade. Até os 20 anos, o acúmulo de cálcio é de 150mg por dia. Na maturidade o cálcio permanece constante16.
O estímulo mecânico diário, principalmente com sobrecarga, também deve ser considerado como determinante para maior nível de DMO. Alguns estudos já mostraram que os ossos dos indivíduos fisicamente ativos costumam ser mais densos e, portanto, mais mineralizados que aqueles dos indivíduos sedentários da mesma idade17.
A osteoporose possui etiologia multifatorial. Os fatores genéticos contribuem para a densidade mineral óssea com cerca de 50 a 62%, e o estilo de vida com 38 a 54%, podendo ser afetado por fatores como o nível de atividade física e a nutrição. Dessa maneira, é importante salientar que uma forma eficaz de tratamento da osteoporose é ter bons hábitos de vida, como se alimentar bem, praticar atividades físicas e evitar comportamentos como o uso de tabaco, álcool, açucares refinados de modo geral e consumo de substancias contendo coca18.
O cigarro e a cafeína são considerados fatores de risco moderados para a osteoporose, uma vez que seus componentes químicos, entre eles a nicotina, atuam deprimindo a atividade dos osteoblastos, tanto diretamente, como por via hormonal19,20.
Os participantes com estilo de vida negativo tinham mais alteração do equilíbrio corporal, tanto estático quanto dinâmico. Em um estudo de avaliação do equilíbrio corporal21 com o mesmo método utilizado neste estudo, verificou-se que pacientes com baixa DMO têm alteração do equilíbrio corporal. A perda de massa óssea, que pode estar relacionada à idade, parece ser um fator que contribuiu com a alteração do equilíbrio, podendo aumentar a frequência de quedas e consequentemente afetar a qualidade de vida dessas pessoas
A perda de força muscular é caracterizada como responsável pela deterioração na mobilidade e na capacidade funcional9. Para que o idoso realize as atividades cotidianas é preciso ter equilíbrio, mobilidade articular e força16.
As alterações do equilíbrio na população idosa, especialmente naqueles com sobrepeso e obesidade, são problemas relativamente comuns, e levam a importantes limitações na realização das atividades da vida diária, sendo a principal causa de quedas entre esses indivíduos22. Por ter origem multifatorial, é fundamental conhecer a alteração do equilíbrio e quais fatores estão associados, na tentativa de se prevenir quedas e consecutivamente fraturas ósseas. Uma das mais eficientes formas de prevenção de quedas é ter um estilo de vida positivo, principalmente com boa alimentação e atividade física22.
Entre os indivíduos com alteração do equilíbrio, além de menor massa óssea, a maior proporção era de pacientes com diabetes. A sensibilidade periférica é o mais importante sistema sensorial para a manutenção do equilíbrio23. Isso explica a maior amplitude de oscilação encontrada no grupo de pacientes com diabetes. Fato semelhante foi encontrado num estudo24 que observou a alteração de equilíbrio relacionada com a alteração da sensibilidade tátil.
A estabilidade postural em pacientes diabéticos foi avaliada em outra investigação25, e mostrou por meio de posturografia dinâmica computadorizada diferenças significativas no equilíbrio estático entre pacientes diabéticos em comparação com pacientes não diabéticos. No entanto, em condições dinâmicas, não houve diferença significativa entre os dois grupos; esses resultados podem refletir o maior comprometimento do sistema somatossensorial em relação aos sistemas vestibulares e/ou visuais no equilíbrio em pacientes diabéticos.
CONCLUSÃO
As implicações clínicas deste estudo estão relacionadas ao fato de que existe associação entre o estilo de vida com a perda da DMO e a alteração do equilíbrio.
Esse estudo propõe, assim, que programas de incentivo ao estilo de vida saudável e treinamento para o equilíbrio corporal sejam implantados para pessoas com redução da DMO, pois este treinamento pode contribuir para um menor risco de quedas e fraturas.
Verificou-se, então, que a perda de massa óssea está mais presente em indivíduos com estilo de vida negativo, e pode levar a alterações do equilíbrio. Foi possível verificar também que existe uma associação entre a variável capacidade funcional medida pelo teste TUG e o equilíbrio corporal estático de mulheres.
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