Revisão

Religião, espiritualidade e a enfermagem

Religion, spirituality and nursing

Religión, espiritualidad y enfermería

Gina Andrade Abdala 1
Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), Brasil
Maria Dyrce Dias Meira 2
UNASP, Brasil
Sara Lidiane Santos da Silva Oliveira 3
UNASP, Brasil
Daniela da Cunha dos Santos 4
UNASP, Brasil

Religião, espiritualidade e a enfermagem

Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social, vol. 5, pp. 154-164, 2017

Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar o conhecimento divulgado nas publicações sobre religião e espiritualidade na enfermagem. Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura de artigos publicados entre 2010 a 2015 com produções disponíveis em periódicos do Brasil. Recorreu-se às bases de dados LILACS e BDEnf, utilizando os termos “religião”, “espiritualidade” e “enfermagem”. Foram escolhidos 27 artigos, dos quais somente 13 foram utilizados por atenderem ao objetivo do estudo. Os artigos foram agrupados por áreas temáticas: espiritualidade na formação do enfermeiro (46,2%), espiritualidade na prática clínica da enfermagem (38,5%) e o significado da espiritualidade na enfermagem (15,3%). Apesar do reconhecimento do tema sobre espiritualidade e a enfermagem na formação e na área clínica, a literatura aponta que esses profissionais não se sentem preparados para dar assistência espiritual aos pacientes, aspecto essencial para a promoção da saúde.

Palavras-chave: Religião, Espiritualidade, Enfermagem.

Abstract: This study aimed at investigating the knowledge published by periodicals on religion and spirituality in nursing. This is an Integrative Review of the Literature, including articles published between 2010 and 2015 in periodicals available in Brazil. The databases LILACs and BDEnf were researched, using the terms "religion", "spirituality" and "nursing". 27 articles were chosen, from which only 13 were used, as they meet the objectives of the study. The articles were grouped by thematic areas: spirituality in nursing education (46.2%), spirituality in the clinical practice of nursing (38.5%) and the meaning of spirituality in nursing (15.3%). Despite the existing knowledge regarding the theme spirituality and nursing both in education and in the clinical field, literature points out that these professionals do not feel prepared to offer spiritual assistance for their patients - which is an essential aspect of health promotion.

Keywords: Religião, Espiritualidade, Enfermagem.

Resumen: Este estudio tuvo como objetivo investigar el conocimiento divulgado en las publicaciones sobre religión y espiritualidad en la enfermería. Se trata de una Revisión Integrativa de Literatura de artículos publicados entre 2010 y 2015 con producciones disponibles en periódicos de Brasil. Se recurrió a las bases de datos LILACS y BDEnf, utilizando los términos “religião”, “espiritualidade” y “enfermagem”. Fueron elegidos 27 artículos, de los cuales solo 13 fueron utilizados por atender el objetivo del estudio. Los artículos fueron agrupados por áreas temáticas: espiritualidad en la formación del enfermero (46,2%), espiritualidad en la práctica clínica de la enfermería (38,5%) y el significado de la espiritualidad en la enfermería (15,3%). A pesar del reconocimiento del tema sobre espiritualidad y la enfermería en la formación y en el área clínica, la literatura apunta que estos profesionales no se sienten preparados para dar asistencia espiritual a los pacientes, aspecto esencial para la promoción de la salud.

Palabras clave: Religión, Espriritualidad, Enfermería.

INTRODUÇÃO

Percebe-se hoje um crescimento de publicações com o tema religião, espiritualidade e saúde, no entanto se faz necessário desenvolver esta temática no contexto da área de enfermagem. A ligação histórica entre religião e enfermagem é antiga. “A enfermagem sempre teve uma tradição fortemente holística e os enfermeiros a tem praticado com sensibilidade para as necessidades físicas, psicossociais e espirituais das pessoas”1.

Apesar de nem todos os enfermeiros considerarem a assistência espiritual como prioridade em sua rotina de trabalho, essa dimensão é muito importante para o cuidado, pois é inerente à natureza humana2.

Espiritualidade é conceituada como “sensibilidade ou ligação a valores religiosos ou coisas do espírito em oposição a interesse material ou mundano”. Religião é “qualquer doutrina que demanda interpretação, compromisso e fé, que permite uma prática com objetivos éticos, estéticos e emocionais”3. Sendo assim, convém investigar como esses conceitos se relacionam com a enfermagem no Brasil que tem uma tradição reconhecidamente religiosa.

Traçando um perfil histórico, a profissão de enfermagem nasceu praticamente da igreja, quando as Irmãs de Caridade da ordem São Vicente de Paula em 1617 começaram a convocar outras irmãs católicas para servir tanto a hospitais religiosos quanto seculares. Em 1789, existiam mais de 400 hospitais dirigidos por elas só na França4.

Em 1830, um pastor luterano começou uma escola de enfermagem na Alemanha, treinando mulheres chamadas diaconisas protestantes. Em 1837, ao receber “um chamado de Deus”, Florence Nightingale buscou treinamento entre as Irmãs de Caridade e Diaconisas protestantes, começando a aplicar os princípios que ela havia aprendido. Ela é considerada a fundadora da Enfermagem Moderna4. Florence Nightingale tinha o hábito de ler a bíblia (segundo fotos do Museu de Florence no Hospital St Thomas em Londres). Ela mencionava o cuidado de Deus por meio do ar puro que deveria estar no quarto do doente e também nas casas. Porém o povo não obedecia a essas orientações, traduzindo-se em doenças, tosses e febres. Ela dizia: “Vejamos o que Deus pensa sobre isso. Deus sempre justifica seus meios. Enquanto nós estamos pensando, Ele ensina. Enquanto Ele está ensinando, você não está aprendendo”5.

Florence Nightingale estabeleceu como fundamento básico que a assistência de enfermagem deveria estar vinculada aos princípios religiosos e que o profissional de enfermagem precisava ter conhecimento dos ensinamentos de várias denominações religiosas, bem como a habilidade de cuidar da mente humana, por meio do desenvolvimento dos valores religiosos, considerados fundamentais para a preservação da saúde mental6.

Todavia, apesar da conotação religiosa que cerca o ato de cuidar desde os seus primórdios, somente a partir do início da produção científica em enfermagem surgiu uma nova visão, pautada no reconhecimento das necessidades espirituais, independente do da pessoa ser ou não religioso6.

Nas décadas de 1950 a 1969, a espiritualidade esteve ligada à religião. De 1960 a 1970, a visão holística do ser humano foi reforçada no cuidado de enfermagem com o surgimento das teorias de enfermagem. Entre os anos de 1970 a 1999, esta tendência agregou reflexões de caráter ético, bioético, filosófico que intentava a compreensão dos fenômenos ligados à espiritualidade como parte das necessidades humanas básicas, tanto dos clientes como dos próprios profissionais de enfermagem7.

O Brasil é “um país de raiz colonizadora religiosa que marcou profundamente a organização do Estado e, em particular, a organização da assistência à saúde”8. Na atualidade, essa raiz tem influenciado o direcionamento dado à Política Nacional de Promoção da Saúde9, que prevê “no âmbito da atenção e do cuidado em saúde, a integralidade na promoção da saúde, passando a ser uma estratégia de produção de saúde”, remetendo a atenção para as histórias e condições de vida de cada trabalhador e usuário, respeitando a singularidade do sujeito nos contextos social, econômico político e cultural. Nesse âmbito, a religião / espiritualidade passa a ser contemplada como dimensão essencial para o cuidado em saúde.

Diante desse contexto histórico, pode-se inferir que a enfermagem, desde sua origem, vem se destacando em abordar a dimensão espiritual. Propõe-se apresentar nesse artigo a investigação do conhecimento divulgado nas publicações que abordam esse fenômeno, considerado tão importante para o processo de cuidar em enfermagem e para a promoção da saúde.

MÉTODO

Revisão integrativa de literatura sobre religião, espiritualidade e enfermagem no Brasil. Para elaboração dessa pesquisa percorreu-se as seguintes etapas: elaboração da pergunta norteadora, busca ou amostragem na literatura, coleta de dados, análise crítica dos estudos incluídos, discussão dos resultados e apresentação da revisão10,11.

A pergunta norteadora para a busca foi: Como se configura a produção de literatura científica sobre religião, espiritualidade e enfermagem no Brasil? Os descritores e operadores booleanos utilizados foram espiritualidade OR religião AND enfermagem, contidos nos Descritores em Ciências da Saúde (DECs) da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).

Os critérios de inclusão para a presente revisão foram: artigos publicados entre 2010 a 2015 em produções disponíveis em periódicos do Brasil. As referências excluídas foram por motivos de duplicação do estudo e foco temático diferente do pesquisado.

A busca dos dados se deu entre os dias 06 a 19 de junho de 2016, nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) que envolveu especificamente a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e a Base de Dados de Enfermagem (BDEnf).

A categorização adotada para classificar os estudos se baseou em Stetler et al12 que classifica em nível 1: evidências resultantes de meta-análise de múltiplos estudos clínicos controlados e randomizados; nível 2: evidências obtidas em estudos individuais com delineamento experimental; nível 3: evidências de estudos quase-experimentais; nível 4: evidências de estudos descritivos (não experimentais) ou com abordagem qualitativa; nível 5: evidências provenientes de relatos de caso ou de experiência e nível 6: evidências baseadas em opiniões de especialistas.

O instrumento utilizado para coleta de dados foi um formulário contendo informações sobre: identificação (autor, título, periódico, ano); tipo do estudo e objetivo (se é qualitativo, quantitativo, revisão ou outro); características metodológicas estudadas, resultados e conclusão.

Para a análise e organização do tema espiritualidade OR religião AND enfermagem, os artigos foram agrupados por área temática: espiritualidade na formação do enfermeiro; espiritualidade na prática clínica de enfermagem e o significado da espiritualidade para o enfermeiro.

RESULTADOS

Dentre as 2.124 referências encontradas no site da BIREME, somente 462 publicações estavam disponíveis. As duas bases de dados escolhidas foram a LILACS e a BDEnf (159 artigos). Ao selecionar artigos escritos em português, encontrou-se 119 referências. Destas, 73 estavam entre os anos de 2010 a 2016. Após análise dos resumos, 46 foram eliminados por abordarem temas diferentes da proposta de busca, chegando-se a 27 artigos selecionados. Na segunda eliminação, apenas 13 artigos foram considerados (Figura 1).

Diagrama do PRISMA para
a elaboração do artigo.
Figura 1-
Diagrama do PRISMA para a elaboração do artigo.

Encontraram-se três (23%) artigos do tipo revisão, dois (15,4%) de reflexão/editorial, dois (15,4%) quantitativos e seis (46,2%) qualitativos.

Os periódicos que publicaram esse tema foram: Revista Brasileira de Enfermagem (n=2), Revista Gaúcha de Enfermagem (n=2), Revista de Enfermagem da UERJ (n=2), On Line Brazilian Journal of Nursing (n=1), Aquichan (n=1), Revista RENE (n=1), Einstein (n=1), Acta Paulista de enfermagem (n=1), CuidArte (n=1) e Texto & Contexto Enfermagem (n=1).

Destes periódicos, somente três possuem classificação A2 na Web Qualis (2014). Os demais estão classificados entre B1 e B2.

Quanto ao nível de evidência dos estudos12, a maioria (n=11; 84,6%) se classificou em estudos de nível 4: descritivos (não experimentais) ou com abordagem qualitativa. Em seguida vieram os de nível 6 (n=2; 15,4%): reflexões e opiniões de especialistas.

Quanto à temática estudada, de todas as publicações (n=13), os assuntos investigados foram classificados como: espiritualidade na formação do enfermeiro (46,2%), espiritualidade na prática clínica da enfermagem (38,5%), e sobre o significado da espiritualidade na enfermagem (15,3%) (Quadro 1). Para melhor compreensão os artigos foram descritos de forma cronológica, permitindo a evolução histórica dentro de cada tema.

Artigos sobre Religião,
Espiritualidade e Enfermagem – 2010 a 2015 / Lilacs e BDENF, por
categorias.
Quadro 1.
Artigos sobre Religião, Espiritualidade e Enfermagem – 2010 a 2015 / Lilacs e BDENF, por categorias.

Artigos sobre Religião,
Espiritualidade e Enfermagem – 2010 a 2015 / Lilacs e BDENF, por
categorias.
Continuação do Quadro 1.
Artigos sobre Religião, Espiritualidade e Enfermagem – 2010 a 2015 / Lilacs e BDENF, por categorias.

Artigos sobre Religião,
Espiritualidade e Enfermagem – 2010 a 2015 / Lilacs e BDENF, por
categorias.
Continuação do Quadro 01.
Artigos sobre Religião, Espiritualidade e Enfermagem – 2010 a 2015 / Lilacs e BDENF, por categorias.

DISCUSSÃO

Espiritualidade na formação do enfermeiro

O aprofundamento em discussões, reflexões e ações sobre a temática da religiosidade e da espiritualidade na formação dos enfermeiros, tanto em momentos teóricos, quanto na prática do cuidado e na gestão acadêmica, contribui, sobremodo, para o exercício da integralidade como fator essencial para a prática do cuidar, porém necessitam-se saber técnico e científico nessa área13.

Em um estudo com 30 enfermeiros de uma unidade semi-intensiva em SP encontrou-se que os enfermeiros estão “bem” espiritualmente, mas eles afirmaram que não tiveram formação espiritual para dar assistência ao paciente14.

Em pesquisa que discutiu sobre a formação do enfermeiro em área especializada como pediatria oncológica, os autores destacaram a importância do cuidado espiritual para a promoção da saúde de famílias que possuem crianças e adolescentes com câncer, indica que conhecer sobre assistência espiritual é um elemento essencial para a formação do enfermeiro no oferecimento deste cuidado15.

Em uma revisão “bibliográfica” que incluiu produções de 2002 a 2012 sobre espiritualidade e enfermagem, encontrou-se 18 publicações com evidências da compreensão de um conceito universal para a espiritualidade, no entanto, identificaram que há falta de preparo para o enfermeiro quanto às práticas de saúde envolvendo a espiritualidade16.

Ao entrevistarem 120 alunos de enfermagem no Rio Grande do Sul para descrever a opinião deles quanto a, Religiosidade/Espiritualidade e a formação acadêmica, 76% deles acreditavam que a espiritualidade influencia na saúde, enquanto, apenas 10% se sentiam preparados para abordar esses aspectos com o paciente e, 54% apontaram que a faculdade não oferece subsídios para tal17.

Esse mesmo enunciado foi feito por 10 religiosas que compunham o serviço de enfermagem em um hospital universitário no Rio Grande do Norte, dizendo que havia um despreparo dos profissionais de enfermagem para dar assistência espiritual aos pacientes18.

Espiritualidade na prática clínica/cuidado de Enfermagem

Nessa subcategoria, é importante mencionar um estudo qualitativo com um sacerdote e três coordenadores de projetos vinculados à Igreja Católica que mostrou que a educação e a promoção da saúde estão presentes nas atividades desenvolvidas pelos voluntários no cenário religioso, porém os pesquisadores ressaltaram a necessidade de mais profissionais da enfermagem dispostos a atuarem nas comunidades de fé19.

Em revisão integrativa de literatura que reuniu artigos de 2000 a 2010 com o tema espiritualidade e saúde mental, os autores afirmaram que a religião é uma dimensão que pode contribuir positivamente no tratamento do paciente com doença mental, por proporcionar continência emocional e social e ensinamentos de costumes que incentivam a qualidade de vida20.

Em pesquisa envolvendo 20 enfermeiros de UTI em Recife, cujo objetivo era compreender as representações sociais deles acerca da religiosidade ao cuidar de pacientes em processo de morte, encontrou-se que a religiosidade inserida na prática do cuidar de pacientes “terminais” pode contribuir para valorizar a prática do enfermeiro, permitindo-lhes elaborar mecanismos de enfrentamento21.

Outro estudo com 13 clientes da rede básica de saúde demonstrou que as práticas de cuidado são movidas pelas crenças. A fé emerge como “status” do recurso terapêutico, no entanto torna-se necessário uma reflexão aprofundada para melhorar a prática profissional nesse âmbito da saúde22.

Ainda, destaca-se uma revisão integrativa da literatura cujo objetivo era identificar as necessidades espirituais da pessoa hospitalizada, na qual emergiram: procura de sentido na doença e no sofrimento; estar em relação com os outros e com o Ser superior. O estudo mostrou que os pacientes demonstram suas necessidades espirituais de formas bem sutis, necessitando dos profissionais uma atenção especial para saná-las23.

O Significado da espiritualidade para os enfermeiros

Ao estudar sobre o significado da espiritualidade para a enfermagem em cuidados intensivos, 34 enfermeiros de uma UTI em um Hospital Universitário de SP responderam que a multiplicidade de significados refletiu a multidimensionalidade conceitual, que por sua vez, esta relacionada com as condições emocionais da própria equipe de enfermagem. Esses significados podem interferir nas relações de empatia e questões existenciais24.

É necessária a compreensão das crenças religiosas e das diversas formas de expressar a religiosidade/espiritualidade, devendo ser valorizada pelos enfermeiros na efetivação do cuidado25.

Na maioria das conclusões desses estudos ficou claro que a enfermagem não é uma profissão somente técnica. A técnica robotiza as atividades; em contrapartida, o papel do enfermeiro abrange uma atividade humana que respeita a individualidade do ser e, por isso, deve incluir as questões espirituais na sua prática.

Para o enfermeiro, vivenciar a espiritualidade na sua plenitude inclui a manifestação do sagrado nas ações diárias, exercitando a fé, a esperança, a coragem, o altruísmo, a solidariedade, a empatia, o amor e aceitando a finitude da vida como uma experiência que propicia o sensibilizar-se com o outro e encontrar um significado para a sua própria existência.

CONCLUSÃO

A revisão integrativa foi um método adequado para compreender a relação entre religião, espiritualidade e enfermagem no Brasil. Possibilitou atualização quanto às últimas publicações sobre essa abordagem na área de formação e na prática clínica do atendimento ao paciente e utilização da mesma como estratégia importante no enfrentamento das doenças.

Apesar dos autores incluídos nessa revisão reconhecerem a importância do tema sobre espiritualidade e a enfermagem na formação e na área clínica, a literatura aponta que os enfermeiros não se sentem preparados para dar assistência espiritual aos pacientes. Depreende-se a necessidade de investimento na formação desses profissionais quanto a esses aspectos, uma vez que, eles passam 24 horas com o paciente e lhes é requerido conhecimento e habilidade para realizarem intervenções adequadas, pois enfermeiros são seres humanos cuidando de outros, profissionais do cuidar integral e humanizado.

É preciso realizar mais pesquisas com níveis de evidências “1” (resultantes de meta-análise de múltiplos estudos clínicos controlados e randomizados), “2” (evidências obtidas em estudos individuais com delineamento experimental) e, “3” (evidências de estudos quase-experimentais) para ajudar na tomada de decisões na área de espiritualidade e enfermagem, tanto na formação, quanto na prática clínica e nas conceituações teórico/metodológicas.

Enfim, espera-se que essa revisão na área de religião, espiritualidade e enfermagem possa contribuir para diminuir a distância dessa prática nas ações que propõem um cuidado integral, ajudando enfermeiros a atender as necessidades espirituais dos clientes como aspecto essencial para a promoção da saúde.

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Autor notes

1 Enfermeira. Doutora em Ciências. Docente do Programa de Pós Graduação em Promoção da Saúde do Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP), SP/Brasil. ORCID - 0000-0001-8015-0743 E-mail: gina.abdala@ucb.org.br. Brasil.
2 Enfermeira. Doutora em Ciências. Docente do Programa de Mestrado em Promoção da Saúde do UNASP, SP/Brasil. ORCID - 0000-0001-6313-4637 E-mail: dyrcem@yahoo.com.br. Brasil.
3 Enfermeira. Mestranda em Promoção da Saúde pelo UNASP, SP/Brasil. ORCID - 0000-0001-8529-6776 E-mail: sara.oliveira@ucb.org.br. Brasil.
4 Enfermeira. Mestranda em Promoção da Saúde pelo UNASP, SP/Brasil. ORCID - 0000-0002-2885-4185 E-mail: dani.efmg@hotmail.com. Brasil.
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