Editorial V. 13 N. 28

Editorial V. 13 N. 28

ModaPalavra e-periódico, vol. 13, núm. 28, pp. 4-7, 2020

Universidade do Estado de Santa Catarina

Editorial V. 13 N. 28

Sandra Regina Rech

Doutora, Universidade do Estado de Santa Catarina / sandra.rech@udesc.br

Orcid: 0000-0002-0062-6914 / lattes

O paradigma contemporâneo reconhece o design como uma prática de pesquisa, considerando que a visão centrada em repositórios de conhecimento, característica pertinente ao século XX, atualmente, não corresponde às necessidades do mundo. O elemento chave para o desenvolvimento do design enquanto área acadêmica é a mútua e interdisciplinar relação entre prática e teoria. Em outras palavras, a pesquisa através do design, para o design e sobre o design. Isto posto, esta edição propõe um debate rico, com diferentes contribuições teóricas derivadas da pesquisa em design, que engloba meios, objetivos e sujeitos.

A aplicação do Guia de Orientação para o Desenvolvimento de Projetos como ferramenta para auxiliar os projetistas na compreensão das necessidades dos usuários e na gestão do processo operacional de desenvolvimento de vestuário é descrita no primeiro trabalho desta publicação intitulado "Guia de Orientação Para o Desenvolvimento de Projetos - GODP - Aplicado à Prática Projetual no Design de Moda", de Giselle Schmidt Alves Díaz Merino, Thiago Varnier e Elen Makara.

Na sequência, Cláudio Almeida e Madson Oliveira inserem a prática carnavalesca como uma “forma particular de design” no artigo "O Processo Criativo na Construção de uma Fantasia Carnavalesca: em busca de uma metodologia". O objetivo é descortinar práticas que revelem processos de design e que conduzam à uma aproximação entre o carnaval e a prática acadêmica do design, por meio da análise do processo criativo do carnavalesco Severo Luzardo.

"Cartelas De Cores: uma proposta metodológica", de João Dalla Rosa Junior, apresenta a metodologia do funil de decisões (Baxter), demarcando três etapas específicas (marca, tendências e tema-moodboard), na criação de cartelas de cores a partir da identificação das etapas de projeto. A proposta consiste em estabelecer a cartela de cores como uma síntese da relação de variáveis que direcionam a seleção de cores por meio de critérios objetivos.

Das metodologias projetuais à percepção têxtil, o quarto texto investiga a percepção do usuário a respeito do conforto tátil, ou seja, o toque do tecido na pele, e a percepção térmica, ou sensação de calor ou frio, provocada por uma amostra têxtil. Em "Teste de Percepção Tátil e Térmica com Materiais Têxteis Utilizados em Uniformes", Tatiana Castro Longhi e Eugenio Andrés Díaz Merino investigam a questão conforto e suas implicações com o uso prologando de uniformes profissionais pelos usuários.

Nesta mesma linha de pensamento, Carina Santos Silveira e Suzi Maria Carvalho Mariño discorrem sobre métodos e técnicas para o estudo emocional de usuários de produtos, com recorte da pesquisa para os bens de moda, no manuscrito "Design e Emoção: métodos e técnica para avaliação emocional de bens de moda". De forma descritiva e aplicada, o tema foi abordado através do método de engenharia Kansei, que possibilita compreender as emoções que usuários atribuem à posse ou ao uso dos artefatos de moda.

A partir de uma perspectiva pós-colonial/decolonial, Heloisa Helena de Oliveira Santos questiona o conceito ocidental de moda e seus possíveis usos, em "Uma Análise Teórico-Politica Decolonial sobre o Conceito de Moda e seus Usos", entendendo que o conceito de moda pode ser utilizado como uma noção dentro do aparato ideológico colonial, que busca desautorizar a relação das sociedades não ocidentais com o tempo ao afirmar que estas últimas não tem moda porque pouco mudam seu vestuário, ou como o colonizador prefere chamar, sua indumentária ou costume.

Em termos metodológicos educacionais, nesta edição, são apresentados dois trabalhos. No primeiro, "As Relações entre a Disciplina Laboratorio di Sintesi Finale do Politecnico di Milano e o Ensino de Projeto em Moda no Brasil", é registrada as etapas que configuram um processo de projetação em moda durante os estudos realizados na disciplina Laboratorio di Sintesi Finale, do Politecnico di Milano. Leilane Rigatto Martins e Giovanni Maria Conti dissertam sobre a problematização do tema como resultado de uma prática de pesquisa que possibilitou refletir sobre a importância da prática do design de moda e sua institucionalização para o avanço do campo.

O segundo texto é "A trajetória dos Egressos de um Curso de Moda: reflexões curriculares e campo de atuação", de Emanuella Scoz, Marcia Regina Selpa Heinzle e Gabriela Poltronieri Lenzi, que analisaram as relações curriculares da formação inicial e os campos de atuação dos egressos a partir do percurso formativo, com o escopo de compreender a trajetória dos discentes da primeira turma do curso de moda de uma universidade pública. É importante ressaltar que o percurso formativo dos alunos demonstrou atualização ao mercado de Moda com atuação em campos de trabalho intelectualizado entre o ramo de serviços, indústria e MEI.

Finalizando, Káritha Bernardo de Macedo discorre sobre as origens da construção da imagem de Carmen Miranda como a baiana estilizada, enquanto uma personagem que se tornou representativa do Brasil e também da América Latina. O artigo "A Imagem de Carmen Miranda como Representação da Brasilidade: questionamentos e interpretações a partir de seus filmes na boa vizinhança" propõe estimular novas reflexões e questionamentos sobre as apropriações da imagem de Carmen Miranda, as quais continuam sendo frequentes quando se tem a intenção de buscar símbolos para representar o Brasil.

A todos, votos de inspiradora leitura!

HMTL gerado a partir de XML JATS4R por