Servicios
Servicios
Buscar
Idiomas
P. Completa
Editorial V.13 N.29
Murilo Scoz; Valdenise Leziér Martyniuk; Luciana Chen;
Murilo Scoz; Valdenise Leziér Martyniuk; Luciana Chen; Sandra Regina Rech
Editorial V.13 N.29
ModaPalavra e-periódico, vol. 13, núm. 29, pp. 4-13, 2020
Universidade do Estado de Santa Catarina
resúmenes
secciones
referencias
imágenes
Carátula del artículo

Editorial V.13 N.29

Murilo Scoz
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil
Valdenise Leziér Martyniuk
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
Luciana Chen
Centro Universitário Senac, Brasil
Sandra Regina Rech
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil
ModaPalavra e-periódico, vol. 13, núm. 29, pp. 4-13, 2020
Universidade do Estado de Santa Catarina

Ainda correm lágrimas pelos

teus grisalhos, tristes cabelos,

na terra vã desintegrados,

em pequenas flores tornados.

Todos os dias estás viva,

na soledade pensativa,

ó simples alma grave e pura,

livre de qualquer sepultura!

E não sou mais do que a menina

que a tua antiga sorte ensina.

E caminhamos de mão dada

pelas praias da madrugada.

(Epitáfio, Cecília Meireles)

Ao excelentíssimo professor, doutor, pesquisador e, acima de tudo, ser humano, Murilo Scoz (In Memoriam).

Moda, design e sentido

No 29o. Dossiê do ModaPalavra e-periódico, intitulado Moda, Design e Sentido, o leitor poderá encontrar um conjunto de reflexões acerca dos três assuntos, bem como seu imbricamento. Nestes termos, os diferentes artefatos concebidos nestes campos, considerado ou não seu caráter prático, surgem como produtos de um fazer discursivo que, seja através da formalidade do método ou de percursos projetivos originais, dá forma a conjuntos significantes.

Em seus arranjos plásticos variados, a moda dá contornos à aparência do corpo vestido, construindo modos de estar no mundo. Assim, o vestir-se passa a ser considerado um ato semiótico de transformação do corpo individual em corpo coletivo, pelo qual o sujeito se insere no contexto social e através do qual constrói sua própria identidade.

Para tal fim, o presente Dossiê buscou reunir trabalhos que tenham na Semiótica seu arcabouço teórico-metodológico. A partir deste quadro conceitual, no primeiro bloco, registros históricos da moda do começo do século XX deixam ver como, desde muito tempo, a aparência do corpo vestido constrói modos de estar no mundo. O artigo “O Corset como Objeto-Fetiche na Inglaterra Vitoriana e as Crises de Valores nas Dinâmicas entre Classe e Gênero”, de autoria de Roseana Sathler Portes Pereira, abre a seção e explora as relações entre o corset e o fetichismo no século XIX e começo do século XX. A investigação sugere que a crise de valor produzida pelo conflito entre os espaços públicos e privados, pela relação entre a agência masculina e a estagnação feminina e a impossibilidade do gozo do ócio feminino são encarnadas no corset que se converte em objeto-fetiche.

Heloísa Leite Imada e Orna Messer Levin, no texto “Vestida para o Lazer: a descrições da moda nas crônicas mundanas de João do Rio”, analisaram a presença da moda esportiva nas crônicas mundanas e examinaram sua contribuição para a validação de um imaginário coletivo acerca do lazer. O enquadramento do figurino esportivo ganhou complexidade na civilização do jornal, na qual as relações sociais passam a ser reguladas pela produção e pela leitura dos impressos.

Um século depois, nos deparamos com tecnologias aplicadas ao design de moda, resultando em produtos que não apenas as usam, mas as exibem junto ao indivíduo que os veste ou ofertam a possibilidade da impressão caseira da roupa em 3D. No trabalho “Impressão 3D para Vestuário: novos paradigmas de design e consumo”, Juliana Neves Gomes, Suzana Helena de Avelar Gomes, Sirlene Maria da Costa e Silgia Aparecida da Costa realizaram uma abordagem sobre a tecnologia de impressão 3D na moda, e a importância das postponement strategies, que estão levando ao maior compartilhamento de informações na cadeia de produção desse setor. Também é mencionado nesse trabalho a manufatura social, que é uma forma de introduzir a customização em massa, baseada nas redes digitais e em outras tecnologias emergentes, e que vem quebrando o tradicional paradigma B2C (business to consumer).

No texto intitulado “Luxo e Tecnologia: análise fenomenológica da bolsa Canvas of the Future da grife Louis Vuitton”, Guilherme Henrique Koerich, Nicole Pasini Trevisol, e Richard Perassi Luiz de Sousa descreveram e interpretaram a percepção de especialistas em Moda sobre determinado modelo de bolsa da marca Louis Vuitton, utilizando a Fenomenologia como recurso metodológico.

Na proposta de um coletivo baseado na ruptura ou sob o valor da sustentabilidade, o último bloco traz análises dos sentidos produzidos por essas marcas, sob a perspectiva da Semiótica Discursiva e da Sociossemiótica. Consequentemente, no artigo “Discursos Políticos na Moda: o coletivo Estileras, uma análise semiótica”, Cláudia Regina Garcia Vicentini, Yasmin Alexandre Có e Suzana Helena Avelar Gomes descrevem que a Moda é um lugar de produção de sentido em que os valores sociais se concretizam plasticamente, possibilitando a veiculação de discursos os mais variados e muitas vezes antagônicos. Deste modo, diversos grupos sociais se constituem com narrativas contestadoras ou ainda reafirmando valores e tendências hegemônicas, confirmadas plasticamente nos sistemas vestimentares adotados.

Finalizando, o convidamos, nobre leitor, a percorrer estas páginas e esperamos que este Dossiê possa contribuir para a apresentação de novos conceitos e campos de ação. Em todo o dossiê, vê-se as interações entre sujeitos produtores e consumidores, mobilizando os valores sociais do contemporâneo, sobretudo o individualismo, a tecnologia e a sustentabilidade em uma retroalimentação na rede de articulações promovida pela visibilidade da moda.

Votos de uma inspiradora leitura!

Material suplementar
Notas
Buscar:
Contexto
Descargar
Todas
Imágenes
Visualizador XML-JATS4R. Desarrollado por Redalyc