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A EXPERIÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DE UMA SEMANA DE GESTÃO E EMPREENDEDORISMO POR ALUNOS DE ENGENHARIA

Vanessa de Almeida Guimarães
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), Brasil
Rayander Martins Pimenta
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), Brasil
Iara de Oliveira Fortes
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), Brasil
Lucas Souza Espírito Santo
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), Brasil
Pedro Henrique Linhares dos Santos
Universidade Presbiteriana Mackenzie, Brasil
Marcus Val Springer
Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ), Brasil

A EXPERIÊNCIA DA ORGANIZAÇÃO DE UMA SEMANA DE GESTÃO E EMPREENDEDORISMO POR ALUNOS DE ENGENHARIA

Revista Conexão UEPG, vol. 17, núm. 1, pp. 01-21, 2021

Universidade Estadual de Ponta Grossa

Recepción: 01 Febrero 2021

Aprobación: 01 Julio 2021

Resumo: Este trabalho tem como objetivo descrever a experiência da organização de uma Semana de Gestão e Empreendedorismo (SGE) por alunos de Engenharias. A SGE foi uma iniciativa do projeto de extensão Gestão na Engenharia do CEFET/RJ campus Angra dos Reis, desenhada e conduzida com apoio dos alunos voluntários do projeto, sob a supervisão dos professores coordenadores. A SGE visou: (i) desenvolver a capacidade dos voluntários de planejar, organizar, executar e controlar um evento; (ii) oferecer à comunidade local (interna e externa) capacitação com profissionais da área de gestão; (iii) aproximar-se da comunidade externa. As mais de 900 vagas de capacitação gratuitas foram preenchidas, e a pesquisa de satisfação demonstrou que as expectativas foram atendidas e/ou superadas. A metodologia de avaliação do evento envolveu: (i) pesquisa de reação dos participantes (questionário e análise com base em técnicas de estatística descritiva); e, (ii) brainstorming visando identificar pontos positivos, negativos e propor melhorias.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem, Gestão na Engenharia, Extensão universitária.

Abstract: This study aims to describe the experience of organizing the week of Management and Entrepreneurship – SGE by engineering students. It was an initiative from the outreach project Gestão na Engenharia in CEFET/RJ, in Angra dos Reis. It was designed and conducted by volunteer students from the project under the supervision of the coordinator teachers. SGE aimed to: (I) develop volunteer’s capacity of planning, organizing, operating and managing an event; (ii) offer to the local community (internal and external) training with professionals of management area; (iii) reach the external community. More than 900 vacancies of free training were filled and the satisfaction report showed that the expectations were met and/or exceeded. The evaluation methodology for the event involved: (i) participants’ feedback report (questionnaire and analysis based on descriptive statistics techniques); and (ii) brainstorming aiming to identify highlights, down sides and suggest improvements.

Keywords: Teaching-learning, Management in Engineering, University Outreach Program.

1. Introdução

É notável o crescimento da competitividade no mercado de trabalho brasileiro, que reflete em um aumento da demanda por colaboradores com diferenciais competitivos — especialmente habilidades cognitivas — que possam contribuir para o desenvolvimento das organizações. Assunção e Gourlart (2016) já apontavam em seu trabalho que a diplomação não mais garante o ingresso e a permanência de profissionais em grandes indústrias e corporações, uma vez que diversas empresas não mais restringem seus processos seletivos a competências técnicas. Buscam-se colaboradores que tenham domínio de soft skills, ou seja, boa comunicação, inteligência emocional e social, propensão a trabalhos em equipe, entre outras competências. Deste modo, as organizações buscam profissionais com desenvolvimento pessoal e profissional, que unam competências técnicas às competências comportamentais relevantes para a liderança, a coordenação e/ou a execução de tarefas para as quais se espere resultados superiores.

Nesse contexto, como apontado em Oliveira et al. (2013), os cursos de Engenharia não devem se restringir somente às áreas de aplicação tradicional, pois possuem uma posição estratégica no avanço tecnológico e de inovação nacional, fomentando a discussão acerca dos atuais currículos universitários e as metodologias de aprendizagem ativa. De acordo com a Associação Brasileira de Educação em Engenharia (ABENGE) apudCampos e Farias (1999), há dois perfis macros de engenheiros: o de concepção e o de execução. O primeiro se refere a profissionais que atuam nas pesquisas e elaboração de projetos, enquanto o perfil executor atua diretamente com o “piso de fábrica”, supervisionando o uso correto de tecnologias e equipamentos, chefiando e liderando equipes, sendo que, para este, há um requerimento maior pelas empresas de um conjunto de conhecimentos além dos propostos em sala de aula, denominadas soft skills. Para maiores detalhes sobre as competências e habilidades necessárias ao perfil do Engenheiro, sugere-se a leitura de Santos e Simon (2018).

Segundo Barbosa e Moura (2014), as metodologias ativas de aprendizagem proporcionam aos estudantes desenvolvimento profissional em sintonia com as exigências e mudanças do mercado de trabalho, por meio de interações entre estudantes e professores que propiciam atividades nas quais o estudante questiona, pensa, pergunta e interage de forma que haja o entendimento mais amplo do conteúdo, portanto é notável a compatibilidade das metodologias ativas de ensino com as soft skills, o conjunto de competências intrapessoais e interpessoais — como comunicação, liderança, resolução de conflitos e dinâmica de grupo —, as quais tornam o ambiente mercadológico saudável, destacando o profissional que as implementa durante a carreira (LIMA, 2018).

O desafio das instituições de ensino é unir a forte base científica da graduação com a formação de um profissional preparado para o mercado de trabalho. Nesse cenário, surgem as feiras de conhecimento ou científicas (como apontado por Francisco e Santos, 2014), eventos com oficinas, dinâmicas de grupo, conhecimentos extracurriculares proporcionados por palestras de profissionais externos às instituições, trazendo diferentes experiências e perspectivas para os estudantes ainda durante a graduação. É oportuno compreender a importância desses eventos e de como contribuem para a formação do Engenheiro, especialmente quando tratam temas relacionados à área de gestão, estes comumente requeridos em processos seletivos, servindo de base para a elaboração de projetos, entendimento e possibilidade de melhorias em processos, visão crítica, liderança e gestão financeira, sendo amplo o ramo de conhecimento, permeando a carreira do profissional que atenda a estes requisitos exigidos pela indústria 4.0.

Além disso, um conjunto de eventos abertos à comunidade (como os proporcionados por feiras e projetos de extensão) permite a integração entre a universidade e a população, despertando o interesse da comunidade e divulgando os resultados dos trabalhos realizados pelos estudantes. Tais eventos são relevantes, pois estão relacionados ao papel social da universidade e sua inserção na comunidade, contribuindo para a troca de conhecimentos, ações solidárias e desenvolvimento econômico da região (ROSA, 1995; RIOS; LIMA, 2018).

Diante do exposto, o objetivo deste artigo é descrever a experiência da organização de uma Semana de Gestão e Empreendedorismo por alunos de Engenharias. Busca-se demonstrar a importância da SGE como instrumento para aplicação dos conteúdos aprendidos nas disciplinas de gestão voltadas para os cursos de Engenharia do CEFET/RJ campus Angra dos Reis. Além disso, aborda-se o potencial do evento para desencadear ações positivas aos estudantes e à comunidade local, a partir das capacitações oferecidas e do relato da experiência dos estudantes, voluntários e professores.

A partir desta introdução, o artigo apresenta os Procedimentos Metodológicos (Seção 2) e, então, discorre sobre Projeto “Gestão na Engenharia” (Seção 3), descrevendo as etapas de realização da Semana de Gestão e Empreendedorismo (Seção 3.1), bem como a avaliação da SGE pelos membros do projeto (Seção 3.2) e pelos participantes (Seção 3.3). Em seguida, são apresentadas as considerações finais, os agradecimentos e as referências.

2. Procedimentos Metodológicos

A organização da SGE seguiu do ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Action) para organização das tarefas. A primeira etapa (planejamento) consistiu no planejamento do evento, com decisões acerca da definição de calendário, temas e palestrantes, por exemplo. Sua segunda fase consistiu no convite aos palestrantes e na busca por patrocínio, em concomitância com a divulgação, preparação e captação dos recursos materiais necessários. Os detalhes relacionados à execução estão descritos na Seção 3.1. O controle e as ações de melhoria podem ser observados na Seção 3.2.

Visando o controle e posterior proposta de ações de melhoria, foram feitas as seguintes pesquisas qualitativas com os participantes do evento (organizadores, palestrantes e participantes): (i) pesquisa de reação, a partir da aplicação de questionário aos participantes do evento, seguida pela análise com base em técnicas de estatística descritiva; e, (ii) brainstorming com os alunos envolvidos na organização do evento, visando identificar pontos positivos, negativos e propor ações de melhoria.

O questionário aplicado aos participantes após o encerramento do evento pode ser encontrado no Apêndice I. Observa-se que este contém questões associadas ao perfil, a fim de que se estabeleça uma base de dados futura para o público-alvo do projeto, bem como para avaliarmos se houve participação da comunidade externa nas ações. Além disso, foram avaliadas as macroáreas do evento (divulgação, coffee break, credenciamento, entre outros), as atividades de capacitação de maneira individualizada e o evento como um todo. Para tanto, adotou-se uma escala análoga à escala Likert de cinco pontos. O questionário foi aplicado por meio do GoogleForms aos usuários cadastrados no evento e os gráficos foram gerados no Excel.

Já o brainstorm foi feito em uma reunião de três horas e contou com a participação de quatro pessoas que participaram da organização do evento. As ideias foram elencadas em pontos positivos e negativos para cada uma das macroáreas. Em seguida, a partir das análises, foram propostas sugestões de melhoria a serem implementadas em uma segunda edição da SGE.

3. O Projeto “Gestão na Engenharia”

No ano de 2015, foi proposto o projeto piloto “Ferramentas de gestão voltadas para alunos de Engenharia”, que partia da identificação das carências de capacitação em gestão dos alunos do CEFET/RJ campus Angra dos Reis. A partir deste projeto piloto, foi criado, em 2016, o projeto de extensão "Gestão na Engenharia", com a proposta de oferecer oficinas de gestão voltadas para alunos de engenharia do CEFET/RJ do campus Angra dos Reis.

O projeto foi proposto com o objetivo de capacitar alunos de engenharia em ferramentas e técnicas de gestão consideradas essenciais para o desenvolvimento técnico e comportamental dos alunos, tais como: a comunicação, o pensamento lateral e a liderança, visando à formação de um profissional que saiba potencializar suas hard skills através das soft skills. Desta forma, acredita-se que os alunos poderiam alcançar melhores colocações no mercado de trabalho, atendendo aos novos requisitos esperados dos profissionais, mas que não eram cobertos pelas disciplinas de Administração presentes dos Planos Pedagógicos dos cursos do campus.

A capacitação se dá por meio de realização de oficinas, cursos e palestras sobre temas relacionados à gestão (como ferramentas de gestão estratégica, gestão de projetos e matemática financeira) que são levantados dentre os próprios alunos participantes do projeto. Busca-se, também, trabalhar com abordagens de aprendizagem ativas, como detalhado em Silva et al. (2020). Neste artigo é apresentado o relato de experiência do desenvolvimento de uma oficina, no âmbito do projeto Gestão na Engenharia, para ensinar os alunos de Engenharia e demais interessados a aplicar de uma técnica conhecida como Seis Chapéus, de Edward Bono.

Ademais, o projeto “Gestão na Engenharia” apoia iniciativas estudantis da unidade, oferecendo capacitações de gestão sob demanda. Dois exemplos de iniciativas estudantis que contam com apoio do projeto são o time Enactus, que desenvolve projetos de empreendedorismo social e está cadastrado na rede Enactus Brasil; e a equipe Baja, que desenvolve um veículo off-road para participar da competição promovida pela SAE Brasil.

Em 2018, as oficinas se estenderam aos alunos do ensino médio da região por meio de uma oficina de gestão do tempo exclusivamente oferecida a eles. Já em 2019, o escopo do projeto foi ampliado, passando a envolver diretamente diferentes membros da comunidade local (alunos de outras instituições de ensinos, micro e pequenos empreendedores e público geral) nas atividades desenvolvidas pelo projeto. Este apelo se deu tendo em vista que o campus Angra dos Reis está inserido em uma região carente e de baixa escolaridade.

Destacam-se como dois marcos do projeto no ano de 2019: (i) a criação do IG no Instagram (@gestaonaengenharia), com o intuito de disseminar os conhecimentos para além dos muros do CEFET/RJ campus Angra e do próprio município, tendo em vista que a rede social tem alcance global; (ii) o planejamento e execução da primeira Semana de Gestão e Empreendedorismo do CEFET/RJ campus Angra dos Reis, cuja experiência é objeto de estudo deste relato.

Em relação ao @gestaonaengenharia, no ano de 2019 este perfil tinha dois quadros fixos: dica de conteúdo (para disseminar práticas de gestão e engenharia de maneira descomplicada) e dicas culturais (indicação de filmes, séries, podcasts etc. que tenham relação com gestão e/ou engenharia). Ainda, eram divulgadas oportunidades de capacitação, congressos e eventos pertinentes à área de atuação do projeto. Embora não seja escopo deste relatório, salienta-se que em 2020 as atividades na página se tornaram mais diversificadas, passando a contar com quadros de economia, sustentabilidade e colaboração com projetos e profissionais de outras instituições. Quanto à SGE, detalhes específicos quanto ao seu planejamento, execução e avaliação estão descritos nas Seções 3.1 a 3.3.

Além da SGE e do perfil no Instagram, foram oferecidas oficinas avulsas ao longo do ano, como uma mesa redonda sobre saúde mental na vida acadêmica (tema transversal à gestão de pessoas). Ressalta-se que, em 2019, o projeto foi desenvolvido exclusivamente com alunos-voluntários e contou com a participação de um colaborador externo ao CEFET/RJ.

3.1. Semana de Gestão e Empreendedorismo

A primeira Semana de Gestão e Empreendedorismo, realizada entre os dias 27 e 29 de agosto de 2019, pode ser considerada um dos grandes marcos do Projeto de extensão “Gestão na Engenharia”. A primeira SGE foi totalmente planejada e executada pelo projeto de extensão, oferecendo mais de 900 vagas gratuitas de capacitação em gestão e empreendedorismo para a comunidade local, além de atividade cultural e exposição do comércio regional.

Todas as atividades foram gratuitas e abertas ao público, bastando que os interessados se inscrevessem na plataforma Even3 (https://www.even3.com.br/sge2019/). Cada pessoa poderia se inscrever em mais de uma atividade, de acordo com seu interesse e disponibilidade de vaga. No dia do evento, houve um momento para credenciamento, em que os participantes poderiam retirar seus kits de boas-vindas. Além disso, cada atividade tinha um formulário próprio de presença, fundamental para controle da emissão dos certificados.

Além das capacitações, a aproximação da comunidade local pode ser considerado um ponto positivo do evento, tendo em vista a importância de um projeto de extensão impactar positivamente a comunidade na qual está inserida. Essa afirmação está em consonância com Martinelli e Muller (2017), que afirmam que a importância da extensão está diretamente relacionada ao seu potencial de transformação e interação com a sociedade. Além disso, as autoras ainda destacam a relevância da aplicação prática dos conhecimentos produzidos dentro do ambiente universitário.

O fluxograma que descreve as etapas de planejamento, execução e avaliação do evento pode ser observado na Figura 1. Cabe ressaltar que a SGE foi totalmente construída pelos voluntários, sob a supervisão e orientação dos professores coordenadores do projeto Gestão na Engenharia, de maneira que os alunos pudessem colocar em prática os conceitos estudados nas disciplinas de gestão presentes nos cursos de Engenharia. Ressalta-se que nenhum dos alunos voluntários tinha experiência prévia com a organização de eventos deste porte, tampouco já haviam atuado em empresas onde pudessem ter tido contato com processos e projetos deste tipo.

Inicialmente, para a realização da SGE, foram definidos os temas que seriam abordados já com algumas indicações de possíveis palestrantes para cada mesa redonda e/ou oficina. Em seguida, foram realizados os convites para os palestrantes já listados. Ainda no campo de planejamento do projeto, foram realizados convites aos comerciantes locais para apoiar e expor seu trabalho durante todo o evento. Para tanto, os voluntários do projeto visitaram o comércio local, apresentando o campus e a proposta da SGE para os empreendedores do bairro, explicando como seria a dinâmica do evento. Em contrapartida ao apoio, os comerciantes teriam a liberdade de divulgar sua marca e, principalmente, participar das palestras de modo a adquirirem conhecimento para aplicá-los em seus negócios. Alguns expositores foram, também, patrocinadores do evento com doação de materiais, brindes para sorteio, apoio na divulgação etc. Dentre os apoiadores, tivemos participantes locais (Óticas Mariana, Alfa Cosméticos, Eletrocom, Revitalize, Instituto Mutaru, Gugas, Pra Festas, Expo Arte, Joana Doces e Bolos, Jornal ETN, Rádio Costa Azul, Rádio Rotas do Sol, Padaria Praia Brava e Gráfica Costa Barros) e com atuação nacional (CAEFE, Intercultural, Sebrae, Even3, Yes e Santander).

Vale ressaltar que os voluntários responsáveis pelo marketing estiveram envolvidos do início ao fim do evento, desde a criação de convites para os comerciantes, folders de divulgação, apresentação na rádio local, cobertura do evento e divulgação dos conteúdos nas redes sociais. A divulgação abrangeu todos os alunos e funcionários do CEFET/RJ campus Angra dos Reis, bem como alunos de outras instituições e a comunidade local. A programação do evento pode ser observada na Figura 2, que apresenta o folder criado para a divulgação da SGE.

Figura 1 - Fluxograma da realização da primeira SGE
Figura 1 - Fluxograma da realização da primeira SGE
Fonte: Autoria

Figura 2 - Folder de divulgação da SGE e registro da mesa de abertura do evento
Figura 2 - Folder de divulgação da SGE e registro da mesa de abertura do evento
Fonte: Autoria

Observa-se na Figura 2 que a proposta da SGE foi oferecer capacitação em temas diversificados, envolvendo atividades nas áreas de planejamento estratégico, gestão de pessoas, gestão de carreiras, empreendedorismo e finanças. Além disso, houve uma atividade específica voltada para fomentar a possibilidade de intercâmbio entre os alunos da unidade, tendo em vista que esta experiência poderia agregar valor à vida pessoal e profissional do aluno. Salienta-se que a abertura contou com a presença de importantes atores locais, como representantes da prefeitura, do SEBRAE, da Eletronuclear, entre outros.

Após a abertura do evento, a primeira palestra foi proferida pelo professor Márcio Moutinho Abdalla, doutor em administração pela FGV-EBAPE, mestre em Administração e Desenvolvimento Empresarial pela UNESA, especialista em Controladoria e Finanças Empresariais pela UFLA e Graduado em Administração pela Faculdade Machado Sobrinho. Ele atua, principalmente, nos seguintes temas: Gestão Estratégica; Estratégias de Mercado e de Não-Mercado; Estratégia e Sociedade; Epistemologias e Metodologias de Pesquisa; Decolonialidade e Transmodernidade; e Administração Pública.

O propósito da palestra foi discutir a estratégia empresarial em um contexto que vai além da esfera mercadológica, em um ambiente chamado de não-mercado. Diferentemente da maior parte da literatura de estratégia, que privilegia a atuação no ambiente de mercado onde a compreensão é de que não é possível modificar o ambiente externo, essa dimensão da estratégia aponta que não só é possível influenciar o ambiente externo, como também é "necessário" influenciá-lo e moldá-lo, para que, desta maneira, possam ser obtidos melhores resultados. A palestra aprofundou-se em um campo hoje conhecido como atividade política corporativa (APC) — ou corporate political activity (CPA). A APC refere-se aos esforços realizados por empresas, ou até setores da indústria, direcionados a influenciar a política governamental em benefício próprio (normalmente sob a forma de lobby), com o objetivo de incrementar o desempenho corporativo.

Após esta palestra, foi realizado um coffee break para os participantes do evento. Em seguida, deu-se início à palestra sobre intercâmbio profissional ministrada por Lucas Espírito Santo, estudante de Engenharia Mecânica do CEFET-RJ, e Maria Cecília Bonadio, pós-graduada em Negócios Internacionais pelo Centro Universitário FAE, com bacharelado em Turismo e Hotelaria pela UNIVALI, e, atualmente, Diretora Comercial da Unidade Curitiba/PR da Intercultural. A palestra consistiu numa espécie de mesa redonda sobre a modalidade de programa de trabalho temporário nos EUA para estudantes universitários brasileiros durante as férias do curso de graduação. A palestra abordou como o intercâmbio profissional pode agregar culturalmente e profissionalmente na vida do aluno. Também neste bate bate-papo, foi relatado como o ex-participante do programa, Lucas, conquistou o emprego e como foi organizada sua chegada à cidade do empregador (hospedagem e passagem).

No final de cada dia, os membros da comissão organizadora se reuniram para apresentar um feedback da organização, com o intuito de levantar os problemas encontrados para melhorar o processo no dia seguinte. Também, após a reunião, houve a cooperação para organização e limpeza do local para o próximo dia do evento. Salienta-se que na primeira reunião foi identificada a necessidade de alterar, por exemplo, a dinâmica de coffee break.

No dia seguinte, em 28 de agosto, um workshop e duas palestras foram ministrados. O workshop de Canvas foi realizado por Maxwel Ferreira De Azevedo, mestre em Administração e graduado em Administração, ambos certificados pela Universidade Federal Fluminense (UFF), e por Humberto Reis Dos Santos Souza, especialista em Gestão Pública pela Faculdade Educacional da Lapa e graduado em Processos Gerenciais pelo Centro de Ensino Superior de Maringá. Ambos são professores do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ).

A oficina de Canvas visou oferecer meios para que o participante possa desenvolver um modelo de negócios simplificado e visual. A oficina foi dividida em três etapas: o primeiro momento envolveu a parte teórica; no segundo, os participantes tiveram a oportunidade de desenvolver o Canvas de forma prática, aplicando a teoria; na terceira etapa da oficina, por fim, foi apresentada uma ferramenta online gratuita para realização do plano de negócios. Destaca-se que, nesta atividade, houve um imprevisto no deslocamento dos palestrantes, sendo necessário haver uma adaptação para apresentação online, com intermédio dos integrantes do projeto de extensão para apoio das atividades presenciais.

Após essa oficina, Pedro Henrique Linhares dos Santos, graduado em Administração de Empresas pela ABEU Centro Universitário e representante da subcontratada BK Consultoria e Serviços em contrato firmado com a Eletrobrás/Eletronuclear, ministrou a palestra “Planejamento de Carreiras”. A palestra apresentou a importância do uso da ferramenta de planejamento para a construção de uma carreira sólida. O palestrante apresentou ferramentas para construir um planejamento de carreira, partindo do autoconhecimento. Após a palestra, houve uma pausa para o coffee break.

Depois do coffee break, Menithey Antunes, pós-graduada em Gestão de RH pela UFF, com sólido conhecimento e experiência em recrutamento e seleção, e treinamento e desenvolvimento, ministrou a palestra “Perfil do Profissional do Futuro”. A palestra abordou os desafios da gestão de carreira na Indústria 4.0 e como se preparar para ter uma carreira bem-sucedida.

No último dia do evento, 29 de agosto, duas palestras foram ministradas no período da tarde, e às 18:30h ocorreu a cerimônia de encerramento. A primeira palestra do dia, “Planejamento Financeiro”, seria realizada pelo diretor Regional do Santander Richardyson Matos; no entanto, devido a um imprevisto de trabalho, o palestrante foi prontamente substituído pela gerente geral da agência do Santander de Angra dos Reis, Jalili Sleiman Ghazzaoui. A palestra abordou o conceito de planejamento financeiro, que é uma estratégia de gestão do dinheiro de uma pessoa, por exemplo, mas também pode ser aplicado a uma empresa. Basicamente, o planejamento financeiro analisa e ajuda a fazer um controle de gastos e ganhos em um determinado período, além de possibilitar a definição de algumas previsões de custos no futuro.

Após essa palestra, Denis Rodrigues Figueira De Castro — mestre em Engenharia Mecânica com ênfase em eficiência energética pela Universidade de Taubaté, especialista em Engenharia Mecânica com ênfase em biodigestores pelo CEFET/RJ, graduado em Engenharia de Produção com ênfase em Engenharia Mecânica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, atualmente engenheiro da Eletrobras/Eletronuclear atuando principalmente em engenharia de infraestrutura com a função de gerente de projetos na área de orçamentação base zero —, ministrou a palestra “Orçamento Base Zero”.

O objetivo da palestra foi apresentar aos participantes do evento o contexto em que esta metodologia de custos está inserida e o porquê deste assunto ter voltado à tona recentemente, bem como apresentar, de forma didática, questões-chave que definem o processo de implantação de uma cultura de orçamento base zero.

Além disso, a palestra visou elucidar questões-chave no que tange ao gerenciamento de projetos durante a implantação desta nova cultura de custos. Também foi apresentada, de forma resumida, as principais diferenças entre um orçamento convencional baseado no histórico versus orçamento base zero. Desta forma, foi esperado que o expectador tenha adquirido a sensibilidade nos desafios típicos que serão vivenciados pelo gestor de projetos durante a implantação dessa nova cultura. Por fim, o público-alvo desta palestra foram estudantes e profissionais com interesse em gestão de custos e em gerenciamento de projetos. Após a palestra, foi realizado o coffee break para todos os participantes.

O encerramento do evento foi realizado com a participação, principalmente, da rede de apoio, sendo marcado pelos agradecimentos dos comerciantes à equipe do Gestão na Engenharia pela promoção do evento que trouxe benefícios para a comunidade local, como, por exemplo, oferecer conhecimento de forma gratuita para aprimorar os negócios da empresa e promover o conhecimento de suas marcas. A equipe também agradeceu a todos os comerciantes e à rede de apoio por comparecerem na SGE, pois, com a ajuda deles, o evento conseguiu se concretizar e se tornar atrativo para a comunidade local. Houve, também, o agradecimento aos professores que participaram da organização, além dos palestrantes e voluntários, que foram essenciais para a dinâmica do evento. Após os agradecimentos, o encerramento contou com a participação da banda Cleanfield, que resgatou seu projeto acústico com a proposta de tocar os grandes clássicos do Pop Rock, Rock e MPB.

Salienta-se que, durante todos os dias de evento, houve uma feira com exposições do comércio local dentro da unidade. A feira tinha atividades diárias relacionadas a cada um dos negócios expostos, promovendo interação com a comunidade local e trazendo-os ao ambiente universitário.

3.2. Avaliação da SGE pelos integrantes do projeto

Depois de concluído o evento da SGE, quatro integrantes do projeto de extensão que participaram da organização da semana realizaram uma reunião de feedback para discutir os pontos positivos e negativos das principais áreas de planejamento da SGE 2019. Os resultados estão dispostos na Tabela 1. A partir da Tabela 1 é possível elencar alguns fatores que contribuíram para os pontos negativos identificados no planejamento e execução da SGE:

Quanto às ações de melhorias, estas foram propostas pensando tanto em resolver os pontos negativos identificados durante a execução do evento, quanto em sugestões dos participantes, além de novas atividades a serem oferecidas na próxima SGE. Observou-se, por exemplo, que poderia ter sido dado maior destaque aos comerciantes locais, incluindo na programação um momento em que eles pudessem compartilhar suas experiências como empreendedores. Na Tabela 1 chamamos esse momento de “momento pitch”.

Sendo assim, as ações de melhoria apontadas farão parte do processo de planejamento da próxima SGE, que seria realizada no ano de 2020, mas foi cancelada por conta do protocolo de distanciamento social imposto pela pandemia de SARS-COVID.

Destaca-se que o espaço físico da unidade é um fator estrutural limitante. Deste modo, algumas das ações de melhoria sugeridas dependem da possibilidade de captação de recursos externos (patrocínio), tendo em vista que não há destinação de recursos financeiros da instituição para a realização do evento.

3.3. Avaliação da SGE dos participantes inscritos

De maneira a complementar a percepção dos próprios integrantes da equipe quanto aos pontos de melhoria do evento, foi feita uma pesquisa de reação com público que participou da SGE 2019. A fim de aumentar a adesão ao formulário, a equipe divulgou que só emitiria o certificado de participação para o público que respondesse à pesquisa de reação.

As primeiras perguntas do formulário foram elaboradas para identificar o perfil do público que participou do evento, para que, na próxima SGE, fossem propostos temas de palestras e dinâmicas de acordo com tais perfis. As perguntas de 07 a 16 foram elaboradas com intuito de captar a percepção dos participantes quanto ao evento (de cada atividade e do evento como um todo) pelos participantes, visando solucionar os pontos negativos e propor melhorias que pudessem reduzir a porcentagem das avaliações classificadas como regular, ruim e/ou péssima.

Dos 393 inscritos na SGE, apenas 137 responderam a avaliação de reação. Embora esse número tenha sido inferior ao esperado pela equipe, ainda assim proporcionou reflexões sobre o evento e sugestões de melhoria para edições futuras. Quanto ao perfil do respondente, verificou-se que 58% do público participante da SGE foi masculino, o que pode ser justificado pelo fato da semana ser oferecida em uma escola de Engenharia. Em relação à faixa etária, 63% têm entre 18 a 24 anos, e 23% entre 25 a 34 anos, o que pode ser explicado pelo fato da SGE ser oriunda de um projeto de capacitação voltado para alunos.

Tabela 1 - Feedback e sugestões de melhoria na área da SGE 2019
Pontos Infraestrutura Divulgação Programação Credenciamento
Positivos- Proximidade física dos estandes;- Ornamentação;- Auditório;- Área reservada para patrocinadores na primeira fileira do auditório. - Muitos canais de divulgação (rádios, jornais da cidade, redes sociais)- Vídeo dos palestrantes convidando os interessados nas áreas do tema;- Houve divulgação diária da programação nas redes sociais. - Palestrantes capacitados para a palestra;- Divulgação da atividade diária. - Havia kits para todos os inscritos;- Os kits estavam prontos antes do credenciamento começar.
Negativos- Conexão de internet;- Sem plano B para caso de chuva;- Poucos de pontos de tomada e iluminação insuficiente no local de exposição;- Ausência de local para armazenamento da infraestrutura em geral;- Falta de voluntários na organização pós- evento;- Área para apresentação da banda e espaço para credenciamento com estrutura precária;- Sinalização da feira insuficiente dentro CEFET;- Recepção de palestrante (ausência de buffet e sala de espera para o palestrante);- Falta de padronização e constância das fotos do evento;- Algumas palestras não tiveram lugar suficiente para acomodar todos os participantes; - Nem todos os palestrantes fizeram vídeos de divulgação;- Demora na confecção de artes de divulgação;- A equipe não conferiu a arte antes de divulgar (nomes errados);- Não houve constância nas publicações no Instagram durante a SGE;- As fotos tiradas durante o evento não foram divulgadas;- Não houve constância na atuação do fotógrafo voluntário para registro do evento; - Houve atrasos nas palestras devido aos palestrantes excederem o tempo estabelecido;- Ausência de coffee break e sorteio separados para palestrantes;- Ausência de temas diários (palestras misturadas);- Ausência de confirmação com palestrantes;- Serviços mal delegados. -Desorganização;- Falta de escala; As pessoas iam para a palestra sem ter se credenciado;- O público não doou alimentos;- O credenciamento não foi simultâneo;- Não houve controle do sorteio final (todos os presentes receberam números, independente de terem assistido às palestras);- As listas de presença demoraram para circular durante a palestra.
Melhorias- Sala para receber os palestrantes; - Espaço para o projeto no evento;- Brinde para palestrantes; - Balão inflável com a logo do projeto;- Tenda inflável para credenciamento;- Espaço para guardar os materiais e infraestrutura em geral;- Placas de orientação nas ruas indicando onde é a SGE;- Avisar a equipe de segurança sobre a SGE;- Computador no credenciamento para cadastro simultâneo no sistema;- Ambiente com cenário propício (adequado) para fotos e entrevistas (instagramável); - Câmera de qualidade para filmar as palestras na íntegra;- Filmagem independente das apresentações dos patrocinadores;- Um celular responsável por filmar na câmera nativa para postagens futuras e editadas;- Transmissões em tempo real e divulgação diária das fotos do evento pelo Instagram;- Ampliar prazo de divulgação (1 mês massivo e 2 meses de anúncio);- Ampliar canais de divulgação (mailing para empresas, divulgação em escolas etc.);- Realizarstories no Instagram, vídeos, webinar;- Entrevista com os palestrantes ao final das palestras. - Agendar os temas das palestras por dia (verificar disponibilidade dos palestrantes);- Confirmar a presença dos palestrantes com uma semana de antecedência;- Delegar funções de forma organizada para que o trabalho seja bem organizado;- Agendar uma atividade cultural por dia;- Gincana de gestão na engenharia (passa ou repassa, quiz, caça ao tesouro etc.);- Decidir de antemão qual instituição receberá os alimentos não perecíveis e solicitar um vídeo de divulgação;- Momento de pitch para a rede de apoio. - A equipe de credenciamento deve ficar responsável pelo credenciamento individual de cada atividade;-Credenciamento simultâneo (no papel e no computador);- Direito a kit e sorteio mediante doação de alimento não perecível;-Pulseira para pessoas credenciadas.
Fonte: Autoria

No ato da inscrição do evento, por meio da plataforma Even3, o interessado deveria classificar a si mesmo como comissão organizadora, palestrante, patrocinador ou rede de apoio e público. Os inscritos na categoria ‘comissão organizadora’ foram os membros da equipe Gestão na Engenharia que não eram palestrantes. Assim, observou-se que 92% dos respondentes atuaram na SGE como participantes, 4% como palestrantes, 1% como apoiadores e 3% como comissão organizadora, o que permite uma perspectiva sobre a qualidade do evento.

Ainda, 68% desses participantes são alunos de graduação do CEFET/RJ, 9% são alunos do curso técnico do CEFET/RJ, 3% são servidores do CEFET/RJ e 20% fazem parte da comunidade externa. Dentre os respondentes, 72% já conheciam a página de Instagram referente ao projeto (@gestaonaengenharia). Os principais resultados das pesquisas de reação estão apresentados nas Figuras 3e 4.

Figura 3 - Resultado das avaliações das perguntas de 7 a 14 do formulário, respectivamente.
Figura 3 - Resultado das avaliações das perguntas de 7 a 14 do formulário, respectivamente.
Fonte: Autoria

Figura 4 - Resultado das avaliações da pergunta 15 do formulário de reação.
Figura 4 - Resultado das avaliações da pergunta 15 do formulário de reação.
Fonte: Autoria

Em uma avaliação geral, a SGE 2019 foi considerada excelente por 63% dos respondentes, e boa por 34% destes. Salienta-se que nenhum dos respondentes indicou que a semana foi ruim ou péssima. Esses dados indicam que a SGE, de modo geral, atendeu às expectativas de mais de 95% do público que respondeu à pesquisa de reação.

No que diz respeito às avaliações das palestras e oficinas, foram analisadas apenas as respostas de quem efetivamente participou de cada atividade, a fim de obter uma avaliação mais realística sobre a sua qualidade. Ressalta-se que cada palestra/oficina possuía uma quantidade limitada de vagas devido à dinâmica e/ou à infraestrutura do local. Com exceção da oficina de Canvas, todas as atividades obtiveram uma avaliação excelente e/ou boa maior que 80%.

A justificativa para apenas 62% ter considerado a oficina de Canvas como excelente/ boa pode estar relacionada a uma falha técnica que impediu que os palestrantes comparecessem presencialmente ao evento, sendo necessário realizar a oficina de maneira online. Consequentemente, a oficina foi iniciada com atraso devido à tentativa de comunicação com os palestrantes, e, ainda, a internet oscilou bastante durante sua realização. Como resultado, 19% dos participantes ficaram insatisfeitos, motivando uma ação de melhoria — apontada na Tabela 1 — no que diz respeito à confirmação da presença dos palestrantes com uma semana de antecedência.

Os participantes avaliaram, também, a dinâmica geral do evento, indicando seu grau de satisfação quanto à organização, ao credenciamento, ao coffee break, à divulgação, ao conteúdo das palestras, à programação e à exposição externa da rede de apoio. Ao analisar a Figura 4, pode-se observar que nem todos os 137 participantes responderam a esta questão, pois era opcional.

Mesmo com as dificuldades apontadas na Tabela 1, todos as macroáreas receberam uma avaliação de satisfação superior a 70%. A organização, o coffee break e o conteúdo das palestras obtiveram mais de 90% das avaliações nas categorias excelente e bom; já as áreas de exposição externa (estandes da rede de apoio), a programação, o credenciamento e a divulgação alcançaram valores de satisfação excelentes ou bons em 88%, 87%, 84% e 74% dos casos, respectivamente.

Note que esse valor inferior relacionado à divulgação pode estar associado ao fato de apenas 72% dos participantes já conhecerem o Instagram do projeto (@gestaonaengeharia), onde se concentrou a divulgação do evento. Desta forma, pode-se observar que há uma necessidade de melhorar e implementar novas estratégias de divulgação para a próxima SGE, conforme já havia sido evidenciado na avaliação dos integrantes do projeto (Tabela 1). Não obstante, há de se salientar que foram confeccionados folders, além da divulgação em rádios locais e outras ações.

Abaixo estão transcritos alguns feedbacks enviados por participantes do evento na questão aberta do formulário de avaliação (Questão 16). Evidencia-se que nenhuma dessas pessoas esteve diretamente envolvida no planejamento e execução da SGE.

“Achei muito boa a ideia. Acredito que precisamos de mais eventos assim na faculdade. Acho que um ponto a se observar foi que os horários das palestras batiam com as aulas e isso é ruim, pois, mesmo abonando a falta, os alunos perdem conteúdo didático. Talvez os professores pudessem abonar a falta de quem foi no evento e dar falta a quem não foi e não dar aula.” – Aluno de graduação participante do CEFET/RJ.

“Um projeto inovador para o CEFET, trazendo dinâmica entre instituição e comunidade. Excelente.” – Aluno de graduação do CEFET/RJ.

“O evento foi ótimo!” – Participante da comunidade externa.

“Muito boa a iniciativa que trouxeram para o campus e espero que continuem com o trabalho para fazer acontecer mais vezes. Gostei muito da iniciativa de trazerem trabalhadores da região e espero que continuem conseguindo esse feito e, se conseguir, trazerem até mais.” – Aluno de graduação do CEFET/RJ.

“1 - Demora para o sorteio. Muito tempo gasto para realizar o sorteio. 2 - Falta de organização para o coffee break. 3 – Foi, na minha opinião, o evento mais organizado do Cefet. Muito bom mesmo. Estão todos de parabéns.” – Aluno de graduação do CEFET/RJ.

“Gostei bastante e achei bem organizado! Falta melhorarem um pouco o foco dos conteúdos. Faltou um pouco mais de coisas sobre administração para empreendedores.” – Aluno de graduação do CEFET/RJ.

“Amei, tudo lindo.” – Participante da comunidade externa.

“A oportunidade do CEFET de interagir com a comunidade foi excelente!” – Servidora do CEFET/RJ.

“Foi tudo muito interessante, deveria haver mais eventos como este.” – Participante da comunidade externa.

“A semana de gestão e empreendedorismo foi muito boa; a excelência dos organizadores foi louvável!” – Aluno de graduação do CEFET/RJ.

“Adorei o evento, acredito muito no poder da gestão para direcionar e transformar vidas e negócios. Ansiosa pelo próximo.” – Aluna de graduação do CEFET/RJ.

“Adorei o evento, que venham os próximos” – Participante da comunidade externa

“Muito bom” Aprendi muito e espero que tenha mais palestras como essa,s pois faz falta aqui no Parque Mambucaba! Conhecimento é sempre bom!” – Participante da comunidade externa.

“Muito bom o conteúdo das palestras” – Aluno do ensino técnico do CEFET/RJ.

“Os palestrantes não pecam em nenhum sentido. São muito bons.” – Aluna do ensino técnico do CEFET/RJ.

Dentre os depoimentos de voluntários logo após a finalização do evento, destacamos os seguintes:

“Estou muito emocionada com o projeto e com muito orgulho de fazer parte. Gostaria de agradecer por vocês terem me acolhido e me ajudado tanto! Sou grata a cada um de vocês e, principalmente, aos nossos coordenadores que acreditaram em mim e no nosso potencial (...).”

“(...) que orgulho de todos vocês! O time funcionou perfeito, todo mundo dando o máximo de si. Obrigado por me proporcionar tantos momentos incríveis, nunca vou esquecer disso.”

“(..) Essa semana modificou totalmente meu pensamento. Hoje já ‘tô’ aqui fazendo mil e um planejamentos para o projeto. Obrigado aos professores pela ótima gestão do projeto e por topar nossas ideias. E pela equipe que mostrou uma união sem igual nesses três dias.”

Cabe ressaltar que a comunidade também interagiupelo Instagram do projeto (@gestaonaengenharia), postando fotos e stories. Houve, ainda, manifestação espontânea dos alunos no Twitter, com comentários poitivos sobre o evento. Além disso, a cobertura do impacto do evento foi divulgada no canal oficial da instituição, podendo ser acessada em: http://www.cefet-rj.br/index.php/noticias-campus-angra-dos-reis/4667-campus-angra-dos-reis-promove-i-semana-de-gestao-e-empreendedorismo.

Por fim, destaca-se a experiência relatada por um dos voluntários do projeto, hoje formado e fazendo mestrado:

“A Semana de Gestão na Engenharia (SGE), foi um marco na minha carreira profissional e pessoal. Como membro da organização, a semana me proporcionou um aprendizado sobre diversos temas de gestão de projetos, bem como a interdisciplinaridade entre a engenharia e as ferramentas de gestão. As palestras e cursos dos quais participei superaram minhas expectativas, com metodologias coerentes, com dinâmica e bibliografias vastas. Os treinamentos ministrados continham rica troca de experiências e um aprendizado abrangente com jogos, dinâmicas e momentos de networking. Aprendi a fazer e colocar em prática várias dicas de sucesso, recomendações e técnicas. Desta forma, além de me sentir capacitado profissionalmente e com mais confiança, a semana contribuiu para minha evolução pessoal.” – Aluno voluntário.

Logo, pode-se perceber que a SGE causou impacto positivo tanto no aprendizado dos discentes (envolvidos ou não na organização do evento), quanto na comunidade local.

4. Considerações finais

As discussões sobre alternativas ao processo de ensino-aprendizagem tradicional e metodologias ativas que promovam aplicações concretas dos conteúdos estudados nas disciplinas estão cada vez mais em voga. Nesse sentido, este relato de extensão teve como objetivo descrever a experiência da organização de uma Semana de Gestão e Empreendedorismo por alunos de Engenharias, em que os discentes tiveram a oportunidade de colocar em prática conteúdos de gestão estudados nas disciplinas de seus respectivos cursos. A SGE foi uma iniciativa do projeto de extensão Gestão na Engenharia do CEFET/RJ campus Angra dos Reis, desenhada e conduzida com apoio dos alunos voluntários do projeto, sob a supervisão dos professores coordenadores.

O referido projeto de extensão tem como missão “disseminar as conexões existentes entre a Gestão e a Engenharia, a partir da troca de conhecimentos com os alunos e a comunidade”. Buscam-se, portanto, conexões e tenta-se fazer com que os alunos, fora da sala de aula, apliquem os conceitos aprendidos de maneira prática. A SGE foi pensada para contribuir nesse processo de ensino-aprendizagem, tendo os alunos voluntários como protagonistas do planejamento, execução e controle das atividades da semana de gestão, colocando em prática conceitos aprendidos nas disciplinas de gestão e habilidades que serão úteis em sua atuação profissional.

Conclui-se, assim, que a SGE atuou em três pilares: (i) desenvolvimento da capacidade dos alunos voluntários de planejar, organizar, executar e controlar um evento; (ii) oferecimento de uma capacitação gratuita e de qualidade tanto para a comunidade interna quanto para a comunidade externa, a partir da interação com profissionais da área de gestão e engenharia; e (iii), aproximação da comunidade externa, visando divulgar a instituição, os cursos (que ainda não são tão conhecidos na região) e fazê-la reconhecer a instituição como um parceiro em possíveis capacitações gratuitas e de qualidade. Ainda, definiu-se como objetivo a fomentação desse tipo de iniciativa nos demais alunos do campus, evidenciando que eles têm capacidade para desenvolver projetos de iniciativa estudantil.

Foram 393 inscritos para as mais de 900 vagas de capacitação gratuitas oferecidas. Ressalta-se que todas as vagas foram preenchidas (com a possibilidade de mais de um cadastramento para capacitação por pessoa), e a pesquisa de satisfação demonstrou que as expectativas foram atendidas e/ou superadas. Como estudos futuros, sugere-se que outras ações específicas do projeto de extensão sejam analisadas, especialmente a migração para o ambiente online neste período de distanciamento social.

Apêndice I - Formulário da avaliação de reação da SGE 2019
Apêndice I - Formulário da avaliação de reação da SGE 2019

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CEFET/RJ pelas bolsas concedidas ao projeto de extensão "Gestão na Engenharia" nos anos de 2018 e 2020.

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