Resumo: O presente artigo objetivou descrever a situação da produção científica do tema metodologias de gestão de projetos de inovação, por meio de dados levantados a partir dos artigos publicados na base científica internacional eletrônica Scopus. Para tal, buscou-se identificar em quais dimensões de análise as publicações científicas se concentram, bem como identificar os principais aspectos das referências bibliográficas. Foi possível verificar que os estudos da temática pesquisada datam a partir da década de 90 e, desde então, houve uma considerável ascensão. Conforme os resultados encontrados, verifica-se que o tema de pesquisa é interdisciplinar, visto que as publicações abrangem 12 áreas do conhecimento.
Palavras-chave:Gestão de ProjetosGestão de Projetos, Inovação Inovação, Metodologias Metodologias, Análise Bibliométrica Análise Bibliométrica, Interdisciplinar Interdisciplinar.
Abstract: This article aims to describe the situation of scientific production theme methodologies of innovation projects management. Therefore, we collected data from the articles avaiable in the international electronic scientific basis Scopus. To this end, we sought to identify which dimensions of analysis scientific publications focus and identify key aspects of the references. It was possible to see that the theme surveyed date back from the 90s and since then there is a considerable rise. Among the results, it appears that the theme is interdisciplinary as publications include twelve areas of knowledge.
Keywords: Project Management, Innovative, Methodologies, Bibliometric Analysis, Interdisciplinary.
Artigos
Metodologias de Gestão de Projetos de Inovação: Uma Análise Bibliométrica sobre a Produção Científica Relacionada
Methodologies Innovation Project Management : A Bibliometric Analysis of Scientific Production Related

O visível crescimento da área de gestão de projetos, sucedido nas últimas décadas em variadas áreas, fez com que aumentasse a oferta por modelos de referências propostos por associações profissionais, em busca de maior eficiência e eficácia na condução de empreendimentos de diversos tipos e natureza (RABECHINI JUNIOR; CARVALHO, 2009).
Os projetos ocorrem em praticamente todas as organizações, no entanto, a intensificação de atividades inovadoras nas organizações tem estimulado à busca por fatores que influenciam o sucesso de um projeto. Quando uma empresa opta pela inovação, está, em maior ou menor grau, tomando uma decisão organizacional e assumindo os riscos (GOELZER et al., 2014). Schumpeter, um importante economista do século XX, é referência com seu estudo seminal, onde associa o desenvolvimento tecnológico com o desenvolvimento sócio econômico de um país, apontando que a “inovação tecnológica é o verdadeiro motor do desenvolvimento econômico” (LUDWIG, 2010, p. 26).
Em mercados onde o processo de desenvolvimento de produtos é cada vez mais dinâmico e ágil, as organizações necessitam de ideias e projetos de inovação para manterem-se em destaque. Projetos desta natureza possuem características de alta complexidade e risco, portanto, tornam-se críticos, se não forem devidamente analisados e gerenciados (PINTO; FRANKB; PAULAC, 2011). Ou seja, a gestão de projeto se constitui em atividade essencial à execução de projetos e sucesso de produtos na economia atual. Porém, a concorrência industrial e a constante mudança de necessidades dos clientes têm levado as organizações a buscarem alternativas inovadoras para o gerenciamento de projetos (YOUNG; GANGULY; FARR, 2012).
Embora se reconheça a importância da gestão de projetos para o desenvolvimento de produtos inovadores, os estudos científicos, teóricos e empíricos têm dado mais atenção à elaboração de modelos de gestão de projetos, não especificamente a projetos de inovação. Existem diversas metodologias para fazer a gestão de projetos, visto que estas influenciam diretamente nos resultados esperados para o projeto e, consequentemente, o seu sucesso (DRUCKER, 2006), o que falta é a modelagem da gestão para projetos de inovação.
Nesse contexto, elabora-se a seguinte questão de pesquisa: como se processa a evolução dos estudos teóricos e empíricos interdisciplinares relacionados à utilização das metodologias de gestão de projetos de inovação? Para responder a essa questão, define-se como objetivo desse estudo compreender a evolução, a interdisciplinaridade e as variáveis teórico-empíricas relacionadas às metodologias de gestão de projetos utilizadas em projetos de inovação, identificando as escolas invisíveis, as possíveis lacunas e oportunidades de futuras pesquisas sobre o tema.
Para o alcance deste objetivo, o artigo está assim estruturado. As duas próximas seções apresentam as definições de metodologias de gestão de projetos e projetos de inovação por diferentes autores. Logo após, os procedimentos metodológicos são apresentados. De modo a auxiliar na compreensão do objeto de estudo, este artigo apresenta os resultados de uma revisão bibliométrica em uma base científica de dados eletrônicos sobre as variáveis associadas, identificadas em estudos teóricos e empíricos.
Por fim, a análise da interdisciplinaridade do tema é mapeada e o artigo discorre sobre implicações teóricas e práticas desses resultados e propõe trabalhos futuros.
Segundo a norma ISO 10006 (Diretrizes para Qualidade de Gerenciamento de Projetos), projeto é um processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos. Ainda conceituando projeto, o guia PMBOK define como um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos projetos indica que eles têm um início e um término definidos (PMBOK, 2013). Ou seja, no geral, projetos possuem características que o definem e entre elas pode-se destacar sua exclusividade, temporalidade (possuem início, meio e fim) e limitações.
Xavier (2014) destaca a ocorrência de projetos em praticamente todas as organizações e em todas as suas áreas e níveis, gerando produtos ou serviços. O autor ainda cita alguns exemplos de projetos:
• Lançamento de um novo produto ou serviço.
• Desenvolvimento de um software.
• Realização de uma viagem.
• Organização de um evento (festa, reunião, congresso, etc.).
• Construção de um edifício.
• Publicação de um livro.
No entanto, para projetos obterem resultados positivos precisam ser gerenciados. Nesse sentido, tendo em vista esta abordagem de gerenciamento, para encaixá-la ao conceito de projetos, o guia PMBOK (2013 p. 5) define que a gestão de projetos “é a aplicação de conhecimentos, habilidades e técnicas de projetos, com o objetivo de atingir ou até mesmo exceder as necessidades e as expectativas dos clientes e demais partes interessadas – que também pode ser denominada como stakeholders – do projeto”. O gerenciamento de projetos aborda o projeto em sua totalidade, ou seja, trata desde sua iniciação, o planejamento, a execução, o monitoramento, o controle e o fechamento do projeto (XAVIER, 2014, p. 10).
De acordo com Moraes et. al. (2008), o gerenciamento de projetos se afirma como caminho para o crescimento e o sucesso organizacional, configurando-se em ferramenta gerencial, por meio da qual a empresa desenvolve competências destinadas ao controle de seus projetos, seguindo os fatores pré-determinados como custo, tempo, qualidade e demais pertinências. Ou seja, gestão de projetos é uma atividade fundamental à realização de projetos e, consequentemente, ao seu sucesso. Sabe-se também que, atualmente, existem diversas metodologias para fazer essa gestão, e a escolha certa desta, influencia diretamente nos resultados esperados para o projeto (DRUCKER, 2006).
O Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos (PMBOK), desenvolvido pelo Project Management Institute – PMI é um guia que contém as melhores práticas de gerenciamento de projetos. O PMBOK é um guia globalmente reconhecido, sendo utilizado em mais de 185 países. O PMBOK formaliza diversos conceitos em gerenciamento de projetos, como a própria definição de projeto, do seu ciclo de vida e seus respectivos processos. Também identifica na comunidade de gerenciamento de projetos um conjunto de conhecimentos amplamente reconhecidos como boas práticas, aplicáveis à maioria dos projetos. Estes conhecimentos estão categorizados em dez áreas de conhecimento e os processos relacionados são organizados em cinco grupos ao longo do ciclo de vida do projeto (PMBOK, 2013).
A International Project Management Association – IPMA (Associação Internacional de Gestão de Projetos) é uma organização internacional sem fins lucrativos com foco na área de gerenciamento de projetos. A IPMA iniciou suas atividades em 1965, em Viena, sendo uma das mais antigas e prestigiadas organizações de gestão de projetos. Trata-se de um modelo de gestão de projetos baseado em níveis de conhecimento e competências necessárias para execução de cada processo, essa representação do olhar da IPMA sobre as melhores práticas e competências para a gestão de projetos agrupa 46 elementos, os quais apresentam um foco na verificação das competências técnicas, contextuais e comportamentais. As práticas recomendadas pela IPMA se encontram definidas no ICB- IPMA Competence Baseline (IPMA, 2015).
Outra metodologia existente é o Prince2, o qual integra um conjunto de guias desenvolvidos pelo Office Government Office OGC, do Reino Unido, que tem como objetivo auxiliar as organizações em gestão de projetos, programas e portfólio. O método PRINCE2 aborda o gerenciamento de projeto com quatro elementos integrados: princípios, temas, processos e ambiente do projeto. Além disso, foca-se no controle de seis objetivos principais do projeto: escopo, tempo, custo, qualidade, riscos e benefícios. É considerado como um Framework, podendo ser adaptado a qualquer tipo de projeto. Os seus princípios abrangem uma boa justificativa para o projeto (Business Case), aprendizado por meio da experiência, papéis e responsabilidades, gerenciamento por estágios (técnico e gerencial), gerenciamento por exceção (por meio de níveis de tolerância para cada restrição ao longo de todo o projeto), foco no produto e adaptação. (LARUCCIA et al., 2012).
As metodologias vistas até aqui, as chamadas de tradicionais ou clássicas, originaram na década de 50 e, desde então, vem evoluindo constantemente, sendo alvo de muitas pesquisas e estudos. Essas metodologias abrangem um conjunto de técnicas, conceitos e ferramentas que servem como guia no gerenciamento de qualquer projeto, no entanto, na última década, passaram a ser alvo de críticas, uma vez que existem diferentes tipos de projetos, cada um com suas particularidades, tornando-se necessário, então, a adaptação dos métodos para atender as exigências de cada projeto (JOAQUIM, 2011).
Segundo Joaquim (2011, p.1), dentre as variações e adaptações das metodologias, surgiu o conceito de gerenciamento ágil de projetos (GAP) ou Agile Project Management (APM), inicialmente direcionadas para projetos dinâmicos e inovadores. O gerenciamento ágil de projetos surgiu em 2001, a partir do manifesto ágil para o desenvolvimento de software. As metodologias ágeis tem o objetivo de descomplicar os processos de gerenciamento de projetos e torná-los mais adaptáveis, diminuindo o tempo dedicado a etapas, como a de planejamento, por exemplo. Estes métodos estão em expansão e sendo utilizados em diversos cenários, como o desenvolvimento de software e produtos pioneiros (CONFORTO et al., 2014).
O Scrum é um exemplo de metodologia de gerenciamento para a gestão ágil de projetos. O Scrum tem por objetivo definir um processo de desenvolvimento interativo e incremental podendo ser aplicado a qualquer produto ou no gerenciamento de qualquer atividade complexa. Esta metodologia baseia-se no desenvolvimento incremental das aplicações, sendo centrado na equipe com ciclos de interação curtos. A Metodologia Scrum estabelece conjuntos de regras e práticas de gestão focadas no trabalho em equipe que devem ser implementadas para garantir o sucesso de um projeto (BISSI, 2007).
De acordo com Young, Ganguly e Farr (2012), a concorrência industrial e a constante mudança de necessidades dos clientes têm levado as organizações a desviar-se das abordagens tradicionais de gerenciamento de projetos e a buscarem alternativas inovadoras. Como resultado, tem havido um crescente interesse em métodos de gerenciamento de projetos ágeis, pois ele pode oferecer aos clientes uma resposta mais rápida às suas demandas, dando mais flexibilidade ao projeto.
Com esta visão geral apresentada sobre as metodologias de gestão de projetos, pode-se perceber que existem diversos guias e metodologias para o gerenciamento de projetos, não consensadas e não complementares. Cada escola com sua visão sobre qual seria a melhor maneira de gerenciar os projetos para que, ao final, seja possível alcançar os objetivos pretendidos.
Segundo a terceira edição do Manual de Oslo (2005), responsável pelas definições mundialmente adotadas sobre inovação, inovação é a implantação de um produto (bem ou serviço), novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas (OCDE, 2005).
Ou seja, a inovação é vista como um processo de mudança, na qual produtos ou processos novos ou significativamente melhorados substituem os até então existentes. Para que inovações se tornem realidade, elas necessitam se transformar em projetos, os quais exigem investimentos, tanto para implementar a própria inovação, quanto para obter o conhecimento necessário para isso. Para Moraes et al. (2008), projeto inovador é aquele capaz de transformar e inovar, de gerar algum tipo de impacto, proporcionando soluções ainda não pensadas.
De acordo com Silva e Gil (2013), a inovação está estreitamente associada à moderna gestão de projetos. Para que um produto e/ou serviço passe de ideias abstratas para soluções concretas, é essencial a execução de ações que transformem os conhecimentos de mercado e de tecnologias em descrições de engenharia de um produto técnica e economicamente, ações estas que podem ser realizadas por meio dos processos da gestão de projetos.
Projetos de inovação são diferentes dos tradicionais. Enquanto os tradicionais são elaborados somente para legitimar decisões já tomadas, os projetos de inovação estão, positivamente, transformando a área de empreendedorismo, encontrando na inovação o incentivo para a criação, desenvolvimento e obtenção dos benefícios sucedidos do conhecimento humano (MORAES et al., 2008).
Os projetos de inovação são caracterizados por apresentarem alto nível de incerteza (RUSSO; SBRAGIA, 2014). Segundo Goelzer et al. (2014, p.81), “projetos de inovação, além de exclusivos, ainda possuem uma maior probabilidade de riscos e elevados custos, por conta da sua complexidade e da imprevisibilidade”.
Projetos de inovação podem representar um dos mais arriscados empreendimentos. Segundo Michels e Ferreira (2013), com a crescente preocupação de alguns segmentos de mercados, que exigem mudanças rápidas e contínuas, bem como, produtos cada vez mais inovadores, com objetivo de fazer frente a um mercado cada vez mais competitivo, flexível e adaptativo, surge também a necessidade de uma nova forma de gestão e desenvolvimento desses produtos. De acordo com os autores ainda, “o gerenciamento ágil pode absorver esse tipo de desenvolvimento ágil e flexível que a realidade atual da globalização deseja, buscando proporcionar essa agilidade verdadeiramente efetiva, de forma eficiente e eficaz” (MICHELS; FERREIRA. 2013 p.54). Tal gestão já tão utilizada e de comprovada eficiência no desenvolvimento de softwares, ainda é pouco difundida e utilizada no processo de desenvolvimento de produtos de inovação em outras áreas.
Segundo Conforto et al. (2014), planejamento e controle do projeto são um desafio para as empresas envolvidas no desenvolvimento de novos produtos e/ou tecnologias. Este problema tem sido discutido por pesquisadores, que têm criticado o uso de métodos de gestão tradicionais neste tipo de projeto (Andersen, 1996; Baccarini, 1996; Dawson; Dawson, 1998; Williams, 1999; Maylor, 2001; Cohn, 2005;Shenhar; Dvir, 2007; Steffens; Martinsuo; Artto, 2007; Perminova; Gustafsson; Wikström, 2008).
Esta pesquisa pode ser classificada como exploratória utilizando-se de procedimentos de revisão sistemática da literatura em base científica de dados eletrônica propondo-se a realizar uma análise bibliométrica. Segundo Freire (2013, p.39), a análise bibliométrica é “uma técnica para avaliar e medir os resultados de uma pesquisa bibliográfica sobre uma determinada questão de pesquisa ou sobre uma determinada variável específica”.
A revisão bibliométrica foi escolhida por ser uma técnica projetada para responder a um questionamento específico, e que possibilita apanhar, selecionar e analisar criticamente os estudos. As fontes de um estudo de bibliometria são, portanto, artigos provenientes de estudos originais disponíveis em uma base de científica.
São leis da Bibliometria as leis de Lokta, de Bradford e a de Zipf (Quadro 1):

Como estratégia para a elaboração da revisão bibliométrica sobre metodologias de gestão de projetos de inovação, com o objetivo de responder a seguinte questão de pesquisa: “como se processa a evolução dos estudos teóricos e empíricos interdisciplinares relacionados à utilização das metodologias de gestão de projetos em projetos de inovação?”, utilizou-se uma sequência de passos. São eles:
1º Passo: Escolha da base científica – A base científica escolhida foi a Scopus, pois o objetivo central da pesquisa é conhecer a evolução dos estudos teóricos e empíricos interdisciplinares sobre metodologias de gestão de projetos de inovação em um nível macro de estudos. A base científica Scopus possui características bem específicas que foram relevantes para sua seleção. A Scopus abrange mais de 19.500 títulos de mais de 5.000 editores internacionais, sendo uma base de dados já bem consolidada em pesquisas científicas na área acadêmica.
2º Passo: Escolha das palavras-chave e período de pesquisa – Como palavra-chave utilizou-se o termo “project management”. A busca realizada com tal palavra-chave ocorreu em: títulos, resumo (abstract), palavra-chave (keywords) e retornou um total de 84,426 trabalhos. Em seguida, aplicou-se outro filtro com o termo “innovative project”, no intuito de refinar a busca para abranger a questão de pesquisa mais restritamente. Essa segunda busca retornou um total de 327 trabalhos (apenas 0,39% do total). Por fim, aplicou-se um último filtro com o termo “methodology” para restringir ainda maisos resultados, no qual retornou um total de 71 trabalhos, que perfazem a amostra deste trabalho. A busca no banco de dados abrangeu os anos de 1992 a 2015.
3º Passo: O terceiro passo foi selecionar, na amostra final, as publicações que tratam especificamente do tema de pesquisa. Para isto, foram aplicados novos filtros, que retornaram apenas publicações que continham as palavras chave: Project management, Innovative projects, Methodology e Innovation. Após este procedimento, obteve-se o número de 66 publicações.
4º Passo: Em posse das 66 publicações, iniciou-se a tabulação dos dados, buscando identificar quais os autores que mais publicaram e quais os autores mais citados, quais os países que mais publicaram, quais os tipos de documento mais utilizados para publicação, quais as áreas do conhecimento mais exploradas e a evolução das produções acerca do tema ao longo do tempo.
Apresentação e Análise dos Resultados
Aqui, apresenta-se a visão histórica e geográfica dos estudos, a descrição de periódicos da elite de pesquisadores sobre o tema e, por fim, a análise da interdisciplinaridade do tema.
Segundo a pesquisa realizada, estudos ligados às metodologias de gestão de projetos de inovação datam a partir do ano de 1992. Por meio da linha do tempo, pode-se observar que houve uma tendência de crescimento da quantidade de publicações sobre o tema, com um crescimento de 95,4%, a partir do ano 2003, e o ápice de publicações se deu no ano de 2007. Porém, a partir deste ano, a tendência foi de queda, mas se mantendo em um mesmo nível nos últimos dez anos.

Pela análise geográfica, com a distribuição por 27 países, percebeu-se que o país com maior número de publicação são os Estados Unidos, com um total de 20 (vinte) publicações, seguido pelo Canadá, com 7 (sete) publicações. Nota-se que o Brasil aparece neste gráfico com um total de 2 (duas) publicações, igualando-se à Grécia, Hong Kong, Polônia, Suécia e Emirados Árabes em número de publicações.
O gráfico 2 detalha o número de cada um desses países em relação ao total de publicações encontradas (66).

Por meio da análise das publicações utilizadas no presente estudo, verifica-se que há uma presença da temática de estudo em alguns periódicos internacionais, como no caso da publicação International Journal of Project Management, com oito publicações, surgindo como a revista que mais publicou sobre o tema em comparação às demais (Gráfico 3). Essa revista tem como áreas temáticas, as seguintes: Negócios, Gestão e Contabilidade: Gestão e Negócios Internacionais e Gestão de Tecnologia e Inovação e Ciências Ambientais: Gestão, Acompanhamento, Política e Direito.

Outra análise realizada é referente ao ranking dos autores que mais publicaram sobre o tema, até 2015. Nesse sentido, Jiang, com 3 (três) publicações, foi o autor que mais publicou; Chen, Hoegl, Gourc, Klein, Marmier, Muller, Proserpio, Robin e Sperandio possuem 2 (duas) publicações e todos os demais autores possuem apenas 1 (uma) publicação (Gráfico 4).

Outro indicador que se deve levar em conta é o número de citações das publicações, pois estas apontam as publicações de referência para os estudos sobre o tema. O Quadro 2 destaca as dez publicações mais citadas.

Em relação às áreas do conhecimento envolvendo as metodologias de gestão de projetos de inovação podemos identificar as seguintes áreas envolvidas: Negócios, Gestão e Contabilidade; Engenharia; Ciência da Computação; Ciências da Decisão; Ciência Ambiental; Ciências Sociais; Economia, Econometria e Finanças; Artes e Humanas; Bioquímica, Genética e Biologia Molecular; Energia; Matemática e Medicina. O Gráfico 5 mostra as áreas do conhecimento identificadas.

Observando o Gráfico 5, pode-se destacar as áreas de Negócios, Gestão e Contabilidade, com 48,5% do total de publicações, seguidas pelas áreas de Engenharia com 43,9% e Ciência da Computação com 21,2%.
Destaca-se que alguns artigos estão classificados em mais de uma área do conhecimento e, por isso, podem ser classificadas como interdisciplinares. Como definido pela Capes, a pesquisa interdisciplinar é oriunda do diálogo de duas ou mais disciplinas. O Quadro 3 contém algumas das publicações com as variáveis e áreas associadas.

Por meio deste quadro 3, percebe-se a presença de diversas áreas relacionadas com as temáticas em estudo, caracterizando-as como sendo interdisciplinares. De acordo com Favarão e Araújo (2004), a interdisciplinaridade equivale a uma nova percepção da realidade, a um novo modo de pensar, fruto da associação entre áreas distintas do conhecimento, aspirando tanto à produção de novos conhecimentos, como a resolução de problemas, de modo global e amplo. Segundo os autores, ainda, a interdisciplinaridade surge em decorrência da diversidade de disciplinas, aproveitando sua identidade individual e suas ideias, que são aceitas como enriquecimento e complementaridade de aquisições e concepções coletivas (FAVARÃO; ARAÚJO, 2004).
A interdisciplinaridade em relação às metodologias de gestão de projetos pode ser relacionada, ainda, ao fato de que a gestão de um projeto envolve diversas áreas do conhecimento, que devem ser gerenciadas de maneira integrada para possibilitar melhores resultados. Ou seja, a gestão de projetos é intrinsecamente interdisciplinar e seus estudos refletem esta característica, principalmente quando envolvem a inovação, visto que estes são totalmente dependentes da integração de saberes de múltiplas áreas.
Pode-se citar o surgimento das metodologias ágeis de gestão de projetos decorrente de projetos na área da Computação, onde o termo “Metodologias Ágeis” tornou-se popular em 2001, quando especialistas em processos de desenvolvimento de software se reuniram para tentar encontrar um caminho comum em termos de práticas de gestão de projetos (CONFORTO et al., 2014). Logo, tem-se uma metodologia que envolve conceitos da área de administração (gestão de projetos) e da área da engenharia da computação.
Após a realização da análise bibliométrica sobre os resultados da revisão da literatura sobre metodologias de gestão de projetos de inovação, pode-se constatar que esse campo do conhecimento apresenta uma curvatura ascendente em termos de volume de publicações internacionais, e que o número de publicações brasileiras ainda é baixo, necessitando de mais estudo nesta área, tendo em vista que a inovação é uma tendência global.
Em relação à interdisciplinaridade do tema em questão, observa-se que mesmo ele sendo uma temática original da área de Gestão, vem sendo tratado por outras áreas do conhecimento, como por exemplo: a Engenharia, a Ciência da Computação, a Ciência Ambiental, entres outras áreas como mostrou os resultados da pesquisa.
Apesar da gestão ágil de projetos ter surgido para aplicações de desenvolvimento de software e a maior parte dos estudos e publicações ainda se limitarem para projetos deste tipo, alguns autores, tais como Highsmith, 2004 e Chin, 2004, argumentam, no entanto, que essas práticas, técnicas e ferramentas podem ser adaptadas a outros tipos de produtos e ambientes de projeto, cujas características assemelham-se a projetos de software que são inovadoras e têm uma dinâmica ambiente de desenvolvimento experimentando mudança constante (CONFORTO et al., 2014).
Como sugestão para pesquisas futuras indica-se a realização pesquisas empíricas sobre as metodologias de gestão de projetos de inovação aplicadas em empresas que desenvolvam projetos de inovação em áreas distintas ao desenvolvimento de software, visto que o Brasil possui poucas publicações na área, o que se configura em uma lacuna a ser preenchida com novos estudos.







