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Inovação, Sobrevivência e Ecologia Organizacional: Possibilidades de Relação
Mara Rosalia Ribeiro Silva; Ana Sara Leite Santos; Augusto Cezar Moura de Macedo
Mara Rosalia Ribeiro Silva; Ana Sara Leite Santos; Augusto Cezar Moura de Macedo
Inovação, Sobrevivência e Ecologia Organizacional: Possibilidades de Relação
Innovation, Survival and Organizational Ecology: Possibilities for Relationship
Revista Administração em Diálogo, vol. 21, núm. 2, pp. 148-163, 2019
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
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Resumo: Com o objetivo de analisar as relações entre inovação, sobrevivência e ecologia organizacional, foi realizado um levantamento bibliográfico em sete bases de dados: Spell, Capes, Scielo, Anpad, Scopus, Diadorim and Emerald, não havendo restrição de período. O processo de análise de dados se deu em duas etapas, a primeira utilizando a análise bibliométrica dos artigos encontrados, baseando-se na lei de Zipf (1949) e na lei de Bradford (1934), e a segunda etapa utilizando a análise documental nos estudos empíricos. As relações propostas neste artigo demonstram uma aproximação das temáticas que embasam a construção do ambiente organizacional, no qual as empresas se modificam para sobreviver e adaptarem-se à uma dinâmica própria de mercado.

Palavras-chave: InovaçãoInovação,Ecologia organizacionalEcologia organizacional,Sobrevivência OrganizacionalSobrevivência Organizacional.

Abstract: With the objective of analyzing the relations between innovation, survival and organizational ecology, a bibliographic survey was carried out in seven databases: Spell, Capes, Scielo, Anpad, Scopus, Diadorim and Emerald, without period restriction. The data analysis process was carried out in two stages, the first using the bibliometric analysis of the articles found based on Zipf's law (1949) and Bradford's law (1934), and the second step using documentary analysis in the studies empirical. The relationships proposed in this article demonstrate an approximation of the themes that underlie the construction of the organizational environment, in which companies change to survive and adapt to their own market dynamics.

Keywords: Innovation, Organizational ecology, Organizational Survival.

Carátula del artículo

Artigo

Inovação, Sobrevivência e Ecologia Organizacional: Possibilidades de Relação

Innovation, Survival and Organizational Ecology: Possibilities for Relationship

Mara Rosalia Ribeiro Silva
Universidade Federal do Paraná, Brazil
Ana Sara Leite Santos
Universidade Federal do Ceará, Brazil
Augusto Cezar Moura de Macedo
Universidade Federal do Ceará, Brazil
Revista Administração em Diálogo, vol. 21, núm. 2, pp. 148-163, 2019
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Recepção: 11 Setembro 2018

Aprovação: 20 Fevereiro 2019

Introdução

Diante de um contexto de competitividade, no qual as organizações precisam se adaptar às mudanças que ocorrem no ambiente e que são influenciadas por fatores sociais, políticos, econômicos e culturais, faz-se necessário estudos que tragam novas perspectivas de análise sobre o fenômeno da inovação.

Como a inovação não consiste somente na criação de novos mercados, mas também nas novas formas de servir aos mercados já formados e maduros (Tidd, & Bessant, 2015), esse aspecto poderia potencializar as capacidades internas de uma organização, permitindo a sobrevivência organizacional. Hannan e Freeman (1977) atribuem as questões organizacionais relativas à sobrevivência à ecologia organizacional que, segundo Cunha (1993), parte da premissa de que as organizações mais adaptadas às adversidades do ambiente terão maiores chance de sobrevivência.

A literatura não deixa evidente como o fenômeno da inovação está relacionado à sobrevivência e a ecologia organizacional, já que essas temáticas têm sido estudadas separadamente. Partindo do pensamento de Tolbert e Hall (2015), de que uma das mudanças mais significativas para o avanço da área científica está relacionada com a capacidade de combinações teóricas e não com a confrontação de divergências, propõe-se como objetivo da pesquisa a análise das relações entre inovação, sobrevivência e ecologia organizacional.

Inovação, Sobrevivência e Ecologia Organizacional

O ambiente cada vez mais complexo das organizações influenciou diretamente na necessidade de reformulação do pensamento administrativo de forma a compreender as diferentes relações entre a dinâmica organizacional e o ambiente (Morgan, 1996). Foi nesse contexto que surgiu a ideia da ecologia organizacional, conceito desenvolvido por Hannan e Freeman (1977) no artigo “A ecologia organizacional das populações”. Os autores fizeram uma analogia de “ecologia”, termo proveniente da biologia, que significa o estudo das relações entre os seres vivos com o ambiente em que moram e da maneira como eles são distribuídos no planeta (Townsend, Begon, & Harper, 2006).

Para associar ecologia ao contexto organizacional, Hannan e Freeman (1977) identificaram algumas características de modelos ecológicos no estudo das organizações. Para esses autores, existem cinco níveis de análise das organizações: membros (pessoas), subunidades (departamentos), organizações individuais, populações de organizações (que possuem características comuns) e comunidades de organizações (conjuntos de populações). Além disso, os autores afirmam que o ambiente é o fator responsável pela seleção natural das organizações independentemente de diferentes variáveis e contingências, indicando uma visão determinística do ambiente.

Outra característica da ecologia organizacional é a inércia estrutural, que representa um conjunto de variáveis internas e externas, que impede as organizações de modificar suas estruturas, como: investimentos em pessoas e maquinário, falta de informações relevantes para a tomada de decisões, resistência a mudanças culturais e nos processos e excesso de burocracia entre mercados e governos (Carroll, 1987).

Por fim, a questão da adaptação indica que as organizações, em sua própria dinâmica, analisam o ambiente e procuram alterar sua estrutura para se adequar à dinâmica ambiental. Essa capacidade de adaptação significa, na prática, que os gestores das organizações devem identificar no ambiente oportunidades relevantes e ameaças pertinentes, transformando essas informações em estratégias que ajustem a estrutura organizacional ao modelo ambiental vigente (Hannan, & Freeman, 2005).

Em suma, a ecologia organizacional parte da premissa de que, assim como ocorre na natureza, as organizações passam por uma intensa seleção ambiental, o que gera uma situação de elevada competitividade e necessidade de flexibilização de estruturas e processos internos. Essa dinâmica está diretamente relacionada à sobrevivência das organizações, temática cada vez mais discutida no âmbito organizacional, principalmente a partir do desenvolvimento das teorias evolucionárias, que surgiram no fim da década de 1970 (Meirelles, & Thomaz, 2016).

No campo das teorias evolucionárias, destacam-se a ecologia organizacional e a economia evolucionária, respectivamente, articuladas por Hannan e Freeman (1977) e Nelson e Winter (1982). A principal diferença entre as duas abordagens é que a ecologia organizacional enfatiza as capacidades estruturais e estratégicas de adaptação ao ambiente, enquanto a economia evolucionária ressalta a importância da tecnologia no processo adaptativo das organizações.

Segundo a ecologia organizacional, a sobrevivência está ligada às diferentes estratégias e capacidades desenvolvidas pelas organizações no sentido de se adequarem às exigências ambientais. Assim, para sobreviver à seleção ambiental, as organizações devem equilibrar a inércia estrutural (fatores que influenciam a rigidez da estrutura organizacional) e o processo adaptativo, buscando alinhar as estratégias organizacionais e a natureza do ambiente (Hannan, & Freeman, 1977).

A economia evolucionária, por sua vez, defende que as chances de sobrevivência dependem das capacidades tecnológicas desenvolvidas pelas organizações diante das exigências do ambiente. Dessa forma, as organizações devem buscar constantes inovações no objetivo de crescimento e permanência no mercado. O processo de adaptação, nesse caso, pode envolver alterações nas rotinas operacionais, nas técnicas e nos processos produtivos (Nelson, & Winter, 1982).

Dentre a literatura seminal que trata de sobrevivência, ressalta-se ainda que, como as organizações não são capazes de produzir todos os recursos para se sustentarem, elas necessitam buscar recursos no ambiente (Aldrich, & Pfeffer, 1976; Dimaggio, & Powell, 1983). Assim, a capacidade de aquisição e de manutenção daqueles recursos tornam-se elementos essenciais para a sobrevivência (Pfeffer, & Salancik, 1978), e o fator inovação poderia colaborar para a continuidade da organização.

O processo de inovação em uma organização envolve desafios gerais, do qual fatores como risco e incertezas estão presentes e a necessidade de aperfeiçoamento da gestão se faz necessária, reforçando-se o uso da inovação nas organizações como forma de obter sucesso sustentável nos mercados em que atuam, ou até mesmo como forma de reinventarem os mercados já existentes (Cristensen, 1997; Prahalad, & Hamel, 2005; Stefanovitz, & Nagano, 2014).

A inovação torna-se componente essencial para as organizações, devendo ser notada como um processo a ser gerenciado, e não como um simples evento (Stefanovitz, & Nagano, 2014). Conforme Kanter (2002), a inovação não é necessariamente uma invenção, mas um processo de incrementação de novas ideias direcionadas ao uso produtivo. Dessa forma, há necessidade de que uma complexa gama de atividades aconteça de forma sincronizada e ordenada, a fim de favorecer seu gerenciamento.

De modo geral, as organizações utilizam a inovação como instrumento de aumento da competitividade, manutenção e sobrevivência organizacional, fazendo-se necessário a integração de um conjunto de componentes alinhados com cada tipo de ambiente que as fortaleçam e permitam que prosperem.

Metodologia

Quanto aos aspectos metodológicos, este artigo foi elaborado em diferentes etapas conforme a Figura 1. Na primeira etapa, realizou-se a definição da metodologia, sendo que a presente pesquisa foi classificada como: qualitativa, por trabalhar com o universo dos significados e da análise mais profunda das relações entre inovação, sobrevivência e ecologia organizacional (Minayo, 2001); quantitativa, por oferecer uma apresentação panorâmica de contagem quanto às relações investigadas (Sampieri, Collado, & Lucio, 2013); exploratória, pois visou uma melhor compreensão do fenômeno (Acevedo, & Nohara, 2006); e documental, mediante a consulta em sete bases de dados.


Figura 1 -
Etapas da Pesquisa.
Fonte: Elaborada pelos autores.

A segunda etapa da metodologia foi a coleta de dados. Essa etapa foi realizada em duas fases. Primeiramente, realizou-se um levantamento bibliográfico nas bases de dados Spell, Capes, Scielo, Anpad, Scopus, Diadorim e Emerald utilizando o descritor “sobrevivência organizacional” nos campos título, resumo e palavras-chave. Na segunda fase, foi efetuado o mesmo processo da fase anterior, mas utilizando o descritor “ecologia organizacional”. Nas duas primeiras fases, foi alcançado o total de 147 artigos.

Na terceira etapa da metodologia, foi realizada a identificação das relações encontradas. Essa etapa foi realizada em duas fases. Na primeira fase, definiu-se que pode existir, em cada artigo, uma das seguintes relações, conforme a Figura 2: inovação e sobrevivência organizacional (Relação 1); inovação e ecologia organizacional (Relação 2); sobrevivência e ecologia organizacional (Relação 3); e inovação, sobrevivência e ecologia organizacional (Relação 4).

Na segunda fase, foi realizada a leitura completa dos artigos, buscando identificar uma das quatro relações mediante os seguintes critérios: presença das três temáticas pertinentes a este estudo; e presença dos descritores “inovação”, “ecologia organizacional” e “sobrevivência organizacional” no corpo do texto. Essa etapa resultou na amostra de 18 artigos (12 teóricos e seis empíricos), como mostra a Tabela 1: oito abordando inovação e sobrevivência organizacional; sete relacionados à sobrevivência e ecologia organizacional; e três abordando inovação, sobrevivência e ecologia organizacional. Não foram localizados artigos envolvendo somente os assuntos inovação e ecologia organizacional.


Figura 2 -
Síntese das Relações.
Fonte: Elaborada pelos autores.

A quarta etapa da metodologia foi a análise de dados da amostra (18 artigos), que foi composta por duas fases: análise bibliométrica, a fim de identificar as características das relações entre inovação, sobrevivência e ecologia organizacional; e análise documental, no intuito de analisar como os estudos empíricos abordam as relações entre as três temáticas.

Tabela 1 -
Artigos Encontrados de Acordo com Cada Relação.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Assim, na primeira fase da análise de dados, foi realizada uma análise bibliométrica dos artigos encontrados baseando-se na lei de Zipf (1949), por meio da utilização do Programa MAXQDA 12®, e na lei de Bradford (1934), com dados tabulados no programa Microsoft Excel.

De acordo com a lei de Zipf (1949), um texto pode ser analisado a partir de um modelo de distribuição e frequência de palavras, sendo possível verificar a correlação entre um número de vocábulos diferentes e a frequência de seu uso. Segundo a lei de Bradford (1934), uma análise pode ser efetuada a partir da dispersão do conhecimento científico com a incidência da lei sobre um conjunto de periódicos, sendo possível verificar os artigos em ordem de prioridade sobre um determinado assunto. Na segunda fase foi realizada a análise documental dos seis artigos empíricos encontrados no levantamento. Os resultados encontrados, após as quatro etapas referentes à metodologia, são apresentados no tópico a seguir.

Análise e Discussão dos Resultados

A análise das possíveis relações entre inovação, ecologia e sobrevivência organizacional foi realizada em duas partes. Na primeira parte, foi feito um estudo bibliométrico para identificação das características dos artigos da amostra. Foi aplicada a lei bibliométrica de Zipf (1949), ou lei de frequência de palavras, no objetivo de verificar os vocábulos que são mais representativos para a compreensão das três áreas em estudo, para então identificar de que forma estão interligados. Através da utilização do Programa MAXQDA 12®, foram elaboradas nuvens de palavras para cada uma das relações 1, 3 e 4, como mostram as Figuras 3, 4 e 5.

Ao analisar a nuvem de palavras relacionados à Relação 1 (I x SO), apresentaram maior frequência as seguintes palavras, conforme a Figura 3: “inovação”; “organizações” e “empresas”, respectivamente com 20, 12 e 13 citações. Infere-se que a relação entre inovação e sobrevivência organizacional ocorre em empresas do setor privado, tanto em grandes como em pequenas empresas, em um contexto de constantes mudanças, competitividade e incertezas.


Figura 3 -
Nuvem de Palavras dos Trabalhos Referentes à Relação 1 (I x SO).
Fonte: Elaborada pelos autores, gerado pelo Programa MAXQDA 12®.

No caso dos artigos relativos à Relação 3 (SO x EO), conforme Figura 4, as palavras que apresentaram maior destaque são: “organizacional”, “ambiente” e “empresas”, respectivamente com 18, 14 e 9 citações. Nessa relação, o ambiente representa um fator relevante quando relacionado à discussão sobre sobrevivência organizacional.


Figura 4 -
Nuvem de Palavras dos Trabalhos Referentes à Relação 3 (SO x EO).
Fonte: Elaborada pelos autores, gerado pelo Programa MAXQDA 12®.

Por último, sobressaem da análise da nuvem de palavras da Relação 4 (I x SO x EO), conforme Figura 5, os seguintes vocábulos: “organizacional”, “análise”, “sobrevivência” e “ecologia”, respectivamente com 7, 6, 4, e 4 indicações. Nesse caso, “inovação” foi pouco mencionada quando discutida com a sobrevivência e a ecologia organizacional.


Figura 5 -
Nuvem de Palavras dos Trabalhos Referentes à Relação 4 (I x SO x EO).
Fonte: Elaborada pelos autores, gerado pelo Programa MAXQDA 12®.

Em seguida, foi aplicada a lei bibliométrica de Bradford (1934) no objetivo de verificar a produtividade dos artigos sobre cada relação. Através da utilização do Programa Microsoft Excel, foram elaboradas a Figura 6 e a Tabela 2, a fim de verificar a dispersão de produtividade nos periódicos levantados, à luz da lei de Bradford (1934).

Ao analisar a Figura 6, observa-se uma distribuição quase uniforme dos trabalhos ao longo do tempo, onde não há prevalência de uma das relações propostas sobre outra. Destaca-se, porém, os anos de 2014 e 2016 que apresentaram uma maior produção, ambos com três artigos, sendo, conquanto, que o ano 2016 apresentou produção em três relações.

Verifica-se que a distribuição da amostra pelos periódicos qualis, Tabela 2, apresenta uma dispersão na produção científica para as relações propostas no estudo, tanto relativo aos periódicos, quanto ao longo do tempo. Infere-se, portanto, que, apesar de constante no universo das ciências sociais, não houve uma concentração de publicação em alguns periódicos, somente a Revista de Administração de Empresas apresentou uma concentração de três publicações no período de 1991 a 2017, referindo-se à Relação 3 (SO x EO).


Figura 6 -
Evolução dos Trabalhos ao Longo do Tempo por Relação (1991-2017).
Fonte: Elaborada pelos autores.

Em destaque, observa-se que a Relação 1 (I x SO) apresentou uma maior periodicidade, com oito artigos publicados no período em análise, em periódicos variados. Verifica-se ainda que a Relação 4 (I x SO x EO), com apenas três artigos publicados, distribuídos nos anos de 2014 a 2016, pode se constituir em um forte indício de que apenas recentemente passou a ser estudada nas pesquisas acadêmicas da área de administração.

Tabela 2 -
Produtividade dos Periódicos.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Na segunda parte da análise, foi realizada uma pesquisa documental nos seis artigos empíricos da amostra. Na Figura 7, estão especificados quais relacionamentos são dados ênfase na condução de cada pesquisa, qual empresa ou setor empresarial foi estudado e as principais percepções sobre cada caso.


Figura 7 -
Síntese dos Trabalhos Empíricos.
Fonte: Elaborada pelos autores.

No tocante à Relação 1 (I x SO), observou-se as espécies e populações de empresas que lutam pela sua sobrevivência no ambiente competitivo através da diferenciação alcançada por meio da inovação, corroborando com o que versa o estudo de Machado e Barzotto (2012), os quais tratam a inovação como garantia para sobrevivência das empresas em um mercado altamente competitivo e dinâmico.

Quanto à Relação 3 (SO X EO), os casos das empresas descritos pelos artigos analisados se assemelham aos resultados do estudo de Petry, Silva e Machado (2016), quando esses autores argumentam que, por conta da ecologia organizacional, as organizações passam por uma intensa seleção ambiental, gerando a necessidade de modificarem estruturas e processos internos a fim de sobreviverem no mercado.

No que diz respeito à Relação 4 (I x SO x EO), os artigos analisados apresentam casos de empresas que encontraram na inovação o seu meio de sobrevivência partindo da adaptação e da seleção do ambiente, ideias provenientes da ecologia organizacional, assim como preconiza a literatura clássica de Hannan e Freeman (1977) também reforçado por Silva e Heber (2014).

As análises bibliométrica e documental proporcionaram uma visão ampliada sobre a interligação entre inovação, sobrevivência e ecologia organizacional, possibilitando a identificação de características da produção nacional e a percepção de como os artigos encontrados foram desenvolvidos. Ademais, as análises permitem a compreensão de que as relações propostas podem ser trabalhadas em conjunto como abordagem para estudos relacionados à prática organizacional.

Conclusão

O objetivo geral desta pesquisa - analisar as relações entre inovação, sobrevivência e ecologia organizacional - foi alcançado na medida em que o estudo se desenvolveu através de dois caminhos: aplicação de leis bibliométricas e análise documental dos artigos empíricos. Foi possível identificar casos de diferentes segmentos empresariais, como: intermediação financeira, administradoras de consórcio, videolocadoras, bancas de jornal, setor moveleiro e instituição de ensino. Observou-se que: na Relação 1 (I x SO), as espécies e populações de empresas lutam pela sua sobrevivência no ambiente competitivo através da diferenciação; a Relação 3 (SO X EO) e a Relação 4 (I x SO x EO) possuem em comum o fato de as empresas utilizarem ferramentas e ações inovadoras para manter sua sobrevivência no mercado.

As relações propostas neste artigo demonstram uma aproximação das temáticas que embasam a construção do ambiente organizacional, no qual as empresas se modificam para sobreviver e adaptarem-se à uma dinâmica própria de mercado. Os ajustes realizados pelas empresas em seus processos internos alteram as estruturas organizacionais, transformando-as em modelos vigentes das mudanças necessárias no seu setor específico. O ambiente se torna fator decisivo para as alterações realizadas, sendo que as oportunidades e as ameaças do meio conduzem o conjunto de variáveis que serão fatores preponderantes para a modificação ou para o impedimento de suas mudanças.

Atender à necessidade das demandas de mercado por meio da inserção de novos modelos de gestão, gerenciamento de recursos ou inovação de produtos e serviços, diante um espaço competitivo, propicia que diferentes formas de adaptação organizacional sejam desenvolvidas com a finalidade de alcançar objetivos fundamentais para o dinamismo de estratégias inovadoras, mesmo diante barreiras, como forma de alinhar os recursos para a luta pela sobrevivência nas organizações.

Como limitações, esta pesquisa apresenta: apenas o cenário nacional das possíveis relações entre os três temas e um número pequeno de estudos encontrados nas bases científicas. No entanto, a pesquisa contribuiu para demonstrar as ligações existentes entre as três temáticas e como essas relações foram desenvolvidas em estudos empíricos. Sugere-se que, em pesquisas futuras, os temas integrados sejam utilizados para a investigação de casos empíricos, agregando contribuições para o fenômeno da inovação.

Material suplementar
Referências
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Meirelles, D. S., Yoshida, E. C., & Palmaka, R. P. (2011). Formas organizacionais no setor de intermediação financeira. Revista Pretexto, 12(1), 70-83.
Minayo, M. C. S. (2001). Pesquisa social: Teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes.
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Tolbert, P. S., & Hall, R. H. (2015). Organizations: Structures, processes and outcomes (10nd ed.). Routledge: Taylor & Francis Group.
Townsend, C. R., Begon, M., & Harper, J. L. (2006). Fundamentos em ecologia (2a ed.). Porto Alegre: Artmed.
Zipf, G. K. (1949). Human behavior and the principle of least effort. Cambridge: Addison Wesley.
Notas

Figura 1 -
Etapas da Pesquisa.
Fonte: Elaborada pelos autores.

Figura 2 -
Síntese das Relações.
Fonte: Elaborada pelos autores.
Tabela 1 -
Artigos Encontrados de Acordo com Cada Relação.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 3 -
Nuvem de Palavras dos Trabalhos Referentes à Relação 1 (I x SO).
Fonte: Elaborada pelos autores, gerado pelo Programa MAXQDA 12®.

Figura 4 -
Nuvem de Palavras dos Trabalhos Referentes à Relação 3 (SO x EO).
Fonte: Elaborada pelos autores, gerado pelo Programa MAXQDA 12®.

Figura 5 -
Nuvem de Palavras dos Trabalhos Referentes à Relação 4 (I x SO x EO).
Fonte: Elaborada pelos autores, gerado pelo Programa MAXQDA 12®.

Figura 6 -
Evolução dos Trabalhos ao Longo do Tempo por Relação (1991-2017).
Fonte: Elaborada pelos autores.
Tabela 2 -
Produtividade dos Periódicos.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Figura 7 -
Síntese dos Trabalhos Empíricos.
Fonte: Elaborada pelos autores.
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