Artigo

Contribuições sociológicas do pensamento Habermasiano para os Estudos Organizacionais: um estudo da produção internacional em administração

Sociological Contributions of Habermasian Thought to Organizational Studies: A Study of International Production in Administration

Ewerton Roberto Inocêncio
Universidade Estadual de Londrina, Brasil
Ricardo Lebbos Favoreto
Universidade Estadual de Londrina, Brasil

Contribuições sociológicas do pensamento Habermasiano para os Estudos Organizacionais: um estudo da produção internacional em administração

Revista Administração em Diálogo, vol. 23, núm. 3, pp. 9-28, 2021

Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração

Recepção: 21 Setembro 2020

Aprovação: 06 Maio 2021

Resumo: O objetivo deste artigo é identificar as contribuições habermasianas para os estudos organizacionais na área de administração no panorama internacional. A pesquisa foi realizada por meio de procedimentos bibliométricos. A análise das citações e referências permitiu averiguar que a principal obra habermasiana explorada é “Teoria do Agir Comunicativo”, sendo seus conceitos, os mais empregados. Também foi possível identificar os temas dos artigos, o volume de produção por ano, os trabalhos de outros autores comumente citados em artigos com referencial habermasiano, as metodologias empregadas, os autores mais produtivos, as regiões com mais autores e as instituições que estão associados

Palavras-chave: Habermas, estudos organizacionais, administração, teoria do agir comunicativo.

Abstract: This article aims to identify the contributions of Habermasian thinking to organizational studies in the area of administration in the international scene. The procedures adopted to carry out the research were bibliometrics. The analysis of quotes and references made it possible to ascertain that the main Habermasian work explored is “Theory of Communicative Action”, with its concepts being the most used. It also made it possible to identify the themes of the articles, the volume of production per year, the works of other authors commonly used in articles with Habermasian references, the methodologies used, the most productive authors, the regions with the most authors, and the institutions that they are associated.

Keywords: Habermas, organizational studies, administration, theory of communicative action.

Introdução

“Saber por que a humanidade mergulha num novo tipo de barbárie em vez de chegar a um estado autenticamente humano” (Wiggerhaus, 2010/1944, p. 357): esse era o objetivo da obra magna “Dialética do Esclarecimento”, escrita por Adorno e Horkeimer, no contexto da primeira geração da Escola de Frankfurt. Segundo o diagnóstico realizado pelos autores, ao longo do progresso do pensamento, o esclarecimento apontado pelo Iluminismo perseguiu o objetivo de livrar os seres humanos do medo e conferi-los a posição de senhores, “mas a terra totalmente esclarecida resplandece sob o signo de uma calamidade triunfal” (Adorno & Horkheimer, 2006/1969, p. 17).

De acordo com Nobre (2008), a “Dialética do Esclarecimento” buscou investigar a razão humana em um amplo espectro, a fim de compreender por que a racionalidade das relações sociais não conduziu a uma sociedade emancipada e sim a um sistema social no qual os indivíduos apenas se submetem e adaptam-se. Diante das circunstâncias do momento, a primeira geração de frankfurtianos considerou que os potenciais emancipatórios estavam bloqueados, pois os elementos autodestrutivos do capitalismo haviam sido estabilizados, as massas estavam integradas ao sistema e havia uma forte repressão de movimentos de contestação.

Para Freitag (2005), Habermas enxergava um grande pessimismo na obra de Adorno e Horkheimer, levado ainda mais adiante em “Dialética Negativa”, publicada em 1944 por Adorno. Havia nessas obras uma impotência da razão em remontar as suas origens e recuperar os espaços perdidos, o que poderia implicar o fim da teoria crítica. Assim, com o intuito de não permitir que a teoria crítica sucumbisse com seus antecessores, Habermas empreende seu projeto de formular uma nova teoria crítica da sociedade, fundamentada em uma racionalidade distinta, bem como em uma nova ideia de emancipação. O projeto crítico habermasiano é principalmente representado pela sua obra magna, “Teoria do Agir Comunicativo”. Outras obras de destaque do autor são: “Técnica e Ciência como ‘Ideologia’”, “Conhecimento e Interesse”, “Direito e Democracia”, “Mudança Estrutural da Esfera Pública” – todas com potencial de aplicação a diversos campos do saber.

A área de Administração, segundo Fournier e Grey (2000), à medida que se tornou mais relevante, também passou a ser objeto de interesse de estudiosos preocupados com análises mais críticas sobre a prática de gestão. Embora a maior parte das pesquisas nas décadas de 1980 e 1990 preocupassem-se apenas em reproduzir o status quo, a área sempre esteve sujeita a análises críticas, devido a sua relação com os poderes social e político. Na década de 1990, essas análises ganharam visibilidade. Foi quando se tentou unificá-las sob a nomenclatura “estudos críticos de gestão”. Vertentes de pensamento diversas transparecem nos estudos críticos de gestão. A pesquisa retratada neste artigo limita-se a explorar as ideias de Habermas que influenciam a área de Administração em nível internacional.

No cenário nacional, textos como Vizeu (2005), Paula (2008; 2015; 2016), Bannwart, Favoreto e Nogueira (2018), Favoreto, Nogueira e Bannwart (2019), Lara e Vizeu (2019) ressaltam o potencial das teorias habermasianas para a pesquisa em Administração. Na cena brasileira, o referencial habermasiano permanece pouco explorado, todavia. Em levantamento recente, Inocêncio e Favoreto (2020) constataram que embora publicações com fundamentação nas teorias de Habermas tenham aparecido no cenário nacional desde o início da década de 1990, passados quase 30 anos, o volume dessas publicações ainda é pequeno, 46 artigos distribuídos em 10 dos principais periódicos nacionais. Além disso, observaram que os principais conceitos habermasianos utilizados pertencem a obra “Teoria do Agir Comunicativo”, havendo pouco aproveitamento da extensa produção teórica de Jürgen Habermas. Enfocando o panorama estrangeiro, a investigação a que aqui se procede identifica o volume de publicações com referencial habermasiano por ano; os autores e as instituições as quais estão associados; os periódicos abertos ao pensamento habermasiano; as metodologias empregadas nesses artigos; as obras habermasianas mais citadas pelos pesquisadores e os autores mais citados em trabalhos de fundamentação habermasiana.

O artigo tem finalidade descritiva. Os dados são analisados utilizando-se de técnicas quantitativas. Seguem-se procedimentos bibliométricos, os quais possibilitam a avalição da produção de conhecimento de determinada área do saber por meio da análise acerca dos anos, periódicos e autores mais produtivos, bem como das instituições a que os pesquisadores estão associados e das regiões onde se encontram ( Araújo, 2006; Vanti, 2002). Ao empregar tais métodos, a presente pesquisa pode ser classificada como descritiva em relação aos seus objetivos, uma vez que emprega métodos de estatística, próprios a bibliometria, para caracterização de uma determinada população ou amostra ( Gil, 2010; Lakatos & Marconi, 2003). Constitui-se o artigo das seguintes seções: esta introdutória; procedimentos metodológicos; análise dos dados; síntese dos resultados e considerações finais, na qual se apontam lacunas e orientações para estudos futuros.

Procedimentos Metodológicos

A investigação a que se propõe este artigo conduz-se por análises quantitativas. Empregam-se técnicas bibliométricas pelas quais se intenta descrever aspectos da literatura e avaliar a produção científica, com o intuito maior de entender como o conhecimento tem-se desenvolvido no campo de saber enfocado ( Araújo, 2006; Guedes & Boschivier, 2005; Vanti, 2002). De acordo com Price (1976), a blibliometria constitui um importante método de avaliação objetiva, sendo útil para informar volume de autores, trabalhos, periódicos e outras informações julgadas relevantes a respeito de determinado campo. Segundo Araújo (2006), a blibliometria foi inicialmente utilizada para a medição de livros e, posteriormente, passou a sê-lo também para a avaliação de outros tipos de produção bibliográfica, da produtividade de autores e do estudo de citações. Ele destaca que o uso de técnicas bibliométricas permite identificação e descrição de padrões do conhecimento científico.

Três são as leis bibliométricas clássicas: de Bradford, de Lotka e de Zipf. A primeira volta-se para a ponderação da produtividade dos periódicos; a segunda, para a produtividade científica dos autores; a terceira, para a frequência das palavras ( Araújo, 2006; Favoreto, Vieira & Shimada, 2012; Guedes & Boschivier, 2005; Vanti, 2002). Araújo (2006) salienta que, paralelamente à tentativa de aperfeiçoamento das fórmulas que expressam as leis, subsiste o questionamento do caráter puramente quantitativo da bibliometria, que, conforme defendem alguns, deve ser adotada como técnica de suporte, somada, para a realização de pesquisas, a outras complementares – pesquisas “que se utilizam de dados bibliométricos, mas que realizam uma leitura desses dados à luz de elementos do contexto sócio-histórico em que a atividade científica é produzida” ( Araújo, 2006, p. 25).

A amostra de repositórios operada consiste em periódicos internacionais vinculados à área de Administração na base Web of Science. Entre os periódicos da categoria “Management” foram escolhidos aqueles dotados de fator de impacto igual ou superior a 3, conjunto constituído de 72 periódicos, cabendo o maior ao “Academy of Management Annals” (12,289) e, o menor ao “Human Resource Development Quarterly” (3,000). Nesses periódicos, selecionaram-se artigos que registram a palavra “habermas” (termo inclusivo das variações “habermasian” e “habermasians”) no resumo, do que resultaram 31 artigos publicados em 18 periódicos.

Tabela 1
Etapas do estudo
Etapas do estudo

Análise dos Dados

Volume e Anos das Publicações

Na amostra operada, o interesse pelo pensamento habermasiano inicia-se na década de 80 e intensifica-se após os anos 2000, período que concentra 77% das publicações. Verifica-se que, em boa parte do tempo, é publicado apenas 1 artigo por ano. Os anos mais profícuos são 2002, quando se publicaram 5 artigos, e 2018 (3 artigos). Perceba-se que os artigos publicados em 2002 se concentram no “Journal of Information Technology”, o periódico que contêm o maior volume de artigos (16% dos 31 analisados). Nos dois anos mais recentes, 2018 e 2019, identificam-se 4 publicações, o que demonstra o interesse contemporâneo, ainda que tímido, no referencial habermasiano.

Volume de artigos por ano
Figura 1
Volume de artigos por ano

Análise de autores mais produtivos e mais referenciados em trabalhos com fundação habermasiana

Os 31 artigos analisados são assinados por 59 autores. Oitenta e oito por cento desse contingente (52 autores) assinam apenas 1 artigo e 12% (7 autores), dois ou mais. O autor mais produtivo é David O’Donnell, com 3 artigos (aproximadamente, 10% do total), seguido por Andreas Georg Scherer, Brian Coates, Gibson Burrell, Guido Palazzo, Philip O’Regan e Robert Cooper, todos com 2 artigos cada. Juntos, O’Donnel e os demais assinam aproximadamente 49% dos artigos. Como usual na área, os artigos são normalmente assinados em coautoria. Publicações em autoria singular somam dez artigos (aproximadamente 32% do total). Da lista indicada acima, apenas Robert Cooper e Gibson Burrel publicaram em autoria singular. Vale relembrar que Burrell é o mesmo autor que, com Gareth Morgan, assina uma das obras mais influentes do campo dos estudos organizacionais “Sociological Paradigms and Organizational Analysis”.

Assinale-se que os autores mais produtivos trabalharam conjuntamente, entre eles, em algumas publicações. David O’Donnell assina com Philip O’Regan e Brian Coates 2 artigos, sendo que de um deles participam outros 3 autores. Andreas George Scherer e Guido Palazzo assinam seus 2 artigos em coautoria, sendo Scherer o primeiro autor em ambos. Também, Gibson Burrel e Robert Cooper assinam em coautoria um de seus artigos.

Os autores são, em sua maioria, vinculados a instituições europeias, sendo a Inglaterra o país do maior número deles, 17 (29% do total), seguida pelos Estados Unidos, de 10 autores (17% do total), pelo Canadá, de 8 autores (14% do total) e pela Irlanda, de 7 autores (12% do total). Os demais autores (28% do total) provêm de 8 países. As instituições com maior número de autores vinculados são a University of Limerick, com 5 autores (10% do total), a Ryerson University e a University of Salford com 4 autores cada (14% do total) e a Griffith University e a University of Groningen, com 3 autores cada (10% do total). Os demais autores (66%) vinculam-se a outras 31 instituições. Os autores mais produtivos estão vinculados aos seguintes instituições: David O’Donnell, Philip O’Regan e Brian Coates à University of Limerick (Irlanda); Robert Cooper à University of Lancaster (Inglaterra); Gibson Burrell à University of Warwick (Inglaterra); Andreas Georg Scherer à University of Zurich (Suíça); e Guido Palazzo à University of Lausanne (Suíça).

Tabela 2
Países e instituições dos autores
Países e instituições dos autores

Como parte de estudo também foram observadas as citações e referências dos artigos a fim de identificar os autores mais influentes em publicações de fundamentação habermasiana. As referências foram listadas em uma planilha do software Excel que também permitiu registrar a quantidade de citações de cada obra. Ao todo foram listadas 2413 referências e 4496 citações. Com o intuito de identificar os autores mais influentes, filtrou-se aqueles que tiveram mais de 10 citações e cujos trabalhos foram referenciados em 3 ou mais artigos. Os trabalhos mais referenciados foram “Making sense of management” (1996) de Alvesson e Willmott (6 artigos) seguidos de “Corporate legitimacy as deliberation: A communicative framework” (2006) de Palazzo e Scherer (5 artigos) e “Toward a political conception of corporate responsibility: business and society seen from a Habermasian perspective” (2007) de Scherer e Palazzo (5 artigos). Ressalta-se que os autores Scherer e Palazzo também são os autores mais produtivos o que contribui para que as pesquisas deles constem entre as mais referenciadas. Todavia, tal fato não diminui a influência dos autores quando se trata de estudos com fundamentação habermasiana, já que das 5 vezes que o trabalho de Palazzo e Scherer (2006) foi referenciado, somente 2 artigos eram de autoria deles e os outros três eram de pesquisadores diversos. O mesmo se dá com a pesquisa de Scherer e Palazzo (2007) referenciada em apenas 1 artigo de autoria deles e em 4 publicações de outros estudiosos.

Tabela 3
Autores mais utilizados em trabalhos de fundamentação habermasiana
Autores mais utilizados em trabalhos de fundamentação habermasiana

Periódicos Abertos ao Pensamento Habermasiano

Como antecipado, o “Journal of Information Technology” é o periódico que concentra o maior número de publicações, 5 artigos, seguido pelo “Organization & Environment”, com 4, e pelo “Organization Studies”, com 3. Anote-se que 22 artigos (71% do total) estão publicados em periódicos cujo fator de impacto é inferior à metade do fator mais elevado presente na amostra, o do “Academy of Management Annals” (12,289). Destaque-se que 8 artigos estão publicados em periódicos classificados entre os dez primeiros do ranking, indicativo de que o referencial habermasiano tem sido utilizado em pesquisas veiculadas em periódicos de ponta da área.

Tabela 4
Periódicos e volume de artigos
Periódicos e volume de artigos

Metodologias dos Artigos

As naturezas das abordagens metodológicas de pesquisa são usualmente classificadas em quantitativas ou qualitativas. As primeiras caracterizam-se por análises estatísticas, testes de hipóteses fundamentadas em medidas numéricas, procura por fornecer previsões, controle, generalizações (Lakatos & Marconi, 2011). Pesquisas puramente quantitativas possuem afinidade com teorias associadas ao positivismo, colocando-se a abordagem qualitativa como alternativa metodológica a essa corrente científica (Triviños, 1987). Na pesquisa qualitativa, o pesquisador preocupa-se com o significado e seu processo de construção, interessa-se por como as pessoas compreendem o mundo e como experimentam eventos e pretende descrever e possivelmente explicar eventos e experiências, mas não realizar previsões (Willig, 2008). Portanto, pesquisas qualitativas, ou aquelas que combinam ambas as naturezas, tendem a ser mais propícias para abordagens de viés crítico, como esperado de trabalhos fundamentados em Habermas.

A classificação por natureza de abordagem não inclui, no entanto, outra classificação relevante – entre artigos teóricos e empíricos, ou seja, entre aqueles que se preocupam em formular quadros de referência, estudar e aprimorar conceitos e teorias e aqueles que buscam, por meio da coleta de dados em campo, de experimentos e/ou da observação de um contexto, a explicação de um fenômeno ou comprovação de uma teoria (Cintra, Cassol, Ribeiro & Carvalho, 2017; Demo, 1995). Claro está que as pesquisas não são puras: “a ciência é sempre o enlace de uma malha teórica com dados empíricos, é sempre uma articulação do lógico com o real, do teórico com o empírico, do ideal com o real” ( Severino, 2014, p. 75). Como, entretanto, a categoria “ensaios teóricos” é bastante relevante na produção em Administração, além de se classificarem os artigos empíricos em quantitativos ou qualitativos, também se classificaram os artigos em empíricos e teóricos. A classificação foi procedida de acordo com a prevalência metodológica de cada trabalho.

Tabela 5
Metodologias de pesquisa utilizadas
Metodologias de pesquisa utilizadas

Dos 31 artigos integrantes da amostra, 14 (45%) possuem uma abordagem teórica e 17 (55%), uma abordagem empírica. Entre os empíricos, há 2 estudos puramente quantitativos (revisões de literatura), 2 de natureza qualitativa-quantitativa e 13 puramente qualitativos. Percebe-se, assim, que trabalhos com fundamentação habermasiana se realizam principalmente de acordo com metodologias qualitativas, ou mista, mais propícias à compreensão de significado e à reflexão própria ao pensamento crítico. Além disso, as publicações demonstraram que o referencial habermasiano pode ser empregado tanto em investigações teóricas como empíricas. Não se trata, portanto, de um aporte teórico abstrato, incapaz de subsidiar reflexões voltadas para a prática.

O Referencial Habermasiano e suas Relações com os Temas dos Artigos

Ao analisar as citações e referências dos artigos foi possível identificar as obras de Habermas empregadas com maior frequência nas fundamentações das pesquisas. Ao todo foram encontradas 35 produções de Habermas. A obra mais referenciada foi “Teoria do Agir Comunicativo” utilizada em 24 artigos (aproximadamente 77% do total) e somando 185 citações. Evidentemente, tal predominância associa-se ao fato de “Teoria do Agir Comunicativo” ser a obra magna do autor, na qual ele procura fornecer seu diagnóstico do tempo presente, uma teoria da modernidade que reformula em alguns aspectos a teoria da racionalização weberiana. Para tanto, Habermas inicia seu projeto tratando sobre a problemática da racionalidade, discutindo aspectos da racionalidade da ação e introduzindo provisoriamente o conceito de agir comunicativo. Apoiado em autores como Weber, Mead, Durkheim e Parsons, o autor desenvolve sua teoria em uma perspectiva dual de sociedade que vincula os paradigmas sistema e mundo da vida. Em cada um desses domínios predominam racionalidades e tipos de ação distintos. Na abordagem sistêmica domina a racionalidade e ação instrumental, já na perspectiva do mundo da vida prevalecem a racionalidade e ação comunicativa. Com isso, Habermas pretende esclarecer as patologias sociais de seu tempo, adotando a ideia de que campos pertencentes ao mundo da vida estão cada vez mais submissos a imperativos sistêmicos e que o ideal de emancipação se relaciona à restauração dos domínios da razão comunicativa no âmbito mundo da vida. ( Habermas, 2012a/1981; 2012b/1981).

A segunda obra mais referenciada foi “Conhecimento e Interesse”, presente em 10 artigos (aproximadamente 77% do total) e com 41citações. Essa é uma das principais obras habermasianas, trata-se de uma discussão epistemológica desenvolvida no contexto da querela do positivismo com intuito de fornecer a fundamentação de uma teoria crítica da sociedade. Nela, o autor apresenta sua concepção de que o conhecimento é gerado pela dialética entre três diferentes interesses cognitivos: técnico, prático e emancipatório, se contrapondo diretamente a concepção objetivista da ciência positivista que entende toda determinação de interesses como não científica por princípio e nega a reflexão. Habermas identifica cada um desses interesses como próprios a distintas formas de ciências, sendo o interesse técnico relacionado as ciências analíticas, o prático às ciências hermenêuticas e o emancipatório às ciências críticas, para qual a psicanálise fornece o principal modelo metodológico. Destaca-se que já nessa obra é possível perceber noções como racionalidade instrumental/comunicativa e ação instrumental/comunicativa, desenvolvidas em maior profundidade anos mais tarde em “Teoria do Agir Comunicativo” ( Habermas, 2014/1968).

Outras obras mais citadas, porém, em volume consideravelmente menor, foram “Entre Fatos e Normas” e “O Discurso Filosófico da Modernidade”. A primeira apresenta uma descrição de contexto social necessário à democracia. Habermas realiza reflexões filosóficas e sociológicas em torno de conceitos como leis, direitos fundamentais e democracia, terminando por propor um novo paradigma de direito que visa superar as dicotomias decorrentes dos conflitos entre as correntes liberais e republicanas ( Habermas, 1996/1992). Já na segunda obra, Habermas versa sobre o tema da modernidade e seus aspectos filosóficos, partindo principalmente das concepções de Kant e Hegel. O autor debate diferenças entre noções como modernidade e modernização, o vínculo entre modernidade e racionalidade, inserindo a modernidade no horizonte do racionalismo ocidental ( Habermas, 2000/1985).

Tabela 6
Obras de Habermas mais referenciadas
Obras de Habermas mais referenciadas
Computamos como citações as menções às obras no corpo dos artigos e como referências as vezes em que a obra foi listada nas listas de referências dos artigos.

A fim de identificar os temas dos artigos e suas relações com o pensamento habermasiano, analisaram-se os objetivos de pesquisa e, quando expressas, as propostas de abordagem da teoria habermasiana. Verifica-se que o referencial habermasiano é utilizado como suporte para discutir temas diversos. Dos 31 artigos analisados, 8 (26% do total) versam sobre temas relacionados à “Tecnologia da Informação/Sistemas de Informação”, área que agrupa a maior quantidade de artigos. Notem-se: “desenvolvimento de sistemas de apoio à decisão” ( Janson & Smith, 1993); “gestão do conhecimento” (Varey & Wood-Harper, 2002); “emancipação na abordagem crítica dos sistemas de informação” ( Adam, 2002); “tecnologia da informação e comunicação” ( O’Donnell & Henriksen, 2002); “pensamento crítico dos sistemas” ( Basden, 2002); “pesquisas críticas em sistemas de informação” ( Brooke, 2002); “paradigmas subjacentes ao planejamento e implementação de TI” ( Alford & Clarke, 2009); e “ética na literatura de sistemas de informação” ( Mingers & Walsham, 2010). A principal obra utilizada é “Teoria do agir comunicativo”, fundamento basilar de 3 artigos. Nos demais, o referencial habermasiano transparece como “teoria crítica de Habermas”, “teoria crítica da comunicação”, “emancipação”, “ética do discurso e democracia deliberativa”.

Constata-se, ainda, um artigo que se ocupa do setor de tecnologia da informação e comunicação, mas cujo enfoque recai sobre a criação de capital intelectual ( O’Donnell et al., 2003). A prevalência da temática reflete a concentração de artigos no periódico “Journal of Information Technology”, cujo escopo, segundo o site institucional, são novas pesquisas sobre tecnologia e gerenciamento de TI. O autor mais produtivo, David O’Donnel, tem 2 de seus 3 artigos publicados nesse periódico.

Temas relacionados a “Questões Ambientais e Responsabilidade Social” também chamam atenção. São 7 artigos ao todo (aproximadamente 23% do total): 4 são os que tratam de problemáticas ambientais): “mudança organizacional por distúrbio ambiental” ( Laughlin, 1991); “cientização do estado e a motivação dos movimentos sociais para contestar a ciência” ( Mccormick, 2006); “pesquisas em gestão ambiental” ( Ählström, Macquet & Richter, 2007); “processo de construção da barragem Kalabagh” ( Niazi, 2018). Dois deles versam sobre barragens e seus impactos ambientais e sociais ( Mccormick, 2006; Niazi, 2018). As associações estabelecidas com o pensamento habermasiano operam-se principalmente por intermédio da obra “Teoria do agir comunicativo”, fundamento basilar de 3 artigos. Utiliza-se de noções como: “discurso”, “razão instrumental”, “ação comunicativa”, “teoria crítica de Habermas”. Por sua vez, os artigos sobre responsabilidade social são 3: “responsabilidade social corporativa” ( Frynas & Stephens, 2015; Scherer & Palazzo, 2007; Scherer, Rasche, Palazzo & Spicer, 2016). “Democracia deliberativa” e “ação comunicativa” são noções utilizadas. A noção de “constelação pós-nacional”, não utilizada em nenhum outro artigo da amostra, aparece em um desses artigos. Dois dos autores mais produtivos, Andreas Georg Scherer e Guido Palazzo, estão presentes nesse grupo dedicado à responsabilidade social.

Outros temas alvos de discussão de pelo menos dois artigos são: “Capital Intelectual”, “Modernismo e Pós-Modernismo nos Estudos Organizacionais”, “Stakeholders” e “Metodologia de Pesquisa” – grupo representativo de aproximadamente 21% do total de publicações.

O primeiro, “Capital Intelectual”, resulta do debate procedido por, entre outros, dois dos autores mais produtivos, David O’Donnel e Philip O’Regan. Abordam-se “interação humana como fonte de valor intangível e capital intelectual” ( O’Donnell et al., 2003) e “criação de capital intelectual” ( O’Donnell; O’Regan & Coates, 2000). Ação comunicativa, sistema e mundo da vida são noções utilizadas. O segundo, “Modernismo e Pós-Modernismo nos estudos organizacionais”, compreende a noção habermasiana de “modernismo”. Gibson Burrel assina ambos os artigos. O terceiro, “Stakeholders”, provém de debates fundamentados na noção de “discurso moral” ( Noland & Phillips, 2010) e na teoria do agir comunicativo ( Ferraro & Beunza, 2018). O quarto, “Metodologia de Pesquisa”, forma-se apenas recentemente. Integram-no “metodologia para o planejamento estratégico aberto” ( AmrollahI & Rowlands, 2018) e “métodos de pesquisa para trabalho em equipe e produção de resultados cognitivos e afetivos” ( Sofield & Lawal, 2019).

Em síntese, observa-se que os artigos se relacionam, principalmente, com dois temas: “Tecnologia da Informação/Sistemas de Informação” e “Questões Ambientais e Responsabilidade Social Corporativa”. Juntamente com “Capital Intelectual”, “Modernismo e Pós-Modernismo nos Estudos Organizacionais”, “Stakeholders” e “Metodologia de Pesquisa”, forma-se um conjunto temático envolvente de 74% dos artigos analisados. A principal obra de Habermas utilizada é “Teoria do agir comunicativo”, destacando-se as noções de “ação instrumental/comunicativa”, “sistema”, “mundo da vida” e “racionalidade instrumental/comunicativa”. Outras noções destacadas são: “democracia deliberativa” (empregada em 3 artigos) e “ética do discurso” (empregada em 2 artigos). Registre-se que alguns pesquisadores se referem ao pensamento habermasiano de modo mais genérico. A expressão “teoria crítica de Habermas”, por exemplo, aparece em 3 artigos.

Tabela 7
Síntese dos artigos analisados
Síntese dos artigos analisados

Síntese dos Resultados e Considerações Finais

Objetivou-se neste artigo realizar uma exploração da produção acadêmica internacional em estudos organizacionais na área de administração, que utiliza Habermas como referencial nas suas discussões. Técnicas bibliométricas básicas foram utilizadas para avaliar como a área do saber tem-se desenvolvido.

Pela análise quantitativa e descritiva, identificou-se que: os anos em que houve mais publicações são 2002 e 2018, sendo que nos dois anos mais recentes, 2018 e 2019, identificam-se 4 publicações, o que demonstra o interesse contemporâneo, ainda que tímido, pelo referencial habermasiano; os autores que mais publicam são David O’Donnell, Andreas Georg Scherer, Brian Coates, Gibson Burrell, Guido Palazzo, Philip O’Regan e Robert Cooper, representando 49% das publicações (a parceria entre autores tem sido um expediente comum); instituições europeias constituem a origem mais recorrente dos autores; a instituição com maior número de pesquisadores associados é a University of Limerick, da Irlanda, na qual também se encontram 3 dos autores mais produtivos: David O’Donnell, Brian Coates e Philip O’Regan; o periódico com mais publicações é o “Journal of Information Technology”; a principal estratégia metodológica utilizada é o ensaio teórico e as pesquisas são principalmente de natureza qualitativa.

Complementarmente, pela análise das referências e citações dos artigos, verificou-se que os autores mais citados em trabalhos com fundamentação habermasiana são Alvesson e Willmott (1992), Palazzo e Scherer (2006) e Scherer e Palazzo (2007). Já com relação às obras de Habermas mais utilizadas pelos pesquisadores destacou-se principalmente o emprego de sua obra magna “Teoria do Agir Comunicativo”. Tal achado alinha-se com a análise das relações entre os temas dos artigos e o pensamento habermasiano, que aponta para o predomínio de conceitos pertencentes a essa obra. Entre os temas encontrados, destacam-se os que versam sobre assuntos relacionados à “TI/Sistemas de Informação” e a “Questões Ambientais e de Responsabilidade Social”.

Com a realização da presente pesquisa observou-se que as publicações em estudos organizacionais na área de Administração fundamentados em teorias de Jürgen Habermas iniciaram-se na década de oitenta. Contudo, tiveram um crescimento mais expressivo em volume somente após os anos 2000, sendo ainda identificado um interesse recente no referencial habermasiano nos últimos anos. Em certa medida, percebe-se uma semelhança entre a produção nacional verificada por Inocêncio e Favoreto (2019) e este levantamento internacional, no que tange ao uso predominante da obra “Teoria do Agir Comunicativo” e seus conceitos centrais na produção de artigos de referencial habermasiano, permanecendo pouco explorados outros trabalhos da extensa produção de Habermas. Outra semelhança, ressalvadas as diferenças entre os temas, é que os artigos com embasamento habermasiano não são tematicamente muito variados.

Diante desse cenário, sugere-se que futuras pesquisas em estudos organizacionais na área de administração que se proponham a realizar uma fundamentação habermasiana explorem outras produções do autor, a fim de aproveitar o potencial explicativo da postura crítica das demais obras de Habermas para a compreensão de fenômenos organizacionais atuais. Obras como “Mudança Estrutural da Esfera Pública” e “Direito e Democracia” podem ser de grande utilidade para se pensar as relações entre esfera pública e privada, o papel de diversas organizações que mediam as relações entre as demandas de uma sociedade civil e os sistemas econômicos e administrativos, bem como a própria organização jurídica que regulamenta essas relações.

Uma comparação mais profunda entre os contextos nacional e estrangeiro do que a esboçada em nossas considerações finais poderia contribuir para uma compreensão mais proveitosa a respeito da utilização do referencial habermasiano nos estudos organizacionais. Por fim, também se sugere o emprego de diferentes abordagens metodológicas que permitam não só um desenvolvimento teórico, mas também uma aplicação efetiva da teoria habermasiana na empiria

Referências

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