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A Cop-8 nas folhas da Gazeta do Sul: o vitimismo como veneno jornalístico
Patrícia Regina Schuster; Vanessa Costa de Oliveira; Gisele Padilha Simão
Patrícia Regina Schuster; Vanessa Costa de Oliveira; Gisele Padilha Simão
A Cop-8 nas folhas da Gazeta do Sul: o vitimismo como veneno jornalístico
COP-8 on Gazeta do Sul’s pages: the victimism as a journalist poison
COP-8 en las hojas de Gazeta do Sul: como un veneno periodístico
Redes. Revista do Desenvolvimento Regional, vol. 26, 2021
Universidade de Santa Cruz do Sul
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Resumo: O tabaco é o principal responsável pela economia do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Frente a essa premissa, objetivamos verificar como o jornal de maior expressividade desta região - a Gazeta do Sul - discursiviza a COP-8, que se propõe a debater o controle desta cultura. Sob o respaldo da Análise de Discurso, de tendência francesa, analisamos a cobertura da COP-8, realizada em 2018, na Suíça, e procuramos identificar o modo que este assunto se equaliza nesta arena. Ao final, reparamos que o vitimismo prevalece como sentido quase que unissonante nas reportagens. Observamos que a publicação lança mão de tal estratégia discursiva de maneira a garantir uma imaginada estabilidade socioeconômica, enquanto apaga relações antagônicas que concorrem no que diz respeito à questão do tabaco.

Palavras-chave:COP-8COP-8,TabacoTabaco,Vale do Rio PardoVale do Rio Pardo,JornalismoJornalismo,Análise de DiscursoAnálise de Discurso.

Abstract: Tobacco is largely responsible for the economy of the Rio Pardo Valley, in Rio Grande do Sul. Faced with this premise, we aim to verify how the most expressive newspaper in this region - Gazeta do Sul - discursivizes COP-8, which proposes to debate the control of this crop. Through the lens of Discourse Analysis, particularly the French branch, we analyzed the coverage of COP-8, held in Switzerland in 2018, and tried to identify the way that this subject is equalized in this context. In the end, we noticed that victimism prevails as an almost unisonous meaning in the reports. It was observed that the publication makes use of such a discursive strategy in order to ensure an imagined socioeconomic stability, while erasing antagonistic relations that compete with regard to the issue of tobacco.

Keywords: COP-8, Tobacco, Rio Pardo Valley, Journalism, Discourse Analysis.

Resumen: El tabaco es el principal responsable de la economía del Vale do Rio Pardo, en Rio Grande do Sul. Frente a esta premisa, pretendemos verificar cómo el periódico más expresivo de esta región - Gazeta do Sul - discursiviza la COP-8, que se propone a debatir el control de esta cultura. Con el apoyo de Discourse Analysis, de tendencia francesa, analizamos la cobertura de la COP-8, realizada en 2018, en Suiza, e intentamos identificar la forma en que este tema se equipara en este ámbito. Al final, notamos que el victimismo prevalece como un sentido casi unísono en los informes. Observamos que la publicación hace uso de tal estrategia discursiva para garantizar una estabilidad socioeconómica imaginada, al tiempo que borra relaciones antagónicas que compiten en torno al tema del tabaco.

Palabras clave: COP-8, Tabaco, Valle del Río Pardo, Periodismo, Análisis del Discurso.

Carátula del artículo

Comunicação, Cultura e Desenvolvimento Regional

A Cop-8 nas folhas da Gazeta do Sul: o vitimismo como veneno jornalístico

COP-8 on Gazeta do Sul’s pages: the victimism as a journalist poison

COP-8 en las hojas de Gazeta do Sul: como un veneno periodístico

Patrícia Regina Schuster
Universidade de Santa Cruz do Sul, Brasil
Vanessa Costa de Oliveira
Universidade de Santa Cruz do Sul, Brasil
Gisele Padilha Simão
Universidade de Santa Cruz do Sul, Brasil
Redes. Revista do Desenvolvimento Regional, vol. 26, 2021
Universidade de Santa Cruz do Sul

Recepción: 11 Enero 2021

Aprobación: 26 Febrero 2021

1 Introdução

Cavoucar o solo onde estão fincadas talvez um dos produtos agrícolas mais controversos do Brasil – o tabaco – sempre impõe desafios. Quando este encargo adentra um território no qual esta cultura representa a mola propulsora não só da economia, mas também das esferas política e social, existe a probabilidade de nos depararmos com dilemas ainda maiores. Nesta perspectiva, nosso trabalho busca investigar como o evento que se presta a encontrar saídas para o controle do tabaco no mundo – a Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP-8) – atravessa o terreno discursivo do jornal Gazeta do Sul. Em litígio por sentidos, estão aquela que se presume uma ameaça ao cultivo que arrima o Vale do Rio Pardo, lugar onde se situa o maior polo de processamento de tabaco do Brasil, e o veículo que dá voz a esse território, cujas condições de produção se veem intimamente conectadas a ele, não apenas por contingências gerais do modelo jornalístico, mas por características próprias da publicação, cujo estudo de Minuzzi e Fausto Neto (2002, p. 123) aduz – sobre a publicação - que a prática jornalística “[...] não oferece maiores riscos de democratização no contexto das relações de poder que permeiam o complexo agroindustrial fumageiro”.

A instrumentalização desta inquietação passa pelas seguintes etapas: inicialmente, situamos o “território do tabaco” e como a Convenção-Quadro afeta esta espacialidade. A seguir, enfocamos a Gazeta do Sul. Deslindamos quem é este objeto simbólico e que tipo de laços ele estabelece com a fumicultura. Por fim, executamos a abordagem empírica. Abrigados nos preceitos da Análise de Discurso (AD), de orientação francesa - em particular de um dos seus fundadores, Michel Pêcheux - vasculhamos um corpus de sete arquivos (reportagens e um texto opinativo) para jogarmos luz aos entrelaçamentos que se consumaram na arena do discurso. Desta análise, somos capazes de reforçar, a priori, a convicção de que jornalismo e tabaco (materializado na pesquisa pela COP-8) configuram-se temáticas de pesquisa importante para a percepção dos caminhos do desenvolvimento regional.

2 Território do tabaco: das suas particularidades à Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco

Compreendemos por território do tabaco uma determinada porção territorial ao sul do Brasil, que compreende os municípios responsáveis por 96,8% da produção no Brasil, de acordo com dados da Afubra (2020). O Brasil, por sua vez, é o maior exportador da folha no mundo e o segundo país que mais produz, ficando atrás apenas da China (ANUÁRIO DO TABACO, 2018).

A relação histórica desse território com a produção de tabaco inicia ainda no século XIX, quando regiões do sul do país receberam imigrantes italianos e alemães. Responsáveis pela colonização desses lugares, foram eles os encarregados pelas primeiras plantações de fumo, entre outros cultivos. O destaque que essa produção passou a ter já na economia mercantil, fez com que, décadas mais tarde, como explica Silveira (2013), houvesse o desenvolvimento de empresas locais de processamento de tabaco e fabricação de cigarro, principalmente nos municípios gaúchos de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires. A produção do produto é realizada, portanto, desde que os primeiros imigrantes trouxeram a cultura até a contemporaneidade, preponderantemente em pequenas propriedades familiares (HOFF, 2014).

O território do tabaco e nele suas práticas culturais - práticas estas compreendidas pelo modo de vida das pessoas - permite refletir sobre como a sociedade se organiza em torno delas nesse espaço, que carrega consigo uma série de significados. Etges afirma (2005):

Um território só existe a partir da materialidade que lhe é dada pelo seu uso. Mais do que simples base física, um território traz a marca de gerações que ali viveram e trabalharam; é resultado dos embates políticos, econômicos e sociais que se travaram entre seus habitantes [...], acima de tudo, é resultante do tipo de organização social ali criada (ETGES, 2005, p. 12).

À vista disso, por território, assimilamos a apropriação de determinado espaço resultante das relações de poder e da ação social dos diferentes atores (FLORES, 2006). Trata-se de um espaço fruto da construção social, relacionado aos limites geográficos, mas não só, “é o resultado de uma ação social que, de forma concreta e abstrata, se apropria de um espaço (tanto física, como simbolicamente)” (FLORES, 2006, p. 4). Nesse sentido, Etges (2001) acresce que o território é, também, um campo de contradições entre o Estado e o mercado e entre o uso econômico e o uso social dos recursos.

Logo, tomamos o território do tabaco como parte da região sul do país, nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mas o foco aqui é voltado à região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, sede do jornal regional Gazeta do Sul1e palco das discussões públicas sobre o tema, dada sua representatividade produtiva e industrial.

Se a produção de tabaco no sul do país, em pequenas propriedades familiares data de meados do século XIX, é no final do século XX, por volta de 1970, que se intensifica na região do Vale do Rio Pardo o processo de agroindustrialização. Ele se deu, de acordo com Silveira (2013), por meio da ampliação do cultivo, da modernização do processamento e do aumento da exportação do fumo em folha. Dutra e Hilsinger (2013) apontam que foi nesse período que a fumicultura passou a ter o predomínio do capital internacional, através da venda para empresas norte-americanas, alemãs e francesas, que passaram a fixar sede na região.

O território do tabaco vem sendo estruturado desde o século XIX e a sociedade tem se organizando em torno dessa prática. “A expansão da cultura do tabaco [...] revela permanências e mudanças no modo de produção de tabaco com importantes reflexos nas dinâmicas de organização espacial, de relações socioeconômicas, e de usos do território” (SILVEIRA, 2013, p. 10).

Dutra e Hilsinger (2013) destacam que a expansão e a qualidade da produção de fumo no sul do país são acompanhadas de uma crescente subordinação econômica e dependência tecnológica dos produtores em relação às empresas multinacionais que dominam o mercado do tabaco mundial e controlam, de forma hegemônica, todo o processo de agroindustrialização. Isso se dá devido à organização do mercado mundial de tabaco em folha, que é disposto sob o domínio majoritário de um pequeno grupo de grandes multinacionais que controlam não apenas o fornecimento do tabaco, mas sua comercialização para as indústrias de cigarro (DORNELLES; SILVEIRA, 2013).

As contradições existentes no território evidenciam a subalternidade técnica e econômica dos pequenos produtores de tabaco à exploração do trabalho familiar pelo capital agroindustrial: “[...] as empresas multinacionais materializam uma dada organização espacial que lhes seja interessante [...] ao processo de reprodução do capital” (DORNELLES; SILVEIRA, 2013, p. 35).

A existência dessas empresas no Vale do Rio Pardo reflete, inclusive, no modo de vida urbano dos municípios, como por exemplo, com a forte presença de estrangeiros, que residem na região em razão dos seus empregos nas multinacionais. Outro fator é o número de empregos urbanos, sejam diretos, indiretos, safristas ou permanentes. De acordo com a Afubra (2020), no Brasil, na safra de 2017/2018, foram 678.440 empregos diretos nas lavouras de fumo e pouco mais de 1,4 milhão de postos de trabalho indiretos gerados pela cadeia produtiva do tabaco.

Para além das questões econômicas e empresariais, é preciso apreender quem é o produtor de tabaco. Como dito, as plantações de fumo iniciaram como produções familiares e assim se mantém. O tabaco é produzido pela agricultura familiar e, no sul do Brasil, em 99,2% dos casos, em propriedades de até 50 hectares, sendo que a maioria não possui mais de 10 hectares (AFUBRA, 2017). De acordo com dados da Afubra (2017), o tamanho médio das propriedades é de 15,2 hectares por família2.

Apesar do grande número de empregos e da lucratividade na produção, Dutra e Hilsinger (2013) chamam a atenção para alguns dos problemas ocasionados pela fumicultura, como os de ordem ambiental e de saúde do produtor. No que diz respeito ao meio ambiente, os autores destacam a poluição da água, devido ao alto índice de agrotóxicos utilizados. Já com relação à saúde, acentuam a intoxicação dos produtores pelo manuseio dos agrotóxicos e do contato direto com a planta, uma vez que a produção de tabaco é extremamente manual. Os autores mencionam ainda o trabalho infantil nas propriedades, como uma atividade degradante.

É diante dessa realidade territorial que ganha importância a articulação de atores regionais acerca da Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), da Organização Mundial da Saúde (OMS). A CQTC é o primeiro tratado internacional de saúde pública, desenvolvido a partir da OMS, entre 1999 e 2003. As discussões envolveram os 192 países que integram a OMS e o pacto entrou, de fato, em vigor em 2005. A versão do documento em português, disponibilizado pela Anvisa, alega que a CQCT tem como objetivo

proteger as gerações presentes e futuras das devastadoras consequências sanitárias, sociais, ambientais e econômicas geradas pelo consumo e pela exposição à fumaça do tabaco, proporcionando uma referência para as medidas de controle do tabaco, a serem implementadas pelas Partes nos níveis nacional, regional e internacional, a fim de reduzir de maneira contínua e substancial a prevalência do consumo e a exposição à fumaça do tabaco (ANVISA, 2009, p. 9).

O texto da convenção foi aprovado por unanimidade pelos países membros da OMS em 2003. Entre as diferentes medidas previstas, sublinha-se aqui, por delimitação do artigo, a redução da oferta de produtos derivados do tabaco, o que inclui, o controle ao contrabando; a restrição de subsídios à produção e à manufatura de tabaco; a gradual substituição da cultura do tabaco e o apoio às atividades alternativas economicamente viáveis para os cultivadores da planta (ANVISA, 2009).

Vale anotar que o Brasil, nesse processo, foi um dos líderes das negociações e o segundo signatário do tratado. No entanto, as discussões no Congresso Nacional para a ratificação do texto no país passaram longe de serem unânimes e envolveram diferentes agentes, entre eles os representantes das indústrias fumageiras, os produtores de tabaco, as ONGs de controle do tabaco e os sanitaristas, além dos próprios políticos. O tratado foi ratificado no país dois anos mais tarde, em 2005, sendo o Brasil o 100º país a validar a CQCT, às vésperas da primeira COP (JAQUES, 2010).

A primeira Conferência das Partes (COP-1), ocorreu em fevereiro de 2006, em Genebra. A COP consiste num órgão de governança da CQCT, para a promoção e revisão regular do processo de implementação da CQCT. Os encontros têm ocorrido normalmente a cada dois anos e reúnem todos os países signatários. Durante as conferências, cabe às partes apresentarem seus progressos para os demais, o que auxilia no monitoramento da convenção. Esse compartilhamento das experiências também proporciona a troca de experiências entre os países, para seus processos de implementação.

A mais recente conferência foi a COP-8, novamente em Genebra, na Suíça, em 2018. Anteriormente, realizaram-se estes eventos em Bancoc, na Tailândia (COP-2, 2007), em Durban, na África do Sul (COP-3, em 2008), em Punta Del Este, no Uruguai (COP-4, em 2010), em Seul, na Coreia do Sul (COP-5, em 2012), em Moscou, na Rússia (COP-6, em 2014), em Nova Délhi e na Índia (COP-7, em 2016).

Na COP-8 - recorte analítico deste artigo - foi aprovada uma estratégia global para fortalecer a implementação da CQCT, além de medidas relativas à diversificação de culturas e à promoção do meio ambiente e da saúde. Em relação a este último aspecto, o Brasil liderou uma proposta que visa ampliar o apoio à diversificação da cultura do tabaco, de proteção à saúde do produtor rural e a redução do impacto ao meio ambiente. Nessa conferência, ainda foi criado um grupo de especialistas que serão responsáveis por avaliar os desafios e apresentar os resultados na COP-9. Houve também uma solicitação das Partes à OMS para a produção de um relatório com pesquisas sobre o cigarro eletrônico e o tabaco aquecido3.

Como é possível identificar, a partir das particularidades do território do tabaco, personificado no Vale do Rio Pardo, e da participação do Brasil na CQCT, são profusas as lideranças e representações que se fizeram presentes nas diferentes edições da COP. E a mídia não é mero coadjuvante. É ela quem outorga sentido e mérito a tais participações. A Gazeta do Sul enviou um repórter especial para três edições do encontro: em Moscou, Nova Délhi e, mais recentemente, em Genebra. Ele foi o responsável por produzir conteúdo para todas as plataformas do grupo. É sobre o produto desta noticiação que voltaremos nossos olhares a seguir. Agora, todavia, empenhamo-nos a estudos sobre este agente midiático.

3 O jornal Gazeta do Sul: quem é este personagem jornalístico?

O jornal Gazeta do Sul está sediado em Santa Cruz do Sul (RS)4, consiste no carro-chefe do Grupo Gazeta Comunicações, empresa que figura entre as 30 maiores do município. Sua fundação é datada de 1º de janeiro de 1891, como um periódico brasileiro editado em língua alemã intitulado Kolonie, que em pouco tempo criou uma rede de correspondentes e foi considerado o mais importante jornal alemão fora do eixo Porto Alegre–São Leopoldo. Porém, no final da Primeira Guerra Mundial, ele foi proibido de circular no idioma, graças à campanha de nacionalização do governo Getúlio Vargas, passando a ser impresso em português com o novo nome de Gazeta de Santa Cruz (VOGT; ROMERO, 2010; NORONHA, 2012; PAIM, 2014).

Assim, a primeira edição do que hoje é apelidada de Gazeta (resumo de Gazeta do Sul) rodou em janeiro de 1945. Fundada por um grupo liderado por Francisco José Frantz, em 1956, a empresa passou a ser uma sociedade anônima com dezenas de sócios, pois as fronteiras de circulação do jornal já abrangiam os vales do Rio Pardo, Jacuí e Taquari (VOGT; ROMERO, 2010; NORONHA, 2012; PAIM, 2014).

Além do jornal, o Grupo Gazeta Comunicações conta com o Portal Gaz, com uma Editora especializada em agronegócio e com as rádios Gazeta FM 107.9, tendo como foco notícias e esporte, Gazeta FM 101.7, voltada para música (hits), 99.7 FM, emissora educativa, 98.1 FM (Sobradinho) e 103.5 FM (Rio Pardo). Também compõem o Grupo a Fundação Jornalista Francisco José Frantz e o jornal Gazeta da Serra, de Sobradinho.

De acordo com Müller (2018), a Gazeta do Sul é um dos diários mais lidos no interior do Rio Grande do Sul, sendo o preferido em Santa Cruz por 90% das pessoas que leem jornal com frequência. Além do mais, é considerado bom/ótimo por 83% dos leitores, tendo 11.380 assinantes diários e 9.500 em Santa Cruz, ou seja, um a cada sete imóveis do município recebe o periódico, que possui uma tiragem média de 15.500 exemplares no fim de semana.

Müller (2018) certifica ainda que, no sentido de tentar acompanhar o processo de evolução tecnológica, o Grupo Gazeta de Comunicações implantou, em 2016, um novo modelo de gestão, intitulado “Negócios com gestão integrada”. A partir dele, o primeiro passo foi a integração das redações, pois existia uma para jornal/digital e outra para a rádio. Com essa mudança, foi adotada uma lógica transmídia que passou a respeitar o hábito de consumo dos clientes.

Sobre a infraestrutura, a redação conta atualmente com 42 profissionais, distribuídos entre 18 repórteres, 11 editores, 01 revisor, 04 de imagem, 04 de diagramação e 04 de apoio. Diariamente, são publicados cerca de 50 conteúdos no digital, com 12 horas de jornalismo ao vivo, mais material gravado para o rádio, além do impresso, com média de 24 páginas (primeiro caderno) e conteúdos comerciais (MÜLLER, 2018).

Quanto às reformas realizadas, Müller (2018) explica que as mesmas tiveram como propostas a ampliação da audiência, da relevância junto à comunidade local e regional, do faturamento digital (crescimento de 40% nas assinaturas) e de alguns produtos já existentes. Também salienta que se buscou a redução do impacto da queda do impresso (circulação e publicidade) e a criação de novos produtos.

Diante do exposto, verifica-se que o Grupo Gazeta de Comunicações, do qual faz parte o jornal Gazeta do Sul, eixo experimental deste trabalho, aderiu à ideia de um novo desenho para facilitar o processo de produção, pensando nas mudanças de hábitos de consumo do público, já que as pessoas contam cada vez mais com múltiplas fontes de conteúdo, com atenção mais dispersa, proporcionada pela internet. Essa constatação vai ao encontro do dizer de Minuzzi e Fausto Neto (2002), quando asseguram que a Gazeta do Sul desempenha um papel de operar o espaço público moderno, isso porque ela concretiza sua hegemonia como agente midiático. Em outras palavras, para os referidos autores, esse veículo de comunicação não se diferencia em relação a outros sujeitos jornalísticos pertencentes a outros contextos socioculturais e econômicos, no que diz respeito a essa característica fundamental do jornalismo moderno, que é a do exercício de uma certa hegemonia discursiva.

Ainda nessa perspectiva, é importante ressaltar o pensamento de Fausto Neto (1999) acerca dessa centralidade, ao compreender a mídia como instância do espaço público moderno, já que ela cumpre papel de ser sua operadora fundamental, com competência confiada pelos campos sociais para mediar saberes. O jornal, portanto, sustenta Mouillaud (2002), consiste em um dispositivo de produção de sentido, tornando-se presente no dia a dia das pessoas, onde constrói linguisticamente uma determinada realidade, isso a partir de um processo onde o sujeito constitui a si próprio, não o fazendo de modo puramente individual, mas social, na constituição de uma complexa cadeia polifônica.

Como a “realidade” da COP-8 é performatizada discursivamente no dispositivo encarregado a equalizar os interesses que cingem a questão do tabaco – a Gazeta do Sul - é o que nos cabe na sequência.

4 A Gazeta do Sul e a COP-8: o vitimismo como veneno jornalístico

Concluído o debate teórico, passamos aqui à etapa analítica. Nosso corpus compreende um conjunto de sete notícias veiculadas sobre a COP-8 na Gazeta do Sul. Optamos por um número reduzido de textos5 por dois motivos: um está diretamente vinculado ao método aqui empregado. A AD preocupa-se muito mais com a profundidade - já que não estaciona só na materialidade linguística - do que com a quantificação. O outro, não menos relevante, é o tamanho destinado a um artigo científico.

Seguindo, portanto, nosso roteiro metodológico, salientamos que naquilo que estamos convencionando de “conjunto”, há manchetes, chamadas de capa, reportagens6 e um breve texto opinativo, disposto na coluna Fala, leitor. Eles datam de 23 de agosto de 2018, 19 de setembro de 2018, 1º de outubro de 2018, 2 de outubro de 2018, 4 de outubro de 2018, 5 de outubro de 2018 e 8 de outubro de 2018. Nota-se que eles atingem não só o período do evento - 1º a 6 de outubro de 2018 – como também se propõem a acompanhar alguma repercussão anterior e posterior.

O primeiro aceno discursivo da Gazeta do Sul – em 23 de agosto de 2018 - sobre o tema é a sinopse de como ela se apresenta quase que na totalidade dos arquivos averiguados: há um imperativo do discurso vitimista. As duas sequências discursivas (SDs) abaixo demonstram:

Restrição ao tabaco7 SD1

“Até o momento não temos ideia do que será discutido. Só sabemos que após a COP-8 haverá uma reunião para discutir o combate ao contrabando de cigarros ao redor do mundo”, diz. SD2

A SD1 é a cartola da reportagem, logo, ela é uma espécie de gatilho para alocar o fato dentro de uma dada perspectiva. Já a SD2, é uma citação do presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, Romeu Schneider. Em ambos, o evento que preconiza o “controle do tabaco” é responsabilizado, ora por abreviar a sua atuação à limitação do produto que, no horizonte sócio histórico define a região, ora por ser omisso em relação às informações que lá serão debatidas.

A mesma situação se repete – e com ainda mais veemência – quando a abertura da COP-8 se aproxima. Na edição do dia 19 de setembro de 2018, há várias marcas que confessam:

Mais uma vez a delegação brasileira adota linha dura contra o tabaco, em decisão tomada a portas fechadas SD3

A pauta brasileira para a COP-8 foi definida pela Comissão Nacional para Implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (Coniq) e ainda não foi comunicada à cadeia produtiva, que está apreensiva e às cegas. SD4

[...] a Coniq definiu a pauta do Brasil a portas fechadas. SD5

A Gazeta do Sul não mede esforços em incriminar as posturas das entidades – da Coniq, em particular – que participarão da conferência imbuídas da tarefa de fazer a defesa da Convenção-Quadro. A representação simbólica é de rivalidade, ou seja, de um lado estão os algozes (a Coniq como uma das forças mais expressivas no contexto brasileiro) e do outro a vítima – a indústria fumageira.

Ser vítima, no interdiscurso, é localizar-se numa posição social de ser passivo, de ser objeto e não protagonista. Assim, a “cadeia produtiva” ao situar-se – por meio do discurso do principal ator midiático da região – fora das discussões da COP-8, fica moralmente inocentada de seus atos. Acomodar-se neste lugar discursivo é um jeito, se pensarmos sob a tutela de Orlandi (2002, p. 14), “de se apagar sentidos, de se silenciar e de se produzir o não-sentido onde ele mostra algo que é ameaça”. No estratagema discursivo empregado pela Gazeta, há um esvaziamento – um não-sentido – do cerne da COP-8 (o combate ao tabaco) em detrimento de um acervo semântico que dá vazão ao penar da indústria.

Mas é durante a ocorrência do evento que o veículo, licenciado em textualizar o agora com a prerrogativa da credibilidade, deixa visível aquilo que no processo discursivo ganha materialidade graças a um espaço supostamente desobrigado do dizer informativo.


Figura 1
Patrocinadores da cobertura
Fonte: Gazeta do Sul, 2018.

O selo disposto no alto das páginas que efetuam a cobertura da COP-8 delata as instituições que, na realidade, patrocinaram a ida de um correspondente do jornal à Genebra. Não se trata de um apêndice inserido ao gosto do jornalista/editor. Ele, pela via do não-dito (ou do interditado, haja vista que a fala jornalística organiza-se num espaço pavimentado pela impressão da imparcialidade), cauciona todo o desenvolvimento da narrativa sobre o assunto. Com exceção da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), todos os demais órgãos têm ligação com a questão do tabaco. Para sermos mais precisas: têm interesses (econômicos, sobremaneira) na manutenção – pouco ou nada cautelosa – da expansão do plantio de fumo.

A obra que denuncia como procede a indústria do cigarro, cujo título é Roucos e sufocados, alarga nosso entendimento quanto ao papel que a Afubra, por exemplo, exerce.

O Afubrinha entrou nesse mundo. E segue calado. Talvez seja melhor assim: em boca fechada não entra formiga. Ele não fala nada, mas faz bonito, rodando as cidades produtoras de fumo. O Afubrinha é uma espécie de Zé Gotinha. Do fumo. Um vaso com olhos, boca, nariz e uns galhinhos que crescem por sobre a cabeça. Fofo.

É o mascote de mais um projeto de fumaça neutralizadora. Na década de 1980, o meio ambiente entrou na lista de preocupações planetárias. Mas os produtores de tabaco precisavam das árvores para encher a barriga das estufas usadas para a secagem das folhas. Assim, em 1991 a Afubra criou o Verde é Vida. O custo crescente da lenha estava se transformando numa ameaça para o setor, à medida que as árvores se recusavam a passar pela boquinha insaciável das estufas. A indústria sabe desde sempre que gastos e insatisfação formam um casal inseparável. (PERES, SILVA NETO, 2018, p. 141).

O sinete semiótico naturaliza as instituições acima como as únicas implicadas na efetiva defesa da causa. E este gesto se destaca ainda mais quando o repórter Romar Behling (enviado especial) atenta que “era nítida a presença de pessoas ligadas às organizações não governamentais (ONGs) antitabagistas, também já prevendo suas ações ao longo da semana” (SD6). As ONGs são discursivamente “corpos” estranhos às discussões da COP. São referentes que consubstanciam a posição vitimista do jornal. Cumpre então atentar que não se trata de um vitimismo autodeterminado, mas manipulatório, que vai ao encontro das condições de produção da Gazeta.

o ‘ato enunciativo’ não é compreendido como ‘atividade livre’ em que os sujeitos constroem, seja lá como for, suas possibilidades de sentidos. Pelo contrário, ele se faz mediante determinadas condições definidas pelas negociações que tais campos sociais realizam para operar a produção de discursos. (FAUSTO NETO, 2003, p. 125, grifos do autor).

Na disputa ideológica espontaneamente intrínseca à COP-8, a Gazeta – como instância pública designada a produzir uma leitura da realidade, mas também como peça de uma engrenagem capitalista – não hesita em, de novo, sobressair a insignificância e o desprezo por aqueles que se apresentam como os “legítimos” representantes da cadeia produtiva (este é o implícito). Ele funciona como uma mantilha discursiva apta a cobrir as alegações das ONGs – estas justapostas pela Gazetacomo o polo oposto, as “ilegítimas”. Algo revigorizado nas matérias que pautam o desfecho da Conferência.

Mais uma vez, o Brasil vai para a Conferência das Partes disposto a brigar contra a produção de tabaco e de cigarro no próprio país. Até que se prove o contrário, são atividades legais e que contribuem imensamente para a socioeconomia do Sul do Brasil. O setor não pode ser tratado desse jeito. (SD7)

Brasil lidera coro contra o tabaco no primeiro dia (SD8)

O resultado é que os pronunciamentos de lideranças brasileiras do movimento antitabagista se salientaram. E era visível o esforço para demonstrar que o Brasil se encontrava na linha de frente das ações para inibir o consumo de cigarros. (SD9)

Ontem pela manhã, alguns integrantes do grupo até conseguiram uma credencial para ter acesso ao ambiente da plenária da manhã, ainda que o documento tenha demorado muito a ser confeccionado, após sucessivas tentativas de envio de dados pessoais dos interessados pela internet ao endereço fornecido na portaria, e cujo recebimento nunca se confirmava. (SD10)

O Brasil das SDs 7 e 8 não é o mesmo da comitiva que foi à Suíça. Nele o “coro” é pró-tabaco, cujo pretexto é a “socioeconomia”. A propósito, a SD7 é o fragmento de um espaço chamado Fala, leitor. Ele é recrutado para fecundar ainda mais o solo do vitimismo, na medida em que confina o conteúdo da COP-8 ao cariz persecutório. Quadro que se notabiliza quando a publicação faz o balanço da COP.

COP chega ao fim sem dar voz ao setor (SD11)

Setor diz que indústria é alvo de perseguição (SD12)

O “tornar-se vítima” foi o expediente que o jornal – que não é mera prótese simbólica, pois as raízes que têm afincadas na região se ramificam subterraneamente para dentro do “chão” das indústrias fumageiras8 – encontrou para dar visibilidade ao político. E que político é este? É aquele que – ao abrigo de Pêcheux (2009) – denominamos de veneno jornalístico. O autor, aludindo a G. Klaus, afiança que “[...] as palavras são armas, venenos ou tranquilizantes [...]” (PECHÊUX, 2009, p. 257, grifos do autor). Assim sendo, a metáfora do veneno nos ampara porque ela age como uma “substância” discursiva capaz de “matar” (oprimir) qualquer iniciativa que tenha como mote a diversificação, já que ela se depara com os interesses da indústria do fumo, que sob a franja do noticiário da publicação tem sua espessura semântica prolongada, não raras vezes sendo personificada como “cadeia produtiva do tabaco”, justamente como meio de não comprometer o que há de mais caro na palavra jornalística, a credibilidade.

Frente a isso, o vitimismo como veneno jornalístico – do qual advogamos - posiciona-se entre um ver e um olhar que se fecha para a latência do objeto, que se se isola perante a sua pulsionalidade. Trabalha num jogo de luz e sombra, evitando a ausência de sentidos outros. Envereda, como proferem Gadet e Pêcheux (2004), na contenção das formas de subversão da ordem da língua política, cuja materialidade dada pela Gazeta, é vitimista. Há - defendem os autores – uma “incessante vigilância de tudo o que – alteridade ou diferença interna – arrisca[-se] questionar a construção artificial de sua unidade e inverter a rede de suas obrigações” (2004, p. 31).

Destarte, estão claras as constatações de que o político e o ideológico exercem controle sobre a produção noticiosa da Gazeta do Sul. Todavia, o tipo de “vigilância” – comprovado pelo exame das SDs – mostra que a opção por este veneno pode não ser de utilidade terapêutica ao desenvolvimento (sustentável, em máxima instância) da região, mas o é para a empresa Gazeta do Sul.

Ora, se para que haja desenvolvimento regional é necessário, na ótica de Etges e Degrandi (2013, p. 2), “estar atento à dimensão horizontal do processo, conhecer em profundidade a região em questão, identificar suas potencialidades e construir instrumentos de coesão social em torno de propósitos comuns à população envolvida”, pelo visto, o discurso do jornal propaga-se em sentido oposto. Um dos principais instrumentos (sobretudo, pelo caráter jornalístico, portanto de credibilidade) de representação social se coloca como uma espécie de obstáculo para que uma forma outra de organização do território possa ser gestada (ETGES; DEGRANDI, 2013).

Percebemos que a Gazeta, ao discorrer sobre o evento COP-8, não encoraja (na melhor das hipóteses) um imaginário “outro”, que escape à cadeia da fumicultura como uma das poucas possibilidades econômicas para a região. Por conseguinte, o paradigma de desenvolvimento vertical e como sinônimo de crescimento econômico segue sendo retroalimentado, em que a equidade, a justiça social sucumbem a interesses estritamente financeiros.

5 Considerações Finais

Depois de escavarmos o solo do tabaco a fim de identificar os sentidos discursivizados pelo jornal Gazeta do Sul ao noticiar a 8ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (COP-8), encontramos – levando em consideração a especificidade do nosso corpus, o que, a nosso ver, não diminui a validade dos nossos apontamentos, mas sim, abre janelas para reflexões futuras - a prevalência do vitimismo quase que unissonante nos textos jornalísticos.

Temos, no território do tabaco ao sul do Brasil, como discutimos no início deste artigo, uma conjuntura de dualidade, onde uma cultura, e toda sua cadeia produtiva e industrial, de um lado, representam lucros e produtividade, e de outro, apresentam graves consequências ambientais, sociais e de saúde – isso sem falar naquelas que afetam o próprio consumidor. Esse dualismo nos parece ilustrativo de dois modelos de desenvolvimentos: um baseado na ideia do crescimento econômico, exclusivamente, e outro preocupado com as diferentes dimensões, não se restringindo à economia, mas buscando um equilíbrio ambiental e a garantia de direitos. Nessa cobertura em específico, o jornal regional analisado, estaria um pouco mais inclinado a se filiar ao primeiro.

No Vale do Rio Pardo, parte integrante do território do tabaco que apresentamos, os leitores do principal jornal da região são contemplados com uma mensagem bastante clara, diante das constatações feitas a partir da análise de discurso: se ao território do tabaco cabe o papel de vítima, à CQCT sobra o de algoz.

Entendendo um jornal como um dispositivo produtor de sentidos, como já expusemos, logo, ator da construção de uma dada realidade, tem-se na cobertura da COP-8 o que identificamos na análise como um esvaziamento de sentidos no tocante ao combate do tabaco em detrimento de uma abordagem que dá voz aos interesses da indústria fumageira. O modelo de comunicação do veículo é voltado para o desenvolvimento econômico. Ele desconsidera âmbitos como o social e o ambiental.

Destacamos, ainda, que nosso entendimento acerca desse discurso vitimista ultrapassa as sequências discursivas identificadas nos sete textos analisados. Ele advém de toda uma compreensão multidimensional e multiescalar do território do tabaco, em especial do Vale do Rio Pardo, que possui raízes firmes e profundas em seu solo, no que diz respeito à produção de fumo, às indústrias e seus eficientes mecanismos de defesa.

Material suplementario
REFERÊNCIAS
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Notas
Notas
1 Trataremos do veículo de modo pormenorizado na sequência.
2 Tentamos atualizar estes dados, todavia, a última revisão feita pela Afubra acerca dessas variáveis se deu em 2017.
3 As informações foram extraídas do site https://www.who.int/fctc/cop/sessions/cop8/en/.
4 Santa Cruz do Sul é a quinta economia do Estado e uma das dez maiores cidades do Rio Grande do Sul. Com mais de 126 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE/2010, o município está localizado no Vale do Rio Pardo, na região central do Rio Grande do Sul, a 155 quilômetros de Porto Alegre. MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL. Santa Cruz hoje. Disponível em: . Acesso em: 28 jan. 2018.
5 Poderíamos ter decidido pelo exame das COPs passadas, porém, vimos – ainda que este exercício tenha sido feito de modo intuitivo e não científico – que há uma certa regularidade significativa nos relatos produzidos sobre estes acontecimentos na Gazeta do Sul.
6 As reportagens foram exploradas na sua íntegra (título, cartola, linha de apoio, texto, legenda, entretítulo e box), com exceção das fotografias, que mereceriam um estudo à parte.
7 Todas as marcas que julgamos exemplificar nossas constatações serão grifadas em itálico.
8 É bastante notório o robusto investimento publicitário das fumageiras nas edições do jornal. São frequentes os anúncios, inclusive, de página inteira. A Editora Gazeta, braço do Grupo – conforme apontado anteriormente – também desenvolve o Anuário do Tabaco, impresso onde estas empresas são as maiores anunciantes.

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Fonte: Gazeta do Sul, 2018.
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