Número Temático
AS AVENTURAS DE PAULO FREIRE CONTRA O MEME GOÍSTA: A LUTA DE CLASSES NAS REDES SOCIAIS
THE ADVENTURES OF PAULO FREIRE AGAINST THE SELFISH MEME: THE FIGHT OF CLASSES IN SOCIAL NETWORKS
AS AVENTURAS DE PAULO FREIRE CONTRA EL MEME EGOÍSTA: LA LUCHA DE CLASES EN LAS REDES SOCIALES
AS AVENTURAS DE PAULO FREIRE CONTRA O MEME GOÍSTA: A LUTA DE CLASSES NAS REDES SOCIAIS
Periferia, vol. 11, núm. 2, pp. 178-202, 2019
Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Resumo: No artigo discutimos como Paulo Freire e o seu legado são expressos através dos memes publicados em redes sociais na internet. Destacamos o sentido político dos memes que são ofensivos a Paulo Freire, descaracterizando sua obra além de insultar a sua pessoa. Trata-se de um ataque à sua concepção de educação popular que sobretudo visam atingir. Constituem ataques à educação da maioria popular que frequenta a escola pública se examinarmos, através do conceito de lutas de classes, a campanha de personalidades, grupos e movimentos de extrema direita contra a influência de Paulo Freire. Os exemplares de memes que utilizamos na nossa pesquisa foram extraídos das redes sociais Facebook e Twitter. Richard Dawkins e sua formulação original sobre os memes foram referências para o artigo.
Palavras-chave: Memes, Redes Sociais, Paulo Freire.
Abstract: In thearticlewediscusshow Paulo Freire andhislegacy are expressedthrough memes publishedthroughout social networks onthe internet. Weemphasizethepoliticalsenseofthe memes which are offensiveto Paulo Freire, discharginghiswork as well as insultinghim. It isanattacktohisconceptionof popular educationthattheymainlyaimtoachieve. These are attackstotheeducationofthe popular majoritywhichattendthepublicschool, ifwe examine thecampaignofpersonalities, groupsandfar-rightmovementsagainsttheinfluenceof Paulo Freire throughtheconceptofclassstruggles. The copies of memes we use in oursurveyweretakenfrom Facebook and Twitter social networks. Richard Dawkins andhis original workabout memes werereferencestothearticle.
Keywords: Memes, social networks, Paulo Freire.
Resumen: Enel artículo discutimos cómo Paulo Freire y su legado sonexpresados a través de los memes publicados en redes socialesen internet. Destacamos el sentido político de los memes que son ofensivos a Paulo Freire, descaracterizando su obra además de insultar a su persona. Se trata de un ataque a suconcepción de educación popular que sobre todo pretendenalcanzar. Constituyen ataques a laeducación de lamayoría popular que frecuentalaescuela pública si examinamos lacampaña de personalidades, grupos y movimientos de extrema derecha contra lainfluencia de Paulo Freire a través del concepto de luchas de clases. Los ejemplares de memes que utilizamos ennuestrainvestigaciónfueron extraídos de las redes sociales Facebook y Twitter. Richard Dawkins y suformulación original sobre los memes furon referencias para el artículo.
Palabras clave: Memes, redes sociales, Paulo Freire.
AS AVENTURAS DE PAULO FREIRE CONTRA O MEME GOÍSTA: A LUTA DE CLASSES NAS REDES SOCIAIS
Meu primeiro encontro com Paulo Freire foi nas redes sociais. Suas frases fortes e marcantes principalmente do livro “Pedagogia do Oprimido”, talvez o mais popular, estavam sendo usadas até de forma inapropriada, fora do contexto. Mas o modo como falava da educação e da sociedade me instigaram a querer conhecer sua obra e estudar a educação. (HERDADE, 2018, p. 1)
Com este artigo prosseguimos uma discussão que iniciamos a respeito das imagens de Paulo Freire e das suas diferentes representações através da fotografia, da escultura, das artes visuais e, com o advento das redes sociais na internet, dos memes inclusive. Estávamos preocupados em observar como as muitas imagens de Paulo Freire multiplicavam sua existência em diversos personagens com uma gama variada de identidades. Ou seja, a existência intelectual de Paulo Freire é tecida também através dos diversos retratos em que aparece. Trata-se de um autor cuja obra tem a sua complexidade medida por seus inúmeros escritos, mas ainda em razão das tantas personificações que adquiriu e significações correspondentes.
Aqui vamos nos deter especificamente nos “memes”, um modo peculiar de comunicação e expressão na internet, sobretudo nas chamadas redes sociais. Diante da sociedade informática (SCHAFF, 1990), Paulo Freire deve a propagação da sua herança no presente também aos memes. Tomando partido a seu favor, discordando ou até corrompendo o seu pensamento, não importa, o fato é que o seu legado é vivamente representado na mídia digital da internet. Os memes constituem um caso particular porque sua difusão instantânea e exponencial é capaz de uma propagação relativamente autônoma do que se pretende replicar ao ponto de transformar a sua reprodução em uma montagem animada, criada e mantida viva através de um contágio insaciável.
Começamos o artigo com uma citação que acreditamos ser expressiva a respeito do que pretendemos discutir. A citação é um extrato do trabalho entregue pela autora, Lívia Herdade, para avaliação em uma disciplina sobre Paulo Freire. Ela e seus colegas precisavam produzir um pequeno texto narrativo contando sobre o encontro que tiveram com Paulo Freire, ou seja, como ocorreu o contato com a sua obra. Lívia é uma jovem estudante do curso de Pedagogia do Instituto Multidisplinar,na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ela cita a sua presença nas redes sociais da internet para o evento do seu primeiro encontro com Paulo Freire. Vale a pena, então, observar que o Facebook, lançado em 2004, é atualmente a rede social mais popular. No ano de 2017, segundo a Wikipédia, havia atingido 2 bilhões de usuários. Já o Twitter, criado em 2006, até março de 2015 possuía mais de 280 milhões de usuários, também segundo a Wikipédia. São números importantes para dimensionar a atividade das redes sociais no ciberespaço.
Hoje não é incomum conhecermos autores ou nos aproximarmos de algumas discussões acadêmicas através das redes sociais, afinal, elas fazem parte também das nossas redes de conhecimentos e correspondências intelectuais. A informação através das redes sociasacontece de modo multiforme, uma vez que modelos de comunicação e consumo também não se realizam homogeneamente. Em sua narrativa, Lívia caracteriza brevemente sua fonte inicial de conhecimento sobre Paulo Freire, destacando o conteúdo mais ligeiro de frases selecionadas retiradas sobretudo do livro Pedagogia do oprimido e diluídas do seu contexto original. De todo modo, ela garante, isto teve um forte efeito catalizador. Não sabemos precisamente que acessos foram estes feitos por Lívia, mas temos alguma ideia do seu caráter mais apressado e instantâneo. O que importa observar é que mediante tais contatos, seu interesse por Paulo Freire e pela educação foi tecido também.
Será que o contato inicial de Lívia com Paulo Freire foi através de memes?
O que pretendemos discutir aqui é o sentido político e pedagógico adquirido pelos memes como meio de divulgação do pensamento de Paulo Freire, chamando atenção para a sua propriedade como mídia e comunicação na contemporaneidade. Consideramos que o debate sobre a educação nos tempos atuais não pode ignorar os usos cotidianos e compulsivos do meme como dispositivo de transmissão cultural. A obra de Paulo Freire faz parte do nosso imaginário educacional e sua presença marcante ainda hoje mobiliza vivas leituras e interpretações. Através dos memes, atores com objetivos distintos e conflitantes disputam o significado da sua obra com repercussões além da vida digital. Acreditamos que a discussão é relevante para a avaliação dos destinos da herança freiriana, mas também a propósito da questão das aprendizagens em ambiente virtuais no contexto mais amplo da educação.
Um autor relevante para a nossa discussão aqui será o biólogo evolutivo Richard Dawkins (2007), criador do termo “meme”. Em seu livro O gene egoísta, publicado originalmente em 1976, Dawkins argumentou que para compreender a evolução do homem moderno o gene não pode ser considerado o único ente difusor de informação da espécie. Ele considera a existência de outra unidade de imitação, o meme. O meme é para a transmissão cultural aquilo que o gene representa para transmissão genética, esse é o paralelo feito por ele. É importante observar que o que chamamos de memes na internet é a utilização mais específica de um termo que, para Dawkins, tinha um sentido muito mais amplo. Na acepção por ele proposta, segundo alguns dos seus próprios exemplos, melodias, ideias, slogans, modas ou técnicas, são memes, transportados de cérebro para cérebro (ibidem, p. 325/330).
Portanto, nosso comportamento caracteristicamente humano é devido à nossa capacidade de imitação como uma realização cultural, não genética, amplamente difundida em nós, uma ação sem paralelo com qualquer outra espécie. O meme é a unidade dessa transmissão cultural. Existe um número múltiplo dessas unidades em toda cultura verificada, um poolde memes, nas palavras de Dawkins. Na sua propagação, os memes se comportam como “estruturas vivas”, diz N. K. Humphrey, citado por Dawkins, uma vez que é sua vitalidade, a eficácia de propagar a si mesmo, que o mantém (ibidem, p. 330/331). A hipótese formulada por Dawkins sobre a existência do meme, considerando-o uma unidade replicadora, forneceu a imagem para que posteriormente determinadas formas de comunicação e persuasão na internet fossem chamadas particularmente de “memes”, especialmente nas redes sociais.
Castells, nos fins de 1990 já sinalizava a ampliação da internet como fenômeno da comunicação no limiar de uma nova era. Além de ferramenta comercial proposta pelo novo veículo de comunicação, o autor percebe os ruídos de forças de transformação social e cultural nas entrelinhas das ondas da virtualidade comunicativa. Para ele (1996, p. 414), “o surgimento de um novo conceito eletrônico de comunicação caracterizado pelo seu alcance global, integração de todos os meios de comunicação e interatividade potencial, está mudando e mudará para sempre a nossa cultura”. Em uma publicação posterior, Castells (2003, p. 102) segue suas reflexões afirmando que “se alguma coisa pode ser dita, é que a internet parece ter um efeito positivo sobre a interação social, e tende a aumentar a exposição a outras fontes de informação”.
O autor nos sugere que a comunicação mediada pela tecnologia pode realocar o lugar da cultura, intensificando visualidades e reelaborações de modos de ser e de construir símbolos e códigos comunicativos e comportamentais de infinitas possibilidades. O instrumento tecnológico ultrapassa sua funcionalidade técnica e infiltra-se em modos de linguagem e de percepções. Formas de falar e escrever, de pronunciar e expressar a vida são recodificados através das acessibilidades tecnológicas. Imaginação e sensibilidades também são modificadas e propõem diálogos existenciais no modo de viver, pensar e agir. Outros/novos pronunciamentos estéticos são produzidos na relação entre a comunicação, sociabilidade e tecnologia e no processo de saberes são construídos. Saberes multifocais percorrem os fios que trançam as redes tecidas pelas e nas experiências virtuais. As sensibilidades e escritas reconfiguradas nesse processo, como aponta Martín-Barbero (2006), modificam o estatuto cognitivo e as condições do saber.
Consultando o que significa “meme” no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, encontramos:
(inglês meme, redução do grego mimema, -atos, imitação, cópia)
substantivo masculino
1. Imagem, informação ou ideia que se espalha rapidamente
através da internet, correspondendo geralmente à reutilização ou alteração humorística ou satírica de uma imagem.
2. Ideia ou comportamento que passa de uma geração para
outra, geralmente por imitação.
Embora os meios de transmissão de memes na internet sejam diversos, como os sites, blogs, e-mails, são as redes sociais sua mídia de reprodução mais consistente. Fácil entender o motivo. Na verdade, trata-se de uma trama de desenvolvimento tecnológico e de produção de subjetividades que nos impulsionam a uma frequência regular e até compulsiva nas redes sociais. A convergência de técnicas permitida pelo smartphone fez do objeto celular uma prótese do corpo. Por outro lado, a conectividade associada a uma cultura de interatividade constante e de atrativa visualidade faz do aparelho um artefato de uma ubiquidade (SANTOS, 2014, p. 32) sem paralelo na história da comunicação humana. As redes sociais reúnem a presença instantânea dos usuários dos smartphones na internet. Perceptível a evolução das redes sociais para um trânsito de intensas correspondências: notícias, eventos, identificações e compartilhamentos, entre outras práticas.
A comunicação reta e humorística (ou pretensamente engraçada) que caracteriza o meme torna-o uma forma de manifestação ativa e popular do pensamento e das opiniões de internautas em diversos campos de interesses. São imagens em que personagens variados, que podem ser celebridades, pessoas comuns ou de natureza não humana, são os seus protagonistas. Imagens extraídas de seus contextos originais ou novas ilustrações são montagens acrescidas de breves textos, formando um tema suficientemente atrativo para mobilizar o nosso interesse. Os memes são replicados entre grupos nas redes sociais propagando-se de acordo com a sua eficácia, alcançando os seus mais amplos domínios, comentados fora dos espaços digitais e reproduzidos em outras mídias até. Nascidos em “bolhas”, os memes podem assim escorrer de suas comunidades específicas para um alastramento portando ideias que assim se reproduzem.
Os memes são, por definição, insensatos. Sua existência é ser replicado antes de ser submetido a alguma apreciação suficientemente crítica para ter a sua progressão paralisada. São naturalmente replicantes, tarefa que desejam cumprir com a maior integridade, em uma escala crescente e ininterruptamente. As redes sociais são mídias propícias à difusão dos memes, em razão das características das chamadas “Redes 3.0”. Luciana Santaella e Renata Lemos (2010, p. 59) apontam o diferencial da conectividade atual observando a “integração com múltiplas redes, plataformas e funcionalidades através do uso de aplicativos e mídias móveis”. O acesso não ocorre através de pontos fixos, como o PC ou mesmo um notebook instalado em casa ou no trabalho. O smartphone encontra-se virtualmente em rede com o próprio corpo permanentemente. Os memes podem nos alcançar através de múltiplos aplicativos e repassados através de qualquer um deles, através de ações cada vez mais práticas e automáticas.
Uma olhada na linha do tempo de qualquer pessoa não nos deixa enganar sobre os usos dos memes. São unidades das nossas visões do mundo. Com eles exibimos nossa compreensão e posição a respeito de alguma polêmica de interesse no momento ou mais vagamente a nossa apreciação sobre assuntos cotidianos. De alguma maneira, nos memes demonstramos nossas concepções sobre costumes, moral, religião, cultura, política, enfim, principalmente a propósito das nossas identificações. Há, no entanto, uma forte tendência dos memes carregarem altas doses de imprudência e até leviandade quando a publicação, a curtida e o compartilhamento não participam de uma razão mais plural e servem apenas ao princípio mais exclusivo da imposição da verdade. Quanto mais a sociedade encontra-se polarizada e dividida sobre decisivos assuntos públicos, mais os memes podem cumprir uma tarefa autoritária. É o que assistimos nas redes socias. A infâmia pode encontrar nessas redes uma oportunidade de manifestar-se com insaciável virulência.
O campo da prática e do pensamento educacional é uma das arenas de batalhas de memes. Encontramos memes que abordam comportamentos recorrentes de professores e alunos nas salas de aula. Podem ser leves ironias até os mais ofensivos destratos. A escola é um território de contestações e seus conflitos são muitas vezes transpostos para as redes sociais através dos memes que “lutam” sobre os acontecimentos das classes escolares. Mas as disputas políticas em torno da condução da educação ou do próprio Estado também aparecem nos memes que disputam concepções sobre a educação brasileira. Das classes escolares às lutas de classes, são conceitos de sociedade conflitantes que os memes reproduzem através das suas existências. Por motivos que vamos discutir a seguir, até Paulo Freire, educador brasileiro que adquiriu a mais sólida reputação internacional e amplamente referenciado no seu país, tornou-se objeto da uma campanha difamatória contra a sua biografia e o seu legado.
Diante dos graves problemas da educação pública, sobretudo das chamadas grandes redes, estaduais e municipais, que acompanhamos com maior atenção porque trata-se da oferta promovida pelas unidades da federação e suas divisões administrativas, destinadas sobretudo às classes populares, que de outro modo não teriam acesso à escolarização, observamos surpresos a existência de um ativismo na internet que tenta responsabilizar Paulo Freire pela situação atual do ensino nessas escolas. Como exemplo, vejamos extrato de uma postagem feita pela página do Movimento Civil XV de Março no Facebook, via página Olhar Atual:
Imagem I
Fonte: <https://www.facebook.com/xvdemarco/posts/447490552113445>
Acesso: 25 ago. 2018
Trata-se de uma postagem com 255 curtidas e 211 compartilhamentos. O impacto é significativo: um meme. Nos comentários, uma mulher diz: “Sempre odiei Paulo Freire”. O conteúdo da postagem é uma ignorância completa a respeito do legado freiriano na história da educação brasileira, mas não vamos analisar isso aqui, não é o objetivo do nosso artigo. Mas é importante indagar, por que a necessidade viral de descaracterizar a obra de Paulo Freire, contestar sua importância e até odiar o seu significado? Gostaríamos de remeter a um episódio biográfico em que Paulo Freire mesmo sugere não entender o motivo de tanta preocupação com a sua figura.
O episódio refere-se à sua prisão, que acontece em junho de 1964. Portanto, um pouco após o golpe civil-militar. Um acontecimento que ele mesmo narra em uma gravação, reproduzida no documentário Paulo Freire, dirigido por Moacir de Oliveira, em que o aparente absurdo da situação entrega o temor que o seu trabalho como educador causava entre os setores mais reacionários da sociedade brasileira, inclusive entre os militares golpistas. Conta Paulo Freire: “Um sargento e um soldado, cada um com uma metralhadora em cima de mim (...), como é que um cara como eu, um professor, humilde, simples, precisava de um aparato daquele em cima de mim, era fuzil muito para um cara só”. Apesar da perplexidade, Paulo Freire sabia os motivos. Em um episódio posterior, já preso, foi procurado por um jovem tenente que sugeriu que alfabetizasse recrutas: “Mas, meu querido tenente, eu estou preso exatamente por causa disso! (...). O senhor vai para a cadeia também. Não dá!” (FREIRE, Paulo; GUIMARÃES, Sérgio, 1987, p. 49).
Está aí a questão principal, o que elucida o perigo desde sempre que representa Paulo Freire, ontem e hoje: o desfronteiramento da sua pedagogia. Paulo Freire tornou-se influente em razão de uma concepção da educação politicamente fundada na busca de uma sociedade mais justa. Ele expõe uma prática que está comprometida com uma educação democrática que se legitima pelo direito de mudar o mundo, na direção da ética, solidariedade e justiça social, ou seja, uma educação crítico-transformadora. A obra Pedagogia do oprimido, publicada originalmente nos EUA, em 1970, é a sua obra de maior repercussão, no Brasil e no mundo. Para Paulo Freire, apenas os oprimidos são capazes de desenvolver a humanização e consequentemente o desenvolvimento civilizatório: “Por isso é que somente os oprimidos, libertando-se, podem libertar os opressores. Estes, enquanto classe que oprime, nem libertam, nem se libertam”. (FREIRE, 2018, p. 41). Apenas as classes populares são capazes de realizar a libertação dos modos opressivos de governo e isso é ameaçador para quem o exerce exclusivamente para os seus interesses particulares.
Contra a dignidade do pensamento de Paulo Freire, propaga-se uma deturpação da sua pedagogia a fim de desacreditar toda uma vida de luta em favor das classes populares. Há uma campanha de intimidação que inclusive fere a liberdade e os direitos das pessoas à Educação, sobretudo pública e de qualidade. É assim que Paulo Freire vai se transformar em alvo de incontáveis agressões públicas e em toda a internet também. Em outro artigo, já tínhamos nos referido à difamatória faixa “Chega de doutrinação marxista/Basta de Paulo Freire”, exposta em uma manifestação contra a então presidenta Dilma Rousseff, em março de 2015. E muitas outras agressões à sua pessoa e obra são incansavelmente cometidas. Uma das mais infames e recentes ocorreu através do Twitter do escritor e colunista Flavio Morgenstern:
Imagem 2
Fonte: <https://twitter.com/flaviomorgen/status/1030640616005361664>
Acesso: 27 ago. 2018
Após dez dias, a postagem já havia alcançado mais de 3.700 curtidas e quase 800 compartilhamentos. Quando Flavio Morgenstern pareceu recuar do sentido literal da sua publicação foi interpelado pelo Procurador Federal de Goiás, Wesley Miranda Alves, nesses termos: “Ah não, era ironia? Já tava comprando fósforo e gasolina” (Revista Fórum, on-line, 2018). São manifestações com características abertamente fascistas, inconfundíveis quando nos recordamos da queima de livros em praças públicas na Alemanha nazista, em 1939, logo após a ascensão de Hitler ao poder.
Uma das organizações que mais ataca Paulo Freire através do Facebook é o movimento Escola Sem Partido.
Imagem 3
Fonte: <https://www.facebook.com/escolasempartidooficial/photos/a.346888065462191/665017213649273/?type=3&theater>
Acesso em: 19 ago. 2018
Aqui o meme é uma montagem característica de ilustração e texto. Na imagem Paulo Freire é acusado de “doutrinação comunista” de analfabetos “inocentes”, associando ainda seu “Método” a uma orquestração internacional dirigida pela antiga União Soviética (“CCCP” é a abreviatura em russo de União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) “desde 1963”, ano em que o chamado Sistema Paulo Freire foi desenvolvido. O texto maior que completa o meme, atribuído ao escritor e jornalista Olavo de Carvalho, um dos mais destacados expoentes da direita no país, é um insulto a Paulo Freire que dispensa qualquer resposta diante do disparate que representa. No entanto, a postagem alcançou 707 curtidas e 258 compartilhamentos.
Não é de pequeno interesse que esse meme foi postado na sua página pelo Escola Sem Partido. Muito pelo contrário. O movimento representa uma voraz tentativa de silenciamento dos professores nas escolas e consequente governo dos alunos através de cotidianos, condutas e programas escolares estritamente dirigidos pelo conservadorismo educacional – o mais conservador possível, portanto, reacionário. O uso de imagens como linguagem e comunicação política e cultural na campanha do Escola Sem Partido foi destacado pelo professor Fernando Penna, ativista de um movimento contrário, o Professores Contra o Escola Sem Partido. Em um artigo (PENNA, on-line, 2018), ele diz: “Convido todos a combaterem com veemência estas representações e as organizações que as tem difundido. Os professores são educadores que prezam pela pluralidade de ideia e não se negam a discutir todas as questões que permeiam a realidade dos alunos. Nosso objetivo é capacitá-los para compreender a sociedade em que vivem e a atuar sobre ela”.
Pois bem, exatamente a convocação feita por Fernando Penna é o que estamos de uma certa maneira respondendo aqui, através da discussão sobre a difusão de memes nocivos a Paulo Freire. Outra seria a nossa recepção se fossem memes apenas adversos, destacamos. Uma abordagem desfavorável à Paulo Freire, se a finalidade é o desenvolvimento do pensamento crítico, não tem a necessidade de ser hostil, ameaçador ou detestável. Todo pensamento avança confrontado por outras ideias. Mas o trabalho do Escola Sem Partido é outro, não é crítico na rica acepção da palavra. O Escola Sem Partido pretende a ignorância como fator de poder. Como professores, somos contra, é claro. Os oprimidos não podem se emancipar caso a educação que eles tenham acesso não seja emancipadora e sim, coercitiva aos moldes dos opressores. Dessa forma, os privilégios tradicionais de controle e decisões devem ser mantidos por uma elite racista, heteronormativa e misógina.
A atual investida contra Paulo Freire conta com o ativismo de extremistas de direita, um perfil nitidamente identificável. É o caso do músico Nando Moura, que tem mais de 440 mil seguidores na sua página no Facebook. Publicada em outubro de 2016, a imagem abaixo alcançou até agora, agosto de 2018, 3.500 curtidas e 199 compartilhamentos.
Imagem 4
Fonte: < https://www.facebook.com/NandoMouraOficial/photos/a.631979816900258/1077715685660000/?type=3&theater>
Acesso em: 29 ago. 2018
Graficamente não lembra muito as postagens que frequentemente são chamadas de memes. Na verdade, trata-se de uma composição fotográfica e a mensagem é sobretudo caracterizada pelo gesto que cobre o livro mais conhecido de Paulo Freire. Fora da imagem, no post, há um título: “Paulo Freire, Pedagogia do Oprimido e meu devido reconhecimento!!!”. Nem precisava dizer nada. O sentido da imagem é direto, interpretável imediatamente e bastante tocante para ser replicada por outras pessoas que prontamente se identificaram ideologicamente com a mensagem ou pelo menos se sentiram excitadas a compartilhar. É um meme, portanto. No caso dessas investidas contra Paulo Freire, a lógica do meme é obter resultados de proliferação que se mostrem compatíveis ao seu prestígio. Especialmente diante de polêmicas de ocasião, os memes podem atingir um cômputo bastante favorável como forma de comunicação e propaganda. Por exemplo, um tema que repercutiu amplamente na internet: Paulo Freire merece mesmo ser Patrono da Educação Brasileira? A oportunidade de dizer “não” pública e prontamente está mais do lado dos memes do que de outros modos de elaborar e divulgar uma negativa.
Outro exemplar de meme contra Paulo Freire vamos extrair do Twitter.
Imagem 5
Fonte: <https://twitter.com/SPD_33/status/1025209643436527617>
Acesso: 31 ago. 2018
A página do Saída Pela Direita é bastante direta sobre a sua ideologia extremista. Declara-se não apenas “anticomunista”, mas diz ainda ser “armamentista”, além de divulgar a candidatura fascista de Jair Bolsonaro à presidência. No meme, o “Método Paulo Freire” é associado aos contextos das manifestações que promovem invasões e danos à propriedade privada. O sentido da comunicação é evidente: o “Método Paulo Freire” corresponde a formação de agitadores, antissocias e esquerdistas, no limite, guerrilheiros comunistas. Evidentemente, trata-se de uma campanha de desinformação para colar à proposta educacional de Paulo Freire um estigma político. Uma campanha contra Paulo Freire que repete práticas existentes desde os anos sessenta do século XX, mas em novos contextos, sobretudo das mídias digitais, que agora nos enredam nas chamadas fake news(SALI, on-line, 2018)e na (ir)realidade da pós-verdade (FÁBIO, on-line, 2018). Ao longo do mês de agosto de 2018 a postagem recebeu 334 curtidas e foi replicada 171 vezes.
Os memes favoráveis à Paulo Freire também existem:
Imagem 6
Fonte: <https://www.facebook.com/esab.oficial/photos/a.180013282013139/1959227757425007/?type=3&theater>
Acesso: 31 ago. 2018
A importância de Paulo Feire é admitida por um espectro muito amplo de adesões, é interessante observar. Retornando ao início do artigo, quando reproduzimos a declaração de uma jovem aluna de um curso de Pedagogia, a propósito do seu contato inicial com Paulo Freire, Lívia Herdade nos dá uma pista interessante para compreender as múltiplas assimilações da sua obra. Ela suspeita que as frases que exibem o pensamento de Paulo Freire poderiam estar “sendo usadas até de forma inapropriada, fora do contexto”. Na vasta produção do autor encontramos “aforismos” que se prestam ao tipo de destaque que muitas vezes encontramos, por exemplo, em epígrafes e citações rápidas, orais ou escritas. Na verdade, são frases tornadas exemplares do seu pensamento. Nas redes sociais, em razão da brevidade e aparente simplicidade, essas frases funcionam de forma muito adequada à cópia que engradece Paulo Freire, mas serve também para uma apropriada identificação com ele. Não se pode deixar de perceber o autorretrato que constitui para cada usuário de uma rede social a distribuição de uma imagem.
A nossa hipótese, então, é a de que através das pequenas frases escolhidas e da própria trajetória multirrefenreciada de Paulo Freire, seu personagem pode responder a convicções relativamente diversas sobre a educação. É claro, como em tantos autores, a obra de Paulo Freire é aberta e não acreditamos na existência de um significado definitivo a propósito do seu legado. No entanto, embora os detratores de Paulo Freire o acusem de possuir uma concepção de educação doutrinária, as apropriações de Paulo Freire, pelo contrário, são bastante plurais – ou seja, nem sempre os memes são compartilhados mediante uma orientação política tão homogênea. Isso conta em favor do meme para a sua reprodução, é claro. O meme agora exibido, por exemplo, foi postado na página do Facebook de uma instituição privada de ensino superior em ensino a distância, a Escola Superior Aberta do Brasil – ESAB. Atingiu de fevereiro de 2018 até o final de agosto, três mil e duzentas curtidas e mais de quatrocentos e sessenta compartilhamentos. Um meme de Paulo Freire foi repetido milhares de vezes a partir da página de uma instituição que em nada sugere ter sido contaminada ideologicamente pelo perigo freiriano da “revolução comunista”.
Há uma polissemia na frase “pessoas transformam o mundo” que apenas a reconstituição da sua elaboração na fonte original de onde foi extraída pode assegurar com mais garantias o pensamento de Paulo Freire a respeito – a necessidade do “contexto” reclamado de modo sagaz por Lívia. Para o meme mesmo, para a sua sobrevivência, no entanto, isso não importa. Seu objetivo, já assinalamos, é a cópia egoísta, isto é, sem outras considerações. No caso, o que não está muito determinado na frase faz prevalecer uma concepção ativa da educação, a “transformação”, que aviva a sua propagação.
Nosso último exemplar de meme, extraído do Twitter:
Imagem 7
Fonte: <https://twitter.com/luizasansao/status/1032844684069138432>
Acesso em: 31 ago. 2018
Trata-se de um meme que encontramos na página de um usuário “comum”, ou seja, uma pessoa que não parece ser uma personalidade pública, o que ajuda a explicar o seu pequeno resultado se for medido apenas pelas doze curtidas e seis compartilhamentos aí obtidos. No entanto, é um meme que encontramos recentemente muitas vezes nas redes sociais, em razão do seu tema: as próximas eleições. A versão mais conhecida desse meme tem a seguinte frase como introdução à imagem: “Paulo Freire na década de 1990 prevendo eleições de 2018”. Esse meme parece possuir maior interesse em uma rede de contatos com pessoas que trabalham na área de educação, em razão da sua característica. Seu principal elemento é o destaque de um trecho selecionado de uma das páginas do livro Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire. Extrato capaz de nos fazer imaginar, mais de vinte anos depois, que Paulo Freire já estaria nos advertindo sobre a situação da eleição que se aproxima. É transformada em meme passagem de um livro de Paulo Freire que ganha maior projeção agora quando é oportunamente associada ao presente.
A crescente correspondência feita por indivíduos e grupos em ambientes virtuais, elaborando e divulgando ideias e opiniões, revelam mudanças significativas nas dinâmicas comunicacionais, uma decorrência da vulgarização das tecnologias digitais da comunicação. Opiniões sobre os mais variados assuntos e acontecimentos transitam nas redes sociais repercutindo e criando fatos sociais, um novo espaço da cidade em que as coisas acontecem política e culturalmente. O problema do poder, luta de classes e guerras culturais também se fazem presentes intensamente como na vida social em geral. E não se trata de mais “território” da cidade. Não é um acréscimo no sentido da contiguidade. Há uma complexidade a propósito da formação dos espaços considerando a realidade do ciberespaço, que faz do fenômeno da comunicação uma prática com elementos próprios da nossa época. Seus resultados estamos aprendendo a lidar enquanto tudo transcorre com urgência crítica do capitalismo tardio.
A batalha de memes que disputam o significado da obra de Paulo Freire é uma disputa basicamente polarizada, a favor ou contra ele, ainda que uma ou outra posição contenha alguma pluralidade no seu interior, sobretudo entre os partidários de Paulo Freire. Entre aqueles que difamam o autor através dos memes, percebemos uma posição mais monocromática. Trata-se de uma polarização que acompanha a vida política nacional, na verdade. Principalmente entre os seus acusadores, Paulo Freire é associado negativamente ao PT e tudo aquilo que condenam e acreditam que o país se transformou com os governos Lula (2003-2011) e Dilma (2011-2016). Paulo Freire foi filiado ao PT e exerceu o cargo de secretário de Educação da cidade de São Paulo, entre 1989 e 1991, durante o mandato da prefeita Luiza Erundina. Antes disso, desde a época do golpe civil-militar, Paulo Freire muitas vezes é “acusado” de comunista também. Maliciosamente, Paulo Freire é lembrado como responsável pela situação da educação brasileira, graças ao seu “Método”. Inclusive, a inclusão de novas questões curriculares nas escolas é frequentemente creditada ao legado negativo freiriano como argumento para contestá-las.
Do outro lado, entre os que se vinculam a uma concepção mais popular para a sociedade brasileira, Paulo Freire será uma referência para uma educação socialmente transformadora, libertadora. Paulo Freire nos deixou no ano de 1997 e continua em evidência quando o assunto é a educação brasileira. Usando uma expressão de Richard Dawkins (2007, p. 335), Paulo Freire é ele mesmo um “meme-ideia”. Aqui estamos usando o sentido mais amplo que “meme” adquire na sua formulação feita por Richard Dawkins. No entanto, levando em conta a polarização política hoje no país, o meme-ideia Paulo Freire, muito bem-sucedido, nacional e internacionalmente, tem os seus significados disputados através de intervenções diversas, tais como publicação de livros e eventos públicos. A arena política do ciberespaço tem também as suas lutas. É o campo de batalha dos memes. Agora em um sentido mais restrito, uma característica unidade de ideia e imagem, os memes encontraram nas redes sociais ambiente de maior produtividade, ou seja, de reprodução.
Quando chamamos nosso artigo de “As aventuras de Paulo Freire contra o meme egoísta: a luta de classes nas redes sociais”, estávamos assinalando que o sentido das classes escolares, ou seja, da própria educação, está sendo disputado também na internet e compreendemos melhor a sua dimensão a partir do conceito de luta de classes porque são concepções de sociedade e visões de mundo que orientam a discussão dos memes sobre Paulo Freire. Os memes são engraçados e mordazes, mas é tudo verdade. São valores sobre a educação da maioria que esses memes dizem respeito, e a investida contra Paulo Freire é para desacreditar a concepção mesmo de educação popular. É um conflito que atravessa toda a sociedade brasileira e como tantas outras lutas, estão vivamente presentes na internet. Não apenas refletidas na internet, mas lutadas ali também, repercutindo fora dela. Estado, cidades, ciberespaço, enfim, todas as geografias políticas estão atravessadas pela vida política e seus acontecimentos se interpenetram. O contágio é universal. Fronteiras desvanecem, o tangível e o virtual formam uma realidade comum.
Vamos terminando o artigo lembrando mais uma vez Richard Dawkins (ibidem, p. 343), quando ele diz: “Temos o poder de desafiar os genes egoístas que herdamos e, se necessário, os memes egoístas com que fomos doutrinados”. Logo adiante ele observa ainda: “Somos os únicos na Terra com o poder de nos rebelar contra a tirania dos replicadores egoístas”. Os memes são cegos, insistimos ao longo da nossa discussão. Eles simplesmente não se importam. A efervescência das redes sociais solicita a nossa participação. Melhor não ignorar as práticas que nelas se instalam e seus sentidos. Observar como os nossos corpos são eventualmente sondados, vivenciados até. Somos animais instituintes, pelo contrário. Como Paulo Freire (2015, p. 20) mesmo disse, “somos seres condicionados, mas não determinados”. E, finalmente, mais uma vez voltando à Lívia Herdade. Ela mesma observou sobre o caráter impreciso e até mesmo imprudente existente entre as muitas referências que encontramos nas redes sociais e que os contextos fazem falta. Não importa como encontramos Paulo Freire pela primeira vez, a diferença é como ele continuará fazendo parte das nossas vidas.
REFERÊNCIAS
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[1]Professor Associado II da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro no Departamento de Educação e Sociedade do Instituto Multidisciplinar (IM/UFRRJ/Nova Iguaçu) e no Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc/UFRRJ). aristotelesberino@yahoo.com.br
[2]Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (IM/UFRRJ/Nova Iguaçu). liviaherdade@gmail.com
[3]Doutoranda em Educação pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPGEduc/UFRRJ). myramarcel@yahoo.com.br
[4]Mestranda em Educação pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPGEduc/UFRRJ). vanessarodrigues_tur@hotmail.com