Seção Livre
Seção Livre: Processos sociais e vulnerabilidades na saúde: comportamento da infecção por zika vírus
Seção Livre: Processos sociais e vulnerabilidades na saúde: comportamento da infecção por zika vírus
O Social em Questão, vol. 23, núm. 48, pp. 339-362, 2020
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Resumo: A infecção por Zika vírus (ZIKV) é considerada de alta complexidade, com 215.319 casos notificados como prováveis no Brasil em 2016, ano da descoberta do vírus no território, sendo que Alagoas possuiu no mesmo período 6.874 casos prováveis. Devido esse número elevado, este artigo tem como objetivo avaliar o comportamento dos casos de infecção por ZIKV na Região Metropolitana de Maceió (RMM) no período de fevereiro de 2016 a fevereiro de 2017 e associar os indicadores sociodemográficos e ambientais com a taxa do agravo. Para isso, foi realizado um estudo quantitativo com delineamento ecológico transversal, cuja unidade de análise foi a notificação dos casos de infecção por ZIKV na RMM, com seus indicadores sociodemográficos e de saúde ambiental. A análise de dados ocorreu através da estatística descritiva e analítica. Os testes estatísticos utilizados foram a Correlação de Pearson, a Correlação de Spearman e os testes Mann-Whitney e Wilcoxon. A incidência de infecção por ZIKV relaciona-se ao tamanho da população, ao déficit de coleta de Resíduos Sólidos Urbanos (P=0,059), municípios com mais residências que utilizam fossas rudimentares, possuem, em média, maior número de casos, a incidência também relaciona-se à pobreza em geral, municípios com Produto Interno Bruto per capita mais baixo apresentam maiores índices de infecção. Assim, conclui-se que fatores ambientais e demográficos influenciam na incidência de infecção por ZIKV.
Palavras-chave: Zika Vírus, Saúde Pública, Região Metropolitana de Maceió.
Abstract:
Zika virus (ZIKV) infection is considered to be highly complex, with 215,319 cases reported as probable in Brazil in 2016, the year of the discovery of the virus in the territory, and Alagoas had in the same period 6,874 probable cases. Due to this high number, this article aims to evaluate the behavior of cases of ZIKV infection in the Metropolitan Region of Maceió (RMM) from February 2016 to February 2017 and to associate sociodemographic and environmental indicators with the rate of the disease. For this, a quantitative cross-sectional study was carried out, whose unit of analysis was the notification of cases of ZIKV infection in RMM, with its sociodemographic and environmental health indicators. Data analysis occurred through descriptive and analytical statistics. The statistical tests used were Pearson Correlation, Spearman Correlation and Mann-Whitney and Wilcoxon tests. The incidence of ZIKV infection is related to the size of the population, the collection deficit of Urban Solid Waste (P = 0.059), municipalities with more homes that use rudimentary pits, have, on average, a higher number of cases. is related to poverty in general, municipalities with lower per capita Gross Domestic Product have higher rates of infection. Thus, it is concluded that environmental and demographic factors influence the incidence of ZIKV infection. Zika virus; Public health; Metropolitan region of Maceió.
Keywords: Zika virus, Public health, Metropolitan region of Maceió.
Processos sociais e vulnerabilidades na saúde: comportamento da infecção por zika vírus
Lorena Sampaio Almeida1
Letícia Alves de Araújo2
Ana Lídia Soares Cota3
Diego Freitas Rodrigues4
Resumo
A infecção por Zika vírus (ZIKV) é considerada de alta complexidade, com 215.319 casos notificados como prováveis no Brasil em 2016, ano da descoberta do vírus no território, sendo que Alagoas possuiu no mesmo período 6.874 casos prováveis. Devido esse número elevado, este artigo tem como objetivo avaliar o comportamento dos casos de infecção por ZIKV na Região Metropolitana de Maceió (RMM) no período de fevereiro de 2016 a fevereiro de 2017 e associar os indicadores sociodemográficos e ambientais com a taxa do agravo. Para isso, foi realizado um estudo quantitativo com delineamento ecológico transversal, cuja unidade de análise foi a notificação dos casos de infecção por ZIKV na RMM, com seus indicadores sociodemográficos e de saúde ambiental. A análise de dados ocorreu através da estatística descritiva e analítica. Os testes estatísticos utilizados foram a Correlação de Pearson, a Correlação de Spearman e os testes Mann-Whitney e Wilcoxon. A incidência de infecção por ZIKV relaciona-se ao tamanho da população, ao déficit de coleta de Resíduos Sólidos Urbanos (P=0,059), municípios com mais residências que utilizam fossas rudimentares, possuem, em média, maior número de casos, a incidência também relaciona-se à pobreza em geral, municípios com Produto Interno Bruto per capita mais baixo apresentam maiores índices de infecção. Assim, conclui-se que fatores ambientais e demográficos influenciam na incidência de infecção por ZIKV.
Referências
ALAGOAS, Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas. Perfil epidemiológico dos casos de infecção por Zika vírus na Região Metropolitana de Maceió nos anos de 2016 e 2017. Maceió, 2017.
ATLAS BRASIL. Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras: Baixada Santista, Campinas, Maceió e Vale do Paraíba. – Brasília: PNUD, Ipea, FJP, 2015. Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/download/. Acesso em: 17 jul. 2015
BARROS, A. H. C. Climatologia do Estado de Alagoas - Dados eletrônicos. Recife: Embrapa Solos, 2012.
BRASIL, Ministério da Fazenda. Relatório da Distribuição Pessoal da Renda e da Riqueza da População Brasileira. Dados do IPRF 2015/2016. São Paulo, 2016.
CASTRO, J. Socio-Technical Dimensions of the ‘Integrated Sanitation’ System in Low-Income Neighbourhoods in Recife, Brazil. [Internet]. WATERLAT-GOBACIT Network Working Papers. 2015.
BRASIL, Ministério das Cidades. Mapeamento de Riscos em Encostas e Margem de Rios. Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT. Brasília, 2007.
CASTRO, J. Socio-Technical Dimensions of the ‘Integrated Sanitation’ System in Low-Income Neighbourhoods in Recife, Brazil. [Internet]. WATERLAT-GOBACIT Network Working Papers. 2015
CIDADE, L. C. F. Urbanização, ambiente, risco e vulnerabilidade: em busca de uma construção interdisciplinar. Cad. Metrop. v. 15; n. 29; pp. 171-191. São Paulo, 2013.
DANCEY, C; REIDY, J. Estatística Sem Matemática Para Psicologia. Editora Penso, 5ª Ed. Porto Alegre, 2013
FOCKS, D. A.; DANIELS, E.; HAILE, D. G.; KEESLING, J. E. A simulation model or the epidemiology of urban dengue fever: literature analysis, model development, preliminary validation and samples of simulation results. American Journal of tropical Medicine and Hygiene. v.53; n. 5; pp.489-506. 1995.
IBGE. Censo 2010: Aglomerados Subnormais – Informações Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2010.
LESSER, J.; KITRON, U. A Geografia social do zika no Brasil. Estudos Avançados. v. 30; n. 88; pp. 167-175. Atlanta, 2016.
LOUISE, C.; VIDAL, P. O.; SUESDEK, L. Microevolution of Aedes aegypti. PLoS One. v. 10; n.9. Rio de Janeiro, 2015.
LUZ, K. G.; SANTOS, G. I. V. dos; VIEIRA, R. de M. Febre pelo virus Zika. Epidemiol. Serv. Saúde. Vol. 24; n.4; pp. 785-788. Brasília, 2015.
MARCONDES, C.B.; XIMENES, M.F.F.M. Zika virus in Brazil and the danger of infestation by Aedes (Stegomyia) mosquitoes. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. Vol. 49, n. 1, p. 4-10. Uberaba, 2016.
MARINHO, T. P.; SCHOR, T. Segregação sociespacial, dinâmica populacional e rede urbana na cidade de Parintins/AM. Geografares - Rev do Departamento de Geografia da UFES. v 06, n. 7, p. 77-92, 2009.
MOORE, D.; McCABE, G. Introdução À Prática da Estatística. 3ª Ed, LTC, 2002.
PNUD. Uma avaliação do Impacto Socioeconômico do Vírus Zika na América Latina e Caribe: Brasil, Colômbia e Suriname como estudos de caso. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. One United Nations Plaza, Nova York. 2017.
SOUSA, C. A.; MENDES, D. do C. O.; MUFATO, L. F.;QUEIRÓS, P. de S. Zika vírus: conhecimentos, percepções e práticas de cuidados de gestantes infectadas. Rev. Gaúcha Enferm. Vol. 39; p. 1-8. Porto Alegre, 2018.
TRIOLA, M. Introdução à Estatística - Atualização da Tecnologia - 11ª Ed. 2013.