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“Eu sempre sonhei em ter um neto homem!”: cartografando vídeos de “chás de revelação” no YouTube
“I always dreamed of having a grandson!”: mapping “baby gender reveal” YouTube Videos
O Social em Questão, vol. 1, núm. 55, pp. 37-58, 2023
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Artigos



Recepción: 01 Agosto 2022

Aprobación: 01 Octubre 2022

Resumo: Nesta cartografia online discutimos o atravessamento das normas regulatórias de gênero a partir da análise de vídeos de “chá de revelação” produzidos e postados no YouTube durante o período da pandemia de COVID-19. Como desdobramento de nossas análises cartográficas, destacamos que, durante o desenvolvimento da criança, a força regulatória do gênero evidencia o quanto os sexos são centrados no binarismo homem-macho-masculino/mulher-fêmea-feminino, e para o quanto a religião vem se constituindo como motriz de propagação do enquadramento dos corpos das crianças em categorias simplórias e restritas que revelam a força do regime heterocentrado.

Palavras-chave: Gênero, Religião, Heteronormatividade, “Chás de revelação”.

Abstract: In this online cartography, we discuss the strength of gender regulatory norms based on the analysis of “baby gender reveal” videos posted on YouTube during the COVID-19 pandemic. As the analysis unfolded, we noted that during the fetal development, gender regulatory forces emphasize how the concept of gender is still centered in the man-macho-male/woman-female-feminine binarism and how much religion has been strongly disseminating the classification of children’s bodies into simplistic and restricted categories that unveil the power of a heterocentric regime.

Keywords: Gender , Religion, Heteronormativity, “Baby gender reveal”.

A presente cartografia online é resultado de uma pesquisa de mestrado em andamento, que tem por objetivo discutir o atravessamento das normas regulatórias de gênero com base na análise de vídeos de “chá de revelação” produzidos e postados no YouTube durante o período da pandemia de COVID-19. Por meio dessa rede social, temos acompanhado e analisado vídeos que mostram as “extimidades” (SIBILIA, 2016) de fragmentos do que se passa/acontece durante as festas dos “chás de revelação” marcadas por enquadramentos heteronormativos. Geralmente ocorrem em uma ambiência lúdica e festiva, com múltiplos rituais e pirotecnias para espetacularizar o resultado do exame. A opção por pesquisar “chás de revelação” no YouTube se dá pela centralidade que as redes sociais ocupam hoje em nossas vidas, redes essas constituídas por diversas heteronormas que visam produzir um determinado ideal de sujeito em nossa sociedade: heterossexual, branco, cristão. Essa produção ocorre, por exemplo, através de compartilhamento de vídeos que trazem em seus conteúdos heteronormas que reiteram – e tentam calcificar – incessantemente esse ideal desejado, reverberando, inclusive, na vida de crianças ainda por vir, a nascer.

Nesse sentido, não há como desconsiderar que “os corpos dessas crianças, embora ainda em processo de gestação no útero, já se constituem enquanto protagonistas dos ‘chás de revelação’, cuja popularidade é percebida por meio da intensa produção de vídeos compartilhados nas diversas redes sociais” (COUTO JUNIOR et al., 2020, p. 473). Partimos do entendimento de que as celebrações dos “chás de revelação” produzidas e compartilhadas na/em rede merecem uma reflexão atenta e cuidadosa porque dizem respeito à forma como as heteronormas de gênero colocam em funcionamento e manutenção um conjunto de reflexões que moldam concepções de sujeito e de mundo.

Consideramos que toda festa é um rito social importante, e os “chás de revelação” não poderiam ser diferentes. Neles é compartilhada entre os presentes a oportunidade de celebrar e festejar junto aos pais a descoberta do sexo do feto. Uma das propostas da festa consiste em revelar se o feto é menino ou menina; na maioria dos casos, uma pessoa é escolhida para receber o exame que contém o “resultado do sexo” e assim começar a preparar um possível discurso na hora da revelação. Temos observado nas imagens e nos vídeos compartilhados no YouTube que os chás, apesar de serem variados, têm alguns aspectos em comum, como, por exemplo, o fato de sempre se associar ao gênero da criança uma cor e uma personagem. Comumente, a cor rosa é designada para as meninas, e o azul é a cor preponderante para os meninos, com as princesas e os príncipes sendo personagens muito populares entre as famílias para separar/enquadrar cada um dos gêneros. O “chá de revelação” torna-se um rito de passagem, no qual o feto se torna bebê generificado. Com isso, a humanização da criança vem através do nome escolhido de acordo com o sexo.

Essa revelação se dá por meio de algum material que metaforicamente represente o sexo masculino ou feminino, sendo que, na maior parte das vezes, ele se dá por meio da cor. Esta pode estar presente no recheio de bolos ou de doces, em confetes que caem do teto, em papéis dentro de envelopes e, neste ponto, a criatividade torna-se o limite. O principal momento do encontro é justamente quando algo metaforicamente indicará o sexo do bebê e, a partir de então, ele receberá um nome e designações sociais a partir de sua marcação sexual (RIBEIRO et al., 2018, p. 4).

Na cerimônia dos “chás de revelação” a família e/ou as/os amigas/os baseiam-se no exame de sexagem fetal para planejar criteriosamente a vida de uma criança ainda em gestação, indo da escolha da cor do quarto à roupa que o bebê usará no dia a dia. Esse exame ecográfico é capaz “de gerar expectativas que serão materializadas posteriormente em brinquedos, cores, modelos de roupas e projetos para o/a futuro/a filho/a” (BENTO, 2011, p. 550). Os chás alinham-se a uma concepção naturalizada segundo a qual uma das principais características que diferenciam e separam os seres humanos é o sexo biológico e, de acordo com esse marcador, as pessoas são enquadradas como homens ou mulheres. Esse enquadramento revela uma lógica ficcional em que ser homem e ser mulher corresponde a uma série de normas e de papéis socioculturais reiterados, ensinados e aprendidos cotidianamente. Dessa forma, “se o corpo é circunscrito no contexto de normas inteligíveis, nos preocupam todas as vidas que, porventura, desviam-se das práticas e ações hegemônicas, performatizando gêneros em inconformidade com as normas regulatórias” (COUTO JUNIOR et al., 2020, p. 478).

Teorizações recentes destacam que os “chás de revelação” “tornaram-se grandes eventos [...]. A comemoração é organizada com referências a ambos os sexos” (MONTEIRO; RIBEIRO, 2019, p. 153). Nos chás, “são identificadas perspectivas de gêneros propostas entre masculino e feminino” que “passam a operar antes mesmo do nascimento” (OLIVEIRA, 2020, p. 160); esta é uma forma de classificar o gênero de maneira precoce (NASCIMENTO; COSTA, 2019); e “negligencia o gênero em um indivíduo que ainda não teve contato com os significados sociais e culturais constitutivos da identidade de cada sujeito” (RIBEIRO et al., 2018, p. 4). Os “chás” são partes de “projeto de masculinização dos meninos e de projeto de feminilização das meninas” (BALISCEI, 2022), os quais são constituídos por “práticas culturais que intentam generificar os corpos das crianças, desde muito cedo, a fim de adequá-las às normas binárias, cisgênero e heterossexuais vigentes na contemporaneidade” (BALISCEI, 2022, p. 19). Não poderíamos deixar de destacar aqui a nossa preocupação com esses “chás de revelação” e questionar as expectativas socioculturais que dão sentido e forma às heteronormas perpetuadas por meio deles.

Conjecturamos que nos ritos de celebração dos “chás” é operacionalizado-calcificado o “mandato da masculinidade” (SEGATO, 2018) por meio de múltiplos enunciados: “meu filho vai ser macho como o pai, vai pegar geral”, “a cegonha está trazendo uma princesa”, “os papais aqui não veem a hora de saber se você será um príncipe ou uma princesa”. O mandato da masculinidade “é adquirido como um título e deve ser renovado e comprovado como tal” (SEGATO, 2018, p. 42, tradução nossa), sendo reforçado todos os dias em nosso contexto por homens em suas práticas machistas e sexistas, e por outros homens que coadunam com essas práticas, reificando a hierarquia, os privilégios, as formas de dominação, além de conceber o corpo feminino como algo frágil, que precisa de cuidado, proteção e zelo. Esse mandato é tóxico, cruel e violento não só com o outro, mas também com os próprios homens que o praticam, pois têm que provar para si próprios e para os outros homens, seus interlocutores, que são seres fortes, machos, dominadores, que não choram, não têm sentimentos, são impiedosos, cruéis, rígidos (CARVALHO, 2021). Ademais, o mandato da masculinidade produz suas marcas impositivas-normativas de gênero em vários espaços-tempos, como na cultura dos “chás de revelação”, nas redes sociais, família, escola, religião, trabalho. Partimos da compreensão de que essas marcas reverberam naquilo que nos tornamos, dizemos ser e compartilhamos, podendo se desdobrar na fabricação de deformações.

Nossa sociedade difunde a crença de que os órgãos genitais definem se a pessoa é homem ou mulher, mas a construção da nossa identificação como homem ou como mulher não é um dado simplesmente biológico, e sim sociocultural. Butler (2003) explica que o conceito de gênero foi forjado como oposição ao determinismo biológico existente na ideia de sexo, que implica na biologia como um destino: nasceria homem ou mulher e suas diferentes experiências e lugares na sociedade seriam determinados naturalmente de acordo com o sexo atribuído no momento do nascimento. Essa determinação biológica serve à naturalização da desigualdade entre homens e mulheres. Ao se naturalizar o poder, oculta-se como seus mecanismos operam, bem como a possibilidade de contestação e transformação da estrutura social. Cabe comentar aqui que o “gênero” é um marcador social de identidade e diferença, ou seja, “um elemento constitutivo de relações sociais baseadas nas diferenças percebidas entre os sexos” e “uma forma primária de dar significado às relações de poder” (SCOTT, 1995, p. 86). Tal ideia alimenta e reforça o regime heterocentrado, em que a mulher é ensinada desde muito nova a ser submissa, não competindo a ela determinadas tarefas ou cargos, enquanto o homem é ensinado a se sobrepor à mulher para ser reconhecido por sua força e virilidade. Nesse regime, o homem não pode reproduzir comportamentos ditos femininos para não ser desqualificado por uma sociedade culturalmente/estruturalmente patriarcal e machista.

Questionamos o essencialismo identitário e entendemos a masculinidade como uma categoria socialmente construída, cuja performatização realizada mediante processos de repetição/deslocamento abre possibilidades múltiplas de identificação para os sujeitos (BRITO; COUTO JUNIOR, 2019). Dessa forma, caminhamos na mesma linha de pensamento de Ruani, Couto Junior e Brito (2021, p. 3) e concordamos que os “estudos sobre homens e masculinidades devem superar o enquadramento no binarismo de gênero, ampliando seu potencial de análise, em particular, pelo diálogo com perspectivas que privilegiam aspectos linguístico-discursivos na produção dos sentidos sociais do masculino”. Partimos do pressuposto de que cada nascimento carrega a irrupção da imprevisibilidade (RICHTER; BARBOSA, 2010), por isso reconhecemos a força dos corpos e dos desejos para questionar classificações identitárias essencialistas que valorizam determinadas condutas entendidas social e culturalmente como sendo masculinas. Essas ideias nos rementem à discussão sobre o quanto as normas de gênero, respaldando-se no fator biológico, tentam definir o que pode (ou não) um corpo. O gênero expressa-se como um meio constitutivo das relações sociais, baseado nas diferenciações. Sendo assim, por meio dos discursos correlatos ao gênero, torna-se coerente a maneira (arbitrária) pela qual se apreende e se estabelece as diferenças (BUTLER, 2015).

Discutimos na seção a seguir as movimentações epistêmico-metodológicas da cartografia online, a qual foi mobilizada nesta pesquisa para acompanhar e analisar os “chás de revelação” disponibilizados no YouTube. Em seguida realizamos uma análise dos vídeos de “chá de revelação”, tensionamos a relação entre anatomia corporal e a identidade de gênero, questionando a perspectiva de que o sexo determina o gênero do sujeito, e a intersecção dos marcadores gênero, sexualidade e religião presentes nesses vídeos. Por fim, encerramos esta cartografia online apontando o quanto é nítido o investimento de enquadrar o sujeito (ainda em gestação) em uma caixinha generificada que, embora pareça inocente nessas comemorações publicizadas no YouTube, fazem dos corpos das crianças um verdadeiro espetáculo de normatização da vida, inclusive os objetificando.

Cartografia online e a rede YouTube

As tecnologias digitais em rede vêm modificando o mundo em que vivemos. Através delas, têm emergido múltiplas práticas ciberculturais, como a produção e o compartilhamento de vídeos em redes sociais, os quais têm servido de gatilhos para diferentes problematizações sobre o nosso tempo, como os sobre “chás de revelação” publicados pelo YouTube, que se tornaram objeto de estudo desta pesquisa. Para acompanhar e analisar a produção e o compartilhamento de imagens-dizeres-pensamentos das/os internautas sobre/nos “chás”, mobilizamos a cartografia online, pois a compreendemos como um movimento investigativo que se constitui como “um gesto político, epistemológico, reflexivo e crítico, gesto esse que exige dx pesquisadorx tomadas de posição e análises aprofundadas da complexidade do seu tempo” (CARVALHO; POCAHY, 2020, p. 53). A cartografia online tem como base a epistemologia pós-estruturalista, a qual não tem a pretensão de buscar meramente respostas, se preocupando “mais em descrever e problematizar processos por meio dos quais significados e saberes específicos são produzidos, no contexto de determinadas redes de poder, com certas consequências para determinados indivíduos e/ou grupos” (MEYER, 2014, p. 53).

Escolhemos a cartografia online para pesquisar os vídeos de “chá de revelação” no YouTube partindo do pressuposto de que nos afetamos pela experiência do mergulho realizado no contexto das dinâmicas comunicacionais digitais em rede. Esse mergulho perde potência quando a viagem do percurso é sempre segura e previamente determinada (OLIVEIRA; PARAÍSO, 2012). Longe de ter um porto seguro e um caminho fixo, nosso modo de cartografar busca “experimentar, arriscar-se, deixar-se perder. No meio do caminho, irrompem muitos universos díspares provocadores de perplexidade, surpresas, temores, mas também de certa sensação de alívio e de liberdade do tédio” (OLIVEIRA; PARAÍSO, 2012, p. 161). O percurso cartográfico que vimos tra(n)çando possui como particularidade o reconhecimento da importância da afetação, a qual nos lança sobre o caráter da imprevisibilidade de uma pesquisa que não apresenta como intenção reproduzir algo ou resolver possíveis problemas e apresentar soluções imediatas. A cartografia “constitui-se como um convite para que possamos desestabilizar verdades culturalmente construídas e que são reiteradas cotidianamente através das práticas sociais” (COUTO JUNIOR et al., 2020, p. 475).

Para esta cartografia online foram selecionados três vídeos produzidos e compartilhados no YouTube entre os meses de maio e agosto de 2020. No mecanismo de busca dessa rede social foi digitado o termo “chá de revelação na pandemia”, e o critério de escolha deu-se a partir dos vídeos com maior número de visualização pesquisados à época. Os vídeos selecionados, apresentados na tabela abaixo, apresentam dados como nome do canal, nome do vídeo, número de visualizações, data da publicação e o link. Cartografar esses vídeos vem requerendo considerar o contexto investigativo, isto é: reconhecer a produção de conteúdos que trazem pistas sobre a constituição de uma sociedade ocidental calcada no regime heterocentrado, que coloca em funcionamento e manutenção o enquadramento de corpos (ainda em gestação) dentro de categorias binárias (menino-menina).

Tabela 1 – Vídeos do YouTube analisados




Fonte: Dados da pesquisa capturados entre maio e agosto de 2020.

Para analisar os vídeos selecionados operamos com as ferramentas conceituais foucaultianas de discurso e de enunciado (FOUCAULT, 2008;2013). O discurso, além de traduzir as lutas e os sistemas de dominação, também é aquilo pelo que se luta e de que queremos nos apoderar, que potencializa a produção de um sujeito ideal e um imaginário social. O discurso é composto e atravessado por uma episteme de um determinado espaço-tempo que, na cibercultura, é constituída por múltiplas performances verbais e imagéticas em rede – práticas discursivas e não discursivas. Ele “não é simplesmente aquilo que manifesta (ou oculta) o desejo; é, também, aquilo que é objeto de desejo” (FOUCAULT, 2013, p. 10).

O discurso é composto por átomos de enunciados. Esses são entendidos não somente como se faz pela análise da linguística (proposição) ou gramatical (frase), mas também do ponto de vista de suas condições de existência a partir de determinadas formulações. O enunciado não se reporta a um âmbito fundador, mas sim a outros enunciados com os quais estabelece correlações, conexões, rupturas e exclusões. Ele é visto “como um grão que aparece na superfície de um tecido de que é o elemento constituinte; um átomo do discurso” (FOUCAULT, 2008, p. 90). Com essas ferramentas conceituais buscamos atribuir sentidos aos vídeos analisados, conforme discutidos na seção a seguir.

“Eu sei que estão todos curiosos, mas já já ficarão sabendo”: anatomia corporal, identidade de gênero e religião

Para determinados estudos das ciências biológicas, a anatomia corporal é o primeiro passo para definir o sexo de uma pessoa. No entanto, essa perspectiva caminha em uma direção oposta àquela que vimos defendendo. Entendemos que a cultura é um dos fatores condicionantes que contribui para a definição de alguém como homem ou mulher, e que tal definição muda dependendo da cultura de que estamos falando. A cultura é um processo arbitrário, constituindo-se como “o conjunto dos processos com e por meio dos quais se produz um certo consenso acerca do mundo em que se vive” (MEYER, 2014, p. 54). Questionamos aqui a forma como a cultura dos “chás de revelação” age na naturalização da atribuição do gênero pela anatomia corporal e não como uma construção sociocultural. É em torno dessa expectativa para identificar a anatomia corporal da criança em gestação que os “chás” vêm ganhando destaque entre as famílias. Diante desse argumento, podemos pensar em como o corpo da criança é envolvido por uma rede de discursos que a antecede e, ao mesmo tempo, como uma expectativa sociocultural é mobilizada sobre quem aquele corpo irá desejar, do que irá brincar e de que cores serão suas roupas. Esse corpo está, desde o início, marcado por significados culturais reiterados cotidianamente. Podemos perceber essa expectativa na narrativa tecida entre os familiares no vídeo 1 “Chá Revelação Emocionante”:

Vídeo 1

- Eu sei que estão todos curiosos, mas já já ficarão sabendo. [...] Logo, logo estarei correndo pela nossa casa. Mas e aí? Será que usarei a maquiagem da mamãe ou as ferramentas do papai?

Caracterizar a menina como aquela que usará a maquiagem da mãe ou o menino como aquele que irá usar as ferramentas do pai é uma das inúmeras formas de enquadrar os corpos nesse binarismo que impõe modos de vivência e comportamentos. Qualquer sujeito que escape ou ouse não se encaixar é “amordaçado” ou “expurgado”, e assim posto sob um sistema hierárquico que separa corpos e gêneros: “sexo biológico feminino – mulher – identificação com modos, valores, afetos, pensamentos considerados exclusivamente femininos [...]; sexo biológico masculino – homem – identificação com modos, valores, afetos e pensamentos considerados exclusivamente masculinos” (SALGADO; SOUZA; WILLMS, 2018, p. 35).

Essa classificação binária produz corpos que não são livres para expressar-se da forma como desejam por medo das consequências socioculturais. O enquadramento é pautado na lógica do sistema corpo-gênero, tirando o direito das crianças do seu próprio corpo, tornando-o “artefato biopolítico que garante a normalização do adulto” (PRECIADO, 2013, p. 98). Dessa forma, o que vemos são crianças tendo seus corpos vigiados em nome da proteção, a qual é refletida no comportamento das crianças, no falar, no impor-se com o outro como uma tentativa de mostrar para os adultos que eles sabem “sobre o que é ser homem ou ser mulher. Dependendo de quem os está ‘vigiando’, eles se apresentarão de diferentes formas” (BELLO; FELIPE, 2010, p. 176). Com isso, as crianças acabam por reiterar essas ideias preconcebidas sobre o que é ser homem ou mulher, aprendendo desde novas o lugar social que ocupam e que é determinado pela anatomia corporal.

Os “chás de revelação” celebrados na rede em tempos de pandemia oportunizaram que narrativas online pudessem ser compartilhadas para pessoas de todos os cantos do globo. Novas janelas se abriram para o mundo durante a quarentena, possibilitando que pudéssemos acompanhar a produção audiovisual de internautas que narravam seus cotidianos (COUTO; COUTO; CRUZ, 2020), conforme exposto a seguir, no trecho do Vídeo 2 “CHÁ REVELAÇÃO: Mais uma princesa ou um príncipe?❤❤❤”:

Vídeo 2:

O vídeo mostra que o chá foi online. Os familiares acompanharam por alguma plataforma de vídeo conferência. Antes de descobrir o sexo do bebê, os familiares votaram para tentar adivinhar o sexo do bebê. A maioria falou que era menino.

*Estoura o balão e descobrem que é menino. Toda a família comemora!*

Avó: Obrigada, Senhor!

Tio: Que Deus abençoe!

Avó: Que seja saudável, lindo e abençoado igual a ela (filha mais velha do casal).

Mãe: Vamos ser pais de um casal agora.

Quando a família comemora a “descoberta” do sexo na celebração do “chá” online, o feto é enquadrado no gênero masculino, desencadeando um sentimento de gratidão a Deus (em termos de benção/graça recebida) e, ao mesmo tempo, gerando expectativas em torno de um ser que ainda se encontra em desenvolvimento no útero. Adentrar o campo da inteligibilidade cultural é deixar de ser reconhecido como algo e passar a ser reconhecido como um alguém (sujeito generificado e sexuado). Se o marcador gênero funciona para organizar social e culturalmente a vida cotidiana (MEYER, 2014), é esperada essa obsessão do Ocidente pelo “descobrimento” do sexo da pessoa em “chás de revelação”, com brincadeiras de “adivinhação” que reiteram a força das normas regulatórias sobre os corpos e os gêneros. Todo esse investimento sociocultural de enquadramento dessa criança dentro de um determinado gênero é parte de “um empreendimento considerável por parte das famílias e das instituições sociais para manter intacto o símbolo hegemônico do que é ser ‘menino’ e ‘menina’ na sociedade ocidental contemporânea” (COUTO JUNIOR et al., 2020, p. 484).

As relações de gênero no contexto familiar constituem-se como um lugar privilegiado de reiteração dos estereótipos de uma sociedade patriarcal e capitalista como a nossa. Há, então, uma disposição à padronização da família como um arquétipo inabalável, que é reforçado pela biologia e explanado pela cultura, como uma maneira de validar o modelo de família patriarcal que prepondera há muitos séculos no Ocidente. É em casa, com sua família, que a criança entra em contato com os referentes desse modelo e, com base nele, aprende determinadas formas de ver/entender/sentir o mundo, constrói valores e cria relações afetivas-sociais. Consideramos urgente questionar esse modelo produtor de opressão, dominação, exclusão e desigualdade, transgredindo “as mesmas normas que nos formam e que tentam, incessantemente, nos moldar à luz de uma organização social majoritariamente calcada na divisão binária do mundo pelo órgão sexual (pênis ↔ homem ↔ masculino / vulva ↔ mulher ↔ feminino)” (COUTO JUNIOR; BRITO, 2018, p. 93). Dessa forma, precisamos questionar os enquadramentos heteronormativos que tentam capturar os corpos e gêneros que escapam do esperado, sendo relegados à condição de abjetos.

Durante a nossa imersão cartográfica online notamos que o marcador “religião” apareceu com uma certa frequência nos vídeos analisados, o que chamou a nossa atenção, inclusive deslocando as nossas movimentações cartográficas para refletir como esse marcador é posto em funcionamento com as normas regulatórias de gênero nos “chás de revelação”, como podemos observar no fragmento do Vídeo 3 “CHÁ REVELAÇÃO Na PANDEMIA "Emocionante" 😭 Assista!” a seguir:

Vídeo 3:

Bisavó: Eu sempre sonhei em ter um neto homem! Então essa sua gravidez eu tenho sonhado que é homem.

- Deus pode fazer! Deus é capaz! Deus é fiel! E... Deus sabe o que faz! Vem filha, vem Eloá, que significa “Deus supremo”.

A frase “Deus sabe o que faz!” chama a atenção no vídeo. A família estava “sonhando” com um menino e, ao longo desse vídeo, o pai da criança alega que fez alguns testes para “descobrir” se era menina ou menino. O teste consistia em colocar um garfo (para representar o menino) debaixo de uma almofada e uma colher (para representar a menina) debaixo de outra almofada. A pessoa, sem saber onde estava o garfo ou a colher, escolhia sentar em alguma almofada. O teste foi realizado três vezes e em todas as vezes o resultado deu menino, ou seja, a pessoa havia sentado na almofada que estava sobre um garfo. Eles fazem o mesmo teste, agora com a pessoa grávida. Ela senta na almofada e embaixo havia um garfo, o que teoricamente indicava que ela teria um menino. A expectativa da família era a vinda de um menino, mas “Deus quis” que viesse uma menina. Essa segregação de papéis sociais engendra repercussões significativas para nossa história, sobretudo para as mulheres que são ensinadas a ser submissas. Isso sem dizer que determinados grupos religiosos, também cristãos, vêm colocando em prática a diferenciação desses papéis sociais através da perspectiva da valorização da moral cristã, a qual tem contribuído para a desqualificação da mulher no contexto social. Logo, ter uma criança do sexo-gênero feminino não é “muito aceito”, “bem visto”, pois parte-se do ideário de que seu papel será de servidão ao homem, um lugar que desde sempre foi de exclusão e de dominação.

Pontuamos que os códigos morais que controlam normativamente as sociedades modernas transportam ainda regras que contribuem para desvalorizar a mulher e o seu papel social. Afinal, “as representações socioculturais de homens e mulheres, que evocam a desigualdade social baseada na diferença sexual, são sacramentadas pela religião, naturalizando, dessa forma, a violência de gênero” (SOUZA, 2007, p. 18). Quando um dos membros da família sonha “em ter um neto homem!”, está criando no imaginário como deve ser esse neto/homem, (de)marcando o lugar social de um sujeito que será criado/educado atentando às expectativas forjadas em torno de sua anatomia corporal e de valores e de códigos morais privilegiados pela racionalidade cristã.

As violências engendradas como mecanismo de poder no cristianismo reiteram “opressões e expurgos das dissidências sexuais e de gênero, bem como a naturalização de uma masculinidade dominante e de uma feminilidade submissa, que encerram mulheres e homens em modos de ser e viver pautados em hierarquias e desigualdades produtoras de violências” (SALGADO; SOUZA; WILLMS, 2018, p. 29). Essa obsessão pela normatização dos corpos, das sexualidades e pelo modo de vida do outro faz com que pessoas sofram e sejam violentadas em prol de uma religiosidade fundamentada na opressão e na discriminação daqueles que não se enquadram em seus moldes. Cabe destacar que na história do cristianismo a figura masculina sempre teve o papel principal (Deus, Jesus, Abraão, Moisés, Josué, Davi, etc.), enquanto as mulheres são tratadas com menos importância. Isso deve ao fato de que elas, as mulheres, são retratadas e representadas como culpadas pela prática do pecado original, a responsabilização de Eva por ter provado o fruto proibido (o conhecimento), pecando assim contra Deus.

Com base nos vídeos cartografados, foi possível compreender como os “chás de revelação” ratificam-potencializam o “projeto de masculinização dos meninos” e o “projeto de feminilização das meninas” em nossa sociedade (BALISCEI, 2022). Pensar nesses projetos é atentar para as práticas socioculturais que os reproduzem no presente (como nos casos dos “chás” aqui relatados); é pensar nos ideários que constituem esses projetos visando pavimentar a ideia de sujeito heterossexual e cristão como a única possibilidade para a existência de um corpo. Acreditamos que os marcadores gênero, sexualidade e religião, apenas para citar alguns, servem como importantes instrumentos analíticos para compreender as lógicas desses ideários, como são postos em funcionamento nos rituais festivos dos “chás” e como são manifestados pelos sujeitos em suas relações sociais com a/o outra/o.

Fechamos as nossas análises cartográficas ponderando como o “mandato da masculinidade” (SEGATO, 2018) é compartilhado por determinados sujeitos nos “chás de revelação” (pais, avós, bisavós, por exemplo) contribuindo para perpetuar práticas machistas e sexistas no interior do próprio seio familiar. Partimos do entender de que desfazer esse mandato é uma tarefa nada fácil, inclusive a consideramos complexa, uma vez que requer investimentos incessantes em nossas experiências e próprias práticas para a promoção de uma cultura antissexista e antimachista.

(In)conclusão

Durante o desenvolvimento da criança, a força regulatória do gênero evidencia o quanto os sexos são centrados no binarismo homem-macho-masculino/mulher-fêmea-feminino. Essas relações de gênero impostas por nossa sociedade constituem-se apenas como algumas das muitas situações que ocorrem ao longo da formação da criança. Todos os corpos, gêneros e sexualidades que desviam dos padrões heterocentrados são caracterizados como estranhos, anormais, com suas margens de liberdade cerceadas por um regime heteroterrorista (BENTO, 2011). Nesse contexto, é urgente a necessidade de começar uma transformação desses valores socioculturais, com a quebra de discursos discriminatórios e preconceituosos que reiteram violências e regras sociais específicas, como os padrões “hetero-branco-cristão”, a saber: a família tradicional, o sexo heteronormativo e monogâmico e as outras várias formas de padronização de comportamentos (SPARGO, 2017).

Esta pesquisa cartográfica online aponta para o quanto a religião vem se constituindo como motriz de propagação do enquadramento dos corpos das crianças em categorias simplórias e restritas que revelam a força de um regime heterocentrado que (de)limita as possibilidades de se constituir menina/o-criança. Acompanhar a força desse regime em vídeos de “chá de revelação” é conhecer o cotidiano de famílias que têm muito a dizer e a compartilhar com o mundo. Os enunciados cartografados (as narrativas de internautas) constituem redes discursas normativas (FOUCAULT 2008; 2013), produzidas e reiteradas pelo regime heterocentrado e impostas às crianças desde muito cedo (FREITAS; COUTO JUNIOR; CARVALHO, 2018). No caso dos vídeos dos “chás”, é nítido o investimento de enquadrar o sujeito (ainda em gestação) em uma caixinha generificada que, embora pareça inocente nessas comemorações publicizadas no YouTube, fazem dos corpos das crianças um verdadeiro espetáculo de normatização da vida.

Sonhar “em ter um neto homem!” é colocar em prática a naturalização de determinadas expectativas sociais que desconsideram o protagonismo infantil na medida em que a criança ideal é forjada no imaginário adulto. No entanto, nem todas as pessoas se sujeitarão a viver sob os pilares que sustentam a masculinidade normativa, que limita nossa capacidade de performatizar outras possibilidades de existência (COUTO JUNIOR; BRITO, 2018). Todo esforço e empreendimento responsável por reiterar cotidianamente a norma regulatória de gênero evidencia também seus limites e contingências; afinal, muitos ousam resistir e escapam desse ideal de sujeito forjado no imaginário heteronormativo, que ainda permanece reconhecendo o homem-branco-cisgênero-heterossexual como referência para outras identidades sexuais e de gênero.

Por fim, gostaríamos de pontuar que aprendemos com esta cartografia online que cartografar é estar atento às dinâmicas do cotidiano pesquisado, como a produção e o compartilhamento de vídeo em redes sociais com vista à promoção de enquadramentos heteronormativos em vidas ainda por vir; é acompanhar-analisar-problematizar os processos de subjetivação no presente, como o funcionamento das heteronormas na cultura dos “chás de revelação”; é estar aberto ao novo que emerge inesperadamente, como foi o caso do marcador religião; e é tomar posições e escolhas, como as dos vídeos cartografados e das abordagens teórico-epistêmico-metodológicas mobilizadas para produzir esta pesquisa. Com esta cartografia online buscamos praticar um mergulho no cotidiano pesquisado sem ter a intenção de seguir um percurso seguro (OLIVEIRA; PARAÍSO, 2012), inclusive consideramos a possibilidade de múltiplas interferências e deslocamentos em nossas movimentações cartográficas.

Referências

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Notas

1 Graduada em pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (PPGECC) da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail: paula832riosf@gmail.com. ORCID nº http://orcid.org/0000-0003-2642-113X
2 Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor Adjunto da Faculdade de Educação da UERJ, do ProPEd/UERJ e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (PPGECC) da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da UERJ. Bolsista do Programa de Incentivo à Produção Científica, Técnica e Artística – Prociência UERJ (2021-2024). E-mail:junnior_2003@yahoo.com.br, ORCID nº http://orcid.org/0000-0002-5221-7135.
3 Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail:felipesilvaponte@gmail.com, Nº ORCID http://orcid.org/0000-0001-7398-6171.

Notas de autor

1 Graduada em pedagogia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (PPGECC) da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail: paula832riosf@gmail.com. ORCID nº http://orcid.org/0000-0003-2642-113X
2 Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Professor Adjunto da Faculdade de Educação da UERJ, do ProPEd/UERJ e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas (PPGECC) da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da UERJ. Bolsista do Programa de Incentivo à Produção Científica, Técnica e Artística – Prociência UERJ (2021-2024). E-mail:junnior_2003@yahoo.com.br, ORCID nº http://orcid.org/0000-0002-5221-7135.
3 Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). E-mail:felipesilvaponte@gmail.com, Nº ORCID http://orcid.org/0000-0001-7398-6171.


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