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“Não há masculinidade no singular, somente no plural”: percepções iniciais a partir do ciclo de cinema e diversidade
There is no masculinity in the singular, only in the plural": initial perceptions from the cycle of cinema and diversity
O Social em Questão, vol. 1, núm. 55, pp. 107-130, 2023
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Artigos



Recepción: 01 Agosto 2022

Aprobación: 01 Octubre 2022

Resumo: O presente estudo objetiva analisar as percepções de 44 participantes do evento de extensão 9º Ciclo de cinema e diversidade a partir de 3 questões fomentadoras do debate sobre masculinidades e sua relação com aspectos sociais. Apoiando-se numa perspectiva ampla da inclusão e em estudos sobre masculinidades (CONNELL, 1995, 2013; KIMMEL,1998; GROSSI, 2004), identificamos a presença massiva de um entendimento e reconhecimento sobre masculinidade majoritariamente hegemônica e um certo desconhecimento sobre o tema, porém, percebemos avanços em entender que há múltiplas formas de ser homem, apontando para desconstruções necessárias a essa afirmação.

Palavras-chave: Masculinidades, Inclusão, Extensão universitária, Educação Física.

Abstract: The present study aims to analyze the perceptions of 44 participants of the extension event 9th Cycle of Cinema and Diversity from 3 questions that promote discussions about masculinities and its relation to social aspects. Based on a broad perspective of inclusion and on studies about masculinities (CONNELL, 1995, 2013; KIMMEL,1998; GROSSI, 2004), we identified the massive presence of an understanding and recognition of a mostly hegemonic masculinity and a certain ignorance about the theme; however, we noticed advances in understanding that there are multiple ways of being a man, pointing to necessary deconstructions to this statement.

Keywords: Masculinities, Inclusion, University Extension, Physical Education.

Introdução

Inquietações acerca de exclusões e opressões presentes na sociedade e refletidas na educação nos movem a pensar propostas inclusivas congregando temas que impactam e almejam mudanças críticas e reflexivas.

O Ciclo de cinema e diversidade é um evento de extensão realizado anualmente desde 2013, organizado pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Inclusão e Diferenças na Educação Física Escolar (LEPIDEFE), vinculado à Escola de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEFD-UFRJ), e tem como objetivo fomentar debates entre os/as participantes partindo de documentários, filmes e/ou curtas acerca de questões relacionadas a marcadores sociais da diferença como gênero, racialidade, sexualidade, deficiência, etnia, classe social, religiosidade, aspectos geracionais e suas inúmeras intersecções, atrelados aos processos inclusivos/excludentes.

Inicialmente, o filme é exibido e em seguida, um debate é conduzido por um/a palestrante convidado/a ou por meio de uma dinâmica realizada com os/as participantes de modo a fortalecer o cunho extensionista do evento valorizando as diretrizes da extensão universitária, sendo elas a Interação dialógica; Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade; Indissociabilidade ensino – pesquisa – extensão; Impacto na formação do estudante e Impacto na transformação social (FORPROEX, 2012).

Com a pandemia do novo coronavírus, embora reticentes sobre o impacto que o evento (que historicamente sempre foi presencial) teria se realizado remotamente, decidimos coletivamente realizar em setembro de 2020 a 8ª edição do evento de maneira remota, abordando o tema feminismos, inclusive, em enfrentamento aos tempos atípicos e conservadores. Neste ciclo, foram suscitadas questões que nos fizeram problematizar modos de ser e estar no mundo, o que nos levou ao tema masculinidades na 9ª edição ocorrida em setembro de 2021, ainda de modo remoto. Para isso, promovemos dois encontros síncronos no Google Meet para espaço de discussões com debatedores e os/as participantes inscritos/as. Os documentários escolhidos foram Silêncio dos homens4 e Bicha preta5.

Como intencionamos abordar sobre masculinidades no evento, importava conhecer os entendimentos prévios dos interessados/as acerca da temática e construímos coletivamente questões que constavam no formulário de inscrição do evento. Assim, este artigo tem como objetivo analisar as percepções dos/as participantes do evento de extensão 9º Ciclo de cinema e diversidade a partir de três questões fomentadoras do debate sobre masculinidades e sua relação com aspectos sociais.

Com isso, nos fundamentamos em autores/as como Sawaia (2017), Booth e Ainscow (2011) e Santos, Melo e Fonseca (2009), de modo a refletir sobre o conceito de inclusão amplo, processual, infindável e dialético, que busca problematizar e minimizar toda forma de exclusão envolvendo questões de gênero, sexualidade, racialidade, etnias, religiosidade, deficiência, transtornos e outros marcadores sociais da diferença. A partir desse prisma, compreendemos a educação segundo as demandas contemporâneas, considerando seus aspectos críticos e reflexivos.

Nesse sentido, importa problematizar o percurso histórico da Educação Física, pois no contexto brasileiro ela foi fortemente influenciada por interesses militaristas, eugenistas, higienistas e competitivos, com foco prioritário na aptidão física (COLETIVO DE AUTORES, 1992; CASTELLANI, 1991). Na contramão desse histórico, reconhecemos a Educação Física como um terreno fértil para problematizar questões que emergem do contexto social e seus atravessamentos considerando a perspectiva inclusiva, especialmente no que tange a padronizações sobre o que pode o corpo na contemporaneidade e determinações fixas sobre assuntos pertinentes ou não a esse campo, distanciando-se cada vez mais das marcas desse pretérito excludente.

Assim, nos movemos a trazer o tema masculinidades para um evento de extensão do campo da Educação Física, ao encontro de debates que problematizam masculinidades hegemônicas e que têm ocupado cada dia mais espaço no cenário acadêmico. Os estudos que historicizam os homens são relativamente recentes, a produção acadêmica brasileira ganha forças a partir da década de 1980 e 1990, sob a ótica de uma perspectiva que se distancia do padrão dominante e opressor. Neste sentido, apoiamo-nos, para contextualizar as dinâmicas das masculinidades, nos referenciais de Raewyn Connell (1995; 2013), Grossi (2004) e Michael S. Kimmel (1998); atrelada a essas concepções, dialogamos com os pressupostos de Joan Scott (1994), Judith Butler (2010) e Brito (2018), tendo em vista, as interlocuções com os estudos de gênero.

Considerando esse cenário, importa assinalar que na contemporaneidade os estudos de gênero não estão mais relacionados exclusivamente às mulheres, e referem-se também aos assuntos associados aos homens e a construção de masculinidades (BRITO e SANTOS, 2013). Tal compreensão evidencia um avanço no que tange à disseminação da temática em questão, dialogando assim com o objetivo proposto neste estudo, revelando uma preocupação legítima no trato da temática abordada nesta pesquisa.

De acordo com Connell (1995) a masculinidade pode ser entendida como “[...] uma configuração de prática em torno da posição dos homens na estrutura das relações de gênero” (p.188). Sobre as teorias que conduzem essas discussões, algumas referências relevantes entendem as masculinidades de forma plural (e no plural) a partir da perspectiva de gênero, compreendo sua amplitude e definições:

Existe normalmente, mais de uma configuração desse tipo em qualquer ordem de gênero de uma sociedade. Em reconhecimento desse fato, tem-se tornado comum falar de “masculinidades” (CONNELL, 1995, p.188).

Neste sentido, devemos falar de masculinidades, reconhecendo as diferentes definições de hombridade que construímos. Ao usar o termo no plural, nós reconhecemos que masculinidade significa diferentes coisas para diferentes grupos de homens em diferentes momentos (KIMMEL, 1998, p. 106)

Com base nesses argumentos entendemos as masculinidades como uma construção social, e nessa perspectiva Connell (1995) explica que há políticas de gênero que apontam relações de dominação e subordinação entre diversas masculinidades. Com relação a essa predominância, julgamos importante a reflexão sobre as masculinidades e suas múltiplas relações de poder, sendo assim, as discussões em torno da masculinidade hegemônica em que esse conceito está diretamente ligado ao patriarcado, numa prática heteronormativa, dominante e opressora. Considerando a cultura ocidental, a autora explica que existem outros tipos atrelados à masculinidade hegemônica, que são: subordinada, cúmplice e marginalizada.

As masculinidades hegemônicas podem ser construídas de forma que não corresponde verdadeiramente à vida de nenhum homem real. Mesmo assim esses modelos expressam, em vários sentidos, ideais, fantasias e desejos muito difundidos. Eles oferecem modelos de relações com as mulheres e soluções aos problemas das relações de gênero. Ademais, eles se articulam livremente com a constituição prática das masculinidades como formas de viver as circunstâncias locais cotidianas (CONNELL, 2013, p. 253).

Na busca de romper com os padrões hegemônicos, a perspectiva Queer ganha visibilidade ainda na década de 1980 (LOURO, 2008; 2001). Assim, Brito (2021, p.10) explica que, “se traduz em um horizonte que nega as estabilizações sedimentadas e que são forçosamente impostas para o masculino”, ou seja, se apresenta como uma masculinidade contra-hegemônica que confronta a ideia fixa de identidade de gênero.

A luz desses pressupostos, as questões levantadas reforçam a ideia de que a masculinidade hegemônica pode ser o padrão comum na vida cotidiana e nas relações sociais dos homens, a função do Ciclo de Cinema e diversidade é justamente romper com essa hegemonia por meio da reflexão, escuta e acolhimento. Assim, há que se considerar que este trabalho intenciona proporcionar reflexões sobre as múltiplas formas de ser e estar no mundo, considerando os aspectos contemporâneos sociais, culturais e políticos.

Caminhos metodológicos

Esta pesquisa tem abordagem eminentemente qualitativa, ainda que se utilize de alguns dados quantitativos para melhor entender o cenário pesquisado, mas intenciona sobretudo refletir sobre as interpretações, representações e conceitos dos/as participantes, pois como aponta Turato (2003, p.168) “trabalhar qualitativamente implica, necessariamente, por definição, em entender/interpretar os sentidos e as significações que uma pessoa dá aos fenômenos em foco”.

Quarenta e quatro pessoas responderam ao formulário de inscrição no evento, que continha dados sobre o perfil dos/as participantes e três questões que foram consideradas como ponto de partida para os debates que se seguiram durante o evento. As respostas a essas perguntas serão problematizadas neste artigo, são elas:

  1. Pensando no tema do debate, o que você entende por masculinidade?

  2. Já reproduziu ou se sentiu na necessidade de ter algum comportamento estereotipado feminino/masculino?

  3. Dentro da sua convivência, quais tipos de masculinidades existem? Já parou para pensar nisso?

Para os fins deste artigo, elencamos eixos de discussão que emergiram das respostas às três perguntas acima expostas e que intencionam problematizar as questões importantes que dialogam com o objetivo proposto neste estudo, com função elementar de agrupar dados, identificando aproximações que potencializam a discussão.

Excertos das respostas dos/as participantes serão utilizados na sessão de análise e discussão dos dados como forma de evidenciar o debate e o diálogo com autores/as do campo. A identidade será preservada, nomeando-se por exemplo de R.1M, em que R significa respondente, 1 o número elencado na ordem de inscrição e M de mulher e H de homem, conforme se autodeclararam no formulário. Como não tivemos autodeclaração para pessoa trans e somente um preferiu não dizer seu gênero, seguiremos essa organização proposta, até para que os trechos sejam analisados considerando seus lugares de fala.

Analisando e refletindo sobre os dados

Das 44 pessoas inscritas e participantes do evento, 18 se autodeclararam do gênero feminino e 26 do gênero masculino. Nas dez edições anteriores deste evento, o público sempre foi majoritariamente feminino; acreditamos que o tema masculinidades tenha chamado a atenção de mais homens a participar dessa vez.

Trinta e seis são estudantes da graduação de instituições como UFRJ, UERJ, UFRRJ, UFS e Unisuam; 2 docentes da Educação Básica da Prefeitura Municipal de Fortaleza e da Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro; 3 estudantes de pós-graduação da UFRJ, UERJ, PUC-Rio; 1 Professora de Ensino Superior do Centro Universitário CBM-UNICBE e 2 pessoas sem vínculos institucionais, porém interessadas no assunto. Reconhecemos o fator positivo de um evento online ao possibilitar participação e aproximação de pessoas de outras localidades, o que não seria possível no formato presencial.

As respostas à questão sobre o que entendem por masculinidades geraram reflexões interessantes e elencamos eixos de discussões. No primeiro eixo, agrupamos as respostas dos/das participantes que entendem as masculinidades como uma determinação social e estereotipada de ser homem numa sociedade opressora e que dita comportamentos aceitáveis masculinos como padrões.

Acho que são esses comportamentos que a sociedade determina e o homem deve reproduzir pra provar o quanto homem é uma construção social, com atributos inerentes ao homem macho, viril, agressivo, másculo. (R.8H)

Conceitos teóricos e atitudes práticas que são associadas ao comportamento do homem Cis. (R.30H)

Entende-se por masculinidade, homem viril, comportamento viril, masculinidade forte. (R.31M)

Partindo da palavra másculo, traz a ideia do bruto, do pesado, de algo que, em nossa sociedade, não é propriamente da mulher. (R.32H)

Entendo como "forçadas normas" sociais entre os homens, que ditam comportamentos entre eles, como devem agir, bem próximo de comportamentos animalescos, em que o "macho" deve ser forte, firme, etc. Um estereótipo que é implantado no cotidiano de pessoas do gênero masculino desde a infância. (R.02M)

Masculinidade é o conceito de se sentir e se enxergar com o gênero homem, e que pode ser tanto uma masculinidade em um nível "normal" em que só se difere dos outros gêneros por características e comportamentos específicos, mas também pode ser tóxica ao obrigar a achar que essas atitudes são as mesmas para cada pessoa e pode tornar alguém mais ou menos homem. (R.19H)

Nos trechos acima, palavras como viril, agressivo, másculo, bruto, animalesco, forte e firme chamam a atenção como naturalizações do ser homem, o que necessariamente o diferencia do ser mulher, numa afirmação binária.

Ainda nesse eixo, atentamos para excertos das duas últimas respostas: Quem dita essas ‘forçadas normas’? O que seria ‘masculinidade em um nível normal’? Tais questões conduzem os debates para uma discussão que denota a sociedade em que vivemos, indicando o quanto somos diretamente influenciados/as pelos contextos vividos. Assim, recorremos aos pressupostos de Brito ao problematizar o que é concebido como normal para a sociedade e o quanto tal modelo hegemônico ainda é um padrão predominante no contexto e imaginário social.

Deste modo a masculinidade normalizadora mesmo que diga respeito ao estabelecimento de um sentido para o masculino em que a repetição desses significados reitere a norma, disputas se travam para marcar o que é legitimado e deslegitimado, normal e anormal entre as performances de masculinidade normalizadora nos contextos específicos de interpretação (BRITO, 2018, p. 83)

Ressaltamos ainda o excerto que aponta para estereótipo opressor constituído nos homens desde a infância, o que nos remete a fixidez de comportamentos inadequados como impor certos brinquedos, brincadeiras, reações e emoções como típicas masculinas. É notório que o tratamento em relação a meninos e meninas acontecem de forma diferenciada, infelizmente esses aspectos são naturalizados e revelam tensionamentos nas relações de gênero e da sexualidade. Isto posto, concordamos com Silva Junior (2019, p.05) quando aponta que “a reprodução desses discursos produz efeitos que se entendem nas relações escolares e mais amplamente em suas trajetórias de vida.”.

Na escola e na educação física escolar é necessário atentar para não mais reproduzir essas petrificadas imagens e comportamentos de meninos e homens que reforçam uma única forma de ser homem, a que oprime, mas que também é oprimida em seus cerceamentos.

No segundo eixo, trouxemos à tona as narrativas que apresentam discussões e reflexões que ressaltam e reconhecem as múltiplas possibilidades de ser homem:

Existem vários tipos de masculinidade que afetam diretamente no comportamento e vivência do homem. (R.03H)

Não há masculinidade no singular, somente no plural. Formas de ser e se sentir homem diversas. (R.06H)

Entendo, penso, ser a forma como nós homens nos reconhecemos e entendemos nossa forma de estar no mundo em toda multiplicidade de significados, construídos com atravessamentos políticos, históricos, sociais, filosóficos, econômicos e psíquicos ao longo de toda história da humanidade. (R.10H)

Hoje, depois de muito autoconhecimento vejo a masculinidade como um plural de fatores sociais e pessoais reproduzidos em alguns momentos ou não. Algo para além de uma questão falocêntrica. (R.20H)

É interessante perceber que tais respostas apontam um debate importante, tendo em vista, os avanços representados nessas narrativas principalmente no que tange as múltiplas possibilidades de ser homem. Diante disso, dialogamos com as concepções de Connell (1995) quando explica que as masculinidades são constantemente (re)construídas na sociedade. Analisando o perfil dos/as respondentes e suas descrições, é possível observar a materialização do que foi afirmado por Connell, identificando assim respostas coesas que apresentam reflexões que se afastam do viés historicamente hegemônico e opressor. A partir desse prisma, o que significa ser homem na sociedade ocidental e os impactos produzidos pelas mudanças nessas relações?

A reflexão em torno do entendimento sobre masculinidades, de certa forma possibilita momentos de reflexão interna e autocrítica. Essa percepção assume um papel fundante principalmente quando refletimos sobre o nosso atual cenário político e social, em que pautas que visam socializar essas problemáticas são diretamente negligenciadas quando não, atacadas. Nessa perspectiva, também nos fundamentamos por meio dos pensamentos Freireanos (1987), e entendemos que refletir criticamente sobre a sociedade é assumir uma ação transformadora para mudar a realidade. A problematização dessas questões se apresenta como emergenciais e se mostram como um possível caminho reflexivo para a desconstrução de preconceitos e crenças limitantes.

Com base nos desafios contemporâneos, ratificamos que a consciência crítica é um instrumento potente e capaz de propiciar uma leitura autêntica da realidade, principalmente considerando o processo histórico latente na construção das masculinidades. Sobre esse caráter hegemônico, se tratando dessas discussões, importa dizer que elas também se configuram pelas heranças históricas, legitimação do patriarcado e as dinâmicas culturais possuindo estreita ligação com a posição dominante dos homens na sociedade (BRITO, 2013). Assim, voltamo-nos às narrativas e a partir da análise foi possível ampliarmos os debates para as múltiplas possibilidades de ser homem, partindo do princípio que essas discussões são atravessadas pelos marcadores de gênero, racialidade e classe social (SCOTT, 1994)

No terceiro eixo, alguns/mas participantes abordam o ser homem, mas não deixam evidente se o entendem contemplando diversas possibilidades de ser homem ou como uma percepção ratificada de padronização, hegemônica e tóxica.

Processo de construção social do "ser-homem". (R.04H)

Todo o universo do ser Homem! (R.05M)

Comportamentos dos homens (R.37M)

Masculinidade representa um conjunto de ações e realizações que se adequam ao homem. (R.38H)

Entendo como se fosse comportamentos relacionados ao gênero masculino.

É materializar o ser homem. (R.39M)

São elementos relacionados ao gênero masculino. (R.43M)

Identidade social inerente ao homem (R.44H)

É o conjunto de comportamentos que são relacionados aos homens. (R.45 - M)

Elencamos acima exemplos das vinte respostas que denotaram majoritariamente reconhecimento de ser homem entendendo masculinidades como um comportamento característico masculino, mas não problematiza tais percepções apontando certa disputa de sentidos ao não evidenciar com clareza o entendimento, o que gera conflitos e tensões sobre o significado de masculinidades. Fica, portanto, a questão: o que os respondentes querem dizer ao apontar “ser homem”? Uma masculinidade hegemônica ou masculinidade queer?

A partir das questões suscitadas neste estudo é notório que há uma construção simbólica em torno do “ser homem”, tal percepção fica evidente quando analisamos o perfil dos/das respondentes. Atualmente o termo “masculinidade tóxica” tem ganhado popularidade principalmente para conceituar homens que apresentam comportamentos e características providas de valores tradicionalistas, em ações dominantes, opressoras, homofóbicas, entre outros. Em contrapartida, a masculinidade queer desafia exatamente esse perfil hegemônico indo de encontro às masculinidades tóxicas, repensando as múltiplas possibilidades de ser homem e suas identidades, legitimando a perspectiva não normativa (BRITO, 2018).

A partir desses conceitos, a fim de embasar as discussões, é possível entrelaçar esses pressupostos fundamentadas em Laclau e Mouffe (2015) para refletir sobre o conceito de hegemonia a partir de uma leitura política, social e contemporânea, que colocam em xeque um centro fixo constituidor das identidades. Logo, Laclau (1996, p.98) enfatiza que:

Há, portanto, uma pluralidade de centros e isso coloca a emergência de muitas outras identidades, que podem ser hegemônicas num processo de articulação, no processo de formação do discurso e disputa pelo significado da realidade.

Em síntese, as respostas apresentam maneiras subjetivas em relação ao “ser homem” o que fica evidente que não há uma maneira fixa na dinâmica dessas construções, e esses momentos reflexivos se apresentam como fundamental com a intencionalidade de romper com as marcas provocadas ao longo do tempo pelo machismo e patriarcado.

Com a finalidade de ampliarmos ainda mais as discussões, na segunda questão do formulário perguntamos se já reproduziram ou se sentiram na necessidade de ter algum comportamento estereotipado feminino/masculino. Com base nas respostas, a maioria afirmou que sim (41).

Por muito tempo me senti pressionado a performar uma masculinidade tóxica, onde o macho precisa dar conta de não demonstrar algumas emoções, performar virilidade (o que seria essa virilidade?!) e tentar ter o controle sobre o corpo do outro. (R.20H)

Sim, em muitas circunstâncias da minha vida, no que se refere a expressão de sentimentos principalmente e também de vivências corporais. Na primeira situação, a frase clássica " homem não chora ", assim como também não dança, o que serve de exemplo para segundo contexto. (R.36H)

Sim. Para enquadrar em certos grupos sociais. (R.21H)

Sim, diversas vezes como se fossem personas de proteção. (R.23M)

Sim, enquanto homem gay a minha masculinidade é questionada (R.44 H)

Nas respostas, o sim se apresentou como um lamento por terem que reproduzir comportamentos estereotipados, tanto por parte de homens quanto de mulheres. Uma fala também ressaltou o questionamento que, por ser um homem homossexual, a masculinidade era constantemente questionada. Quem nunca se sentiu pressionado/a a reproduzir padrões normativos para se encaixar em determinados grupos/locais? As respostas descritas nesta seção apontam que essa infelizmente é uma prática recorrente entre as pessoas, Baumeister e Leary (1995) em seus estudos sinalizam uma preocupação sobre essa necessidade de pertencimento e o quanto ela influencia na construção das relações.

A questão da performatividade gera tensões e inquietações principalmente quando renunciamos quem verdadeiramente somos para satisfazer expectativas e caprichos dos outros. Desta forma, a performatividade do sujeito acaba sendo vista e interpretada em função do estereótipo social disponível culturalmente (CRAMER, et al, 2001). Ainda sobre a performatividade de gênero, Judith Butler (2010) afirma que além de ser uma construção social engloba também o sentimento de pertencimento, entende-se também da objetificação de atos percebidos como identificação a partir da identidade de gênero a qual se sente pertencente. Assim, pretendemos por meio desses questionamentos fomentar momentos de reflexão e autocrítica intencionando os/as participantes repensarem sobre seus papéis sociais e o quanto as relações de poder podem interferir diretamente nessas (des)construções de gênero.

Outros/as poucos afirmaram que não (3). Refletindo sobre as respostas, destacamos indagações sobre o que significa a não percepção sobre reproduzir ou se sentir na necessidade de ter algum comportamento estereotipado feminino/masculino.

Não senti essa necessidade ainda! (R.43M)

Nunca senti essa necessidade. (R.39M)

Ainda não! (R.21H)

Seria uma necessidade de se autoafirmar ou autonegar? O que significaria o uso do advérbio de tempo ‘ainda’? Como se ainda pudesse acontecer tal comportamento estereotipado feminino/masculino? Com que finalidade? Por quê? Para quê? Com quem? É intrigante perceber que ainda existem pessoas que não tenham passado por esse tipo de situação, notadamente o número não é expressivo, entretanto, o termo ‘ainda não’ remete a algo que a qualquer momento pode acontecer. Isto posto, ainda sobre a performatividade Butler (2010, p.20) explica:

Como em outros dramas sociais rituais, a ação do gênero requer uma performance repetida. Essa repetição é a um só tempo reencenação e nova experiência de um conjunto de significados já estabelecidos socialmente; e também é a forma mundana e ritualizada de sua legitimação. Embora existam corpos individuais que encenam essas significações estilizando-se em forma do gênero, essa “ação” é uma ação pública.

Por fim, os/as participantes responderam à terceira questão: Dentro da sua convivência, quais tipos de masculinidades existem? Já parou para pensar nisso? Diante desses questionamentos, das 44 pessoas que responderam, 12 afirmaram não terem pensado sobre isso. Seguem alguns exemplos:

Nunca parei para analisar ou pensar sobre (R.33H)

Não conheço os tipos de masculinidades e não parei para pensar sobre isso. (R.31M)

Nunca parei para pensar, mas acho que atualmente a principal é a masculinidade "saudável", masculinidade frágil, masculinidade tóxica, masculinidade branca, masculinidades múltiplas... (R.33H)

“Nunca parei para pensar nisso” foi muito recorrente e presente em 12 respostas. Uma fala assumiu não ter pensado antes e iniciado a reflexão a partir da pergunta. (R.19H). De certa forma, podemos afirmar que essas narrativas são carregadas de sentidos e evidenciam a emergência do trato dessas questões. Entendemos que refletir sobre as masculinidades é um exercício necessário para avançarmos nas discussões de novas relações sociais e de gênero, a lógica em torno desses debates é que sejam entendidos pela ótica progressista numa perspectiva inclusiva e que se distancie do sentido proposto por movimentos conservadores de reafirmação de uma postura patriarcal, como tem sido estimulado entre alguns grupos reacionários.

Por outro lado, identificamos 32 respondentes sinalizando que já refletiram sobre a temática em questão e também pontuam os tipos de masculinidades presentes no seu contexto social apresentando em suas narrativas modelos majoritariamente (17) dominantes, hegemônicos e opressores, como alguns citados abaixo:

"seja homem", tipo de masculinidade tóxica bem comum e escuto diversas vezes (R.02M)

Alfa, dominante, machista, etc. (R.05M)

Homem não deve ser sensível entre outras coisas. Já sim. (R.07H)

A masculinidade que predomina no meu círculo social é a hegemônica que está posta na sociedade. Mesmo que existam diferenças sociais que distinguem os indivíduos por sua raça, por exemplo (um homem ser preto e outro ser branco), percebo uma predominância na masculinidade hegemônica nos dois indivíduos, tendo comportamentos e expressões parecidos, porém diferenciando por ter o marcador social de raça incluso. (R.21H)

Tipos de masculinidade: agressivos, dominantes, competitivos, durões etc. (R.22 M)

Sim, já convivi com homem machão, dominante. Sim, já parei para pensar nessa imposição do patriarcado, uma imposição onde homem não chora.

Patriarcalismo familiar (R.30H)

Sim, como por exemplo os homens não possuírem o dever de contribuir nas tarefas domésticas (R.24M)

“Seja homem”! “Você é macho”! “Homem não chora”! Frases como essas são constantemente reproduzidas na sociedade e essas tensões reforçam ainda mais os comportamentos agressivos, machistas e preconceituosos. Acerca disso, Grossi (2004) corrobora que, ainda na infância, os homens/meninos são moldados e treinados para serem fortes, viris, dominantes, machistas, etc.

Numa sociedade patriarcal existe um modelo de masculinidade a ser esperado, para muitos esses rótulos correspondem a um modelo fixo de ser homem. Diante dessas concepções, precisamos reconhecer e problematizar o abismo interno no qual muitos se encontram nessa tentativa de corresponder a esse estereótipo fixo e opressor de ser homem.

A reprodução das dinâmicas opressoras também pode estar interligada aos núcleos sociais como família e igreja, por exemplo, podendo apresentar um viés hegemônico-normalizador. Esses comportamentos estabelecem a supremacia de uma configuração de gênero, e a partir daí cria relações opressoras de poder.

Analisando isoladamente as narrativas, a participante (R.24M) pontua um questionamento sobre o papel dos homens atrelado às tarefas domésticas. Importante destacar a cultura machista na qual vivemos em que os homens/meninos desde cedo são orientados a se afastarem das tarefas domésticas, pois segundo a lógica retrógrada, tudo que remete ao feminino pode comprometer a masculinidade viril. Tal visão baseada no individualismo, no machismo e na falta de reflexão sobre as dinâmicas sociais pode se tornar um caminho propício de (re)produção de comportamentos tóxicos como se fosse única forma legítima de ser homem.

O participante (R.21H) apresenta em sua resposta um debate interessante em torno dos atravessamentos de raça, gênero e classe. Dito isso, no bojo das masculinidades, é notório que esses debates têm ocupado cada dia mais espaço no cenário acadêmico ocidental (MEDRADO e LYRA, 2008), assim como tem sido visibilizada a importância de se focalizar intersecções das diferenças (CRENSHAW, 2002) nas identificações das masculinidades, sobretudo no olhar para as masculinidades negras (VIGOYA, 2018). Diante dessas concepções, é possível identificar a urgência das discussões envolvendo as masculinidades negras, assim ressaltamos também que a desigualdade e discriminação de gênero e raça são questões evidentes. Frente ao que está posto, Silva Junior (2019), afirma que a masculinidade negra se encontra em um meio termo entre a marginalização e a exaltação, e se apresenta como uma identidade subalterna em meio aos aspectos excludentes.

Diante dessas questões, reconhecemos que não existe um único modelo que possibilite a compreensão sobre o que é ser homem, e percebemos que um dos caminhos para enfrentar suas questões internas é descobrindo outras formas de “ser”. Ampliando essas discussões para o ambiente escolar, ressaltamos a Educação Física escolar como potência no trato de assuntos como esses, por meio de experiências, reflexões e práticas corporais em que as diferenças sejam reconhecidas e valorizadas. Tais aspectos se aproximam da perspectiva inclusiva na medida que consideram as diferentes formas de pertencer a esse mundo, pensando o tema a partir dos marcadores sociais da diferença, entendendo esses sujeitos, seus contextos e suas singularidades.

Outros/as 11 respondentes apontam que identificam diversos tipos de masculinidades na sua convivência, o que pode apontar um certo sentido crítico-reflexivo sobre a realidade circundante, porém ainda se evidencia exemplos majoritários de masculinidade hegemônica.

Existem múltiplas formas de ser homem. O homem pai, irmão, avô, amigo, companheiro…(R.10H)

Masculinidade hegemônica, masculinidades negras, transmasculinidade... entre outras (R.44 H)

Aquelas que se submetem a “ordem” social e as que subvertem essa “ordem”. (R.06H)

Foram poucas vezes que refleti a respeito disso, mas no meu círculo familiar é vigente um padrão de masculinidade a ser seguido (homem cisgênero, branco, heterossexual) enquanto que noutros espaços há mais diversidade. (R.36H)

Masculinidade frágil e exacerbada, não muito. (R.40H)

Ressaltamos avanços nas identificações, o que talvez signifique que estão refletindo ou passaram a refletir sobre isso a partir da provocação da pergunta. Entendemos que o Ciclo de cinema e diversidade também se configura como um espaço formativo, em que o convite à reflexão se apresenta como parte central dos debates, assim, o ato de se (re)conhecer na/sobre a ação do cotidiano social pode ter contribuído para os resultados que emergiram a partir dessas narrativas. Isto posto, Paulo Freire destaca o quanto é “importante que a reflexão seja um instrumento dinamizador entre teoria e prática” (2001, p. 39). Por isso, não basta apenas pensar e refletir, é preciso que tal reflexão nos leve a uma ação transformadora, fazendo-nos considerar o outro e suas singularidades.

Por fim, houve 4 respostas que demonstram pouca reflexão sobre o tema, não somente no que tange ao aspecto teórico, mas principalmente no desconhecimento sobre as tensões e disputas nas significações cotidianas. Como exemplos, temos:

Existe tanto o feminino como o masculino. (R.17H)

Esse tema necessita de uma resposta complexa e longa, não sei. (R.23M)

Os tipos dos quais se reflete que sendo filho de homem e mulher temos um pouco dos dois. (R.10M)

As narrativas acima apontam que, no que se refere às masculinidades, algumas falas ainda apresentam imprecisões, nesse sentido, é possível entrelaçar essas discussões aos aspectos inerentes à formação docente. Com intuito de unir as discussões envolvendo a dinâmica das masculinidades, é possível ainda na formação inicial a reflexão sobre os dilemas e tensões encontrados no âmbito escolar.

Felipe e Guizzo (2004, p.79) corroboram com essas proposições e em suas elaborações ressaltam que “o entendimento sobre a construção de conceitos de masculinidades pode não ser tão claro nas instituições escolares.” Os referidos autores também apontam uma lacuna em relação a invisibilidade de compreensão dessa temática, e enfatizam que, na maioria das vezes, a única preocupação é a de reafirmar padrões como “próprios” do esperado para cada um dos gêneros. Considerando a contemporaneidade que envolve a temática em questão, entendendo que esse também é um dilema na prática docente, consideramos as discussões e reflexões urgentes e fundamentais ainda nos anos iniciais, se materializando também no currículo acadêmico. Por esse viés, Connell (1995) impulsiona a necessidade da compreensão sobre a dinâmica das masculinidades, entendendo a complexidade que envolve a temática e suas relações com os contextos educacionais e sociais, tendo em vista sua organização dialética.

Considerações finais

Este artigo objetivou analisar as percepções dos/as participantes do 9º Ciclo de cinema e diversidade a partir de três questões fomentadoras do debate sobre masculinidades e sua relação com aspectos sociais. O atingimos, na medida em que evidenciamos os modos de pensar de pessoas afins ao tema masculinidades, com interesse voluntário e genuíno no evento.

Identificamos três pontos que emergiram das respostas e gostaríamos de ressaltar como reflexões relevantes na construção deste texto: a presença massiva de um entendimento sobre masculinidade majoritariamente hegemônica e que se reflete na identificação disso no cotidiano dos/as respondentes; um certo desconhecimento de questões sobre o tema ou uma constatação de ainda não terem tido a oportunidade de pensar sobre isso, com entendimentos hesitantes; porém, identificamos avanços com relação a entender que há múltiplas formas de ser homem, apontando para desconstruções necessárias a essa afirmação.

Embora o Ciclo de cinema e diversidade tenha sido concebido pelo e para o campo da Educação Física, ao longo de todas as edições do evento sempre tivemos participantes interessados na temática da vez, vindo de outras áreas. Nesta edição, com o tema masculinidades não foi diferente, isso é importante porque fortalecemos o debate de um tema tão urgente e necessário no campo da Educação Física, mas que também encontra eco em outras áreas do conhecimento. Portanto, essa é uma problemática que necessita de ser debatida e aprofundada pela educação de modo geral, vide a adesão ao evento.

Outro fato importante a ser pontuado foi a participação predominante de homens, o que não foi comum nas oito edições anteriores do evento Ciclo de cinema e diversidade. Percebemos, portanto, que esse assunto atrai os homens pela necessidade de aprender mais e refletir sobre o que atravessa suas vidas cotidianas, o que, no nosso entender, reforça a importância de eventos como esse que cumprem a função social da universidade em se constituir como um espaço de (des)construções e (re)construções.

O propósito de organizar um evento de modo dialógico e horizontalizado, com inspirações freireanas, e que possibilita a participação de todos/as envolvidos desde o momento da inscrição na atividade até o momento dos debates no evento em si , se constitui intencionalmente como um movimento contra-hegemônico que visa ressignificar os entendimentos fixos sobre educação e educação física, bem como nosso lugar de luta como docentes em permanente formação. O tema masculinidades, nesse sentido, ganha relevo como uma pauta contemporânea relevante a ser considerada e discutida em espaço propício a compartilhar anseios, dúvidas e inquietações, sendo respaldada por contributos teóricos robustos.

Isso também visa demonstrar que a ação/formação docente no campo da Educação Física, considerando a perspectiva ampla de inclusão, possibilita os mais diversificados enfoques de conteúdo e pode (re)construir junto com estudantes sua função social voltada à minimização de exclusões, problematização de opressões e sobretudo construção de práxis de resistência.

Referências

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Notas

1 Doutora e Mestre em Educação (UFRJ) Licenciada em Educação Física (UFRJ) Professora da Escola de Educação Física e Desportos (UFRJ). Coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Inclusão e Diferenças na Educação Física escolar (LEPIDEFE). E-mail: michelefonseca@eefd.ufrj.br . ORCID iD http://orcid.org/0000-0003-0355-2524
2 Pós-graduada CESPEB/UFRJ ênfase Educação Física escolar. Licenciada em Educação Física (UFRJ). Integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Inclusão e Diferenças na Educação Física escolar (LEPIDEFE). E-mail: samara.ufrj@gmail.com. ORCID iD http://orcid.org/0000-0002-6317-9015
3 Pós-graduada em Educação inclusiva (UNIABEU). Licenciada em Educação Física (UFRRJ). Professora SEMED Mesquita-RJ. Integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Inclusão e Diferenças na Educação Física escolar (LEPIDEFE). E-mail:fabilleassumpcao@gmail.com. ORCID iD http://orcid.org/0000-0002-
4 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NRom49UVXCE&t=1626s
5 Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=D6RTSy2aS-4&t=1211s
6 Que apresentaremos em artigos futuros

Notas de autor

1 Doutora e Mestre em Educação (UFRJ) Licenciada em Educação Física (UFRJ) Professora da Escola de Educação Física e Desportos (UFRJ). Coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Inclusão e Diferenças na Educação Física escolar (LEPIDEFE). E-mail: michelefonseca@eefd.ufrj.br . ORCID iD http://orcid.org/0000-0003-0355-2524
2 Pós-graduada CESPEB/UFRJ ênfase Educação Física escolar. Licenciada em Educação Física (UFRJ). Integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Inclusão e Diferenças na Educação Física escolar (LEPIDEFE). E-mail: samara.ufrj@gmail.com. ORCID iD http://orcid.org/0000-0002-6317-9015
3 Pós-graduada em Educação inclusiva (UNIABEU). Licenciada em Educação Física (UFRRJ). Professora SEMED Mesquita-RJ. Integrante do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Inclusão e Diferenças na Educação Física escolar (LEPIDEFE). E-mail:fabilleassumpcao@gmail.com. ORCID iD http://orcid.org/0000-0002-


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