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Recepción: 01 Agosto 2022
Aprobación: 01 Octubre 2022
Resumo: O artigo debate como as masculinidades negras são tematizadas, controladas e valorizadas no universo pornográfico gay, no contexto brasileiro. Para tanto, analisamos as performances de atores negros, com base em vídeos comercializados no mercado da pornografia e duas entrevistas veiculadas nas redes sociais. As discussões sobre masculinidades negras, imagem de controle e pornografia negritam a nossa reflexão. O estudo revelou que atores e mercado pornográfico ainda se apropriam de noções estereotipadas da categoria “negão” para vender suas imagens, dificultando espaço para expressão de outras masculinidades. Contudo, identificamos nas análises algumas performances alternativas na construção das masculinidades negras no mercado pornográfico.
Palavras-chave: Masculinidades negras, Pornografia gay, Imagem de controle.
Abstract: The article discusses how black masculinities are thematized, controlled and valued in the gay pornographic universe, in the Brazilian context. To do so, we analyzed the performances of black actors, based on videos commercialized in the pornography market and two interviews broadcast on social networks. Discussions about black masculinities, image of control and pornography emphasize our reflection. The study revealed that actors and the pornographic market still appropriate stereotyped notions of the “negão” category to sell their images, making it difficult to express other masculinities. However, we identified in the analysis some alternative performances in the construction of black masculinities.
Keywords: Black masculinities, Gay pornography, Control image.
Introdução
Dentro Do Meio: Ainda falando sobre diversidade, recentemente, vocês lançaram uma cena protagonizada por dois atores mestiços (....) vocês têm noção de quantos atores não-brancos (negros, asiáticos, indígenas, etc) possuem?
Felipe Mol: Nós não temos nenhum preconceito ou restrição com relação a raças, pelo contrário, nós gostamos muito de pessoas diferentes. Sejam negros, japoneses, brasileiros, loiros, morenos… Não importa a raça e sim o sex appeal e o dom. Como trabalhamos com muitos atores simultaneamente, não tenho esse número ao certo, mas temos sempre buscado diversificar mais e mais para atrair mais públicos diferentes! Nossa intenção é conseguir agradar a maioria nas suas buscas3.
A citação acima é referente à entrevista de um representante de uma produtora brasileira que atua exclusivamente com filmes gays em um site especializado no tema. Ao longo da entrevista, o representante apresentou questões diversas sobre sua produtora, o mercado e os atores pornográficos de seu cash. Todavia, ao ser confrontado com a questão relacionada aos debates étnico-raciais, a resposta torna-se genérica em relação à raça, racismo e mundo pornô.
Ainda que a resposta tenha sido dada de forma lacônica, o fato de não saber o número de atores não brancos de sua produtora, ao incorporar negros, japoneses, brasileiros, loiros e morenos como pessoas racializadas, e “pessoas diferentes”, sem complementar a relação dessas diferenças, pode ser indicativo de todos os silêncios e complexidades que circunscrevem o mercado pornográfico e as masculinidades negras. Essa resposta do representante da empresa, generalizando as diferenças e o grande número de atores negros ou de títulos de filmes pornôs gays que utilizam o termo “negão”, pode nos levar à reflexão sobre o corpo negro na pornografia hardcore brasileira e, além disso, sobre os usos e abusos a partir do corpo negro.
Nesta perspectiva, o objetivo central deste texto é refletir sobre como as masculinidades negras são tematizadas, controladas e valorizadas no universo pornográfico gay, no contexto brasileiro. Para isso, recorremos às análises de algumas cenas e posicionamentos de quatro atores negros conhecidos do mundo pornô gay: Caio Negão, Chris Negão, Vitor Guedes e Gustavo Ryder. A escolha destes atores se deu pela quantidade de filmes que participaram e consequentemente a sua popularidade entre os adeptos dessa arte. Para tal, utilizaremos como material empírico alguns filmes estrelados por esses atores e entrevistas realizadas com o ator Vitor Guedes e Caio Negão, publicadas em sites especializados. O foco é analisar como esses atores performatizam homens negros em cena e os papeis sexuais que desempenham. Também, buscamos compreender como esses atores acabam sendo “classificados” no universo pornô gay, observando, por exemplo, os codinomes utilizados, como no título dos filmes, e os estereótipos sob o rótulo do “negão”, já tão debatido nos estudos das masculinidades negras (FAUSTINO, 2013; PINHO, 2016; SILVA JUNIOR e IVENICKI, 2015; SILVA JUNIOR e BORGES,2018; SOUZA, 2003; SOUZA, 2017) e que acaba por produzir reflexos no mundo pornográfico.
Para analisarmos essas imagens de negros, no universo pornográfico gay, tomamos por base as imagens de controle que pairam sobre esses corpos (COLLINS, 2005). Elas são os cabedais teóricos que nos ajudam a compreender, metodologicamente, os sentidos que o corpo negro desempenha em uma estrutura hierarquicamente racializada. Ao constatarmos4 que o Brasil é um dos vinte Países onde mais se consome filmes pornográficos no mundo5 e que o mercado, o número de assinantes e o público envolvido apontam para o aumento, nos últimos anos, de mais de 840% de acesso aos filmes pornográficos gays, argumentamos pela relevância social do tema e do estudo de sua complexidade. Apesar disso, destacamos que ainda são parcos os estudos que se debrucem sobre o corpo negro no mercado pornográfico gay (PINHO, 2016).
Dessa maneira, acreditamos que esses debates podem assumir uma crítica reflexiva sobre raça, racismo, mercado, pornografia e poder, a partir das masculinidades negras. Deveras, o pensamento colonial forjou a construção do homem negro buscando animalizá-lo e destacando sua sexualidade. Em Sullivan (2003) podemos ler como as questões de masculinidade e raça foram discursivamente forjadas no século XVIII, a partir do momento que Charles Linnaeus propôs a existência de quatro raças, classificando-as como: branco europeu, aquele que é gentil e inventivo; vermelho americano, como o obstinado; o amarelo asiático, como o melancólico e ambicioso; e o negro africano, como indolente, negligente, detentor de um pênis grande e cérebro pequeno, o oposto dos homens brancos que eram racionais. Essas noções ainda apresentam reflexos no processo de construção e reconstrução das masculinidades negras de uma forma geral e no mundo dos filmes pornográficos, em que negros performatizam majoritariamente o papel do ativo, do dotado.
Com tais questões em foco, para empreender o debate, o artigo estará dividido da seguinte maneira: primeiramente discutimos masculinidades e raça. A seguir apresentamos uma breve reflexão sobre as imagens de controle. A pornografia e as masculinidades negras são tematizadas na próxima seção. A partir dessa fundamentação teórica, apresentamos a metodologia da pesquisa. As análises estão divididas em dois momentos: “O negão: do fetiche ao poder” e “A versatilidade como permissão: o negro passivo”. Por fim, as considerações finais.
As masculinidades
De acordo com Silva Junior (2017), masculinidades são comunidades imaginárias marcadas por discursos e pertencimentos a determinados grupos. Elas são múltiplas e forjadas na cultura e nas práticas sociais diárias de engajamento nas quais garotos e homens são submetidos cotidianamente, estando diretamente marcadas pelas relações de poder. Os padrões de masculinidades são construídos por “meio da corporificação social” (CONNELL, 2016, p. 62). Dessa forma, são performatizadas6, construídas e reconstruídas de acordo com a história e a cultura.
As primeiras teorizações relativas ao conceito de masculinidade e masculinidade “hegemônica” foram tomadas por Connell, na década de 1980. A autora buscou descrever um tipo específico de homens e suas práticas sociais. O trabalho de Connel se apoiava nos estudos de Antonio Gramsci e buscava descrever um modelo de masculinidade que se caracterizava naturalmente pela virilidade e a dominação sobre as mulheres. De fato, essa prática era bastante naturalizada por esses modelos de homens como normativa, além disso, essas masculinidades se estruturavam a partir da ideia estabelecida de que existira uma forma correta de se ser homem.
O conceito de masculinidade hegemônica visava, naquele momento, revelar as práticas de homens, cisheteronormativos, em suas relações profissionais, pessoais, sexuais com outros grupos. Para a autora (CONNELL 1995; 2000), existem as masculinidades marginalizadas ou subordinadas, ou seja, aquelas que não atendem ao modelo dominante de sexualidade (heterossexual), raça e classe. São aquelas que são produzidas na exploração e opressão de grupos e minorias. Assim, esses modelos são construídos na base de estereótipos, e marcados como abjetos. Neste texto, essas masculinidades serão consideradas como masculinidades dissidentes.
As masculinidades dissidentes podem ser complexificadas por diferentes formas na medida em que colocam em perspectiva narrativas contrarias as previstas nos discursos hegemônicos. Ou seja, elas acabam por tensionar e questionar o próprio domínio hegemônico e normativo de determinadas masculinidades como universal. Além disso, podem revelar e denunciar as subordinações impostas entre os discursos hegemônicos de determinados grupos de homens.
É relevante destacar que aprendemos com Barnad (2004) que questões de gênero, raça, sexualidades e classe social devem ser vistas como interseccionadas, ou seja, não podem ser dissociadas, uma vez que se deve olhar para o sujeito social como um todo, e não apenas por um ângulo de suas subjetividades.
Assim, Connell (2000) apresenta as masculinidades negras como subordinadas, por não atender ao modelo ideal marcado pelo homem branco. É importante destacarmos que, segundo Faustino (2013), quando falamos em questões relacionados ao falo e ao falocentrismo, a partir dos estudos de Derrida, trata-se de um conceito que revela a superioridade do sexo masculino a partir do falo que, grosso modo, revelaria a convicção e a postura da superioridade dos homens heterossexuais. Todavia, novamente, Faustino7, a partir dos estudos do psicanalista Franz Fanon (2008), vai nos lembrar que o lugar ocupado pelo homem desde o iluminismo, como ser universal, dotado de capacidades intelectuais, e até mesmo superior por ser do gênero masculino, sempre esteve relacionado ao homem heterossexual branco, ou seja, o europeu tido como ser universal. Como esse universal não é fixo, os homens negros heterossexuais passaram a ressignificar sua masculinidade e construí-la a partir da estrutura falocêntrica. Com isso, a partir daquilo que os animalizavam, eles passaram a se posicionarem como superiores a outros homens por sua sexualidade, buscando ser valorizados pelo seu falo e força bruta.
Silva Junior e Ivenicki (2015) destacaram que no Brasil existe um misto de subalternização e valorização do homem negro: por um lado é aquele que possui baixa escolaridade, os piores salários e empregos, por outro, sua sexualidade, força e masculinidade são exaltadas e reconhecidas não só dentro da comunidade negra. Em nosso país, o “macho negro” parece ser visto como modelo de virilidade, de potência e de dotação sexual. O homem negro também é construído como ativo, a partir do poder de seu falo como aquele que está, a todo o momento, pronto para o ato sexual. Silva Junior (2017) Silva Junior e Borges (2018) ao investigar as performances de alunos negros em escolas públicas observaram que meninos negros se constituem, muitas vezes, desde muito novos, como o “negão” falocêntrico, o predador sexual. Importante frisar que, segundo os autores, a visão desses meninos sobre a imagem do homem negro e gay, no ambiente escolar, é a da degeneração da raça. Além disso, esses meninos e homens negros deliberam ao garoto negro gay o lugar da exclusão, do silenciamento e da vergonha da raça (negra) na medida em que, essas masculinidades dissidentes acabam por desconstruir a imagem do “negão” já tão naturalizado nos discursos sociais como o homem, o macho e o ativo. Assim, as masculinidades dissidentes, muitas vezes, acabam por ameaçar o discurso vigente da virilidade do homem negro.
Argumentamos que falar dessas masculinidades é pensar em seres que escapam das normas sociais vigentes e, muitas vezes, se colocam contrários aos discursos impostos pelas masculinidades hegemônicas ainda que a partir das cisnormatividade. Investigar os interesses que circunscrevem homens negros gays no mercado pornográfico pode revelar uma visão extremamente colonialista que perpetua a imagem fetichizante e preconceituosa sobre o corpo negro a partir de discursos forjados ao longo de séculos que controlam a sexualidade e masculinidade dos atores. Para problematizar as masculinidades desses homens na pornografia, propomos, antes, uma breve reflexão sobre as imagens de controle.
As Imagens de controle sexual
Collins (2005) defende a tese de que as imagens de controle são ações ideológicas da raça negra, entendidas como componente sócio-histórico e ligadas a um passado escravocrata que pode assumir uma dimensão do racismo e do sexismo, ao buscarem perpetuar imagens colonialistas sobre o corpo negro. Elas são os reflexos de uma matriz de dominação que está constantemente sendo atualizada no mundo contemporâneo. A autora argumenta que essas imagens de controle fazem parte de uma “ideologia sexual”, na qual se estabelecem definições preconcebidas de formas sexualmente estereotipadas sobre homens e mulheres negras. Assim, fazem parte de uma “ideologia” que estabelece definições preconcebidas de formas sexualmente estereotipadas. A partir dessas ideologias sexuais, as imagens de controle revelam, não somente sua matriz de dominação, mas também sua capacidade de atender aos interesses e desejos de uma determinada classe. Para nosso interesse de análise, esse referencial serve de arcabouço para compreendermos as imagens de controle no universo pornográfico gay.
Para Collins (2005), as imagens de controle não estão exclusivamente ligadas a estereotipação ou submissão de pessoas negras frente à determinada situação ou ao sexo pornográfico. Elas podem refletir em formas diversas, muitas vezes, apresentado uma falsa positivação do sujeito negro, quando, na verdade, essa imagem somente perpetua uma visão racista sobre os corpos de pessoas negras por uma ótica estereotipada. Nesse sentido, pretendemos investigar em que lugar elas podem colocar o corpo do homem negro dentro do universo pornográfico.
Ao compreender que as imagens de controle são as representações que os grupos dominantes idealizam e estabelecem para dominar visualmente o corpo negro, as entenderemos como modos de tornar o racismo, o sexismo, a pobreza e outras formas de esteriotipização e injustiça como naturais, normais e inevitáveis (COLLINS, 2005). A autora nos provoca a pensar as imagens de controle e seus usos em diferentes esferas do racismo. Em nosso caso, as imagens de controle sevirão para indicar no universo pornográfico gay e negro, no contexto brasileiro, como atores nacionais são “vendidos” ou “classificados” “racialmente” no mercado sexual pornograrfico hardcore.
A pornografia e as masculinidades negras
A pornografia pode ser caracterizada como um dos muitos dispositivos8 e discursos sexuais do poder que influenciam todas as nossas subjetividades, conforme nos mostra Michael Foucault (1995), em seus estudos sobre a sexualidade. As cenas de sexo acabariam por assumir uma representação ficcional de fetiches e construções sociais na medida em que as relações sexuais são postas como elementos constituintes dessas construções, produzindo hierarquias sociais, estereótipos por meio da excitação que buscam justamente legitimar as interações do cotidiano com desejos e fantasias.
Para Pinho (2016), a pornografia, e no caso o pornô gay, se desenrola na produção de um sistema ordenado de classificações e categorias, estereótipos, representações flutuantes que podem ser vistos como um grande inventário socialmente produzido para o desejo sexual racializado. Ela realiza práticas discursivas que nada mais são do que reflexos das sociabilidades, desejos e curiosidades de um determinado público. No caso da pornografia gay e racializada sobre o corpo negro, ela aciona diversos dispositivos. Cowan e Campbell (1994), por meio de uma pesquisa qualitativa relativa a personagens negros em produções pornográficas, constataram que prevalecia, até aquele momento, uma visão estereotipada racialmente de que o homem negro é: melhor sexualmente, por ser mais agressivo e dominador, e pelo fato de ter uma maior desenvoltura por conta do pênis. Dessa forma, as pesquisadoras constataram que o homem negro, em cenas pornográficas, muitas vezes, era representado por meio da animalização do indivíduo; além de terem cenas com menos diálogos e um número reduzido de cenas afetuosas, em contraste, por exemplo, com os atores brancos. Esses atores negros assumiam a função da máquina sexual, afastada de quaisquer traços de humanidade, e que, ali, estariam para servir ao fetiche de um determinado grupo. Ao atender a esses fetiches, a imagem do homem negro na pornografia perpetua uma falsa ideologia já tão naturalizada sobre o corpo negro.
Pinho (2016) destaca que existem, na America Latina, complexidades relacionadas ao homossexual negro e as questões de classe. Assim, a introdução de diferenças raciais, ou de classe, no interior desse aparato representacional, como um sinal invertido da subordinação realmente existente, faz das inferioridades social e política marcas de um atrativo erótico quase irresistível, como se observa no contexto concreto da prática homossexual em diversos quadrantes da América Latina, onde a transgressão do interdito homossexual parece favorecida pela diferença de classe entre o homossexual de classe média e o jovem heterossexual negro (ou meramente pobre) da periferia ou favela (PINHO, 2016). Com isso, na pornografia gay, os usos feitos a partir de categorias como “negão” “pivete” “mavambo9” acaba somente por naturalizar as visões já tão estereotipadas sobre o corpo negro e a classe social.
Nesta perspectiva, Díaz-Benítez (2010), ao revelar os bastidores ocultos das redes que formam o mercado pornográfico brasileiro, nos apresenta o circuito oculto no qual existem agentes envolvidos, os interesses financeiros e mercadológicos de produtores que determinam usos e abusos sobre os corpos dos atores em cena. A tese da autora é a de que todas as etapas do processo da produção e pós-produção, fotografias, títulos dos filmes, material de divulgação, nada mais são do que práticas cercadas de interesses econômicos. Prevalece, ainda, uma visão extremamente estereotipada, machismos e preconceitos de ordens diversas, inclusive os étnico-raciais sobre o corpo no sexo. Assim, a autora destacou que existe uma gama de interesses financeiros na classificação de imagens que perpetuam o estereótipo, seja sobre mulheres ou sobre as ditas minorias, os gays ou os negros. Ela defendeu a tese que todos os interesses comerciais dos produtores desse segmento são o de perpetuar e divulgar para seu público-alvo o corpo das ditas minorias em sujeições que perpetuam as visões estereotipadas.
Metodologia
Para refletir sobre como as masculinidades negras são performatizadas e vendidas em filmes pornográficos gays, analisamos as performances (BUTLER, 2015; GOFFMAN, 2004) de quatro atores negros muito conhecidos e assistidos, sendo atuantes em diversas produtoras. Para nosso percurso analítico:
1. visitamos os portais de produtoras com o objetivo de conhecer produções e atores negros. Com base no conhecimento prévio selecionamos quatro atores negros que representavam possibilidades de diferentes performances na pornografia gay: Caio Negão, Chris Negão, Gustavo Ryder e Victor Guedes. 2. Realizamos uma busca na internet por material sobre esses atores. 3. Sistematização, reunião de manifestações e criação de categorias de análise. 4. Análise interpretativa dos dados selecionados.
Como referência para a análise das performances de cada ator, selecionamos os seguintes vídeos: Na produtora Mundo Mais, “Homens de Gravata”10; na produtora Hotboys, “Pau para toda obra”11, “Buraco Hot 8”, “Negão fudendo Nerd safado”12, “Carnaval do Imperador”13 e “Dando no Terreno Baldio”14.
Antes de encaminharmos a análise das performances, destacamos que, da mesma forma que para Díaz-Benítez (2010), também nos chama a atenção os bastidores do mercado de filmes e a busca para atrair consumidores. A foto da capa de vídeos, por exemplo, deve ser o objeto de destaque fundamental por representar aquela produção. Além disso, na elaboração de capas e contras capas, as legendas, os títulos e subtítulos devem indicar com poucas palavras aquilo que o público encontrará.
Dessa forma, ao pensarmos os títulos e as fotos de chamadas dos vídeos como propostas que buscam atender ao mercado, podemos refletir como esses corpos negros estão posicionados para atender as expectativas do público consumidor reforçando a ideia do macho negro pronto para o sexo (FAUSTINO, 2013; SOUZA, 2003, SILVA JUNIOR e IVENICKI, 2015). Essas mesmas noções expostas nas capas se aprofundam nos vídeos e performances dos atores negros. Contudo, observamos que se por um lado as imagens de controle (COLLINS, 2005) podem nos revelar a autoridade de grupos dominantes para realizar suas fantasias sexuais animalizando e perpetuando visões estereotipadas do corpo negro, por outro, arriscamos a afirmar que estas fotos de capa podem buscar ressignificar esta imagem mostrando homens negros que por meio dos corpos e sexos exibem sua superioridade em relação a outros homens.
O Negão: do fetiche ao poder
A categoria “negão” é forjada por alguns atores brasileiros em seu nome artístico. Ou seja, o “negão”, de acordo com pesquisas de Silva Junior e Borges (2018) é aquele que está pronto para o sexo, o bem-dotado, o forte. Nesse caso, pode revelar ressignificações identitárias, não somente sobre sua performance, mas, sobretudo, sobre os interesses financeiros e mercadológicos desses atores no contexto em que eles atuam, destacando o potencial másculo e ativo desses atores. Assim, trazemos para a cena os atores Chris “Negão” e Caio “Negão”. Ambos são atuantes no mercado pornográfico gay brasileiro, e já há alguns anos atuam em produções comerciais ou em vídeos amadores. Ainda que esses atores recorram ao “negão” para se firmarem nesse nicho mercadológico, suas performances apresentam particularidades que valem a pena ser mais bem problematizadas. Antes de apresentarmos as análises, é importante refletir que esses atores realizam suas performances para uma audiência específica (GOFFMAN, 2004), assim eles buscam dar inteligibilidade social (BUTLER, 2015) para seus personagens.
Ao analisarmos a performance do ator Chris “Negão” no vídeo “Dando no Terreno Baldio” observamos que o ator performatiza o modelo de negão construído pela modernidade (SULLIVAN, 2003), em que o falo, tamanho e forma é o cartão de visitas (SOUZA, 2017). O ator exibe um corpo atlético, bem definido, agressivo, dominador com um membro ereto forte e pronto para satisfazer o parceiro (COWAN; CAMPBELL, 1994). A cena se desenrola com poucos diálogos em um jogo de dominação no qual o passivo, a partir de olhares e, algumas palavras, se coloca como o ser a serviço do macho ativo com objetivo de agradar e satisfizer os fetiches (PINHO, 2016) da audiência (GOFFMAN, 2004)
O enredo da cena transcorre de maneira que o público poderá visualizar o macho, ativo, dominador (COWAN; CAMPBELL,1994) e dito “Negão”. Além disso, em boa parte das cenas, o ator Cris Negão não faz uso de preservativos com seus parceiros, há pouca troca de caricias ou beijos e o grande final é reservado para o cremapie em que o ator ejacula em seu parceiro de cena. Isso, ilustrando o modelo de homem negro construído no imaginário popular (SILVA JUNIOR e BORGES, 2018). O fato de performatizar cenas sexuais quase que exclusivamente na forma bare, e terminar daquela maneira é o que, certamente, atende aos interesses mercadológicos do público do sexo rawfucker (PINHO, 2016). Ao mesmo tempo, refletem o posicionamento do homem negro ativo e sexualmente propenso às práticas desprotegidas (SILVA JUNIOR, 2017). Pinho (2016) nos lembra como a pornografia gay e o sexo “bareback” sem preservativos ou “creampie” com ejaculação nos corpos dos atores estaria ligada a uma “transgressão domesticada” no mundo pornográfico na medida em que se busca a exploração máxima do corpo negro.
Assim, as performances desse ator revelam o forjamento e o uso desse “negão” cisheteronormativo, ainda que acabe por performatizar uma cena homossexual. Com isso, de acordo com Jesus e Rodrigues (2022, p. 213), a cena nos revela às dimensões e aos sentidos que o corpo negro assume como potências sexualmente ativas, projetando os sentidos de uma animalização bestial capaz de assumir gozos intermináveis.
A performance do ator Caio Negão também busca perpetuar a mesma visão sobre o corpo negro na medida em que enfatiza a dominação, a heteronormatividade e o negro ativo como única possibilidade de se ser supostamente “negão”. Contudo, é importante destacar que o ator Caio “Negão”, no vídeo “Homens de Gravata”, protagoniza cenas em que poderiam soar idiossincrática para o estereótipo imposto para a imagem do homem negro heterocisnormativo. Ao mesmo tempo que ele se mostra como o dominador, o ativo, ele performatiza cenas de sexo oral, troca de caricias e beijos em seu parceiro de cena. Além disso, podemos observar em suas performances o uso constante de preservativos. Assim, as cenas desse ator poderia ser pensada como uma possível quebra para o modelo de negão, que o primeiro ator buscou acentuar, acrescentando o carinho e humanidade à cena. Nesse sentido, o ator Caio Negão performatizaria a imagem do “negão”, mas com doses de afeto. Apesar desse avanço, ele não se afasta da característica principal que se espera do homem negro como o ativo. Não identificamos nenhum vídeo que ele vivencia o papel de passivo.
Em recente entrevista15, o ator declarou ser bissexual e não acreditar em heterossexual que “fode com gay”. Esse discurso já representa um avanço entre homens negros, pois, de acordo com Silva Junior e Ivenicki (2015), os homens negros que se relacionavam de maneira ativa com outros homens não se viam como bissexuais ou homossexuais. O ator confessa recusar diversos papeis para atuar como passivo, não porque ele se considere mais homem, mas pelo fato de gostar de “fazer ativo. Sou ativo liberal não tenho problema algum em chupar o cara. Não tenho problema em fazer carinho. Sou ativo liberal” declarou na entrevista.
Arriscamos a afirmar que o próprio fato de carregar no nome o termo “negão” o ator busca se posicionar como superior a outros homens negros, pois, de acordo como Silva Junior e Borges (2018) o negão é superior ao negro e ao neguinho. Neste sentido, não cabe aquele que se autodenominou negão se mostrar publicamente passivo (receptor, inferior) para a audiência. Destacamos que as narrativas que representam esses atores como “negão”, se materializam, muitas vezes, a partir de uma visão que colocam o falo do homem negro como personagem principal no mercado pornográfico. Esse é tratado como a representação máxima do “negão” e revelam mais do que o dito diferencial de sujeitos negros, mas a capacidade que o público possui para assistir de acordo com seu imaginário as performances desses corpos negros.
Sendo assim, essas imagens que representam o “negão”, o falo, acabam por refletir e organizar padrões entre negros, perpetuar estereótipos que influenciam a forma que a sociedade irá compreender esses corpos racializados. Finalmente, essas imagens de controle acabam por ser extremamente prejudiciais e inverídicas na medida em que forja homens negros exclusivamente como ativos e deixa de lado outros debates, tal qual as performances de negros passivos e os controles que essas imagens provocam, por meio de negociações entre o ativo, o passivo e o versátil nas masculinidades negras.
A versatilidade como permissão
Antes de tudo, é importante dizermos que não tivemos a pretensão em realizar um texto exaustivo, quantitativo, sobre o número de negros ativos/passivos, ou seja, versáteis na pornografia brasileira. Todavia, é interessante destacar que a partir desses casos específicos, a performance de homens negros passivos frente aos homens negros ativos em cena é bastante diminuta, assim como, o número de atores negros exclusivamente passivos frente aos atores brancos exclusivamente passivos. Além disso, atores negros que atuam como passivos, muitas vezes, se “auto classificam” como versáteis em cena, ou seja, são ativos e passivos em uma mesma cena, não destituindo, assim, a imagem relativa ao “negão” como o macho dominador e exclusivamente ativo.
Destacamos os trabalhos de dois atores negros que performatizam como passivos e vêm se colocando no mercado como negros passivos, embora se autodefinam como versáteis. Ao analisarmos a atuação de Vitor Guedes no filme “Negão comendo nerd”, pela produtora hotboys, o ator assume a postura de garoto, barbudo com boné de aba virada, desempenhando a performance do negão, macho, ativo e dominador. No entanto, este ator desestabiliza este modelo de negão quando atua em conjunto com Caio Negão no vídeo “Homens de Gravata”, quando ele vive o negro passivo. Contudo, é importante frisar que mesmo atuando como passivo, o ator busca reforçar o estereotipo de masculinidade afirmando diversas vezes em cena e na entrevista que é macho, afastando a ideia de fragilidade ou de feminilidade. Já em “Imperador do sexo” ele se relaciona com mais de 12 atores, de diferentes raças, à beira de uma piscina, revezando suas performances entre ativo e passivo. No entanto, em entrevista16, ele declarou não permitir que o seu ativo se apague, quando performatiza como passivo, para isso, torna-se violento, ou seja, ele “bate” no ativo e domina a cena do seu jeito. De fato, nessa cena, o ator performatiza controlando todas as performances, seja como ativo ou passivo. Contudo, o vídeo é finalizado com os atores ejaculando sobre o Imperador e de certa forma desconstruindo diferentes mitos que prevalecem sobre o homem negro na questão de gênero, sexualidade e pornografia (PINHO, 2016).
O ator acaba por apresentar uma performance móvel, transversa e fluida na qual ele se coloca como homem negro e versátil. Com isso, Vitor Guedes vem desconstruindo a imagem tão estereotipada do homem negro no mundo pornográfico. Recentemente, a partir da imagem construída como homem macho, negro, o ator em suas produções “amadoras” vem se identificando como negro e passivo, segundo ele, a pedido dos fãs. Contudo, se, por um lado, o ator assume todas as características representativas do “negão”, cisnormativo, ativo, violento e dominador, agora também se mostra como negro passivo. No entanto, sem perder as características ditas típicas do homem negro estereotipado. Em recente entrevista o ator declarou:
Apesar de fazer cena como passivo, eu quero estar dominando de todo jeito. A minha cena como ativo eu vou agir da mesma forma na minha cena como passivo, eu vou bater no ativo, para ficar do meu jeito (...) somente precisa tomar cuidado para não apagar o ativo. Tanto fazendo ativo como passivo eu quero é que a pessoa interaja”...17
A fala do ator pode reverberar os estereótipos que cercam o homem negro gay em cena como ativo. Para Guedes, é necessário preservar as características que forjam o “negão” ainda que sendo passivo em cena, ou seja, a visão do ator demonstra que é necessário manter a “postura de homem”, a virilidade, o uso da força ainda que esteja perfomando como passivo.
Já o ator capixaba Gustavo Ryder é dentre os outros o que acaba por buscar desconstruir estereótipos que possa prevalecer em relação a atores negros ao desempenhar diferentes performances como ativo ou passivo de forma extremamente natural. Em “Buraco hot 8”, o ator contracena exclusivamente como passivo em um cenário que sugere um lugar abandonado. Toda a cena se dá sem preservativos e o ator mostra disposição e prazer em poder servir como passivo, sem manifestar a preocupação em preservar o imaginário do macho negro como os três atores anteriores. Em boa parte de suas performances, o ator se apresenta como passivo e ativo, ou seja, o versátil em cena.
É preciso destacar que tanto Guedes como Ryder buscam fugir das imagens de controle (COLLINS, 2005) na medida em que buscam se descontruir da imagem do “negão” ou não-branco, por uma ótica que coloca homens negros univocamente como sujeitos ativos, dominadores e violentos. Se o primeiro ator ainda não conseguiu fugir por completo dessas imagens na medida em que, mesmo como passivo, se forja a partir da imagem do negão dominador, másculo, violento e normativo, o segundo não utiliza essa imagem do homem negro dominador, ativo e violento, seja atuando como ativo ou passivo.
No entanto, as imagens de controle acabam por apresentar armadilhas perigosas que revelam racismos e preconceitos muitas vezes ocultos ou manipulados. Ao pesquisar as múltiplas masculinidades negras no universo da pornografia gay, não encontramos nos vídeos das produtoras citadas homens trans negros18 ou bichas pretas e gays afeminados negros. A ausência de atores negros que atuem exclusivamente como passivos são reflexos do discurso naturalizado ao longo dos anos que define e dimensiona o papel do homem negro na sociedade a partir do falocentrismo (SILVA JUNIOR e BORGES, 2015) e, consequentemente, no nicho mercadológico da pornografia gay brasileira.
É importante destacar, ainda, as relações entre as performances de masculinidades negras e as exigências do mercado oficial. O ator negro Rafael Bolt enquanto fazia vídeos amadores ou produtores independentes com atores brancos, encenava o passivo afeminado, porém, quando foi contratado por uma produtora profissional, a hotboys, suas performances passaram a representar o negro/negao ativo, quando muito versátil. Com isso, observarmos até aqui, que as masculinidades negras dissidentes (bixas pretas, veados, trans, e gays passivos) acabam por, muitas vezes, realizar exclusivamente produções “amadoras” fora do nicho mercadológico.
A performance vendida com facilidade no mercado pornográfico do homem negro, ou o “negão”, acaba por refletir a sexualidade dos homens negros sobre os ideais da virilidade, da hipersexualização cisheteronormativa, assim como, constitui o homem negro exclusivamente como uma extensão da heterossexualidade. No que diz respeito ao negro passivo afeminado, cabe o não-lugar, o silenciamento e o apagamento tão constante nas produções pornográficas brasileiras. Conforme enfatiza Oliveira (2017), a negritude opera nas instancias da regulação, da homogeneização do negro, ela se apresenta como uma extensão da heterossexualidade, da mesma maneira que as sexualidades discordantes parecem exclusivas de pessoas brancas (OLIVEIRA, 2017, p. 31).
Assim como Oliveira (2017) destaca seu incomodo com o total silenciamento que circunscreve as masculinidades negras dissidentes, tal qual gays, veados, bixas pretas e travestis, entendemos que esse silêncio acaba refletindo no universo pornográfico no qual, muitas vezes, há total ausência dessas masculinidades negras nas produções profissionais. Neste sentido, Collins (2005) nos lembra que essas imagens de controle acabam se tornando um processo de manipulação para justificar a objetificação, a opressão, a violência sobre os corpos negros. Se no passado os homens negros escravizados assumiam aquilo que Achille Mbembe (2018) conceituou como um “corpo de extração” (MBEMBE, p.42), ou seja, um corpo inteiramente exposto aos desejos de um senhor e do qual todos se esforçam para obter o máximo de rendimento, essas imagens de controle na pornografia acabam por perpetuar essas extrações e explorações sobre o corpo negro.
Assim, para sobreviver no mercado da pornografia gay, o negro passivo acaba por assumir a versatilidade como permissão. Dessa forma, o homem negro, versátil (passivo), somente se forja na medida em que ele preserva as características de uma suposta “negritude própria” do corpo negro normativo, conforme declarou o ator Vitor Guedes em entrevista.
Para não concluirmos
A questão que permeou este texto foi como homens negros constroem e performam suas masculinidades no mercado de vídeos de pornografia gay. Nosso objetivo foi investigar em que medida as masculinidades negras, e suas performances na pornografia gay, estão circunspectas às imagens e aos discursos que configuram o homem negro como heterossexual, dominador e ativo. Para tal, buscamos analisar as performances de quatros atores negros reconhecidos e respeitados no mercado profissional.
Contudo, é relevante destacar que o tema masculinidades negras é muito amplo. Apoiado em outros estudos e pesquisas desenvolvidas por um dos autores (SILVA JUNIOR, 2017, entre outros) com adolescentes e homens negros moradores das periferias urbanas, podemos perceber que eles buscaram ressignificar e positivar aquilo que o pensamento colonial buscou animalizar construindo a imagem do negão. No entanto, com base nas mesmas pesquisas, esse modelo está sendo colocado em questão e as múltiplas possibilidades de se constituir as masculinidades negras estão buscando inteligibilidade.
Neste sentido, observamos que as masculinidades negras performadas na pornografia gay acabam por tensionar a imagem que prevalece sobre o homem negro, construída a partir do discurso do macho ativo dominador. Isso acontece na medida em que, atores negros não performatizam mais exclusivamente como ativos. Esses atores se permitem performar diferentes posicionamentos sexuais.
Todavia, prevalece, ainda hoje, as imagens de controle sobre o corpo negro entre as grandes produtoras e que estorvam as performances de negros passivos, bixas, ou transmasculinos negros. Ou seja, é a partir de binarismos primitivos que as imagens de controle encontram guarida e, se proliferam, na medida em que elas buscam justamente, perpetuar os discursos das diferenças, para justificar a opressão aos homens negros.
A performance de atores negros seja como ativo/passivo/versátil recai sempre na imagem do macho negro dominador, ainda que, esses atores atuem como passivos. Contudo, o mais jovem dos quatro atores apresentados (com público e seguidores similar aos demais) nos mostra que esse pensamento pode estar mudando, na medida em que realiza suas cenas sem a preocupação com estes estereótipos, fato que pode acenar para novas possibilidades no mercado profissional como gays afeminados, bichas pretas, homens trans negros. No entanto, a ausência dessas subjetividades negras no mercado pornográfico profissional, e por mais que homens negros realizem cenas como versáteis ou ativos liberais, levam o corpo negro a ainda estar preso ao imaginário heterocisnormativo que acaba por reforçar o machismo e o sexismo.
Desse modo, este estudo evidencia que pensar nessas imagens de controle e nas masculinidades negras dissidentes, a partir do corpo gay e negro, no mercado pornográfico brasileiro, é um exercício que pode nos ajudar a refletir sobre o poder do racismo estrutural, problemáticas e resistências, frente ao sexo (hardcore) - no mundo contemporâneo.
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Notas
Notas de autor