TERRITORIALIZAÇÕES DA BRINCADEIRA DE REISADO EM CARAÚBAS, (GRAÇA, CEARÁ)

TERRITORIALIZATIONS OF THE “REISADO” JOKING IN CARAÚBAS COMMUNITY (GRAÇA, CEARÁ)

TERRITORIALIZACIONES DEL JUEGO DE REISADO EN CARAÚBAS (GRAÇA/CE)

ANTONIO JARBAS BARROS DE MORAES
Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Brasil

TERRITORIALIZAÇÕES DA BRINCADEIRA DE REISADO EM CARAÚBAS, (GRAÇA, CEARÁ)

GEOSABERES: Revista de Estudos Geoeducacionais, vol. 9, núm. 19, 2018

Universidade Federal do Ceará

Recepção: 25 Abril 2018

Aprovação: 04 Agosto 2018

Resumo: Este trabalho apresenta uma abordagem baseadas nas experiências de pesquisa que aconteceram nas festas de reis de Caraúbas no município de Graça/CE em 2016 e 2017. Para tanto, selecionamos uma das seções do trabalho de dissertação, especificamente, sobre a territorialização da festa. Interpretamos experiências por meio de trabalho de campo que consistiu em acompanhamento, entrevistas e filmagens dos grupos de reisados. Adiantamos que a festa de reis desenvolve relações múltiplas e movimentos criados pelas pessoas que transformam e caracterizam o território móvel. A partir deste pressuposto mostramos que os interlocutores acionam diversas táticas para composição do território que permeiam relações econômicas, políticas, morais e culturais que merecem ser discutidas na Geografia.

Palavras-chave: Território, Festa de Reis, Cotidiano, Cultura.

Abstract: This research aims to show an approach based on the research experiences that took place in “Festa de Reis” (translated as “Festival of Kings”) of the community of Caraúbas, in Graça / CE in 2016 and 2017. Therefore, we selected one of the sections of the master’s degree dissertation, specifically, on the territorialization of the party . We interpreted experiences through fieldwork that consisted of follow-up, interviews and filming of the groups of “reisados”. We anticipate that the festival of kings develops multiple relationships and movements created by the people who transform and characterize the mobile territory. From this assumption we show that the interlocutors trigger diverse tactics for the composition of the territory that permeate economic, political, moral and cultural relations that deserve to be discussed in the Geography.

Keywords: Territory, Festival of Kings, Daily life, Culture.

Resumen: Este trabajo presenta un abordaje basada en las experiencias de pesquisa que sucedieron en las fiestas de reyes de Caraúbas en el municipio de Graça/CE en los años 2016 y 2017. Para tanto, seleccionamos una de las secciones del trabajo de disertación, específicamente, sobre la territorialización de la fiesta. Interpretamos las experiencias por medio de trabajo de campo que se constituyó em acompañamiento, entrevistas y filmajes de los grupos de “reisados”. Adelantamos que la fiesta de reyes desarrolla relaciones múltiplas y movimientos creados por las personas que transforman y caracteriza el territorio móvil. A partir de este presupuesto mostramos que los interlocutores accionan diversas táticas para composición del territorio que permean relaciones económicas, políticas, morales y culturales que merecen ser discutidas en la Geografía.

Palabras clave: Territorio, Fiesta de Reyes, Cotidiano, Cultura.

INTRODUÇÃO

O presente texto objetiva demonstrar reflexões teóricas, metodológicas e empíricas a respeito das festas de reis de Caraúbas no município de Graça/CE. Ademais um dos propósitos de nossa pesquisa, foi realizarmos leituras sobre o território em questão, tendo como foco aqui os entendimentos culturais dos grupos de reisados envolvidos na composição de territórios dinâmicos em constante transformação. Isto quer dizer que a pesquisa não é aquela que tenta explicar, usando a linguagem própria do campo em que atuamos, mas é uma interpretação da forma como os nossos interlocutores entendem suas estratégias e táticas na tentativa de consolidar um território próprio da festa de reis. Escolhemos Caraúbas em virtude da vivência que temos com a festa de reis nessa localidade. Podemos dizer que o período que antecede a festa, o tempo da festa e pós-festa na localidade são lócus de manifestações geográficas impregnados de experiências vividas.

É preponderante ressaltar que os reisados de Graça acontecem anualmente nos seis primeiros dias do ano. Geralmente, neste período, conta com apresentações, jantares e manifestações diversas em residências. A divisão do reisado apresenta uma família formada por um casal de Velhinhos (o velho e a velha) o velho se veste com calça, camiseta, paletó, com uma máscara de couro, porta uma bengala de madeira e alpercatas ou “apragatas” do mesmo material da máscara que emitem estalos nas apresentações que são comuns para os outros personagens. Além de serem considerados criadores de animais, dividem os filhos por profissão. A profissão de Caretas (mascarados) ou “costela de boi” são cinco deles que vestem calça, camisa de mangas compridas com cores diferentes, como por exemplo, camisa azul e calça branca, faixa para amarrar a camisa na altura da cintura. A faixa tem a cor da calça ou qualquer outra cor que não seja a mesma da camisa para a roupa não ficar homogênea, máscara de pano, chapéu ou “quepe” semelhante ao “quepe” usados por “marinheiros.” É necessário, porém, antes de qualquer coisa, elucidar que não queremos fazer classificações que generalizam e diz que o reisado é imutável, afinal sua diversidade (des)transforma continuamente sua própria estrutura criativa. E as variações ditas significam a prática pelo território.

Entendemos que as festas são ações coletivas que dinamizam e configuram os territórios. Segundo Deleuze e Guattari (1997), o território se dá a partir da noção de multiplicidades coletivas de significação que se desenvolve pelos sujeitos e nas coisas do seu entorno. A composição destas relações nem sempre são harmônicas. Existem tensões, muitas vezes sutis que carecem de atenção por parte do pesquisador. Para abordar essa temática trataremos de aspectos metodológicos gerais da pesquisa, dos resultados e das discussões, enfatizando narrativas que embasam interpretações reapresentando anseios e aberturas para outras reflexões.

Mas também lembramos que para essa discussão, em especifico, realizamos uma breve interpretação sobre a propagação da festa de reis a partir de práticas vivenciadas pelo pesquisador e das narrativas contadas pelos pesquisados a partir de experiências compartilhadas com os interlocutores, na maioria das vezes mediadas pela presença de uma filmadora na mão. Em outros trabalhos enfatizamos a importância do filme para nossa pesquisa.

Essa compreensão é também fundamentada em uma perspectiva de território móvel, uma concepção de poder transportada de um lugar a outro, uma mobilidade de poder simbólico que está constantemente ocorrendo, portadora de particularidades que dizem respeito ao desenvolvimento do território humano, encarado, como uma forma de controle de ação. É uma mobilidade de engendramento de práticas, símbolos e significados matérias e imateriais (CORRÊA, 2004).

Claval (2010) atenta para a importância dada às práticas humanas, as diversidades de saberes, desejos e aspirações. Essa demanda também deve levar em conta todas as sociedades, suas diversidades, em diferentes graus e representações. Os saberes produzidos nas práticas cotidianas permitem que as pessoas criem sentidos e orientações espaciais, que se tornam elementos indispensáveis para os indivíduos engendrarem conhecimento do lugar e dos seus territórios. Nos termos de Geertz (2008) o pesquisador precisa interpretar a experiência do trabalho de campo levando em conta a vida do homem e o meio, a interpretar significados e práticas sociais que lhe são inerentes, entendendo que estas são plurais, pouco estáveis, mutantes e construídas no contexto de relações de poder e conflito.

Nas palavras de Jeanne Favret-Saada a experiência é "uma dimensão central do trabalho de campo (a modalidade de ser afetado)" em que “ser afetado” está relacionado às experiências de habitar no lugar dos outros, em uma localidade, aldeias e outros (FAVRET-SAADA, 2005, p. 154). Todavia, no nosso caso o afeto não se trata, puramente, em manter vínculos com as pessoas com as quais pesquisamos, tampouco de assumir o lugar delas em suas moradas, porém se experimenta através de participações efetivas no cotidiano da festa de reis.

Moraes e Freitas (2017b) compreendem que o cotidiano é marcado por tempos fluidos e múltiplos. Existe o tempo do trabalho, das refeições, dentre outros, mas são organizados de formas diversas, criativas e contextuais. O “tempo da festa” compõe um desses tempos cotidianos criativos, tendo suas particularidades no que se refere ao que é permitido ou não fazer. Algumas pessoas esperam ansiosas por esse tempo e comentam sobre as possibilidades existentes. Se preparam, se organizam, se mobilizam de diferentes formas, envolvendo diferentes sujeitos para o acontecimento. Esse parece ser o principal motivo de alguns verem a festa como um tempo outro, fora da cotidianidade, o que aqui não é o caso. Como nos outros “tempos”, a festa resguarda especificidades e expectativas.

A cultura, como uma recriação de experiências vividas, possibilita interpretações de dentro dos casos. As culturas também são contextos sociais para estudos. É umas das razões pelas quais, trabalhar vivências, serve para estudar significados dos lugares e não o lugar (CERTEAU, 1996). “Para ler e escrever a cultura ordinária, é mister reaprender operações comuns e fazer da análise uma variante de seu objeto” (CERTEAU, 1996, p.35). Os seus significados podem estar ancorados nas ideias de heranças e tradições, mas também voltados para criatividade da vida nos lugares.

Em outro trabalho discutimos a “casa do tirador” ou casa do responsável pelo reisado que foi elemento empírico como ponto de partida para as reflexões teóricas e metodológicas. Entendemos que a casa do tirador está atrelada a uma série de dinâmicas culturais. A mobilidade e fixação ou movimento de territorialização da/na casa do tirador cria um série de práticas e significados (MORAES.; FREITAS, 2017a). Além disso, a “casa do capitão” ou residências de pessoas que recebem os reisados para apresentações já fora usado para se interpretar multiplicidades de dinâmicas criativas e significados dos lugares com enfoque para o sagrado e suas relações com o território (MORAES.; FREITAS, 2017b).

Para além do trabalho de revisão bibliográfica, realizamos uma etapa de acompanhamento dos reisados em Graça-CE no ano 2016; outra de conversas com moradores, entrevistas e filmagens das apresentações dos reisados na referida comunidades em 2017. Logo após o material levantado em campo, os registros em vídeo, fotografia e entrevistas transcritas, foram organizados para serem fontes recorrentes da pesquisa. Esses aspectos metodológicos orientam nossos objetivos. Com isso, corroborar com estudos geográficos sobre demandas culturais das festas de reis que levam em consideração práticas cotidianas e significados como ponto de partida reflexivo.

ESTRATÉGIAS DE TERRITORIALIZAÇÕES NA BRINCADEIRA DE REISADO

Os interlocutores que ratificam as reflexões deste artigo são José Evaldo do Nascimento (2017), Jose Ivan Melo (2017), Adriano Gomes do Nascimento (2017) [1]. Além disso, consideramos algumas dimensões do território que se realizam no cotidiano da festa com expressões particularidades, locais e do mundo. Jose Ivan Melo é morador da localidade de Maracajá em Graça, seu personagem é a velha do reisado. O grupo de reisado o qual ele pertence é da localidade de Extremas de Santa Luzia. É importante esclarecer que embora o brincante esteja em um grupo de reisado em um ano, ele tem plena liberdade de ir para outro. Ainda que o grupo de reisado esteja bastante tempo juntos, seus integrantes não são fixos.

O Adriano Nascimento (2017) é morador da localidade de Maracajá. Junto com seu irmão e o pai José Nascimento (2017) foram os tiradores do reisado de Caraúbas no ano de 2017. Os cinco dias de reisado aconteceram na referida localidade, mas a matança do boi e a “festa dançante” em Caraúbas, como mesmo diz o José Nascimento (2017):

Não é hoje nem um mês que nos contratamos não tá desde um ano. O rapaz veio aqui que tirou ano passado na Caraúbas na mesma onde vou realizar a festa ai ele veio, dei uma janta a ele pedi para fazer minha promessa lá também [...] (NASCIMENTO, José, (depoimento), 2017).

Gerson Sousa, também é nosso interlocutor, é pessoa referida na fala. A parceria foi firmada para o reisado acontecer em Caraúbas, porém a comodidade do local em que o grupo se hospedaria não tinha estrutura eficaz para seis dias. Daí mudaram para a própria residência em Maracajá a fim de oferecer maior atenção e infraestrutura, local para dormir, para banho e alimentação. Adriano Nascimento (2017) tem um papel importante no gerenciamento das ações do reisado desde intermediações com circunvizinhanças para possíveis apresentações até dirigir um dos carros que lhes conduzia às brincadeiras. Fala-se de brincar porque as visitas de reisados são chamadas de brincadeiras, não “folias de reis” como normalmente acontecem em outras cidades do Brasil (BRANDÃO, 2010).

A chegada de novos integrantes e o uso de celulares para filmar desponta a necessidade de ressignificar atuações, principalmente, porque a vasta quantidade de informações circula rapidamente entre pessoas. Os termos do interlocutor José Melo (2017) constituem seu envolvimento para com a profissão de velha, ao mencionar que:

Eu tento renovar porque hoje em dia está muito moderno você ver que de primeiro era difícil você ver um celular, não existia o celular, hoje em dia toda criança tem um celular na mão gravando ai se eu disse alguma coisa como bem digo a do ano passado nesse ano todo mundo vai dizer é a velha que estava brincando porque logo uma a primeira entrada do ano passado [...] (MELO, (depoimento), 2017).

Refere-se o cuidado que se deve tomar com recursos usados no reisado para não ficar repetitivo. Porque sendo repetitivo se torna enfadonho ou pouco aceitável pelo público. Para agradar é preciso ser diferente na roupa, nas saudações e poemas. Para ele, é preciso renovar para não aparecer feio em público. Compreendemos que, esse tempo de mudança das técnicas na sociedade, posto na narrativa, permite ligeiramente atitudes online (Transmissão ao vivo, compartilhamento de videio, entre outras) que expressam desejos de estarem presentes na festividade. Outro elemento a se destacar é o fato de que uma apreciação via compartilhamento e curtidas nas redes sociais reforçam sentidos do reisado e memória partilhada via comentários. Esse cuidado remente a criticas, tais como: no seu discurso coloca “é a velha que estava brincando logo com uma a primeira entrada do ano passado [...]”. Essa possível critica não é porque a mesma pessoa do ano anterior está interpretando a personagem velha, mas porque se um personagem repete trajes, poesias ou versos é margem para julgamentos negativos.

O Adriano Nascimento (2017), comenta que:

[...] hoje enquanto nos temos, varias posso dizer assim, competições internas, de celular e da TV tentando tirar atenção dos jovens até mesmo do adulto, eles acabam deixando de lado a cultura, então é interessante a gente tá propagando essa cultura para não morre (NASCIMENTO, Adriano, (depoimento), 2017).

Neste sentido, o depoimento de Adriano Nascimento (2017), demostra suas inquietações no âmbito da brincadeira. A partir de uma lógica estabelecida pelos meios de comunicação, “celular e TV”, segrega a atenção dos jovens e adultos, consequentemente, a cultura. Conforme afirma Adriano Nascimento (2017), a cultura pode ter profundos significados se propagada pelo grupo que faz parte já que poucos têm interesse. Seu interesse leva a crer que a cultura poderia ser difundida se tiver atenção dos jovens ou até morrer na ausência desse fator. De acordo com essa lógica a cultura seria gestada pela propagação realizada no plano do vivido. Porém esse vivido corresponde àqueles que participam do “tiramento” do reisado [2].

No que tange aos meios de propagação ou divulgação da festa, discutimos hipermobilidade. Rosendahl (2014), usa esse conceito para abordar temporalidades do espaço. No caso da autora é uma epistemologia ligada ao sagrado, e aos tempos integrados reconhecendo práticas ligadas à religião como sistema de significações. Amparado em Lipovetsky e Serroy (2011), a mesma autora compreende que a tecnologia possibilita contato rápido marcado pela sociedade em busca de um “Self”, ou seja, uma participação individual em práticas sem presença direta, a participação das pessoas aqui acontece via redes sociais. Não afirmamos que uma propagação “boca-a-boca” tenha sido extinta, pois ainda acontece pelos próprios personagens nas suas brincadeiras e poesias ou pelos acompanhantes e admiradores que assistem vários reisados para no final escolher qual deles vai ser agraciado com sua presença. Porém, esses não são os únicos meios de comunicação responsáveis por divulgar e propagar a festa que, pelo espaço, elabora disputas e conflitos que se reflete nos lugares. Sobre a rápida mobilidade Lipovetsky e Serroy (2011, p. 12) afirmam:

O mundo hipermoderno, tal como se apresenta hoje, organiza‑se em torno de quatro polos estruturantes que desenham a fisionomia dos novos tempos. Essas axiomáticas são: o hipercapitalismo, força motriz da globalização financeira; a hipertecnicização, grau superlativo da universalidade técnica moderna; o hiperindividualismo, concretizando a espiral do átomo individual daí em diante desprendido das coerções comunitárias à antiga; o hiperconsumo, forma hipertrofiada e exponencial do hedonismo mercantil. Essas lógicas em constantes interações compõem um universo dominado pela tecnicização universalista, a desterritorialização acelerada e uma crescente comercialização planetarizada. É nessas condições que a época vê triunfar uma cultura globalizada ou globalista, uma cultura sem fronteiras cujo objetivo não é outro senão uma sociedade universal de consumidores (LIPOVETSKY; SERROY 2011, p. 12).

Para Lipovetsky e Serroy (2011) a técnica e o econômico são paulatinamente elaborados pela lógica capitalista com grandezas universais. Em seus processos globais não produzem apenas um mundo “social-material”, criam uma cultura, um mundo de símbolos, de significações, práticas e de imaginário social que em sua particularidade se tornar global. Não seria, dessa forma, falar de uma cultura-mundo apenas baseada em trocas de mercados de em escala internacional ou em virtude da erosão de fronteiras geográficas, mas também considerar que esse processo é desregular e global com rebatimento em todas esferas da vida social e individual.

A hipermobilidade é associada às transformações ligeiras da sociedade, principalmente do século XXI, marcadas pela tecnificação das ações dos indivíduos das suas visões de mundo (ROSENDAHL, 2014). No ver de Milton Santos (2006), a hipermobilidade não quer dizer que seja só mundial, pois a internacionalização com mutabilidade transpõe fronteiras nacionais e suas contradições criam expansão da tecnologia que surte efeitos nos sujeitos através da técnica que forja complexa dialética de conexões com o mundo. Quer dizer, se deve em particular ao meio técnico-cientifico-informacional, ou seja, o avanço acelerado da informação e a comunicação que no século XXI interliga grupos por laços com extrema rapidez impulsionando a velocidade das notícias sobre modos de vidas e tantas outras. O lugar nessa concepção é um “recorte do territorial significado pela ação humana e por outros lugares” (SANTOS, 2006).

Santos (2006) mostra que:

No lugar - um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas e instituições - cooperação e conflito são a base da vida em comum. Porque cada qual exerce uma ação própria, a vida social se individualiza; e porque a contiguidade é criadora de comunhão, a política se territorializa, com o confronto entre organização e espontaneidade. O lugar é o quadro de uma referência pragmática ao mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condicionadas, mas é também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade (SANTOS, 2006, p.218).

Santos (2005) enfatiza ainda a esse respeito “o lugar que oferece ao movimento do mundo a possibilidade de sua realização mais eficaz. Para se tornar espaço, o mundo depende das virtualidades do lugar” (SANTOS, 2005, p. 158). Na interpretação do autor, dinâmica que parte do lugar para o mundo, soma aspectos sociais e econômicos e diz respeito o desenvolvimento do espaço com chance de encurtar distância, homogeneizar aspectos culturais e criar relações internacionais inteiradas em tempo real.

No fundo, devemos dizer ao mesmo tempo em que “muda o mundo e, ao mesmo tempo, mudam os lugares. O lugar, aliás, define-se como funcionalização do mundo e é por ele que o mundo é percebido empiricamente” (SANTOS, 2005, p. 158). O território engloba as dinâmicas dos lugares seja elas econômicas e/ou culturais, influenciadas e (re)criadas pelas vivências significativas, sempre tomadas como construção social para tentar por ordem no cotidiano e nas práticas nele contidas.

Esta reflexão de Santos é complementar às observações de Appadurai (2004). Appadurai (2004) também critica uma versão da globalização que pensa a aldeia global. Ele informa outros movimentos complementares que repercutem no contrário: a valorização do lugar. Entretanto, este lugar não é mais ancorado na ideia de estado-nação. É possível ser um indiano morando no Brasil, por exemplo, mas não deixa de valorizar seu lugar.

Para Appadurai (2004) não podemos simplificar imaginando que o global está para o espaço como o moderno está para o tempo. Para muitas sociedades, a modernidade é um alhures, tal como o global é uma vaga temporal que elas têm que conhecer no seu presente. A globalização estreitou a distância entre elites, deslocou relações essenciais entre produtores e consumidores, quebrou muitos laços entre o trabalho e a vida familiar, obscureceu as linhagens entre locais temporários e vínculos nacionais imaginários. A modernidade parece agora mais prática e menos pedagógica, mais experimental e menos disciplinar do que nos anos cinquenta e sessenta. Uma ideia também pautada na filosofia de Deleuze e Guattari em que o mundo hoje é rizomático (DELEUZE; GUATTARI, 1997) dotado de uma esquizofrenia que cobra ainda mais dos pensadores reflexões desenraizadas.

Concordamos com as indicações de Appadurai (2004), pois assim, a visão de mundo comporta fluxos globais disjuntivos que talvez sejam importantes para se começar a entendê-los como fluxos e incertezas, logo, caos, fugindo, sem abandonar completamente, as velhas imagens de ordem, estabilidade e sistemacidade. Isso quer dizer que este mundo não cria replicantes como se pensava na ideia de aldeia global, mas estimula a imaginação e fragmenta mais ainda as supostas "identidades" sólidas. O que uma nova espécie de abordagem pode fazer é captar o impacto da desterritorialização sobre os recursos imaginativos das experiências locais vividas.

Algumas dessas articulações, na festa, são impulsionadas por meio de comunicação. No dizer de Carlos (2007, p. 21):

As comunicações diminuem as distâncias tornando o fluxo de informações contínuo e ininterrupto; com isso, cada vez mais o local se constitui na sua relação com o mundial. Nesse novo contexto o lugar se redefine pelo estabelecimento e/ou aprofundamento de suas relações numa rede de lugares. A primeira consequência é a necessidade de se relativizar a ideia de situação. É evidente que o lugar se define, inicialmente, como a identidade histórica que liga o homem ao local onde se processa a vida, mas cada vez mais a “situação“ se vê influenciada, determinada, ou mesmo ameaçada, pelas relações do lugar com um espaço mais amplo (CARLOS, 2007, p. 21).

Carlos (2007) define essa concepção conforme a rapidez dos veículos de comunicação que ampliam a informação para variados ambientes. A autora lança um problema necessário para repensar a identidade do lugar que é construída no plano do mundial e faz com que, cada vez mais esta identidade seja compartilhada para além dos limites físicos do lugar. Toda essa dinâmica cria uma situação de “trama relativa das relações que ele estabelece com os outros lugares no processo em curso de globalização que altera a situação dos lugares porque relativiza o sentido da localização” (CARLOS, 2007, p. 21), o lugar é produzido nas articulações contraditórias com o mundo. Algumas dessas articulações, na festa, são impulsionadas por meio de comunicação, a saber: o fluxo de pessoas, a internet, a fala, faixa, cartaz e rádio.

Os fluxos de pessoas para o local da brincadeira são intensos, principalmente, dos personagens, motociclistas devotos e admiradores. Os personagens não residem na mesma localidade onde acontece a brincadeira, por serem de outras, muitas vezes, fazem o percurso de ir e vir diariamente. O entrar e sair das pessoas no território colabora com a expansividade da festa.

Já o uso da internet atualmente é uma nova maneira de ver e viver uma realidade virtual por meio de aparelhos portáteis que permitem desvelar valores, gestos e manifestações plurais de culturas materiais e imateriais. Diante dos referidos veículos de mídia, a internet comunica acontecimentos entre pessoas que vivem em diferentes locais do mundo. As imagens em rede circulam rapidamente em contato direto e diário em vastas áreas. Essa propagação na medida em que é compartilhada pelos veículos de mídia referidos, é uma maneira de experimentar a festa de reis por aqueles que conhecem ou já conviveram com a prática cultural.

Destacamos a internet pelos demasiados compartilhamentos de folders nas redes sociais, vídeos curtos pelo snapchat, YouTube e pelo facebook. Além dos vídeos amadores, postados nas redes sociais, feitos em smartphones e em iphone, tem aqueles editados para divulgações, para DVD que são vendidos na própria localidade e na circunvizinhança e a interação por transmissões ao vivo e que estabelecem relações simbólicas através de comentários. Os sujeitos contribuem de muitas maneiras para propagação cultural pelos meios comunicacionais, isso é estabelecido pelas relações coletivas-online no âmbito global, o nacional e local, os quais assumem o papel de disseminar e compactuar com outras culturas.

De fato, a internet trouxe novas significações na maneira de ver e viver a festas de reis, sobretudo, identificados nas praxes instigadas pelas tecnologias, reconhecendo aglomerados de conceituações pelos sujeitos, expansivas, no qual a prática é associada a uma territorialização ininterrupta plural. Outro problema que revigora é a abrangência que não mais condiz com o “real” local, pois para além de limites territoriais da área do local, municipais e outras localidades circunvizinhas, há circulação global-local de trocas experiências, já que pôsteres e vídeos compartilhados podem ser acessados em qualquer local do mundo que tenham acesso à internet. Essa porosidade das fronteiras do território divulga aspectos que elaboram um fluxo permanente de informação.

Para Bakhtin (2003), comunicação acontece de variadas formas e gêneros do discurso, falar e escrever, que nos são dadas em nosso convívio, desde domínio mais informal a formal, moldadas pela interação entre sujeitos e usos. Em Bakhtin (2003), cada discurso é composto de vários discursos que podem ser falados ou escritos. Pressupõe-se um ato de comunicação social através destas linguagens. A interatividade entre sujeitos através da fala se refere a enunciados que comunica discursos proferidos na interação social. Cumpre salientar de um modo especial que a heterogeneidade dos gêneros do discurso (orais e escritos) diversifica diálogos no cotidiano da festa e que este pode se apresentar conforme os temas e as situações praticadas pelos personagens do reisado. E é também exposição dos sujeitos e seus contatos que podem gerar problemáticas como meio de significação das suas expressões.

Outra forma de difusão festiva pela paisagem do município de Graça são faixas e cartazes. As faixas são fixadas em postes, árvores e em cercas. Normalmente, são convites que destacam nomes de bandas, localização dos festejos e ofertas de serviços como os de balneários e restaurantes. É interessante sublinhar que faixas de diferentes festas dividem o mesmo local, ocasionando uma certa disputa. O texto presente nas faixas é normalmente voltado a uma tradição festiva, como em “Tradicional festa de reis de Caraúbas” ou “Tradicional festa de reis de Pirituba”. O apelo a uma maior amplitude no tempo (tradição) ajuda numa maior amplitude do território. Ganhar fama fora do seu lugar reforça o vínculo com o lugar, pois traz reconhecimento social e prestígio. Esse material é exposto próximo a rodovias, especialmente em bifurcações que interligam cidades e/ou povoados. A faixa é confeccionada de náilon, faixas com textos transcritos artesanalmente, com letras feitas com auxílio de formas e tintas para madeira ou a spray. Nelas, há apenas o convite, data e a localização do local da festa. Mas há também faixas de lona brilho, que são confeccionadas normalmente em gráficas, com a ajuda de softwares de edição. Estas têm um maior detalhamento, além das informações citadas aqui anteriormente. Nelas, há pôster editado com imagem dos cantores das bandas, do lugar do evento e com telefone para contato. Mas também, em raras exceções, podem ser classificados de outdoors. Raras porque pouco se vê esse tipo de recurso. Quando tem, não tem atualizações nas estruturas e nem no pôster, servindo apenas para estender faixas. Esse tipo de confecção também vale para cartazes, que são expostos em bares, muros e paredes de residências. A seguir cartaz ilustrado respectivamente nas Figuras (1 e 2):

Figuras
1 e 2 - Cartazes da festa de reis de Caraúbas, 2016 e 2017
Figuras 1 e 2 - Cartazes da festa de reis de Caraúbas, 2016 e 2017
Fonte: Facebook de Antônio Gerson de Sousa.

Nas imagens, percebe-se que os textos dos materiais de divulgação sustentam uma ideia de tradição arraigada ao acontecimento anual do evento. Hobsbawm e Ranger (1984) apresentam uma reflexão sobre “tradição inventada”. A tradição inventada consiste em um conjunto de práticas que visam anunciar certos valores e normas comportamentais que determinam uma continuidade em relação ao passado. Nesse aspecto, a tradição inventada seria a inserção de modificações impostas ao longo do tempo, alterando desta forma, sua originalidade. Por “tradição inventada”,

Entende-se um conjunto de práticas, normalmente reguladas por regras tácita ou abertamente aceitas; tais práticas, de natureza ritual ou simbólica, visam inculcar certos valores e normas de comportamento através da repetição, o que implica, automaticamente; uma continuidade em relação ao passado. Aliás, sempre que possível, tenta-se estabelecer continuidade com um passado histórico apropriado (HOBSBAWM; RANGER 1984, p. 10)

Segundo o contexto de Hobsbawm e Ranger (1984) a tradição tem referência a um passado histórico, mas caracteriza-se por estabelecer uma continuidade que é inventada. As constantes mudanças e inovações do mundo moderno engendram um fluxo continuo de renovação das tradições (HOBSBAWM; RANGER, 1984). Entretanto, Freitas (2005) lembra que o conceito de tradição inventada é redundante porque toda tradição passar por invenções. Então a questão primordial é entender como ela é utilizada pelos agentes sociais que a compõe.

A tradição referida no texto dos cartazes é rementida pelos nomes das bandas de forró e da localidade onde as festas ocorrem. Nesse sentido, a divulgação aclama a melhor festa dançante por meio dos nomes das bandas. A preocupação intensiva com a divulgação também tem relação com o fato de a festa divulgada não ser única no município. Se houver duas festas de reis em locais diferentes, prestigia-se uma ou outra. Dessa forma, divulgar é um mecanismo para demostrar e destacar serviços que o local de ocorrência da festa oferece, a exemplo de bares, piscinas e até hospedagem. A propaganda acende uma disputa territorial que estabelece relações multitensionais entre festas de reis, não se limitando ao que se refere à festa em si. Ou seja, acabam se destacando os serviços e outros atrativos que não são do reisado exclusivamente. A festa é acrescida de recursos diversos que atraem o consumo de bens e serviços, mas também do lugar.

Todavia, se porventura tiver uma festa “com banda boa” e outra não, certamente essa com banda de destaque pode ter maior público. No entanto, quantificar não é a nossa intenção, posto que essa é uma questão de prolongação do tempo da festa de reis, que traduz multiplicidades coletivas de significação que se desenvolvem pelos sujeitos e nas coisas do seu entorno. É também expressão de uma cartografia do desejo. Esse desejo diz respeito ao movimento de territorialização, desterritorialização e reterritorialização que corresponde ao processo de produção das relações sociais que desmancham e produzem novos territórios.

Ademais, as estações de rádio comunitária de Graça também disseminam a festa. Propagandas compartilhadas diariamente, com trecho de músicas e convites dos próprios cantores, reforçam significados e memórias festivas ao longo de vários meses. Sons automotivos transitam lentamente pelas localidades com anúncios. É importante frisar que esses anúncios são voltados para a festa dançante e é um argumento para afirmar que a festa de reis não é só de reis. Aliás, toda festa carrega com ela muitas práticas e relações do que se define como supostamente exclusivo. Todavia, ainda que o reisado não apareça com proporção similar nas propagandas, ambos – quem aparece e quem não aparece – são agentes que constituem a manifestação por intermédio de “elos afetivos” entre pessoas e os ambientes (nas casas dos capitães e do tirador) (TUAN, 1980, p. 107). O reisado é, assim, aberto a diferentes interpretações e seus significados podem ser recriados e apropriados por instituições, grupos com motivações e práticas distintas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossos estudos sobre as festas de reis na comunidade de Caraúbas município de Graça, nos fez perceber que nessa localidade a festa se repete a muitos anos criando e recriando dinâmicas territoriais. Elas foram aqui tratadas enquanto manifestações culturais capazes de criar múltiplas práticas culturais no cotidiano do território. A metodologia usada permitiu-nos refletir sobre nossa experiência e ainda levantar discussões geográficas. Para isso, faz-se necessário que o pesquisador elabore situações metodológicas criativas que lhe faça questionar as implicações geográficas presentes no território que está inserido.

Os movimentados de transformações criados pelos reisados na cidade de Graça não se sabe ao certo quando iniciou ou pouco nos interessa sua origem, mas estão sendo acompanhados pelo o pesquisador articulistas desde 2011, embora no começo seja apenas por admirar a rotina folclórica “fora dos casos”. Entretanto, nessa pesquisa estamos de acordo com questões que entende as pessoas no cotidiano em festa. É, em questões dessa magnitude, que interpretamos a festas sob a ótica nossa e dos outros, das pessoas que vivenciam o ano inteiro no cotidiano e a percebem para além dos períodos que culminam. Então experiências promoveram interpretações de “dentro dos casos” considerando relações sociais que caracterizam e demostram dinâmicas territoriais.

Referências

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Notas

1 DEPOIMENTOS

NASCIMENTO, José Evaldo do. (depoimento, 2017). Graça – Ceará, Laboratório de Memórias e Práticas Cotidianas. Universidade Estadual Vale do Acaraú, Departamento de Ciências Sociais.

NASCIMENTO, Adriano Gomes do. (depoimento, 2017). Graça – Ceará, Laboratório de Memórias e Práticas Cotidianas. Universidade Estadual Vale do Acaraú, Departamento de Ciências Sociais.

MELO, Jose Ivan. (depoimento, 2017). Graça – Ceará, Laboratório de Memórias e Práticas Cotidianas. Universidade Estadual Vale do Acaraú, Departamento de Ciências Sociais.

2 O tiramento do reisado é um processo que envolve uma série de fatores de ordem social. Um deles é o motivo que está atrelado a alguma crença em santos – nesse caso, santos reis do Oriente. Essa promessa movimenta um público envolvido, responsáveis, personagens, admiradores e devotos. Essa prática cultural cria várias outras manifestações que significam a cultura e elaboram uma dinâmica territorializada no cotidiano que não cabe mais tratar de uma oficialização.
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