O livro didático e a sua influência na formação dos discentes da educação básica de escolas públicas

The schoolbook and its influence on the training of the students of the basic education of public schools

El libro didáctico y su influencia en la formación de los alumnos de la educación básica de escuelas públicas

Aldayr de Oliveira Monteiro
Instituto Federal do Ceará (IFCE), Brasil
Sandro César Silveira Jucá
Instituto Federal do Ceará (IFCE), Brasil
Solonildo Almeida da Silva
Instituto Federal do Ceará (IFCE), Brasil

O livro didático e a sua influência na formação dos discentes da educação básica de escolas públicas

Research, Society and Development, vol. 8, núm. 1, pp. 01-11, 2019

Universidade Federal de Itajubá

Recepção: 24 Setembro 2018

Revised: 18 Outubro 2018

Aprovação: 12 Dezembro 2018

Publicado: 18 Dezembro 2018

Resumo: Esse artigo tem como objetivo dissertar sobre a influência que o livro didático de geografia exerce sobre a formação dos alunos de escola pública brasileira, pois o papel que esse material didático exerce sobre o ensino e a aprendizagem nos alunos da educação básica é muito intenso e notório. Devido a essa influência desse material didático em nossos jovens, torna-se urgente verificar a importância que os mesmos ocasionam na formação dos alunos, uma vez que o livro como mercadoria e reprodutor de ideologias discursivas, reforça estereótipos e a negação de culturas e a exacerbação de outras. Percebe-se essa tendência de valorização da cultura hegemônicas através principalmente dos livros de geografia. o professor deve usar o livro didático como mais um suporte de ensino, sempre tentando diversificar os materiais didáticos, valorizando os livros que trabalhem os aspectos contextualizados de cada município, uma vez que livros com situações mais próximas dos alunos fortalecem as identidades locais, se identificando, portanto, com o lugar e despertando assim sensações e sentimentos de familiaridade. O docente de geografia como facilitador da aprendizagem no processo de ensino-aprendizagem tem papel fundamental, uma vez que ele é quem em última instância escolhe o livro que vai trabalhar nas salas de aula das escolas públicas. Alunos críticos e questionadores da realidade só podem promover uma ação política se forem estimulados a despertar o lado questionador, através da sua formação estudantil e o livro didático faz parte de uma composição maior na formação dos discentes.

Palavras-chave: livros didáticos, educação transformadora, senso crítico.

Abstract: The role that the textbook plays on teaching and learning in basic education students is very intense and notorious. Due to this influence of this didactic material on our Young people, it becomes urgent to verify the importance they cause in the formation of the students, since the book as a commodity and reproducer of discursive ideologies reinforce stereotypes and the denial of cultures and the exacerbation of others. This trend of appreciation of the hegemonic culture can be seen mainly through the books of geography. The teacher should use the textbook as another teaching aid, always trying to diversify the didactic materials, valuing the books that work the local aspects of each municipality, since books with situations closer to the students, strengthen local identities, thus identifying with the place and thus awakening sensations and feelings of familiarity. The teacher of geography as a facilitator of learning in the teaching-learning process plays a fundamental role, since he is the one who ultimately chooses the book that will work in the public school classrooms. Critical students and questioners of reality can only promote political action if they are stimulated to awaken the questioning side through their student training and the textbook is part of a larger composition in the formation of the students.

Keywords: schoolbooks, transformative education, critical sense.

Resumen: Este artículo tiene como objetivo disertar sobre la influencia que el libro didáctico de geografía ejerce sobre la formación de los alumnos de escuela pública brasileña, pues el papel que ese material didáctico ejerce sobre la enseñanza y el aprendizaje en los alumnos de la educación básica es muy intenso y notorio . Debido a esa influencia de ese material didáctico en nuestros jóvenes, se vuelve urgente verificar la importancia que los mismos ocasionan en la formación de los alumnos, una vez que el libro como mercancía y reproductor de ideologías discursivas, refuerza estereotipos y la negación de cultivos y la exacerbación de otras. Se percibe esta tendencia de valorización de la cultura hegemónica a través principalmente de los libros de geografía. el profesor debe usar el libro didáctico como un soporte de enseñanza, siempre intentando diversificar los materiales didácticos, valorizando los libros que trabajen los aspectos contextualizados de cada municipio, ya que los libros con situaciones más cercanas a los alumnos fortalecen las identidades locales, identificándose por lo tanto, con el lugar y despertando así sensaciones y sentimientos de familiaridad. El docente de geografía como facilitador del aprendizaje en el proceso de enseñanza-aprendizaje tiene un papel fundamental, ya que él es quien en última instancia escoge el libro que va a trabajar en las aulas de las escuelas públicas. Los alumnos críticos y cuestionadores de la realidad sólo pueden promover una acción política si se estimulan a despertar el lado cuestionador a través de su formación estudiantil y el libro didáctico forma parte de una composición mayor en la formación de los alumnos.

Palabras clave: libros de texto, educación transformadora, el pensamiento crítico.

1. Introdução

O livro didático de geografia é uma poderosa ferramenta pedagógica utilizada pelos professores no processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos geográficos, principalmente nas escolas públicas do Brasil, o que ressalta a importância de coleções bem estruturadas e com grau de qualidade elevada e bem diversificada.

Esse artigo tem como objetivo dissertar sobre a influência que o livro didático de geografia exerce sobre a formação dos alunos das escolas públicas do Brasil. O professor é o principal profissional responsável em fazer a mediação do conhecimento para o aluno, através do livro didático. Esse processo deveria se dá através da dialogicidade, mas na prática a realidade na maioria das escolas é bem diferente. Diversas são as causas que propiciam o desenvolvimento de professores acrítico dentro da sala de aula como um mero repassador de conteúdos e enxergando o Aluno como um objeto vazio sem experiências. A educação freiriana prega que a educação problematizadora deve:

Está fundamentada sobre a criatividade e estimula uma ação e uma reflexão verdadeiras sobre a realidade, respondendo assim a vocação dos homens que não são seres autênticos senão quando se comprometem na procura e na transformação criadoras. Em resumo: a teoria e a prática bancária, enquanto forcas e imobilização e de fixação, não reconhecem os homens como seres históricos: a teoria e a prática críticas tomam como ponto e partida a historicidade do homem. (FREIRE, 1980.p.81).

Na prática, o professor devido a uma série de razões tem dificuldade em implementar tal teoria nas escolas públicas e o livro didático se torna, pois, o instrumento único e validador dos assuntos estudados, encarado como verdade absoluta, se tornando o material pedagógico perfeito para a reprodução do discurso capitalista, o que potencializa seu uso como mercadoria para auferir lucros para as editoras de livros didáticos.

O aluno de educação básica está vivendo uma fase muito importante na sua adolescência no que se refere à formação de sua identidade. O livro didático de geografia ao tratar de assuntos relacionados ao espaço geográfico reverbera conceitos equivocados sobre determinados temas, e o faz manipulando os principais conceitos da geografia como o lugar, o território etc. Assim, o aluno passa a se identificar socialmente com características e estereótipos que são invenções discursivas criadas pelos capitalistas, passando o aluno a aceitar as condições sociais existentes como normais e imutáveis. O aluno perde então o seu senso crítico e não questiona as “verdades” propagadas pelos livros didáticos.

Questionamentos surgem de como tornar o livro didático de geografia em um verdadeiro material de apoio ao estudante, promovendo o fortalecimento de identidades sociais autênticas o tornando, pois, um cidadão crítico da realidade social, uma vez que a geografia deve ter como um de seus objetivos o desenvolvimento do raciocínio crítico utilizando o livro didático como instrumento poderoso para a emancipação social.

2. Metodologia

A metodologia da pesquisa desse artigo é de caráter qualitativo explicativo, uma vez que se busca explicar e analisar os fenômenos que estao interrelacinados e de forma propositada. Há uma preocupacão em esclarecer e discutir o porquê dos fenômenos discutidos. O método científico da pesquisa é caracterizado por ser indutivo, já que a observação dos fenômenos nos permitiu chegar a conjecturas mais amplas.

Os procedimentos técnicos que serviram como subsídios à pesquisa foram fontes bibliográficas, sendo também fruto de documentação inbdiretacomo artigos e periódicos que fizeram uma contribuição muito importante para o estudo porporcionando uma revisão bibliográfica dos temas que permearam a temática dos livros didáticos.

Os trabalhos acadêmicos que dissertavam sobre os diversos aspectos que os livros didáticos podem ser abortados como ideologia de gênero, cultura dos afrodescendentes e o livro didático como mercadoria foram analisados. Também se valorizou a formação do professor, pois esse é quem em ultima instância tem o contato direto com o aluno. Esse processo de ensino aprendizagem deve se a de forma dialogada, buscando uma educação transformadora e crítica. Baseou-se, portanto, na pedagogia freiriana como forma de educação necessária nas escolas brasileira.

A maneira de se pensar e se fazer um trabalho de natureza cientifica é de suma importância para que o mesmo tenha coerência com aquilo que é proposto e obtenham- se resultados satisfatórios. É importante que os caminhos propostos obedeçam a uma lógica para que o pesquisador não se perca no decurso da pesquisa. Segundo (MARCONI e LAKATOS, 2011), a pesquisa tem como base responder algum problema e para isso são levantadas hipóteses e teorias que podem ser ratificadas ou refutadas.

3. Resultados e Discussões

A realidade da educação pública brasileira é assustadora sob determinados aspectos, principalmente quando se verifica que tipos de docentes estão entrando na sala de aula, sobretudo no interior do Brasil. Segundo SOUSA (2001) em sua pesquisa sobre a construção do conhecimento do saber geográfico dos chamados professores leigos, ele afirma que eles são uma grande fatia atuante nas salas de aula. Devido a sua falta de qualificação pedagógica eles tendem a aceitar diversas condições de trabalho que não são as ideias para um bom desenvolvimento de sua atividade, adotando o livro didático e a televisão como únicos materiais de apoio.

Para SOUSA (2001) O professor tanto leigo como o professor formado quando tem por objetivo a transposição dos conteúdos ele o faz pelo livro didático utilizando como critério de escolha a facilidade de leitura e de compreensão do mesmo. Não adota, pois, critérios mais rigorosos para a sua adoção. Diversos são os fatores que corroboram para esse acontecimento entre eles podemos destacar: não existe tempo hábil para o professor ir estudar em uma biblioteca e se atualizar, o planejamento se da na sala dos professores, onde muitas vezes a sua concentração fica comprometida; os baixos salários que não o permitem uma tranquilidade financeira para se dedicar mais a sua profissão, sua qualificação profissional e também a carga horária que é muito alta exigindo muito do físico e do psicológico do professor.

Importante refletirmos a seguinte questão: como o professor poderá ser útil como facilitador dos conhecimentos construídos em sala de aula na promoção da identidade social dos alunos com tantas dificuldades aqui elencadas? Parece uma pergunta de difícil resposta, mas ela talvez passe também pela formação que os professores devem enfrentar principalmente na adoção de metodologias mais condizentes com a realidade social facilitando a construção da identidade dos alunos. As disciplinas relacionadas à didática e as práticas docentes dão muita importância às técnicas de ensino e que todo bom professor deve dominá-las para servir de base a sua prática em sala de aula. Ou seja, o predomínio da racionalidade cientifica no desenvolvimento das técnicas de ensino seria suficiente para garantir o aprendizado dos alunos. Mas importante ressaltar como SOUSA (2001) ressalta e nos trás a importância do conhecimento popular para o processo de construção do conhecimento. Fica defendido por ele que o conhecimento é socialmente produzido e não são exclusividade da educação advinda da academia. Uma vez resolvido o problema da formação dos professores, com certeza a relação que o professor tem com o livro didático será diferente. Ao invés de aceitar o livro como instrumento majoritário, ele o usará como mais uma ferramenta e adotará outras como os slides, filmes e obras paradidáticas.

O livro didático de geografia vista como ciência moderna deve ter na abordagem de seus conteúdos a utilização das categorias de análise da geografia como elementos catalizadores de seus debates. Muitos livros, entretanto apresentam deficiências na construção desses conceitos como destacado por LEITE e SOBRINHO (2016), que procuram analisar como os livros didáticos de geografia do ensino fundamental desenvolvem o conceito de lugar nos assuntos da geografia. Verificou-se que a definição de lugar é muito incipiente, o relegando ao princípio de localização como definição. Nesse livro percebemos então, que existe um interesse que a população não crie uma identidade de pertencimento ao lugar que vivem. Apesar dos livros serem esteticamente atraentes não oferecem uma articulação das categorias de análise com os conteúdos de geografia.

Os PCNS de geografia podem ser usados como referencia na escolha de um bom livro didático quando se pensa principalmente na utilização das categorias de análise para o desenvolvimento dos conteúdos, pois:

Por meio dela podemos compreender como diferentes sociedades interagem com a natureza na construção do seu espaço, as singularidades do lugar em que vivemos, o que o diferencia e o aproxima de outros lugares e, assim, adquirir uma consciência maior dos vínculos afetivos e de identidade que estabelecemos com ele. Também podemos conhecer as múltiplas relações de um lugar com outros lugares, distantes no tempo e no estão e perceber as relações do passado com o presente (PCNS de Geografia, 1998.p.15).

Os problemas constatados em muito livros didáticos de geografia não se resumem apenas ao uso simplório dos conceitos em geografia. Outro problema muito grave que é a utilização de forma intencional das categorias de análise de geografia para reforçar discursos de dominação por parte da classe dominante. Por exemplo, quando o livro didático quer ressaltar as diferenças entre os EUA e os países europeus os colocando como o ideário a ser alcançado pelas demais nações, eles utilizam os termos desenvolvidos e subdesenvolvidos. Para TONINI (2003) o trabalho com esses conceitos é uma invenção discursiva, passando os territórios a ser um campo de lutas e de produção cultural de significados, na qual o predomínio da cultura do homem europeu, branco, industrial e desenvolvido pertencessem ao lado certo da vida como a identidade correta, enquanto que os povos, latinos e africanos, por serem miscigenados, pobres e com baixa renda pertencessem ao lado ruim da vida, na qual o desenvolvimento precisa ser alcançado.

Quando se trata da abordagem das diferentes etnias nos livros de geografia, historicamente elas não eram tratados com aspectos positivos dessa cultura importante na nossa história, embora já se tenha evoluído nesse tocante, pois muita coleções de geografia já não utilizam de estereótipos para retratar essa cultura, já que:

Da mesma forma, verificamos que os personagens negros presentes nas coleções analisadas não foram desumanizados, ou seja, foram representados com família, nome próprio, sem estigmas e estereótipos, direitos a cidadania, papéis e funções diversificadas na sociedade, embora sem muitas distinções étnico culturais (NETO E SANTOS, 2018.p.14).

Da mesma forma, vários estudos sobre identidade de gênero já estão sendo abordados nos livros didáticos o que é importante, pois a intolerância está crescendo no Brasil e a educação dentro das escolas é fundamental para a superação do preconceito, embora dificuldades sejam encontradas como estudos já realizados, como:

Dessa maneira, ponderou-se sobre os usos do termo ideologia e se questionou a inserção de conteúdo sobre identidade de gênero nas escolas, apresentando posições da literatura no que tange ao assunto e ao papel da escola. Nesse aspecto, porém, não se defende a inclusão ou não desse assunto no conteúdo escolar, ainda que se considere legitima a defesa de tais inclusões e também a defesa da não inclusão, desde que se aborde o tema por outros aspectos fundamentados e não por indicarem se tratar de conteúdos ideológicos, porquanto, pelo que se viu, defender ou atacar ideologia se dá com base em ideologia divergente e, dessa maneira, não conduz a uma adequada explicitação do assunto e seus possíveis benefícios ou malefícios para a sociedade (SANTANA e SANTOS 2018.p.11).

Exatamente é o que acontece atualmente no âmbito das discussões sociais principalmente no âmbito da educação, a batalha entre as ideologias como se uma tivesse mais mérito do que a outra. A dicotomia entre as formas de se pensar acaba sobrepondo o que realmente interessa: o mérito de determinado tema de estar inserido nos livros didáticos.

Podemos perceber a influencia e as “mentiras” contadas em muito livros didáticos não só no Brasil, mas também em outros lugares do mundo como na Itália. Bonazzi e Umberto Eco fazerem essa leitura no livro intitulado: Mentiras que parecem verdade. Nessa obra existe uma análise do livro didático uados na Itália e perceber-se que:

(...) os livros de leitura contam mentiras educam os jovens para uma falsa realidade, enchem sua cabeça com lugares comuns, com coisas chás, com atitudes não críticas. E, o que é pior, cumprem este trabalho de mistificação servindo-se dos mais reles clichês da pedagogia repressiva do século passado, por preguiça ou incapacidade dos seus compiladores (BONAZZI e ECO, 1980.p.16).

O grande impulso que o livro didático sofreu foi a sua utilização pelo Estado a partir de 1930. O momento histórico era marcado pela ascensão de Getúlio Vargas ao poder e a necessidade de veicular o ideário de uma nacionalidade, a questão da ordem nacional que era predominante nos conteúdos. Em 1971 foi criado o programa do livro didático dedicado à elaboração de diretrizes de sua produção e distribuição editorial. O Programa Nacional do Livro de Didático (PNLD) faz uma avalição sistemática desde 1996 sobre a qualidade dos livros didáticos.

Não podemos pensar que por existir órgãos responsáveis pela seleção/avaliação dos livros didáticos eles são materiais inquestionáveis que não precisam de correção. Muito pelo contrário, quando eles recebem essa legitimação por parte da sociedade, passam a receber carta branca para difundir a ideologia do Estado e também tornar a produção desse material um negócio rentável para as editoras. Para FILHO (2013) os livros didáticos movimentam cifras milionárias o que nos obriga a refletir que: a partir do momento que ele é tratado como mercadoria as editoras passam a fazer de tudo para que eles sejam aprovados pelas escolas e serem, portanto, adotada Será que a PNLD tem interesse em reprovar livros de certas editoras? As editoras estarão realmente pensando na qualidade de seus livros? é preciso repensar o papel do livro didático no processo de ensino didático e sua função desempenhada na educação brasileira.

4. Considerações finais

Acreditamos que essa pesquisa tem contribuições relevantes a educação brasileira, principalmente a educação pública, já que o livro didático é o principal recurso didático empregado e uma temática importante como essa não pode deixar de ter seus principais aspectos debatidos. Os professores, especialmente os de geografia, serão os que poderão utilizar de forma mais acurada as discussões aqui discorridas.

Percebemos que o livro didático é usado para diversos fins desde políticos, ideológicos e até econômicos, o que acarreta sérias consequências para as pessoas que são o público alvo dessas obras: os alunos. Os mesmos são bombardeados com diversas informações que influenciam na formação de suas identidades de forma estereotipada e inferiorizada tomando como padrão os estilos de vida dos países ocidentais.

Quando se pensa em um livro didático de qualidade é preciso primeiro fazer um processo de desconstrução da obra didática, desvelando, portanto, os interesses existentes na elaboração nas obras e sua influencia no comportamento dos jovens e a sua imagem do mundo advinda do livro didático. O livro como mercadoria é uma verdade que precisamos entender como real e que precisamos a partir dessa afirmação, escolher os livros que realmente possam contribuir com a formação dos jovens.

Qual seria, portanto, o viés metodológico que propiciaria um livro didático com qualidade e realmente significativo na aprendizagem dos alunos de nossa educação básica? Acredito que um possível caminho seria como PONTUSCHKA (2007) defende que o livro didático parta da realidade vivida pelos estudantes, ou seja: do local ao global e para isso cada livro didático seja específico para cada município, o que descentralizaria a influência na formação das identidades dos alunos. Nem sempre o livro didático poderá ser individual para cada município, mas o livro deverá oferecer subsídios para que o professor trabalhe questões relacionadas ao município. Por isso o livro didático dever ser mais um material de apoio ao professor sempre servindo como fonte primária dos debates de seus conteúdos.

O livro didático possue dimensões muito ricas a serem exploradas e, portanto, essa pesquisa não esgota todas as possibilidades de análise, pelo contrário, ela tem a intensão de promover e aprofundar os debates acerca do tema que pode servir como subsídio para a sociedade em geral como fonte de pesquisa.

Referências

BONAZZI, Marisa; ECO, Umberto. Mentiras que parecem verdades. Grupo Editorial Summus, 1980.

DOS SANTOS, Lucas Santiago; DE TOLENTINO Neto, Luiz Caldeira Brant. De que forma pessoas negras têm sido representadas em livros didáticos de Ciências utilizados em escolas públicas de Santa Maria-RS?. Research, Society and Development,v.7, n. 9, p. 1479450, 2018. Disponível em: https://rsd.unifei.edu.br/index.php/rsd/article/view/450. Acesso em: 12 de agosto de 2018.

FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. Cortez & Morales, 1979.

DE ANDRADE FILHO, Dario Alberto. O Livro Didático como mercadoria–1990 a 2003. Fóruns Contemporâneos de Ensino de História no Brasil on-line, 2013.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, publicações e trabalhos científicos. -6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2011.

PCN - Parâmetros Curriculares Nacionais: Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental. Geografia. Secretaria de Educação Fundamental. Ministério da Educação. Brasília. Brasil. 1998.

PONTUSCHKA, Paganelli, t. i; Cacete, n.h. Para Ensinar e Aprender Geografia. São Paulo: Ed. Cortez, 2007.

SANTANA, Jaqueline Rosário; DA SILVA SANTOS, Vanessa Érica. A inserção de conteúdos sobre identidade de gênero na escola: Uma visão a partir de noções sobre conhecimento/saberes. Research, Society and Development, v. 7, n. 9, p. 1579451, 2018. Disponível em: https://rsd.unifei.edu.br/index.php/rsd/article/viewFile/451/341. Acesso em: 15 de agosto de 2018.

SOBRINHO, Hugo de Carvalho e LEITE, Cristina Maria Costa. Abordagem do lugar no livro didático de geografia do 6 ano do ensino fundamental. Revista Cerrados, Montes Claros, v.14, n.2, p. 125-140, jul/dez-2016.

SOUSA, Vanilton Camilo. A prática docente de professores de geografia e a construção de seu saber. Boletim Goiano de Geografia. 117-135. Jan7jul. 2001.

TONINI, Ivaine Maria. Imagens nos livros didáticos de geografia: seus ensinamentos, sua pedagogia. Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 02, número 04, 2003.

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