Eficácia da fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética

Efficacy of phytotherapy in the treatment of androgenetic alopecia

Eficacia de la phytotherapy en el tratamiento del andrógina alopecia

Joyce Lopes Macedo
Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão- UNIFACEMA, Brasil
Amanda Suellenn da Silva Santos Oliveira
Universidade Federal do Piauí - UFPI, Brasil
Irislene Costa Pereira
Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão- UNIFACEMA, Brasil
Fatima Dandara Assunção
Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão- UNIFACEMA, Brasil
Erica Rodrigues Reis
Faculdade Laboro, Brasil
Magnólia de Jesus Sousa Magalhães Assunção
Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão- UNIFACEMA, Brasil

Eficácia da fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética

Research, Society and Development, vol. 8, núm. 5, pp. 01-08, 2019

Universidade Federal de Itajubá

Recepção: 23 Dezembro 2018

Revised: 27 Janeiro 2019

Aprovação: 30 Janeiro 2019

Publicado: 26 Fevereiro 2019

Resumo: O uso de plantas medicinais na prevenção e terapêutica de doenças é realizada há muito tempo. O tratamento fitoterápico também é aplicado na alopecia androgenética, que é uma condição caracterizada pela perda de cabelos e afeta indivíduos de ambos os sexos, com maior prevalência em homens. O objetivo do artigo é apresentar os resultados pesquisa bibliográfica relacionada a efetividade da utilização da fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética. Trata-se de uma revisão de literatura do tipo integrativa, para a construção da pesquisa, utilizou-se de artigos disponíveis nas seguintes bases de dados: PUBMED e ScienceDirect. Após seleção e análise dos dados obtidos por meio da leitura, observou-se a utilização de diversos tipos de fitoterápicos no tratamento da alopecia androgênica. As pesquisas demonstraram resultados com efeito positivo da utilização desse tratamento no crescimento de cabelo dos indivíduos estudados, com melhor resistência e aumento de cabelos de fase anágena.

Palavras-chave: Fitoterapia, Plantas medicinais, Alopecia, Estética.

Abstract: The use of medicinal plants in the prevention and therapeutics of diseases has been carried out for a long time. Phytotherapeutic treatment is also applied in androgenetic alopecia, which is a condition characterized by hair loss and affects individuals of both sexes, with a higher prevalence in men. The objective of the article is to present the results of a bibliographical research related to the effectiveness of phytotherapy in the treatment of androgenetic alopecia. It is a literature review of the integrative type, for the construction of the research, was used of articles available in the following databases: PUBMED and ScienceDirect. After selection and analysis of the data obtained through reading, it was observed the use of several types of phytotherapics in the treatment of androgenic alopecia. The researches showed results with a positive effect of the use of this treatment on the hair growth of the individuals studied, with better resistance and increase of hair of the anagen phase.

Keywords: Phytotherapy, Medicinal plants, Alopecia, Aesthetics.

Resumen: El uso de plantas medicinales en la prevención y terapéutica de enfermedades se lleva a cabo desde hace mucho tiempo. El tratamiento fitoterápico también se aplica en la alopecia androgenética, que es una condición caracterizada por la pérdida de cabello y afecta a los individuos de ambos sexos, con mayor prevalencia en los hombres. El objetivo del artículo es presentar los resultados de investigación bibliográfica relacionada con la efectividad de la utilización de la fitoterapia en el tratamiento de la alopecia androgenética. Se trata de una revisión de literatura del tipo integrativa, para la construcción de la investigación, se utilizó de artículos disponibles en las siguientes bases de datos: PUBMED y ScienceDirect. Después de la selección y análisis de los datos obtenidos por medio de la lectura, se observó la utilización de diversos tipos de fitoterápicos en el tratamiento de la alopecia androgénica. Las investigaciones demostraron resultados con efecto positivo de la utilización de este tratamiento en el crecimiento del cabello de los individuos estudiados, con mejor resistencia y aumento de cabello de fase anágena.

Palabras clave: Fitoterapia, Plantas medicinales, la alopecia, Estética.

1. Introdução

Com a estética em evidência nos tempos atuais, é grande a preocupação com a beleza, especialmente com o cabelo, tanto em homens como nas mulheres. Porém, maior ainda se torna a preocupação quando os cabelos começam a cair e a alopecia começa a mostrar seus sinais clínicos. As alopecias constituem-se nas afecções caracterizadas pela diminuição ou ausência de cabelos e/ou pelos. Existem muitos tipos de alopecia e entre as mais conhecidas estão a androgenética (Weide, 2009).

A alopecia androgenética (AGA) é a condição mais frequente de alopecia e a forma mais comum de perda de cabelo, que atinge milhões de indivíduos, de ambos os sexos, com distribuição mundial e caracteriza-se por uma doença ocasionada por andrógenos (Dhanotia et al., 2011). No sexo masculino é a causa comum de perda de cabelo e acomete até 70% dos homens, especialmente os de faixa etária superior a 50 anos (Lee & Lee, 2012).

A utilização de plantas medicinais na prevenção e terapêutica de doenças é realizada há muito tempo. Efetivamente, evidencias encontradas juntamente aos cadáveres dos primeiros hominídeos confirmam que há aproximadamente 60.000 anos atrás, diversas plantas já eram usadas para fins medicinais. O tratamento realizado com a utilização de plantas como medicamentos é chamado de fitoterapia. (Karan et al., 2013).

De acordo com a RDC N°14, 31 de março de 2010, são considerados medicamentos fitoterápicos aqueles obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas.

Pesquisas relatam que a utilização de terapias baseada em plantas para o tratamento da alopecia é empregada desde a antiguidade nos métodos fundamentados na medicina tradicional Ayurveda, Chinesa e Unani (Semalty et al., 2011).

Diante do que foi exposto, o objetivo do presente artigo é apresentar os resultados de uma pesquisa bibliográfica, por meio de uma revisão integrativa, estudos que demonstrem a efetividade da utilização da fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética.

2. Metodologia

Este estudo caracteriza-se como uma revisão bibliográfica do tipo integrativa. Este tipo de revisão consiste na construção de uma análise da literatura, importante para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas. O propósito inicial é obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos anteriores, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do tema investigado (Mendes, Silveira & Galvão, 2008).

Para tanto realizou-se a seguinte sequência de busca: 1° etapa - identificação do tema e seleção da hipótese; 2° etapa - busca nas bases de dados eletrônicas; 3° etapa - definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados; 4° etapa - estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos; 5° etapa - interpretação dos resultados e apresentação da revisão/síntese do conhecimento.

Para a identificação do problema, formulou-se a seguinte pergunta norteadora do estudo: o que foi produzido na literatura sobre a eficácia da utilização de fitoterapia no tratamento da alopecia androgenética?

A busca de dados foi realizada por meio de consulta a periódicos de referência na área e posterior leitura criteriosa dos títulos e dos resumos. Como critérios de inclusão, foram utilizados artigos que respondiam à questão do estudo, que abordavam assuntos relacionados a temática: fitoterapia no tratamento de indivíduos com alopecia androgenética, publicados no período de 2010 a 2018, utilizou-se para desenvolvimento do trabalho as seguintes bases de dados: Pubmed e ScienceDirect. Como critério de exclusão, os que não diziam respeito ao propósito deste estudo, que estavam repetidos nas diferentes bases de dados, não apresentavam o texto completo na íntegra e coma no de publicação inferior a 2010.

Para a seleção dos artigos foram realizadas leituras previas através dos resumos, sendo escolhidos os de maior relevância na literatura.

Inicialmente foi encontrado um total de 60 estudos, e após leitura dos resumos de cada artigo, foram pré-selecionados 32 artigos para uma leitura completa. A partir desta, 08 artigos, foram finalmente selecionados para o desenvolvimento desse estudo.

3. Resultados e Discussão

Conforme observado na análise dos artigos, constatou-se que os estudos desenvolvidos foram in vivo com aplicação em animais e em humanos. Em relação ao período selecionado para compor este estudo 2010 a 2018, o ano que se destacou foi o de 2016 com dois estudos. A utilização da prática de fitoterapia na alopecia, demonstrou resultados positivos quanto ao efeito do crescimento de cabelo por meio da administração por via oral ou aplicação tópica (Tabela 1).

Tabela 1:
Descrição dos artigos sobre a utilização de fitoterápicos no tratamento da alopecia androgenética.I
Autor/AnoFitoterápicoPrincipais resultados
Yoon; Alreza; Kang et al., 2010Zizyphus jujubaApós 21 dias, os ratos tratados com as concentrações 1% e 10% do óleo apresentaram maior comprimento do cabelo.
Danothia et al., 2011colocynthisSchradEfeito promissor do crescimento do cabelo, expresso pela densidade folicular, relação anágeno/ telógeno e seções da pele.
Pumthong et al., 2012Curcumaaeruginosa e MinoxidilA combinação dos extratos no tratamento demonstrou diminuição da perda de cabelo e aumentou o crescimento do cabelo.
Murata et al., 2013RosmarinusofficinalisAumento do cabelo em ratos que sofreram interrupção no crescimento capilar provocado por tratamento com testosterona. E promoção do crescimento do cabelo em ratos com dorso raspado.
Cho et al., 2014Curcubita pepoO grupo tratado com o fitoterápico exibiu mais cabelo após o tratamento do que o grupo placebo. Após 24 semanas houve aumento médio na contagem de cabelo de 40% nos indivíduos tratados com a substância enquanto que no controle o aumento foi de 10%.
Panahi et al., 2015Rosmarinusofficinalis L. Após 6 meses, verificou-se que os 50 indivíduos do grupo que utilizou o alecrim, apresentaram resultados iguais aos do grupo do minoxidil. Porém, com a diferença de que no grupo do alecrim não observou-se efeitos adversos.
Borrás et al., 2016 Serenoarepens e PygeumafricanumApós 16 semanas, observou-se o aumento significativo de cabelos de fase anágena e diminuição dos telógenos, sem diferença significativa com o placebo. Houve o aumento da resistência do cabelo à tração após o tratamento em ambos os grupos.
Wessagowit et al., 2016 Serenoa repensA contagem média e terminal de cabelos apresentou aumentou nas semanas 12 e 24 quando comparado com a linha de base
Dados da pesquisa, 2018.

Segundo Steiner & Bartholomei (2013) alopecias são doenças que se caracterizam pela redução ou ausência de cabelos e/ou pelos. Os fenômenos básicos que dão origem aos vários quadros clínicos possíveis podem ser: queda acelerada dos fios e/ou involução dos folículos pilosos (alopecias não cicatriciais). Existe ainda outro grupo de alopecias em que a lesão fundamental é cicatriz e fibrose na região do folículo piloso (alopecias cicatriciais). É importante diferenciar a alopecia androgenética de outras causas transitórias de queda de cabelo, que podem resultar de estresse, anemia, problemas de tireóide, medicamentos, desordem hormonal, incluindo início ou interrupção de uso de anticoncepcional, pós-parto e período pré e pós menopausa.

Nos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, bem como nos países desenvolvidos, a partir da segunda metade das décadas de 70 e 80, tem ocorrido um crescimento das “medicinas alternativas”, entre elas a fitoterapia. A fitoterapia e o uso de plantas medicinais fazem parte da prática da medicina popular, constituindo um conjunto de saberes internalizados nos diversos usuários e praticantes, especialmente pela tradição oral (Arnous, Santos & Beinner, 2005).

Em estudos recentes da tricologia, vem sendo possível utilizar extratos de plantas naturais com resultados estéticos similares, ou até melhores, aos obtidos com medicamentos sintéticos. Esses extratos, bloqueadores de DHT, apresentam muitas vezes até efeitos adversos nulos. Exemplos são o extrato de palmeira serenoa repens, o saw palmetto, extrato de chá verde (que pela ação antifúngica ajuda a tratar micoses no couro cabeludo, intensificadoras da alopecia), extrato de ho-show-wu (além de bloqueador do DHT, também apresenta ação antimicrobiana) e a soja (Barsanti, 2009).

4. Conclusão

Conclui-se que a utilização da fitoterapia é benéfica e apresenta-se como uma forma de tratamento em casos de alopecia androgenetica.

Foi observado por meio da revisão que fitoterapia é utilizada no tratamento da alopecia, e foi verificado que esta terapêutica possui efeito no processo de crescimento capilar de acordo com os estudos realizados sobre a temática. No entanto, são necessários mais estudos clínicos em humanos para que seja garantido a seguridade e eficácia da utilização. Bem como a descoberta de novas terapias alternativas, para o tratamento da alopecia androgenética.

Referências

Arnous, A. H., Santos, A. S.; Beinner, R. P. C. (2005). Plantas medicinais de uso caseiro- conhecimento popular e interesse pelo cultivo comunitário. Espaç. Saúde, 6(2):1-6. Disponivel em: https://www.researchgate.net/publication/285360802_Plantas_medicinais_de_uso_caseiro_-_conhecimento_popular_e_interesse_por_cultivo_comunitario.

Barsanti, L. (2009). Saiba tudo sobre os cabelos: estética, recuperação capilar e prevenção da calvície. São Paulo-SP. Editora Elevação.

Borrás, J. M. (2016). Efficacy and safety of a dietary supplement containing a lipid coextract from Serenoa repens and Pygeum africanum for the treatment of androgenetic alopecia (AGA) in women. Results of a randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial. Más Dermatol, 25(1):5-14. Disponivel em: http://www.masdermatologia.com/PDF/0161.pdf.

Brasil. (2010). Resolução RDC 14, de 31 de março de 2010. Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. Publicado no Diário Oficial da União, Brasília, DF, 05 abr. 2010. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Cho, Y. H. (2014). Effect of Pumpkin Seed Oil on Hair Growth in Men with Androgenetic Alopecia: A Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Trial. Evidence-BasedComplementary and Alternative Medicine, 2014(1):1-7. Disponivel em: https://www.hindawi.com/journals/ecam/2014/549721/.

Dhanotia, R. et al. (2011). Effect of Citrullus colocynthis Schrad fruits on testosteroneinduced alopecia. Natural Product Research, 25(15):1432-1443. Disponivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19764005.

Karan, T. K. et al. (2013). Carqueja (Bacchoris trimera): utilização terapêutica e biossíntese. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. São Paulo, 15(2):280-286. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-05722013000200017.

Lee, W. & Lee, H. (2012). Characteristics of androgenetic alopecia in Asian. Annals of Dermatology, 24(1):243-252. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3412231/.

Mendes, K. D. S., Silveira, R. C. C. P. & Galvão, C. M. (2008). Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto contexto –enferm., 17(4):758-754. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072008000400018.

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Panahi, Y. et al. (2015). Rosemary oil vs minoxidil 2% for the treatment of androgenetic alopecia: a randomized comparative trial. Skinmed, 13(1):15-21. Disponivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25842469.

Pumthong, L. (2012). Curcuma aeruginosa, a novel botanically derived 5α-reductase inhibitor in the treatment of male-pattern baldness: a multicenter, randomized, ouble-blind, placebo-controlled study. J Dermatolog Treat., 23(5):385-392. Disponivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21756154.

Semalty, M. et al. (2011). Hair growth and rejuvenation: an overview. Journal of Dermatological Treatment., 22(3):123-132. Disponivel em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20536276.

Weide, A. C., Milão, D. (2009). A utilização da finasterida no tratamento da alopécia androgenética. Revista da Graduação, 2(1). Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/article/view/5035.

Wessagowit, V. et al. (2016). Treatment of male androgenetic alopecia with topical products containing Serenoa repens extract. Australas J Dermatol., 57(3):76-82. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26010505.

Yoon, J. I., Al-Reza, S. M. & Kang, S. C. (2010). Hair growth promoting effect of Zizyphus jujuba essential oil. Food and Chemical Toxicology, 48(5):1350-1354. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20206225.

Porcentagem de contribuição de cada autor no manuscrito

Joyce Lopes Macedo - 30%

Amanda Suellenn da Silva Santos Oliveira - 20%

Irislene Costa Pereira - 20%

Fatima Dandara Assunção - 10%

Erica Rodrigues Reis - 10%

Magnólia de Jesus Sousa Magalhães Assunção - 10%

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