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Editorial
Márcia Maria Gurgel Ribeiro; André Ferrer Pinto Martins
Márcia Maria Gurgel Ribeiro; André Ferrer Pinto Martins
Editorial
Revista Educação em Questão, vol. 56, núm. 48, pp. 10-13, 2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Editorial

Editorial

Márcia Maria Gurgel Ribeiro
, Brasil
André Ferrer Pinto Martins
, Brasil
Revista Educação em Questão, vol. 56, núm. 48, pp. 10-13, 2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

A Comunidade do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte foi surpreendida, no dia 14 de maio de 2018, com a triste notí- cia do falecimento da professora Dra. Marta Maria Castanho Almeida Pernambuco. Professora titular do Departamento de Práticas Educacionais e Currículo (DPEC) e do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEd), cursou graduação em Física – licenciatura –, no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF/USP), nos anos 1970; mestrado em Ensino de Física no IF/USP e na Faculdade de Educação da USP (FE/USP), sob orientação de Ernst Hamburger; e doutorado em Educação na FE/USP, orientada por Luiz Carlos de Menezes. Marta Pernambuco se autodefi- nia, no SIGAA/UFRN, de forma simples e despojada de vaidades, revelando seu compromisso com a educação pública, com a sala de aula e com os estudantes: “Fui professora de ensino fundamental, médio e superior em escolas públicas e privadas em lugares diferentes do Brasil e assessorei prefeituras e governos estaduais e federal na construção de propostas pedagógicas. Ao longo desse tempo priorizei na pesquisa a interação com escolas e professores das redes públicas de ensino e com os movimentos sociais. Acho desafiante a interação que se estabelece na sala de aula e gosto de criar também desafios para os meus alunos, buscando sempre formas de crescer e ampliar os horizontes. Espero que a nossa interação tenha essa marca de nos possibilitar novos rumos”. A sua simplicidade não condiz com a grandeza de sua carreira no magistério superior, na qual era reconhecida como exemplo de dedicação e de compromisso político com a edu- cação, contribuindo para o desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão, para a construção da Rede Freiriana de Pesquisadores e da Cátedra Paulo Freire/UFPE, para os movimentos de Educação do Campo, para a formação de profissionais do magistério, presencial e a distância, para o Ensino de Ciências Naturais e para a Educação Ambiental. Um turbilhão de emoções tomou conta de todas as pessoas com as quais Marta conviveu, ultrapassando os muros da Universidade e refletindo-se nas inúmeras notas públicas de solidariedade e reconhecimento, contendo aspectos sobre sua expressividade profissional, publicadas por outras instituições, movimentos sociais e pessoas consternadas com a dor da família e com a enorme perda pessoal e institucional. Essas declarações revelam a diversidade de saberes e de fazeres de Marta Pernambuco em campos distintos, tratando sempre de temáticas proeminentes para a democratização da educação, para a justiça social e para os diretos humanos. Todos atestam sua firmeza na tomada de decisões, mas, também, sua maneira generosa de tratar colegas, estudantes, orientandos e pessoas ligadas aos seus projetos e grupos de estudos. Essa característica fazia de Marta Pernambuco uma pessoa determinada, coerente e contundente na defesa de seus princípios, ao mesmo tempo que era compreensiva e sensível no trato com as pessoas. Seus amigos José André Peres Angotti e Demétrio Delizoicov destacam que Marta “Liderou o Projeto ‘Ensino de Ciências a partir de problemas da comunidade’, implantado no final da década de 1970, sediado na UFRN, desenvolvido com professores de Ciências de Natal e cidades próximas e financiado pelo SPEC SubPrograma Ensino de Ciências do PADCT – Programa de Apoio ao desenvolvimento de Ciência e Tecnologia. [...] Participou de vários projetos de formação em Ensino de Ciências e também em equipes interdisciplinares”. Apontam, ainda, que ela era “Alegre, comunicativa e muito querida, Marta tinha força e determinação admiráveis, sempre partilhados com os companheiros de trabalho e investigação, professores e estudantes do Ensino Superior e Educação Básica”. Marta integrou a equipe da Secretaria de Educação Municipal de São Paulo, na gestão de Luiza Erundina e Paulo Freire. O Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST/RN) enfatiza o papel de Marta Pernambuco como “impulsionadora da 1ª. Turma de Pedagogia da Terra Nordeste – Turma Bernardo Marin, através do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA), compondo a Coordenação Política e Pedagógica [...]”. Além disso, registra: “O Movimento de Trabalhadores sem Terra (MST/RN) sente-se eternamente grato por sua contribuição, determinação, esforço e efetiva participação, seja com sua contribuição teórica em se debruçar acerca da Educação do Campo, as tarefas práticas de limpeza do galpão do assentamento, onde inicialmente, ocorriam as aulas, dando grandes exemplos do significado da práxis política, e na prática dos princípios socialistas, de solidariedade, crítica incisiva e fraternal, sempre com a grandeza de saber ouvir e repensar suas opiniões e posicionamentos políticos, considerando e acreditando no potencial transformador do nosso Movimento”. Para a Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPED), a ausência de Marta Pernambuco na pesquisa e na pós-graduação gerará uma perda inestimável: “A área de ensino de ciências amanhece hoje com um enorme vazio. Perdemos Marta Maria Castanho Pernambuco, professora titular do Centro de Educação da UFRN. Marta Pernambuco, como a chamávamos, em sua grandiosidade, sempre manteve presente as convicções as quais permearam suas ações pessoais e profissionais. Esteve presente nas lutas populares em prol de uma escola democrática e acreditava no ensino de ciências como transformador social”. Igualmente, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), nas palavras do seu atual Presidente, Ildeu de Castro Moreira, demonstra o reconhecimento ao seu trabalho junto à entidade, ao declarar: “Marta foi uma professora e pesquisadora muito importante para o ensino de física e de ciências no País. Profissional dedicada, competente e generosa, atuou em muitas áreas e funções acadêmicas e formou dezenas e dezenas de estudantes. Ativa e muito engajada, participou da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e da SBPC desde a década de 1970. Atualmente, pertencia ao Conselho da SBPC. Será uma perda para todos nós e lhe deixamos aqui o nosso adeus e o muito obrigado por tudo que fez”. Outra instituição que reconhece suas contribuições para a ciência e para a UFRN é o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN), ao entender seu falecimento como “uma grande perda para o Rio Grande do Norte e suas instituições federais de ensino. A professora Marta Pernambuco, além de gestora, desempenhou um importante trabalho no direcionamento de pesquisas realizadas na área da educação e dos movimentos sociais. Extremamente comprometida com tudo que fazia, foi essencial ao trabalho da UFRN e da sua Pós-Graduação em Educação, onde foi coordenadora e atuava na linha de pesquisa 'Educação, construção das ciências e práticas educativas'. O IFRN, que teve muitos de seus servidores e estudantes orientados e incentivados por Marta, declara seu pesar pelo falecimento da professora”. O Instituto Federal do Pará – Campus Marabá Rural – define Marta da seguinte forma: “Educadora progressista nunca ficou ‘represada em águas paradas’, ao contrário, inovadora em suas práticas, sempre estimulou seus alunos ao trabalho coerente, contribuindo significativamente com formação de professores, ou seja, com redes de ensino em processos de ressignificação das práticas docentes em serviço”. Somando-se a todas essas declarações sobre a relevância e o reconheci- mento do trabalho científico, acadêmico, de gestão e de produção científica de Marta Pernambuco, diversas Unidades e organizações ligadas à UFRN expressaram sentimentos de tristeza e desolamento com a rápida ausência de Marta do cotidiano das ações acadêmicas. Para a Reitoria, “Inteligente, generosa, com sólida formação acadêmica e a disposição de contribuir sempre para o bom desempenho da UFRN, destacou-se a professora Marta, quer como professora quer como administradora, na condição de Pró-Reitora de Graduação. Se existe algo que possa nos consolar dessa perda é a da sua lembrança, que ficará como exemplo a animar futuros desafios”. A SEDIS evidencia que “A história da SEDIS também foi construída com o apoio da professora Marta Maria Pernambuco”. Igualmente, o ADURN/Sindicato registra que o “falecimento da professora repre- senta uma perda irreparável para o movimento docente”. Finalmente, para a comunidade do CE, fica a saudade de Marta Pernambuco, em quem tudo era grande e luminoso como o sol que resplandecia no dia em que nos deixou. Eram grandiosas suas atitudes e produções, como nos revela, com muito carinho e leveza, Tatyana Mabel Nobre Barbosa, nossa colega de DPEC, acerca da pre- sença de Marta em nossas vidas: “A grandeza de Marta está nas imensuráveis contribuições que deu à UFRN e à educação brasileira, ao NEI, a SEDIS, ao PPGED, à educação no campo, ao Centro de Educação, à extensão Universitária, às lutas na rua. Milhares de alunos da educação infantil e do ensino superior da UFRN tiveram acesso a um projeto curricular alicerçado nos princípios freireanos, em parte, pelo seu trabalho. Quanto mais Marta crescia e aumentava seus títulos acadêmicos, mais se voltava àquelas coisas ‘pequenas’, abandonadas pela maioria de nós em busca de um qualis A. Marta é a Universidade pensada para as classes populares e, para isso, nos tirava todas as certezas dos nossos pensamentos e cindia todas as nossas contradições culturais. Sábia e generosa. Uma fórmula incomum no meio acadêmico. [...] Por isso, o sol brilha hoje como nunca. Está de boca aberta, gargalhando junto com Marta sobre o que aprenderemos depois. E eu... continuo aqui com aquele meu sonho irrealizável. Obrigada, Marta. O que aprendemos com você não tem nome. Não tem fim”. Assim, não poderíamos falar de Marta Pernambuco sem dar voz a todos esses sujeitos que conviveram com ela, admiravam-na, reconheciam seu valor e partilharam a aventura de viver de forma tão plena, intensa e produtiva. O tributo a Marta Pernambuco deve continuar no cotidiano, com a manutenção do seu grupo de pesquisa e de seu esforço acadêmico, reconhecendo a importância de suas atitudes e praticando, à nossa maneira, aquilo que acreditamos ter aprendido com ela. Muito foi dito e muito mais haveria a ser revelado sobre a convivência profissional e pessoal com Marta Pernambuco. Suas lembranças farão parte de nossas histórias, embalando momentos de saudades e orientando nossos aprendizados, como humanos, em plenitude e beleza.

Marta Pernambuco!! Sempre presente!!

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