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Planejamento educacional: a concepção necessária face à realidade concreta
Jamila Costa ; Welisson Marques ; Adriano Eurípedes Medeiros Martins
Jamila Costa ; Welisson Marques ; Adriano Eurípedes Medeiros Martins
Planejamento educacional: a concepção necessária face à realidade concreta
Educational planning: the necessary conception in the face of concrete reality
Planificación educativa: la concepción necesaria frente a la realidad concreta
Revista Educação em Questão, vol. 58, núm. 56, pp. 1-4, 2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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Planejamento educacional: a concepção necessária face à realidade concreta

Educational planning: the necessary conception in the face of concrete reality

Planificación educativa: la concepción necesaria frente a la realidad concreta

Jamila Costa
Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Brasil
Welisson Marques
Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Brasil
Adriano Eurípedes Medeiros Martins
Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Brasil
Revista Educação em Questão, vol. 58, núm. 56, pp. 1-4, 2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
SANTOS Paulo Silva Machado Bispo dos. As dimensões do planejamento educacional: o que os educadores precisam saber. 2017. São Paulo. Cengage Learning

Recepção: 03 Março 2020

Aprovação: 25 Maio 2020

O que os educadores precisam saber sobre planejamento educacional e suas dimensões? O livro intitulado “As dimensões do planejamento educacional: o que os educadores precisam saber”, do autor Paulo Silva Machado Bispo dos Santos, aborda o planejamento como uma área de conhecimento interdisciplinar, que envolve elementos científicos e filosóficos, e se constitui em um campo de estudos multidimensional, cujas ramificações teóricas vão do Direito à Economia, da Filosofia à Administração, da Didática à Política. A obra tem como objetivo promover uma maior articulação entre teoria e prática no âmbito do planejamento educacional, com a intenção de superar visões monolíticas que ora priorizam a dimensão teórica, ora a dimensão prática. Segundo o autor, ao priorizar o campo teórico, o planejamento passa a ser visto como um processo abstrato reduzido a conceitos teóricos que dificilmente se aplicam às condições objetivas e concretas da realidade de escolas e redes de ensino. Ao priorizar o campo prático, com raros ou nenhum suporte teórico, são produzidos manuais que não passam de fórmulas experimentadas, e poucas vezes aplicadas, que nem sempre levarão o responsável pelo planejamento ao longo das trilhas da boa administração e gestão na direção dos resultados pretendidos.

O autor se pergunta se existe uma ciência do planejamento educacional e se é possível ter um mínimo de previsibilidade para o planejador educacional quando a realidade o coloca frente a múltiplas determinações de várias categorias, sejam elas econômicas, históricas, políticas, administrativas, culturais etc. Desse modo, defende que o planejamento educacional deve ser apreendido em sua integralidade, multidimensionalidade e interdisciplinaridade, sem a perspectiva de um plano com esquemas e fórmulas infalíveis.

A primeira parte, intitulada “Reflexões Teóricas e Marcos Conceituais”, é composta por bases teóricas, metodológicas e epistemológicas que nos revelam as condições nas quais o planejamento educacional poderia se desenvolver. Tais condições estão dispostas em quatro capítulos: Noções e conceitos básicos; As dimensões do planejamento educacional; As interfaces do planejamento educacional e sua interdisciplinaridade; e Pesquisa educacional e planejamento educacional. O autor identifica e contextualiza as três dimensões ontológicas referentes ao planejamento educacional, quais sejam: a pedagógica, a administrativa e a estratégica e justifica o enfoque dialético da obra, ao evidenciar a maneira em que essas dimensões se relacionam, a partir do momento em que a realidade educativa é interpretada pelo planejamento. O planejamento educacional é apresentado como uma estrutura epistemológica “aberta” e “flexível” por poder valer-se de diversas fontes, e por permitir que sejam desenvolvidos elementos de planejamento educacional nos mais variados níveis que vão desde o nível das salas de aula até o da planificação internacional dos sistemas de ensino. O autor justifica o caráter interdisciplinar do planejamento educacional na medida em que o relaciona a diversas subáreas da educação e, também, à transdisciplinaridade, já que o planejamento está associado às mais diversas áreas de conhecimento.

O planejamento educacional e as lições da prática são abordados na segunda parte do livro que se destina à aplicação e à análise do planejamento educacional em diversos contextos. Nela, Santos discute desde a relação entre políticas públicas e o planejamento educacional até a difícil discussão acerca da relação entre a qualidade educacional e planejamento educacional. A discussão é disposta em quatro capítulos: Políticas públicas, políticas educacionais e planejamento educacional; Planejamento educacional e financiamento da educação nas escolas pública e privada; Planejamento educacional em perspectiva estratégica: lições trazidas por escolas e redes de ensino que dão certo; e Planejamento educacional diante das questões da qualidade: rendimento escolar e qualidade educacional. Ao relacionar planejamento, delineamento de projetos e qualidade o autor convida-nos a refletir sobre a seguinte pergunta: “Qual é a escola que queremos?”. É a partir dessa pergunta que se torna possível esboçar os objetivos, prazos e metas a atingir. Para o autor, é com essa mesma pergunta que se delineia um dos princípios que nortearão os processos avaliativos e as estratégias de aprendizagem escolar. Defende que, sem saber qual escola queremos e sem estruturar uma boa relação entre os polos da qualidade/quantidade em matéria educacional, torna-se praticamente impossível realizar um trabalho que atenda aos anseios de quem planeja a escola e de quem nela está presente, sujeito ao impacto dos efeitos do trabalho pedagógico, administrativo e financeiro.

Na terceira e última parte, “Esboço de um manual para planejadores”, o autor busca uma conexão do planejamento educacional com a prática. Traz à discussão elementos exemplificadores aos processos de planejamento, relacionados aos níveis micro, meso e macro da esfera educacional. Santos demonstra a aplicação de sua metodologia com o ciclo de planejamento educacional que corresponde à sua análise, elaboração e execução em qualquer nível no âmbito educacional.

De maneira assertiva, o autor apresenta os procedimentos pertinentes à construção dos planos destinados aos professores, o plano de aula e o plano de ensino, cujos modelos nem sempre estão acessíveis, embora sejam comumente utilizados nas escolas; um passo a passo de planejamento e estruturação de um Projeto Político-pedagógico (PPP), bem como seus elementos e sua execução; e indicações de como os gestores educacionais de escolas e redes de ensino podem aplicar os dados e indicadores de larga escala (Ideb, Saeb, IDE, Prova Brasil, IDH e IDI) nos planejamentos educacionais.

Ao concluir, Santos reafirma sua posição em relação às possibilidades e aos limites do planejamento educacional e refuta o viés profético por vezes erroneamente atribuído a este. Pois trata-se de uma atividade científica, submetida à probabilidade, e não a determinações, uma vez que não há fator que se relacione ao homem e à sociedade que seja direta e mecanicamente determinado. Assim, declara quenão há precisão absoluta nas atividades de planejamento desenvolvidas, seja em qualquer área. Santos estabelece uma importante diferença entre o planejamento educacional tomado em sua integralidade, multidimensionalidade e interdisciplinaridade e a perspectiva que entende que o planejamento revela verdades ou apresenta esquemas e fórmulas que são não somente insuperáveis, mas infalíveis.

A obra contribui substancialmente em habilitar os sujeitos que se propõem a desenvolver atividades de planejamento na esfera educacional. Além de combinar conteúdos teóricos, instruções práticas e exemplos bem sucedidos, a obra também nos leva à reflexão e à conclusão de que o planejamento é fundamental no meio educacional, assim como em qualquer atividade humana. A leitura da presente obra também poderá auxiliar a desconstruir a crença errônea, amplamente difundida no campo educacional, de que os professores não necessitam realizar, e/ou não realizam, atividades de planejamento, pois, “na prática, a teoria é outra”.

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