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O que dizem os estudantes sobre orientação sexual: um estudo comparativo na Universidade Federal de Sergipe e na Universidade da Madeira
What students say about sexual orientation: a comparative study at the Federal University of Sergipe and the University of Madeira
Lo que dicen los estudiantes sobre orientacion sexual: un estudio comparativo en la Universidad Federal de Sergipe y la Universidad de Madeira
O que dizem os estudantes sobre orientação sexual: um estudo comparativo na Universidade Federal de Sergipe e na Universidade da Madeira
Revista Tempos e Espaços em Educação, vol. 14, núm. 33, e16781, 2021
Universidade Federal de Sergipe
Recepción: 24 Agosto 2021
Aprobación: 21 Noviembre 2021
Publicación: 29 Diciembre 2021
Resumo: Este artigo apresenta uma análise da subcategoria de orientação sexual, num estudo comparativo na Universidade da Madeira, UMa (Portugal) e na Universidade Federal de Sergipe, UFS (Brasil) sobre “Vozes dos estudantes universitários sobre a diversidade sexual e de gênero, sua relação com a coeducação e a inovação pedagógica.” Nós utilizamos uma metodologia qualitativa, aplicámos um questionário com questões abertas e fechadas e o visionamento de um videocast. Fizemos a análise de conteúdo dos dados. Os resultados comparados revelaram que há maior conhecimento sobre o conceito de orientação sexual entre os ex-estudantes da UMa, embora se observe um envolvimento maior dos ex-estudantes da UFS. Os ex-estudantes na UMa confirmam a pouca participação. Em ambas as universidades reconhecem a necessidade de discutir o tema e utilizam expressões idênticas quando fazem considerações valorativas. Reconhecem também a influência negativa dos tabus e dos preconceitos.
Palavras-chave: Academia, Diversidade, Educação, Orientação sexual.
Abstract: This article presents an analysis of the sexual orientation subcategory, in a comparative study at the University of Madeira, UMa (Portugal) and at the Federal University of Sergipe, UFS (Brazil) on “Voices of university students on sexual and gender diversity, their relationship with co-education and pedagogical innovation.” We used a qualitative methodology, applied a questionnaire with open and closed questions and the viewing of a videocast. We did the content analysis of the data. The compared results revealed that there is greater knowledge about the concept of sexual orientation among former UMa students, although a greater involvement of former UFS students is observed. Former students at UMa confirm the low participation. Both universities recognize the need to discuss the topic and use identical expressions when making evaluative considerations. They also recognize the negative influence of taboos and prejudices.
Keywords: Academy, Diversity, Education, Sexual orientation.
Resumen: Este artículo presenta un análisis de la subcategoría orientación sexual, en un estudio comparativo en la Universidad de Madeira, UMa (Portugal) y en la Universidad Federal de Sergipe, UFS (Brasil) sobre “Voces de estudiantes universitarios sobre diversidad sexual y de género, su relación con la coeducación y la innovación pedagógica”. Utilizamos una metodología cualitativa, aplicamos un cuestionario con preguntas abiertas y cerradas y el visionado de un videocast. Hicimos el análisis de contenido de los datos. Los resultados comparados revelaron que existe un mayor conocimiento sobre el concepto de orientación sexual entre los exalumnos de la UMa, aunque se observa una mayor participación de los exalumnos de la UFS. Antiguos alumnos de la UMa confirman la baja participación. Ambas universidades reconocen la necesidad de discutir el tema y utilizar expresiones idénticas al hacer consideraciones evaluativas. También reconocen la influencia negativa de los tabúes y los prejuicios.
Palabras clave: Academia, Diversidad, Educación, Orientacion sexual.
INTRODUÇÃO
As diversificadas possibilidades de viver os prazeres e os desejos do corpo, as diferentes masculinidades e feminilidades estão historicamente e do ponto de vista social, mais afirmativas e mais explícitas, embora não tenham ainda desaparecido as tentativas de regulação por parte dos que sentem essa ação como ameaça. Para Louro (2000), desde os anos sessenta do século passado, que a discussão sobre identidades e as práticas sexuais e de género se têm tornando intensa, protagonizado pelo movimento feminista, pelos movimentos de gays e de lésbicas. “Novas identidades sociais tornaram-se visíveis, provocando, em seu processo de afirmação e diferenciação, novas divisões sociais e o nascimento do que passou a ser conhecido como «política de identidades»” (Hall, 1997, citado por Louro, 2000).
O caráter fragmentado, instável, histórico e plural que as identidades sociais se constituem faz-nos reconhecer que somos sujeitos de múltiplas identidades. É comumente aceite, por exemplo, a transitoriedade das identidades de classe. Então faz sentido naturalizar o caracter transitório das identidades de género e sexuais.
No espaço da academia, o debate atual sobre a diversidade sexual e género é fundamental para incentivar a renovação conceptual sobre a inclusão nas várias dimensões organizacionais das instituições (Dias et al., 2017; Pinto et al. 2017; Rios et al., 2018; Dias, 2020; Medeiros; Santos, 2020). Quando se trata de temas sobre género, sexo e corpo, verificamos que os ambientes escolares, influenciados pelo padrão heteronormativo, não proporcionam a todos os atores educativos um clima permeável à consolidação da produção de subjetividade, sobretudo aos atores que se tornam visíveis pelas construções discursivas de análises sociais. Importa por isso fazer com que as instituições garantam a liberdade e inclusão de todos, resistindo ao autoritarismo e à opressão ou a qualquer forma de discriminação. (Brazão; Oliveira; Dias, 2021). Por este motivo é necessário colocar uma lente dissidente, não normativa, enquanto ato político, sobre estes temas, em conformidade com as influências dos estudos pós-identitários. (Dias; Brazão, 2021).
A nossa discussão sobre o conceito de orientação sexual insere-se no estudo comparativo na Universidade da Madeira, UMa (Portugal) e na Universidade Federal de Sergipe, UFS (Brasil) sobre “Vozes dos estudantes universitários sobre a diversidade sexual e de gênero, sua relação com a coeducação e com a inovação pedagógica.” (Brazão; Oliveira; Dias, 2021). O projeto de pós-doutoramento foi apresentado por Brazão, P. (2021)1 e encontra-se publicado na plataforma TheBrain.com, sob orientação de Alfrancio Ferreira Dias, investigador e docente do Programa de Pós-doutoramento em Educação e Diversidade da Universidade Federal de Sergipe. Também foram já publicados resultados parciais deste estudo sobre diversidade sexual e de gênero (Brazão & Dias, 2021a; Brazão & Dias, 2021a, 2021b).
Neste artigo tenta-se saber como são entendidos e valorizados pelos ex-estudantes das duas universidades em estudo (UMa e UFS), o conceito de orientação sexual e demais inerentes, adiante explicitados. Para a apresentação e descrição dos conceitos optou-se por uma fonte de informação que utiliza uma linguagem popular para que o trato comunicacional seja o mais inclusivo possível.
Elegemos o Youtube como plataforma multicultural e o formato vídeopodcast. Selecionou-se o vídeo Canal das Bee (2018). Guia Básico #3. Orientação sexual, acessível no link https://youtu.be/Hg4lPITZNyc.
O vídeo tem a duração de 4 minutos e 33 segundos e explicita o conceito de ORIENTAÇÃO SEXUAL, definido como o desejo afetivo e erótico de cada pessoa; o conceito de HETEROSSEXUAL, atribuído às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais e/ou socioafetivos com outras do sexo oposto.; o conceito de HOMOSSEXUAL, referente às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais e/ou socioafetivos com outras do mesmo sexo.; o conceito de BISSEXUAL, atribuído às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais e/ou socioafetivos com outras pessoas do mesmo sexo e com os do sexo oposto.; o conceito de PANSSEXUAL, atribuído às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais e/ou socioafetivos com outras do mesmo sexo e com os do sexo oposto; o conceito de ASSEXUAL, relativo às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais com outras pessoas.
Refere-se também que deverá haver descrição no trato social com todas as pessoas, relativamente à sua orientação sexual. No caso de se tratar de uma pessoa homossexual feminino denomina-se de mulher LÉSBICA e o termo popular é “sapatão” (no Brasil); no caso de se tratar de uma pessoa homossexual masculino, denomina-se (popularmente) de “gay” (no Brasil e em Portugal), ou “viado” (no Brasil). É importante considerar que a linguagem a usar no modo de tratar os homossexuais, deverá estar de acordo com os contextos sociais em que as pessoas se encontram. Os termos populares de “viado” e de “sapatão” são ainda considerados pejorativos e por esse motivo só podem ser aplicados em contextos em que as pessoas autorizem essa forma de tratamento.
METODOLOGIA
A pesquisa apresenta uma abordagem metodológica qualitativa de natureza exploratória (Nascimento; Cavalcante, 2018; Nunes, 2020; Alves; Fialho; Lima, 2018). Neste artigo iremos apenas apresentar o estudo comparativo das enunciações dos ex-estudantes acerca do conceito de orientação sexual, nos dois contextos universitários: Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Universidade da Madeira (UMa).
Os questionários que serviram ao levantamento dos dados desta categoria mantiveram o mesmo número de questões, tendo o texto sido adaptado com expressões linguísticas aos dois contextos estudados.
Em primeiro foi solicitado aos ex-estudantes que assistissem ao vídeo Canal das Bee (2018). Guia Básico #3. Orientação sexual. Retirado a 16 Setembro de 2021. https://youtu.be/Hg4lPITZNyc
Orientação sexual, que é isso? … [é o desejo] … pela pessoa por quem você se apaixona … como você ama … como você quer se relacionar sexualmente ou não … é isso … o que eu gosto, com quem me relacionar … orientação sexual … [o desejo afetivo e erótico de cada pessoa] … eu sou o que uma mulher que gosta de outras mulheres … isso faz de mim uma homossexual … uma mulher lésbica … e você? … eu sou um viado … pode chamar viado? … eu acho que é o seguinte: só de viado e sapatão pode chamar, se voce estiver num grupo que permita que se use essas palavras … porque viado e sapatão ainda é uma coisa pejorativa … sobretudo para pessoas mais velhas … então se no seu grupo de amigos ninguém liga [ninguém se ofende] então tudo bem … agora não sai por aí chamando de viado e sapatão para qualquer pessoa porque isso pode ser ofensivo … e tenho que lembrar também que depende muito da intenção … se você já entendeu que chamar viado e sapatão não é considerado desvio de caráter então pode continuar a chamar … mas não é todo o mundo que aceita ser chamado assim … eu sou um homem que gosta de homens, conhecido como HOMOSSEXUAL ou também … gay, viado … agora temos também as pessoas bissexuais … os BISSEXUAIS existem e eles gostam de se realcionar com pessoas do mesmo sexo e com pessoas do sexo oposto …e ainda existem pessoas PANSSEXUAIS, porque não importa a identidade de género … são aquelas pessoas que se apaixonam pela alma … e a alma não tem identidade … a gente tem que aceitar que o ser humano é diverso e que as pessoas são livres para amar como elas querem … isso faz da gente um grupo muito diverso …e também tem aquela pessoas que se atraem pelo sexo oposto … são os HETEROSSEXUAIS …exactamente … e também existem pessoas que estão fora desta caixinha … são pessoas ASSEXUAIS … que não gostam de ter relações sexuais com nenhum género … que não gostam de sexo … e tudo bem também … então voce pensa: [de um lado] aqui estão os HETEROSSEXUAIS, [no outro lado] ali estão os HOMOSSEXUAIS … no meio estão os BISSEXUAIS, os PANSSEXUAIS estão na região … e os ASSEXUAIS estão fora da caixinha… e tudo bem … outro lugar … porque são pessoas que se apaixonam romanticamente por pessoas de qualquer género mas não têm relações sexuais … e tudo bem … mas também não vai perguntar: Oi como é a sua orientação sexual ? … isso não se faz assim … é isso gente … está explicado? … |
Em segundo, foram apresentadas duas questões de resposta fechada, uma de resposta boleana (sim/não) sobre o conhecimento do conceito de papel de género e uma outra de resposta em escala Likert, de 5 níveis, indagando a frequência com que em contexto académico participaram em conversas, debates sobre papel de género. Finalmente uma questão de resposta aberta, tentando obter a opinião sobre este tema. Os questionários encontram-se acessíveis nos links abaixo especificados2.
Para recolha de informação foi utilizado o Google Forms, da Google Drive resources. Definimos dois grupos de amostra de conveniência: a) os ex-estudantes do curso de mestrado em Educação Pré-Escolar e Ensino do 1º Ciclo do Ensino Básico, da UMa, entre 2015 e 2020; b) os ex-estudantes do curso de graduação em Pedagogia, da UFS, entre 2015 e 2020.
Os dados qualitativos foram analisados com o auxílio de um programa informático que elaborado para executar a análise de conteúdo (Bardin, 1997) e que inclui a transcrição das justificações dos egressos, a construção das categorias de análise, em tabelas, ilustradas pelas unidades de significação semântica (Bogdan; Bliken, 2017). Os recortes textuais foram codificados com a seguinte lógica: [País (PT ou Br) (-); campus universitário Itabaiana (ITA) ou São Cristóvão (SC); número de anos em que encontram após conclusão do curso (1…); número de ordem de resposta (1…)].
Foi utilizada a ferramenta FileMaker Pro v18, elaboradora de bases de dados relacionais, da Claris International Inc, desenvolvido para o Windows. Para além de organizar os recortes categorizados e subcategorizados dos textos, o programa contém conexões com um módulo de interpretação dos dados, uma vez que estabelece uma relação direta entre a análise dos recortes obtidos e os referenciais teóricos, selecionados para fundamentar a interpretação dos fenómenos, conforme Figura 1.
Os textos com as afirmações dos ex-estudantes foram arrumados por unidades de significação semântica, conforme sugerem Bardin (1997) e Bogdan e Bliken (2017). A categorização dos discursos dos ex-estudantes foi realizada de acordo com a tabela 1.
Categoria: SEXO E GÉNERO | |
Subcategoria | Fenómenos |
ORIENTAÇÃO SEXUAL (+) | Valorização do conceito de orientação sexual. |
Direito à orientação sexual centrada na perceção subjetiva da identidade. | |
ORIENTAÇÃO SEXUAL (-) | Constrangimentos relativos à orientação sexual, motivados pelos padrões sociais estereotipados. |
Não valorização do conceito de orientação sexual | |
ORIENTAÇÃO SEXUAL (N) | Desconhecimento do conceito de orientação sexual |
Considerou-se que “SEXO E GÉNERO” seria a categoria principal que inclui três subcategorias e cada uma delas foi justificada com diferentes fenómenos, conforme se apresenta na tabela 1.
Assim, para considerações positivas acerca do conceito de ORIENTAÇÃO SEXUAL (+) categorizou-se os fenómenos da seguinte forma: valorização do conceito de orientação sexual; direito à orientação sexual, centrada na perceção subjetiva da identidade.
Para considerações negativas acerca do conceito de ORIENTAÇÃO SEXUAL (-) categorizou-se os fenómenos deste modo: constrangimentos relativos à orientação sexual, motivados pelos padrões sociais estereotipados; não valorização do conceito de orientação sexual.
Para considerações acerca do desconhecimento do conceito de orientação sexual considerou-se a subcategoria ORIENTAÇÃO SEXUAL (N).
Caracterização dos sujeitos
Solicitámos o preenchimento do questionário a 160 ex-estudantes da Universidade da Madeira. Destes apenas obtivemos 22 respostas (13,7%). De igual modo enviámos a 183 ex-estudantes da Universidade Federal de Sergipe e obtivemos 26 respostas (14,21%).
Quanto ao género, no grupo dos ex-estudantes da Universidade da Madeira (UMa), 95,5% identifica-se como mulher e 4,5% como homem. No grupo dos ex-estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS), 76,9% identifica-se como mulher e 23,1% como homem.
Relativamente ao tempo decorrido após a conclusão do curso de formação na Universidade da Madeira (UMa) e na Universidade Federal de Sergipe (UFS), verificamos ainda o seguinte:
- Na Universidade da Madeira (UMa), a maior percentagem (33%) pertence aos ex-estudantes que concluíram o curso há um ano ou menos, 29% de ex-estudantes que concluíram concluiu o curso há três anos e 24% concluiu o curso há cinco anos.
- Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), a maior percentagem (46%) de ex-estudantes concluíram o curso há cinco ou mais anos, 23% de ex-estudantes que concluíram concluiu o curso há três anos e 19% concluiu o curso há quatro anos, conforme a Figura 2.
Comparando os grupos de participantes, relativamente ao tempo decorrido após a conclusão dos cursos de formação inicial de professores, vemos que o grupo de ex-estudantes da UMa concluiu a sua formação mais recentemente que os seus pares no curso de Pedagogia, na UFS.
Análise do discurso verbal do vídeo
Procedemos a uma análise do discurso do vídeo utilizado para o enquadramento da subcategoria papel de género, conforme tabela 2.
GuiaBasico #3 - ORIENTAÇÃO SEXUAL | |
Unidades semânticas | Considerações |
ORIENTAÇÃO SEXUAL, que é isso? … [é o desejo] … pela pessoa por quem você se apaixona … como você ama … como você quer se relacionar sexualmente ou não … é isso … o que eu gosto, com quem me relacionar … orientação sexual … | Definição do conceito de ORIENTAÇÃO SEXUAL como o desejo afetivo e erótico de cada pessoa. |
… eu sou o que uma mulher que gosta de outras mulheres … isso faz de mim uma homossexual … uma mulher lésbica … e você? | Definição do conceito de homossexual feminino – mulher LÉSBICA |
… eu sou um viado … pode chamar viado? … eu acho que é o seguinte: só de viado e sapatão pode chamar, se voce estiver num grupo que permita que se use essas palavras | Definição do conceito de homossexual masculino usando o termo popular de viadoApresentação do termo homossexual feminino usando a designação popular de sapatão |
… porque viado e sapatão ainda é uma coisa pejorativa … sobretudo para pessoas mais velhas … então se no seu grupo de amigos ninguém liga [ninguém se ofende] então tudo bem | Os termos populares de viado e de sapatão são ainda considerados pejurativos. |
… agora não sai por aí chamando de viado e sapatão para qualquer pessoa porque isso pode ser ofensivo … e tenho que lembrar também que depende muito da intenção … se você já entendeu que chamar viado e sapatão não é considerado desvio de caráter então pode continuar a chamar … mas não é todo o mundo que aceita ser chamado assim | Discussão sobre a linguagem a usar no modo de tratar os homossexuais, tendo em conta os contextos sociais em que se encontram. |
… eu sou um homem que gosta de homens, conhecido como HOMOSSEXUAL ou também … gay, viado | Apresentação do termo homossexual masculino e correspondentes designaçãoes populares de gay e viado |
… agora temos também as pessoas bissexuais … os BISSEXUAIS existem e eles gostam de se relacionar com pessoas do mesmo sexo e com pessoas do sexo oposto | Definição do conceito de BISSEXUAL para pessoas que gostam de se relacionar com indivíduos do mesmo sexo e com os do sexo oposto |
…e ainda existem pessoas PANSSEXUAIS, porque não importa a identidade de género … são aquelas pessoas que se apaixonam pela alma … e a alma não tem identidade | Definição do conceito de PANSSEXUAL para pessoas que gostam de se relacionar com outras do mesmo sexo e com os do sexo oposto |
… a gente tem que aceitar que o ser humano é diverso e que as pessoas são livres para amar como elas querem … isso faz da gente um grupo muito diverso | Apresentação da diversidade sexual como natural no ser humano. |
…e também tem aquela pessoas que se atraem pelo sexo oposto … são os HETEROSSEXUAIS …exactamente | Definição do conceito de HETEROSSEXUAL para pessoas que gostam de se relacionar com outras do sexo oposto. |
… e também existem pessoas que estão fora desta caixinha … são pessoas ASSEXUAIS … que não gostam de ter relações sexuais com nenhum género … que não gostam de sexo … e tudo bem também | Definição do conceito de ASSEXUAL para pessoas que não gostam de se relacionar sexualmente com outras pessoas. |
… então você pensa: [de um lado] aqui estão os HETEROSSEXUAIS, [no outro lado] ali estão os HOMOSSEXUAIS … no meio estão os BISSEXUAIS, os PANSSEXUAIS estão na região … e os ASSEXUAIS estão fora da caixinha… e tudo bem … outro lugar … porque são pessoas que se apaixonam romanticamente por pessoas de qualquer gênero mas não têm relações sexuais … e tudo bem | Síntese sobre a diversidade de conceitos apresentados e explanados no vídeo:HETEROSSEXUAIS, HOMOSSEXUAIS, BISSEXUAIS, PANSSEXUAIS e ASSEXUAIS |
… mas também não vai perguntar: Oi como é a sua orientação sexual ? … isso não se faz assim … é isso gente … está explicado? … | Síntese sobre a descrição no trato social com as pessoas relativamente à sua orientação sexual. |
Embora a transcrição do texto apresente muitas marcas de oralidade, foi possível constatar o seguinte:
- O conceito de ORIENTAÇÃO SEXUAL é definido como o desejo afetivo e erótico de cada pessoa;
- O conceito de HETEROSSEXUAL é atribuído às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais e/ou socioafetivos com outras do sexo oposto;
- O conceito de HOMOSSEXUAL é atribuído às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais e/ou socioafetivos com outras do mesmo sexo. No caso de se tratar de uma homossexual feminino denomina-se de mulher LÉSBICA e o termo popular é sapatão (no Brasil); no caso de se tratar de um homossexual masculino, denomina-se (popularmente) de gay (no Brasil e em Portugal), ou “viado” (no Brasil);
- A discussão sobre a linguagem a usar no modo de tratar os homossexuais, tem muito a ver com os contextos sociais em que se encontram. Os termos populares de viado e de sapatão são ainda considerados pejorativos e por esse motivo só podem ser aplicados em contextos em que as pessoas autorizem essa forma de tratamento;
- O conceito de BISSEXUAL é atribuído às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais e/ou socioafetivos com outras pessoas do mesmo sexo e com os do sexo oposto;
- O conceito de PANSSEXUAL é atribuído às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais e/ou socioafetivos com outras do mesmo sexo e com os do sexo oposto;
- O conceito de ASSEXUAL é atribuído às pessoas que desenvolvem relacionamentos sexuais com outras pessoas;
- Deverá haver sempre descrição no trato social com todas as pessoas, relativamente à sua orientação sexual.
Este bloco de informações breves (tanto de âmbito contextual como de âmbito específico) situou os participantes sobre o conhecimento ou reconhecimento do conceito de orientação sexual, no momento em que foram solicitados a preencher o questionário.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Relativamente ao conhecimento do conceito de orientação sexual, as respostas dos ex-estudantes de ambas as universidades estão globalmente muito próximas. Na UMa, 90,9% dos ex-estudantes diz que conhece o conceito e na UFS, 84,6% também afirma o mesmo. Correspondentemente, 9,1% dos ex-estudantes da UMa, e 15,4% dos ex-estudantes da UFS respondem não ter conhecimento do conceito de papel de género. As respostas em ambas as universidades estão globalmente muito próximas, embora os participantes da UMa registem maior percentagem relativamente ao conhecimento do conceito de orientação sexual, conforme se verifica na Figura 3.
Relativamente à participação dos ex-estudantes em conversas e debates sobre orientação sexual, as respostas em ambas as universidades são diferenciadas. Na UMa, 50,0% dos ex-estudantes diz que nunca participou em conversas e debates sobre género, 18,2% afirma raramente, 9,1% referiu às vezes e 22,7% referiu frequentemente. Nenhum dos ex-estudantes referiu que sempre participou. Na UFS, 19,2% dos ex-estudantes respondeu que nunca participou em conversas e debates sobre género, 7,7% afirma que raramente participou, 15,4% referiu às vezes, 23,1% respondeu que participou frequentemente e 34,6% referiu que sempre participou, conforme se verifica na Figura 4.
Comparando os resultados, verifica-se que há maior conhecimento sobre o conceito de orientação sexual entre os ex-estudantes da UMa, mas também se observa um envolvimento maior dos ex-estudantes da Universidade Federal de Sergipe na discussão do tema orientação sexual. Em oposição, as respostas dos ex-estudantes na Universidade da Madeira confirmam a pouca adesão a essa iniciativa.
Na análise de conteúdo das afirmações relativas à valorização do conceito de orientação sexual, conforme se observa na tabela 3, vemos que este tema é o mais conhecido de todos os temas discutidos na pesquisa onde este trabalho se insere. Os ex-estudantes na Universidade da Madeira disseram: “Tema atual, com muito mais impacto do que os restantes.” (PT-1-01); “Muito importante para nos sentirmos confiantes com as nossas escolhas.” (PT-1-06); “Devemos aceitar e respeitar a orientação sexual de cada um.” (PT-3-10); “Concordo com a liberdade da orientação sexual.” (PT-3-11). “Deve-se respeitar.” (PT-3-13); “Importante para perceber o conceito” (PT-5-21); “É importante estar informado sobre este tema” (PT-5-22); “Relevante na atualidade” (PT-5-18).
Também nesta subcategoria, as afirmações dos ex-estudantes na Universidade de Sergipe foram as seguintes: “É um tema que deveria ser mais abordado em debates e palestras para uma boa compreensão de todos.” (BR-ITA-2-01); “Muito bom.” (BR-ITA-3-04); “Muito bom, bem conhecido por mim” (BR-ITA-3-05); “Muito bom, pois trabalha com as diferenças de casa ser humano e suas várias formas de sexualidade.” (BR-ITA-4-08); “Um tema bastante importante” (BR-ITA-5-16); “Importante e precisa ser debatido” (BR-SC-1-01); “Tranquilo, Normal, Comum” (BR-SC-5-04); “relevante” (BR-SC-5-05); “Importante” (BR-SC-5-09); “Importantíssimo” (BR-SC-5-07); “Relevante” (BR-SC-5-08).
Verifica-se que tanto os participantes da UMa como os da UFS valorizam o conceito de orientação sexual bem como referem atitudes adequadas para com as pessoas, relativamente a este tema.
No que diz respeito às afirmações relativas ao direito à orientação sexual centrada na perceção subjetiva da identidade, os ex-estudantes na Universidade da Madeira disseram: “Cada pessoa tem direito à sua orientação sexual, devemos aceitar e respeitar.” (PT-3-12); “Este tema é muito abordado pela sociedade em geral. Cada pessoa deve viver de acordo com a sua forma de sentir.” (PT-1-03); “Pessoas gostam de outras pessoas, quer sejam homens ou mulheres.” (PT-2-09); “Acho que a orientação sexual diz respeito a cada um e mais ninguém.” (PT-3-13); “Todos devemos respeitar a orientação sexual de cada um.” (PT-5-17); “Importante para aprender a respeitar” (PT-5-19); “Cada um deve viver conforme se sente.” (PT-5-20); “O importante é haver amor entre as pessoas.” (PT-3-15); “Para mim o amor é o mais importante “(PT-4-16).
Os ex-estudantes na Universidade de Sergipe disseram: “Acho um tema já mais popular” (BR-ITA-3-02); “A base de tudo ainda é o respeito. Lembrando também do livre-arbítrio, ou seja, não cabe ao outro decidir por mim. É indispensável entender e lembrar isso.” (BR-ITA-3-03); “Importante saber que as pessoas podem se relacionar e se atraíram por outras do mesmo sexo, ou sexo oposto, ou os dois sexos. Sem regras, tabus.” (BR-ITA-3-04); “respeito em primeiro lugar, aceitar as pessoas como el@s s@o e como se identificam.” (BR-ITA-3-05); “São as pessoas que te atrai e não importa o gênero” (BR-ITA-3-06); “Nós devemos respeitar as escolhas dos demais, em querer se relacionar com as pessoas que gostam, que atraem.” (BR-ITA-4-10); “o importante é se relacionar com quem a pessoa tente atração, tesão e amor.” (BR-ITA-4-11); “Cada individuo deve ser respeitado como ele é e se identifica e não ser desrespeitado quanto a sua orientação sexual.” (BR-ITA-5-12); “É importante que as pessoas entendam e respeite que cada um tem o direito de escolher e si relacionar com o que gostar.” (BR-ITA-5-13); “Um tema relevante para que a sociedade compreenda que cada um está livre para escolher com quem deve se relacionar, independentemente de gênero.” (BR-ITA-5-14); “Cada um deve ser respeitado” (BR-ITA-5-15); “deve ser bem esclarecido e trabalhado principalmente na escola.” (BR-ITA-5-16); “Auxilia a compreender os modos de vida, que não nos enquadramos em caixinhas, somos diversos.” (BR-SC-5-02). Estes participantes das duas universidades consideram que o direito à orientação sexual centrada na perceção subjetiva da identidade é um valor social. Utilizam expressões como: “respeito” “direito a escolher” “relação”, “relacionar”, “amor”, “atração” “decisão” e “individual”. As respostas são muito semelhantes nos ex-estudantes das duas universidades, conforme se observa na tabela 3.
Categoria: SEXO E GÉNERO | ||
Subcategoria: ORIENTAÇÃO SEXUAL (+) | ||
Fenómeno(s): | Ex-estudantes da UMa | Ex-estudantes da UFS |
Valorização do conceito de orientação sexual. | Tema atual, com muito mais impacto do que os restantes. (PT-1-01) Muito importante para nos sentirmos confiantes com as nossas escolhas (PT-1-06) Devemos aceitar e respeitar a orientação sexual de cada um. (PT-3-10) Concordo com a liberdade da orientação sexual. (PT-3-11) Deve-se respeitar. (PT-3-13) Importante para perceber o conceito (PT-5-21) É importante estar informado sobre este tema (PT-5-22) Relevante na atualidade (PT-5-18) | É um tema que deveria ser mais abordado em debates e palestras para uma boa compreensão de todos. (BR-ITA-2-01) Muito bom. (BR-ITA-3-04) Muito bom, bem conhecido por mim (BR-ITA-3-05) Muito bom, pois trabalha com as diferenças de casa ser humano e suas várias formas de sexualidade. (BR-ITA-4-08) Um tema bastante importante (BR-ITA-5-16) Importante e precisa ser debatido (BR-SC-1-01) Tranquilo. Normal. Comum (BR-SC-5-04) relevante (BR-SC-5-05) Importante (BR-SC-5-09)Importantíssimo (BR-SC-5-07) Relevante (BR-SC-5-08) |
Direito à orientação sexual centrada na perceção subjetiva da identidade. | Cada pessoa tem direito à sua orientação sexual, devemos aceitar e respeitar. (PT-3-12) Este tema é muito abordado pela sociedade em geral. Cada pessoa deve viver de acordo com a sua forma de sentir. (PT-1-03) Pessoas gostam de outras pessoas, quer sejam homens ou mulheres. (PT-2-09) as pessoas muitas vezes sofrem na sociedade porque existe falta de informação sobre este assunto. Este tema deveria ser abordado desde muito cedo nas escolas, mas muitas vezes é considerado tema tabu. (PT-3-12) Acho que a orientação sexual diz respeito a cada um e mais ninguém. (PT-3-13) O importante é haver amor entre as pessoas (PT-3-15) Para mim o amor é o mais importante (PT-4-16) Todos devemos respeitar a orientação sexual de cada um (PT-5-17) Importante para aprender a respeitar (PT-5-19) Cada um deve viver conforme se sente. (PT-5-20) | Acho um tema já mais popular (BR-ITA-3-02) A base de tudo ainda é o respeito. Lembrando também do livre-arbítrio, ou seja, não cabe ao outro decidir por mim. É indispensável entender e lembrar isso. (BR-ITA-3-03) Importante saber que as pessoas podem se relacionar e se atraíram por outras do mesmo sexo, ou sexo oposto, ou os dois sexos. Sem regras, tabus. (BR-ITA-3-04) respeito em primeiro lugar, aceitar as pessoas como el@s s@o e como se identificam. (BR-ITA-3-05) São as pessoas que te atrai e não importa o gênero (BR-ITA-3-06) Nós devemos respeitar as escolhas dos demais, em querer se relacionar com as pessoas que gostam, que atraem. (BR-ITA-4-10) o importante é se relacionar com quem a pessoa tente atração, tesão e amor. (BR-ITA-4-11) Cada individuo deve ser respeitado como ele é e se identifica e não ser desrespeitado quanto a sua orientação sexual. (BR-ITA-5-12) É importante que as pessoas entendam e respeite que cada um tem o direito de escolher e si relacionar com o que gostar (BR-ITA-5-13)Um tema relevante para que a sociedade compreenda que cada um está livre para escolher com quem deve se relacionar, independentemente de gênero (BR-ITA-5-14) Cada um deve ser respeitado (BR-ITA-5-15) deve ser bem esclarecido e trabalhado principalmente na escola. (BR-ITA-5-16) Auxilia a compreender os modos de vida, que não nos enquadramos em caixinhas, somos diversos. (BR-SC-5-02) |
Na análise comparativa dos discursos dos ex-estudantes na subcategoria orientação sexual (+), observa-se que tanto os ex-estudantes da UMa como os da UFS valorizam este conceito e reconhecem a necessidade de discuti-lo. Utilizam também expressões idênticas quando fazem considerações valorativas sobre este tema.
Relativamente aos constrangimentos relativos à orientação sexual, motivados pelos padrões sociais estereotipados, um ex-estudante da UMa disse: ““as pessoas muitas vezes sofrem na sociedade porque existe falta de informação sobre este assunto. Este tema deveria ser abordado desde muito cedo nas escolas, mas muitas vezes é considerado tema tabu.” (PT-3-12);
Os ex-estudantes da UFS também referiram: “ainda enfrenta muitos preconceitos.” (BR-ITA-3-02); “não rotular o outro por conta dele si relacionar com uma pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto.” (BR-ITA-5-13); “É um tema mais abrangente, mesmo assim bastante contraditório perante os conservadores e a religião em si. “(BR-SC-5-03).
Os participantes das duas universidades reconhecem a influência negativa que os tabus e os preconceitos desenvolvem na discussão deste tema e consideram fundamental o desenvolvimento de ações educativas com vista à resolução deste problema.
Na análise de conteúdo das afirmações relativas à não valorização do conceito de orientação sexual, conforme a tabela 4, os ex-estudantes na Universidade da Madeira disseram: “Acho que não é necessário haver um conceito para definir a forma como as pessoas amam ou se atraem pelos outros. Acho que são os próprios termos que criam preconceitos. Não é preciso haver "caixinhas" para sermos aceites, temos é que ser respeitados como somos...(PT-2-09); “Não é preciso especificar tanto conceito para respeitar e aceitar as pessoas tal como são. “(PT-3-14). Estas afirmações embora com linguagem assertiva revelam ainda a presença de tabus que levam os participantes a não concordarem com a discussão deste tema.
Os ex-estudantes na Universidade de Sergipe disseram: “Cada um com seu cada qual, mas se ele quiser pode ser todo mundo junto e misturado.” (BR-ITA-4-09); “Acredito que Deus criou homem e mulher.” (BR-SC-5-06). A primeira afirmação possui uma enorme carga pejorativa. A participante expressa desconforto quando questionada com sobre um tema que lhe causa embaraço e resolve emitir juízos de valor sobre os quais sabe que são desconsiderantes. A segunda afirmação revela que a participante fez uma fuga à resposta motivada ou pelo desconforto do tema ou pelo facto de possuir referências confessionais que a bloqueiam na resposta. Pensamos que estas duas respostas são exemplos da presença de tabus sobre a orientação sexual, o tema aqui discutido.
Verifica-se nestes participantes das duas universidades algum desconforto na discussão deste tema, o que nos faz supor a presença de preconceito ou tabu sobre o conceito de orientação sexual.
Categoria: SEXO E GÉNERO | ||
Subcategoria: ORIENTAÇÃO SEXUAL (-) | ||
Fenómeno(s): | Fenómeno(s): | Fenómeno(s): |
Constrangimentos relativos à orientação sexual, motivados pelos padrões sociais estereotipados. | as pessoas muitas vezes sofrem na sociedade porque existe falta de informação sobre este assunto. Este tema deveria ser abordado desde muito cedo nas escolas, mas muitas vezes é considerado tema tabu. (PT-3-12) | ainda enfrenta muitos preconceitos. (BR-ITA-3-02) não rotular o outro por conta dele si relacionar com uma pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto (BR-ITA-5-13) É um tema mais abrangente, mesmo assim bastante contraditório perante os conservadores e a religião em si. (BR-SC-5-03) |
Não valorização do conceito de orientação sexual | Acho que não é necessário haver um conceito para definir a forma como as pessoas amam ou se atraem pelos outros. Acho que são os próprios termos que criam preconceitos. Não é preciso haver "caixinhas" para sermos aceites, temos é que ser respeitados como somos...(PT-2-09)Não é preciso especificar tanto conceito para respeitar e aceitar as pessoas tal como são. (PT-3-14) | Cada um com seu cada qual, mas se ele quiser pode ser todo mundo junto e misturado. (BR-ITA-4-09) |
Relativamente à não expressão de opinião sobre o conceito de orientação sexual, os participantes da UMa e da UFS disseram: “Não vejo qualquer problema, desde que cada um seja feliz.” (PT-1-04); “Ainda sem opinião” (BR-ITA-3-07). Interrogamo-nos sobre as razões que terão levado estes participantes a não expressarem opinião, após o visionamento de um vídeo sobre este tema.
Uma participante da UFS, conforme se observa na tabela 5, afirmou: “Acredito que Deus criou homem e mulher.” (BR-SC-5-06). Constata-se nesta resposta a influência de padrões heteronormativos acerca da orientação sexual que impedem esta participante de responder ao tema solicitado.
Categoria: SEXO E GÉNERO | ||
Subcategoria: ORIENTAÇÃO SEXUAL (N) | ||
Fenómeno(s): | Fenómeno(s): | Fenómeno(s): |
Não expressão de opinião sobre o conceito de orientação sexual | Não vejo qualquer problema, desde que cada um seja feliz. (PT-1-04) Ainda sem opinião (BR-ITA-3-07) | Acredito que Deus criou homem e mulher. (BR-SC-5-06) |
Desconhecimento do conceito de orientação sexual | Nenhum [conhecimento] (BR-ITA-5-17) |
Verificámos também que uma participante da UFS fez questão de expressar o seu desconhecimento pelo conceito de orientação sexual.
Nestes participantes das duas universidades existe algum desconforto na discussão deste tema o que nos faz também supor a presença de preconceito ou tabu sobre o conceito de orientação sexual.
CONCLUSÃO
Neste artigo tentou-se saber como são entendidos e valorizados pelos ex-estudantes das duas universidades em estudo (UMa e UFS), os conceitos de orientação sexual. Comparando os resultados, verifica-se que há maior conhecimento sobre o conceito de orientação sexual entre os ex-estudantes da UMa, embora se observe um envolvimento maior dos ex-estudantes da Universidade Federal de Sergipe na discussão do tema orientação sexual. Em oposição, as respostas dos ex-estudantes na Universidade da Madeira confirmam a pouca adesão a essa iniciativa. Constata-se que tanto os ex-estudantes da UMa como os da UFS valorizam este conceito e reconhecem a necessidade de discuti-lo. Utilizam também expressões idênticas quando fazem considerações valorativas sobre este tema. Os participantes das duas universidades reconhecem a influência negativa que os tabus e os preconceitos desenvolvem na discussão deste tema e consideram fundamental o desenvolvimento de ações educativas com vista à resolução deste problema.
Também nos interrogámos sobre as razões que terão levado alguns participantes a não expressarem opinião, após o visionamento de um vídeo sobre o tema. Constatou-se que algumas respostas revelavam a influência de padrões heteronormativos acerca da orientação sexual e que impediam os participantes de responder ao tema solicitado. Verificámos também havia participantes das duas universidades com algum desconforto na discussão deste tema o que nos faz também supor a presença de preconceito ou tabu sobre o conceito de orientação sexual.
Este trabalho poderá contribuir para a renovação conceitual e dos contextos organizacionais da prática da pedagogia tal como outros de que fazemos referência. (Brazão; Oliveira; Dias, 2021; Palmeira; Dias, 2021; Cardoso; Dias; Oliveira; Brazão, 2021).
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Notas
Para os ex-estudantes da Universidade Federal de Sergipe: https://drive.google.com/file/d/14M7EWnjiB3-yQWtFUD-0JbJKmX1YU-0Y/view?usp=sharing
Notas de autor
jbrazao@staff.uma.pt
Información adicional
Como citar: Brazão, J. P. G., & Dias, A. F. (2021). What students say about sexual orientation: a comparative study at the Federal University of Sergipe and the University of Madeira. Revista Tempos e Espaços em Educação, 14(33), e16781. http://dx.doi.org/10.20952/revtee.v14i33.16781
Contribuições dos Autores: Brazão, J. P. G.: concepção e desenho, aquisição de dados, análise e interpretação dos dados, redação do artigo, revisão crítica relevante do conteúdo intelectual; Dias, A. F.: concepção e desenho, aquisição de dados, análise e interpretação dos dados, redação do artigo, revisão crítica relevante do conteúdo intelectual. Todos os autores leram e aprovaram a versão final do manuscrito.