
Recepção: 02 Março 2018
Aprovação: 04 Setembro 2018
DOI: https://doi.org/10.17058/reci.v9i1.11762
Resumo: Justificativa e Objetivos: O surgimento e o desenvolvimento de profissionais manicures têm relação direta com o desenvolvimento da estética e da podologia, aliado ao desenvolvimento econômico do país e os meios de comunicação, que levam os indivíduos a se preocuparem com o corpo, sendo, necessário o crescimento quantitativo de profissionais que possam atender esta demanda, incluindo as manicures. Entretanto, esse crescimento não tem acompanhado a devida qualificação profissional, expondo trabalhadores e clientela atendida, aos riscos inerentes às atividades desenvolvidas. O objetivo do estudo foi avaliar o perfil sociodemográfico de profissionais manicures, enfocando os aspectos da formação profissional e biossegurança. Métodos: Estudo descritivo, transversal e prospectivo, com delineamento para o estudo de campo, com análise quantitativa dos dados. Resultados:A amostra total de acesso, constituiu-se de 61 estabelecimentos de beleza, com predomínio de profissionais do sexo feminino (96,72%), com escolaridade entre ensino médio incompleto a completo (58,91%), com uma renda mensal de até um salário mínimo (77,04%), com relação a realização de cursos que envolvam a temática biossegurança (73,77%) das entrevistadas nunca o realizaram. Conclusão: Evidenciou-se que a baixa escolaridade, relacionada a não realização de cursos que envolvam questões de biossegurança, reforçam os riscos que estas profissionais enfrentam cotidianamente.
Palavras-chave: Centros de Embelezamento e Estética, Saúde Pública, Perfil de Saúde.
Abstract: Background and Objectives: The emergence and development of professional manicures are and related to the development of aesthetics and podiatry, combined with the economic development of the country and the media, which lead individuals to care about their body, requiring a quantitative growth of professionals who can meet this demand, including manicures. However, this growth has not accompanied the proper professional qualification, exposing workers and the clientele served to risks inherent to the activities developed. The objective of this study was to evaluate the sociodemographic profile of professional manicures, focusing on aspects such as professional training and biosafety. Methods: Descriptive, cross-sectional and prospective study, with a field study design and quantitative data analysis. Results: The total access sample consisted of 61 beauty establishments, with predominance of female professionals (96.72%), with incomplete high school education (58.91%), monthly income up to a minimum wage (77.04 %); regarding courses on biosafety, 73.77% of the interviewees never performed it. Conclusion: It was evidenced that the low level of education, related to the lack of courses that involve biosafety issues, reinforce the risks that these professionals face daily.
Keywords: Beauty and Aesthetics Centers, Public Health, Health Profile.
Resumen: Justificación y Objetivos: l surgimiento y el desarrollo de profesionales manicures tienen una relación directa con el desarrollo de la estética y la podología, aliado al desarrollo económico del país y los medios de comunicación, que llevan a los individuos a preocuparse por el cuerpo, siendo necesario el crecimiento cuantitativo de profesionales que puedan atender esta demanda, incluyendo las manicuras. Sin embargo, ese crecimiento no ha acompañado la debida cualificación profesional, exponiendo trabajadores y clientela atendida, a los riesgos inherentes a las actividades desarrolladas. El objetivo del estudio fue evaluar el perfil sociodemográfico de profesionales manicures, enfocando los aspectos de la formación profesional y bioseguridad. Métodos: Estudio descriptivo, transversal y prospectivo, con delineamiento para el estudio de campo, con análisis cuantitativo de los datos. Resultados: La muestra total de acceso, se constituyó de 61 establecimientos de belleza, con predominio de profesionales del sexo femenino (96,72%), con escolaridad entre enseñanza media incompleta a completa (58,91%), con una renta mensual de hasta un salario mínimo (77,04%), con relación a la realización de cursos que involucran la temática bioseguridad (73,77%) de las entrevistadas nunca lo realizaron. Conclusión: Se evidenció que la baja escolaridad, relacionada con la no realización de cursos que involucran cuestiones de bioseguridad, refuerza los riesgos que estas profesionales enfrentan cotidianamente.
Palabras clave: Centros de Belleza y Estética, Salud Pública, Perfil de Salud.
INTRODUÇÃO
O surgimento e o desenvolvimento de profissionais manicures têm relação direta com o desenvolvimento da estética e da podologia, com a procura exacerbada na realização de procedimentos estéticos, ressaltando-se assim, a importância do atributo beleza e a possibilidade que todos têm de melhorar sua aparência física ou de se moldar segundo os padrões de estética corporal.1
O desenvolvimento econômico do país e os meios de comunicação têm influenciado o aumento da renda e trazendo consigo padrões de imagem e beleza, atingindo todas as camadas sociais, faixas etárias e ambos os sexos. Tal condição tem inspirado os indivíduos a se preocuparem com a qualidade de vida, sobretudo, quanto aos cuidados com o corpo, sendo, necessário o crescimento quantitativo de profissionais que possam atender esta demanda, incluindo as manicures e pedicures.2,3
Entretanto, esse crescimento não tem acompanhado a devida qualificação profissional, expondo trabalhadores e clientela atendida, aos riscos inerentes às atividades desenvolvidas.4
Os profissionais do ramo da beleza e estética, quando desconhecem e/ou não aderem às boas práticas de segurança, aumentam a chance de se exporem a microrganismos pelo contato direto ou indireto, seja pelas vias cutâneo-mucosa, cutânea ou percutânea, a exemplo da pele, que sofre abrasões, descamações, perfurações e da mucosa ocular, atingida por fragmentos de unhas.5,6
As manicures só foram reconhecidas como profissionais a partir de um projeto de lei sancionado em 18 de janeiro de 2012, permitindo que os profissionais da área se organizassem para regulamentar a profissão, profissionais estes que exercem atividades de higiene e embelezamento estético e corporal de indivíduos e, que podem estar expostos ao risco da transmissão microbiana, quando desconhecem e não aderem às medidas de biossegurança.7
Apesar do reconhecimento profissional, outros obstáculos surgiram e têm sido enfrentados por estes profissionais até os dias atuais, no qual podemos destacar:5 A não existência de um vínculo empregatício formal (carteira de trabalho assinada), fazendo com que os profissionais desenvolvam serviços e recebam proporcionalmente sobre o que produzem. Alguns trabalham apenas em dias de maior demanda de clientes, ficando responsáveis pela aquisição de seus próprios artigos e produtos, o que acarreta em uma menor renda para estes profissionais quando comparado com trabalhadores que atuam em indústrias com carteira de trabalho devidamente assinada e com direitos trabalhistas assegurados.
Destaca-se ainda que esta categoria, na maioria das vezes, possui poucos materiais para a realização dos procedimentos, que devem ser previamente limpos, desinfetados e esterilizados, podendo ocorrer a utilização destes instrumentais em mais de um cliente, desconhecendo a imprescindível necessidade da realização dos processos mencionados para garantir a segurança dos clientes e a própria.5
A importância da beleza como um elemento do processo discriminatório tanto pode ser analisada pelo ângulo do mercado de trabalho, como dos capitais envolvidos na produção dos insumos requeridos ao atendimento dos serviços de beleza.6,7
Como variável econômica com forte impacto sobre o mercado de trabalho, trata de desvendar os mecanismos de segregação ou diferencial de salários entre trabalhadores (as), o novo perfil da mão de obra na prestação desses serviços e nas indústrias produtoras de insumos e a expansão da força de trabalho neste segmento.8
Quanto ao capital, a exigência de uma boa aparência requer gastos com serviços e produtos que movem atualmente volumes vultosos de capital. A relevância desses investimentos se expressa no surgimento de novos produtos, em resposta à demanda gerada pelos motivos já expostos. Mundialmente, a indústria de cosméticos e perfumaria realiza negócios que envolvem bilhões de dólares e ocupam milhões de pessoas e, no Brasil, passou nos últimos anos por um grande crescimento.1
Outro aspecto a ser considerado é que os profissionais não são obrigados a apresentar diploma de qualquer natureza, seja em curso técnico, profissionalizante ou de ensino superior, que certifique sua formação e qualificação na área. Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho (CBO), para a atuação destes profissionais é necessário, no mínimo, o ensino fundamental incompleto, curso de qualificação e até um ano de experiência profissional.2
A regulamentação da profissão se tornou fundamental no sentido de não apenas valorizar estes trabalhadores, mas, também, de exigir a habilitação formal em instituições de ensino, com grade curricular mínima para o efetivo exercício da profissão.9
Por fim, devido à crescente inserção da mulher no mercado de trabalho, sua renda vem crescendo e consequentemente, sua participação no orçamento familiar. A partir da década de 70, a taxa de participação da mulher brasileira na População Economicamente Ativa (PEA) era de apenas 18%, subindo para 40,1% no ano de 2001 e atingindo a proporção de pouco menos de 50,0% em 2009. Este foi um dos fatores que provocou o aumento no consumo dos serviços de beleza e estética no país a partir da década de 1990, levando-se em consideração igualmente que, entre 2001 e 2009, o percentual de famílias brasileiras chefiadas por mulheres ascendeu de aproximadamente 27,0% para 35,0%.10,11
Diante do exposto, pretende-se com a realização deste estudo, após avaliar o perfil sociodemográfico de profissionais manicures, demonstrar a necessidade de novos estudos comparativos aos achados ora apresentados, que evidenciem a atuação desses profissionais no Brasil e principalmente na região Sul do país, no qual a adesão popular às práticas de embelezamento envolve riscos à saúde da clientela e dos trabalhadores, principalmente aqueles relacionados à formação profissional e biossegurança. Além disso, a temática é de relevância social por envolver trabalhadores e clientela de várias faixas etárias, classe econômica e ambos os sexos.12
Partindo-se desse pressuposto, o objetivo da presente pesquisa foi avaliar o perfil sociodemográfico de profissionais manicures, enfocando os aspectos da formação profissional e biossegurança.
MÉTODOS
Trata-se de estudo descritivo, transversal e prospectivo, com delineamento para o estudo de campo, com análise quantitativa dos dados. A pesquisa foi desenvolvida em salões de beleza, situados no oeste do Paraná. A população foi composta por manicures atuantes nestes estabelecimentos, trabalhou com amostra total de acesso, constituindo-se de 61 estabelecimentos de beleza.
Foram incluídos no estudo, profissionais de idade igual ou superior a 18 anos, que voluntariamente consentiram participar da pesquisa, após esclarecimentos e terem assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os estabelecimentos de beleza visitados mais de três vezes, que estavam fechados e, estabelecimentos que atuassem apenas no ramo de cabelereiro e barbeiro, foram excluídos do estudo.
Para a coleta de dados foi elaborado um questionário semiestruturado contendo perguntas abertas e fechadas, das quais algumas foram parcialmente extraídas da tese de doutorado de Garbaccio2, com dados do estabelecimento; do entrevistado; do processo de trabalho e; de conhecimento específico, sendo este realizado de forma assistida.
A realização do teste-piloto do instrumento de coleta de dados foi previamente testado em um salão de beleza (não incluso na amostra) e as respostas foram analisadas para verificar a congruência das questões de acordo com os objetivos da pesquisa.
Todos os aspectos éticos previstos na Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde/MS, que trata de diretrizes e normas regulamentadoras com pesquisas que envolvem seres humanos foram observados.13
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), conforme parecer favorável número 1.447.806/2016 e CAEE 50066815.8.0000.0107.
Os profissionais dos salões de beleza foram contatados mediante visita ao estabelecimento, sendo realizada a apresentação do pesquisador e a explicação sobre os objetivos da pesquisa. Após, caso o indivíduo aceitasse participar da mesma, a coleta era realizada com a assinatura do TCLE pelo entrevistado.
Os dados constantes dos instrumentos de coleta de dados foram devidamente tabulados em planilha do programa Microsoft Excel, e posteriormente sintetizados por meio de estatísticas descritivas (frequências absolutas, frequências relativas, médias e desvio padrão).
As variáveis quantitativas (idade, tempo de experiência no ramo/seguimento de beleza/estética, tempo que atua no salão) foram avaliadas por meios das estatísticas descritivas de mínimo, máximo, média e desvio padrão.
As frequências das categorias de resposta foram comparadas entre si por meio do teste de Qui Quadrado para aderência, quando tais variáveis eram classificadas como qualitativas nominais dicotômicas. Já as frequências de respostas das variáveis qualitativas nominais categóricas foram comparadas por meio do teste de Qui Quadrado para k proporções, seguido do teste de acompanhamento de Marascuilo.
Todas as análises estatísticas foram realizadas no programa XLStat2015, utilizando o p-valor com nível de significância de 0,05.
RESULTADOS
A amostra foi composta por 61 pessoas, a maioria composta por mulheres 59 (96,72%), com escolaridade entre ensino médio incompleto a completo 36 (58,91%). Geralmente não atuam em outro salão 58 (95,08%) e apresentam uma renda mensal de até um salário mínimo 47 (77,04%) (Tabela 1).
Com relação à formação profissional na área, 52 (85,24%) realizaram cursos presenciais e 16 (26,23%) iniciaram suas atividades por iniciativa própria. A maioria não fez curso de aperfeiçoamento na área nos últimos 2 anos 50 (81,96%), assim como não realizou nenhum curso relacionado à biossegurança 45 (73,77%). Dentre os 16 (26,23%) entrevistados que fizeram algum curso de biossegurança, estes fizeram o treinamento em outro estabelecimento 6 (37,50%), ou 6 (37,50%) em uma escola técnica (Tabela 1).

A idade dos participantes variou 18 e 60 anos, com média de 36,70 anos (±10,40). Quanto ao tempo de experiência no ramo/seguimento de beleza/estética, foi verificada ampla variação, havendo profissionais com apenas um ano de experiência até aqueles com 30 anos de experiência, (±5,90) (Tabela 2).
Na avaliação do tempo de atuação no salão, a pesquisa evidenciou que haviam sujeitos com apenas um ano de emprego e outros com até 16 anos (dp=3,70) (Tabela 2).

DISCUSSÃO
Os dados encontrados na pesquisa e apresentados na tabela 1 corroboram com os achados de outros estudos que envolvem a mesma temática os quais evidenciaram em um grupo de manicures e pedicures entrevistadas em Belo Horizonte (MG), no ano de 2013, 100% eram do sexo feminino.4
Em relação à área de conhecimento de formação, os achados desta pesquisa vão ao encontro com os dados de outras pesquisas, no qual pode-se observar um baixo nível educacional, sendo que o analfabetismo variou entre 2,2% a 12,0%, e o nível básico de escolaridade variou entre 12,3% e 56,7%, em outra pesquisa envolvendo a mesma temática.4,14
Possivelmente tal fato se deva à origem das profissões, a não exigência legal de qualquer formação técnica ou capacitação do profissional para exercer atividade, além da falta de orientação e acompanhamento das agências de saúde. Assim, pressupõe-se que muitos destes profissionais aprendem a atividade sob orientações de outros mais antigos, sendo este conhecimento sobre os possíveis impactos à saúde humana do próprio profissional e do cliente, indispensável para sua atuação.14
Em relação à questão se o profissional atua em outro salão, o resultado encontrado foi semelhante a outro estudo no qual 231 (98,3%) não atuavam em outro estabelecimento e 4 (1,7%) afirmaram trabalhar em mais de um local.15
No que tange à renda mensal de manicures e pedicures, esta pesquisa apontou que a maioria das entrevistadas recebem até um salário mínimo/mês, que, no período da realização da pesquisa, era de cerca de R$ 880,00 (oitocentos e oitenta reais). Tal fato se deve à variação segundo a clientela atendida, localização do estabelecimento, reputação, dentre outros atributos. A margem de ganho destas profissionais fica entre R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais), de acordo com o valor cobrado para cada serviço.
Destarte, se faz necessária uma ampla discussão acerca da questão salarial destes profissionais, buscando estabelecer um piso salarial, com definição de uma jornada de trabalho e formação escolar que contemple as especificidades do trabalho que desenvolvem, no sentido de facilitar a abordagem e entendimento das recomendações sanitárias vigentes e necessárias para a adesão às medidas de biossegurança e garantia de práticas seguras.
Considerando a formação profissional na área, a pesquisa evidenciou que 52 (85,2%) profissionais relataram ter realizado cursos profissionalizantes presenciais.
Em um estudo realizado, as participantes optaram por se capacitar por meio de cursos de curta duração, como decoração de unhas, unhas de porcelana, dentre outros.2 Esses cursos profissionalizantes regulares são destinados a proporcionar capacitação profissional, visando habilitar os indivíduos ao desenvolvimento de práticas indispensáveis ao exercício da profissão.16
Em uma pesquisa realizada, 155 (66,0%) referiram ter realizado a formação profissional por meio de formação não regular/informal.2 Este tipo de formação caracteriza-se por não ocorrer em escolas regulares profissionalizantes ou cursos do segmento beleza e estética, mas por relações de parentesco, amizades ou por meios de comunicação, associações, organizações, sociedades, dentre outros.17
Verifica-se, ainda, a existência e formação de cursos preparatórios rápidos cuja principal preocupação se volta para a habilidade técnica, para o corte e o uso de produtos nos cabelos e unhas, atuando quase sempre como uma forma de divulgar as novidades do mercado da beleza e estética, e não necessariamente na formação fundamental da profissão.17
A carência de cursos de capacitação regulamentados, o número insuficiente de treinamento de manicures e pedicures e a informalidade, permitem que estes profissionais desempenhem suas funções sem o devido conhecimento, para que possam exercer seu trabalho de forma segura.5
Em alguns países, como nos Estados Unidos, os profissionais de beleza precisam adquirir habilidades e acompanhar novas tecnologias e técnicas de escolas de cosmetologia, se tornando indispensável ter diploma do ensino médio ou equivalente. Alguns programas estão disponíveis em escolas profissionalizantes pós-secundárias e outros programas credenciados em tempo integral levam a um grau de associado em cosmetologia.18
No Estado do PR, a Resolução da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) nº 700/2013, não há especificações sobre a obrigatoriedade na participação de cursos profissionalizantes, com enfoque na biossegurança, apenas, apresenta recomendações para a prática adequada do exercício das atividades profissionais desses trabalhadores priorizando a vulnerabilidade do indivíduo ou da coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, em suas relações com os agentes da prestação de serviços de interesse à saúde.19
Entre as entrevistadas 45 (73,7%) não realizaram nenhum curso relacionado à biossegurança. Tal resultado obtido corrobora com outros estudos, no qual 72,3% não realizaram nenhum curso voltado à biossegurança e a atuação nos estabelecimentos de beleza.2
A falta de formação e/ou conhecimento em medidas de biossegurança contribui na disseminação de microrganismos e doenças que, muitas vezes, são adquiridas, mas que acabam não sendo associadas a estes ambientes, num processo de transmissão silenciosa.
Em outros estudos que tratam do mesmo tema, a idade predominante foi ≥ a 31 anos, com um tempo de experiência ≤ a 10 anos e com tempo de trabalho no salão visitado de ≥ 2 anos15, que se assemelha com a presente pesquisa realizada.20,21
A realização desta pesquisa permitiu-nos concluir que o perfil socioeconômico das profissionais manicures, além de identificar as atividades desenvolvidas por estes profissionais, não foi tarefa fácil, haja vista a grande dificuldade de contato com tais estabelecimentos, endereços repassados equivocadamente, recusas de aceite da pesquisa devido ao fato de estarem em ambiente de trabalho e com clientes sendo atendidas ao mesmo tempo.
É exímia a grande preocupação da população em relação à boa aparência das mãos e pés e isso inclui os cuidados com as unhas. No entanto, em razão das várias ocupações e tarefas a serem realizadas no dia-a-dia, muitas pessoas procuram os serviços de manicure/pedicure sem, às vezes, dar atenção à higiene referente ao serviço.
Com relação à qualificação profissional, devem-se contemplar princípios de microbiologia, imunologia, entre outras, considerando os agravos à saúde decorrentes de materiais utilizados na sua prática diária que não são submetidos aos processos de esterilização adequados, podendo comprometer a reputação do estabelecimento e do profissional, além de causar danos à clientela.
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