ARTIGO

Avaliação preliminar da qualidade da fluoxetina comercializada por farmácias de manipulação em Belo Horizonte/MG

Preliminary assessment of the quality of the fluoxetine commercialized by pharmacies of manipulation from the city of Belo Horizonte/Brazil

Alexandre Soares Leal *
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, Brasil
Fernanda Peixoto Sepe Melo
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, Brasil
Tatiana Cristina Bomfim Gomes
Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, Brasil
Amália Soares Santana
Fundação Ezequiel Dias, Brasil
Luzia Helena da Cunha
Fundação Ezequiel Dias, Brasil
Mitiko Saiki
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Brasil

Avaliação preliminar da qualidade da fluoxetina comercializada por farmácias de manipulação em Belo Horizonte/MG

Vigilância Sanitária em Debate, vol. 5, núm. 1, pp. 76-83, 2017

INCQS-FIOCRUZ

Recepção: 24 Junho 2016

Aprovação: 19 Janeiro 2017

RESUMO: Neste trabalho, foram avaliadas 14 amostras de fluoxetina comercializadas por 13 estabelecimentos diferentes da rede de farmácias magistrais em Belo Horizonte/MG. A amostragem obtida representa 47,0% do total de 30 unidades de preparação distintas na cidade e corresponde a cerca de 180 pontos de venda. Foram realizadas análises de determinação de peso, identificação, teor de princípio ativo e uniformidade de doses unitárias. As análises foram realizadas pela Fundação Estadual Ezequiel Dias (Funed/MG) com base nas metodologias descritas nas farmacopeias de referência. Foram observadas irregularidades em algumas amostras como na rotulagem e ensaio de teor. Foi também investigada a presença e concentração de metais e outras impurezas inorgânicas através da técnica de análise por ativação neutrônica (AAN). Os resultados mostraram também a presença de elementos como As, Br, Co, Cr e Hf que, mesmo em baixas concentrações, podem ser prejudiciais à saúde humana se consumidos de forma constante durante longo prazo.

Palavras chave: Controle de Qualidade, Fluoxetina, Boas Práticas de Manipulação, Vigilância Sanitária.

Abstract: In this study, fourteen samples of fluoxetine being commercialized by thirteen different establishments of the network of magistral pharmacies in the City of Belo Horizonte/MG were assessed. The sampling corresponds to 47,0% of the total 30 different units of preparation of the city, which corresponds to about 180 points of sale. Analyses for determining weight, identification, active ingredient content and uniformity of dosage units were performed by the State Foundation Ezequiel Dias (FUNED /MG) based on methodologies described by reference pharmacopoeias. Irregularities, on the labeling and the content testing, were observed in some samples. It was also investigated, through the technique of neutron activation analysis (NAA), the presence and concentrations of metals and other inorganic impurities. The results showed the presence of elements such as As, Br, Cr Co, Cr, Hf and others, that even at low concentrations, may be harmful to human health if consumed steadily for a long term.

Keywords: Quality Control, Fluoxetine, Good Practice of Manipulation, Sanitary Surveillance.

INTRODUÇÃO

A fluoxetina (C17H18F3NO) é um fármaco inibidor seletivo da recaptação de serotonina (5-HT), com ação serotoninérgica e é um dos antidepressivos mais prescritos atualmente. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina são usados em uma variedade de distúrbios psiquiátricos como depressão, distúrbios da ansiedade, ataques de pânico e transtorno obsessivo-compulsivo1 .

O consumo da fluoxetina na forma manipulada tem ocupado fatia cada vez mais significativa do mercado. Isto ocorre, em parte, em função da alternativa de prescrição e posologia personalizadas, incluindo associação com outras drogas e do custo mais baixo em relação aos produtos referência. Por estas razões, as farmácias de manipulação têm um importante papel social na oferta de medicamentos à população2 , 3 , 4 , 5 , 6 , 7 . Diversos estudos têm demonstrado que há uma aceitação favorável pela população aos medicamentos manipulados8 , 9 , 10 , 11 , 12 , 13 , 14 .

Devido aos elevados indícios de abuso no consumo e desvio de utilização para outras finalidades, notadamente para a perda de peso, a fluoxetina faz parte do relatório “Resultados 2009” da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)15 , com dados do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). Conforme os dados do SNGPC, o consumo de fluoxetina manipulada foi maior que o consumo do medicamento industrializado no Brasil em 2009, e Minas Gerais foi classificado como o terceiro Estado com maior consumo de produtos manipulados à base de cloridrato de fluoxetina, devendo-se considerar as limitações do estudo15 .

Diversos problemas relacionados aos medicamentos manipulados fazem com que uma avaliação mais rigorosa da qualidade e segurança desses produtos seja necessária no contexto da saúde pública16 , 17 , 18 . Pode-se observar uma crescente tendência no aumento das exigências em termos de qualidade, que envolvem questões éticas e regulatórias mas também um mercado farmacêutico cada vez mais competitivo17 .

Diversos estudos têm confirmado uma série de problemas na produção e comercialização de medicamentos manipulados, incluindo as preparações com cloridrato de fluoxetina16 , 17 , 18 , 19 , 20 , 21 . Esses problemas de qualidade estão relacionados a diversos fatores como: utilização de processos de manipulação inadequados, não realização de análises que atestem a qualidade e conformidade das matérias-primas e ausência ou insuficiência de capacitação suficiente dos manipuladores22 , 23 .

A principal causa de desvio de qualidade inerente ao processo de manipulação de medicamentos em cápsulas é a perda de pó durante as operações de pulverização em tamis, mistura e enchimento dos invólucros de gelatina dura. Erros de cálculo e de pesagem dos componentes da formulação, erros inerentes ao manipulador e a utilização de equipamentos danificados ou não calibrados podem também comprometer o processo e, consequentemente, a qualidade do produto final25 . Problemas relacionados à mistura e à variação granulométrica das matérias-primas podem levar a variações na uniformidade de conteúdo, uma vez que estas variáveis influenciam nos parâmetros farmacotécnicos de formas farmacêuticas sólidas26 , 27 , 28 .

Além disso, alguns estudos têm evidenciado também a presença de impurezas inorgânicas em medicamentos manipulados e em matérias-primas utilizadas em farmácias magistrais29 , 30 . É sabido que e exposição contínua a certos elementos pode levar a diversas complicações à saúde. Além da sua inerente toxicidade, alguns deles podem agir na potencialização de algumas patologias e influenciar na estabilidade de certos fármacos. A consequência é a diminuição da biodisponibilidade do princípio ativo e interferência na absorção de elementos essenciais28 , 29 , 30 , 31 , 32 , 33 , 34 , 35 .

As impurezas inorgânicas observadas em medicamentos são introduzidas inadvertidamente durante o processo de fabricação, no armazenamento da matéria-prima ou do produto acabado19 , 36 . Entretanto, a avaliação elementar de medicamentos manipulados não é requerida pela legislação atual. Segundo a RDC no 67/200737 , as farmácias magistrais devem seguir os procedimentos para analisar, individualmente, os lotes de matéria-prima recebida que incluem a verificação de: características organolépticas; pH; peso médio; viscosidade; grau ou teor alcoólico; densidade; volume; teor do princípio ativo; dissolução e pureza microbiológica.

Nesse trabalho, foram analisadas a qualidade físico-química e presença de contaminantes inorgânicos de amostras de fluoxetina manipulada, comercializadas em farmácias magistrais de Belo Horizonte/MG. O objetivo foi fornecer subsídios aos órgãos responsáveis para aperfeiçoar os mecanismos de controle e garantir qualidade e segurança adequada aos consumidores.

MÉTODO

Foram analisadas ao todo 14 amostras de 13 estabelecimentos, pontos de venda, distintos. Para a avaliação da qualidade físico-química, foram consideradas nove amostras (A-I) e de contaminação inorgânica, cinco amostras (A, J–M). As amostras (A–I) foram coletadas pela Vigilância Sanitária de Minas Gerais (VISA/MG) como parte do programa de qualidade de avaliação de medicamentos manipulados conduzidos pela Fundação Ezequiel Dias (Funed/MG) em parceria com a VISA/MG. Os Laboratórios de Controle de Qualidade de Medicamentos, Saneantes e Cosméticos da Funed/MG fazem parte da rede de Laboratórios da Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen/MG). Todos eles possuem acreditação junto à Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (Reblas), ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) e à Organização Nacional de Acreditação (ONA). Em 2011, foi reconhecido oficialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como referência no controle de qualidade de medicamentos para a região das Américas.

Cada amostra continha de 15 a 40 mg/cápsula de cloridrato de fluoxetina. As amostras (J–M) foram adquiridas anonimamente utilizando-se receita médica obtida especialmente para este trabalho. Nesse caso, cada amostra continha 10 mg/cápsula de cloridrato de fluoxetina. Devido a limitações de ordem operacional, não foi possível realizar ambas as análises, físico-química e de contaminação inorgânica, no mesmo conjunto de amostras.

Dados de 2013 apontavam a existência de 180 estabelecimentos ou pontos de venda de medicamentos manipulados na cidade de Belo Horizonte/MG. Entretanto, vários pontos de venda fazem parte de uma mesma rede de farmácias e os produtos manipulados são obtidos do mesmo laboratório. O número de unidades de manipulação distintas é inferior a 30. Como os 13 estabelecimentos fazem parte de redes de farmácias distintas, a amostragem cobre 33,0% do total de estabelecimentos. A escolha foi feita de acordo com a localização geográfica no município correspondente aos diferentes perfis de clientela atendida e padrões de preço praticados. Esses são possíveis fatores de impacto na qualidade dos produtos manipulados. As amostras foram obtidas entre junho e julho e as análises realizadas entre outubro e dezembro de 2013.

As análises de controle de qualidade físico-químico foram realizadas no Laboratório de Controle de Qualidade Físico-Químico (determinação de peso, identificação, teor de princípio ativo, compostos relacionados – quando pertinente – e uniformidade de doses unitárias) do Serviço de Medicamentos, Saneantes e Cosméticos do Instituto Octávio Magalhães da Funed, considerado como Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais. As análises de controle de qualidade físico-químico, aspecto e rotulagem foram executadas conforme ensaios e metodologias descritas na Tabela 1 .

Tabela 1
Ensaios executados pela Fundação Estadual Ezequiel Dias - Funed e referências utilizadas.
EnsaioMetodologia (Referência)
Aspecto-
RotulagemRDC n° 67 (2007)37
Determinação de pesoFarmacopeia Brasileira V (2010)38
IdentificaçãoUSP 34 (2010)39
TeorUSP 34 (2010)39
Uniformidade de doses unitáriasUSP 34 (2010)39

A análise de teor de princípio ativo é feita por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) ( Figura ). No ensaio da fluoxetina, foi realizada mistura do conteúdo de cinco cápsulas.

Cromatograma de ensaio de teor da fluoxetina.
Figura
Cromatograma de ensaio de teor da fluoxetina.

O teste de uniformidade de doses unitárias avalia a quantidade de componente ativo em unidades individuais do lote e verifica se esta quantidade é uniforme nas unidades testadas.

A análise de aspecto descreve as características físicas do medicamento analisado, por exemplo, cápsula dura branca e verde contendo pellets brancos. No caso dos medicamentos manipulados é uma análise meramente descritiva. Em comparação, nos medicamentos industrializados, a análise tem como referência os dados constantes no registro do medicamento na Anvisa.

A verificação de rotulagem confirma se as informações necessárias, como: nome do prescritor, nome do paciente, número de registro da formulação no Livro de Receituário, data da manipulação, prazo de validade e outras, estão apresentadas de acordo com a RDC no 67/0737 . Descrição detalhada da metodologia empregada em todas as análises pode ser encontrada no trabalho de Melo40 .

Já a determinação das impurezas inorgânicas foi realizada no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) e no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) em São Paulo/SP usando a técnica de análise por ativação neutrônica (AAN)23 . Os parâmetros experimentais utilizados em cada laboratório estão descritos na Tabela 2 . A principal vantagem da AAN é a possibilidade de determinação de vários elementos simultaneamente com menor custo e tempo de trabalho23 .

Tabela 2
Parâmetros experimentais utilizados na AAN realizadas pelos Institutos CDTN e IPEN.
Dados ExperimentaisCDTNIPEN
Reator /PotênciaTRIGA IPR-R1/100kWIEA-R1/5MW
Espectrometria gamaHPGe (Canberra GC 2018)41HPGe (Canberra GC 2018)31
Sistema de aquisição de dadosGennie 2000, v.3.1 (Canberra)42Gennie 2000, v.3.1 (Canberra)42
Massa das amostras (mg)200–250180
N° de amostras analisadas35
Fluxo térmico (cm-2.s-1)6,4 x10115,0 x1011
Tempo de irradiação (h)818
AAN: Análise por ativação neutrônica; CDTN: Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear; IPEN: Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.

Para a avaliação da qualidade físico-química dos medicamentos foram realizados os ensaios farmacopeicos de determinação de peso, identificação, teor e uniformidade de doses unitárias36 , 37 .

Também foi realizada análise da rotulagem dos produtos, segundo a resolução vigente de Boas Práticas de Manipulação, a RDC n° 67/200737 . Todas as análises foram realizadas no período de março de 2011 a fevereiro de 2013.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Das nove análises de rotulagem realizadas, farmácias A a I, apenas uma, a farmácia C, foi satisfatória. As amostras das farmácias consideradas insatisfatórias não apresentaram os componentes da formulação e suas respectivas quantidades na embalagem primária, o que é exigência de acordo com a RDC no 67/200737 . Além disso, observou-se, nas amostras das farmácias A, D, G e I, erros na apresentação de informações de identificação do estabelecimento, como: ausência, erro ou duplicidade de endereços, ausência ou erro do CNPJ, não identificação do responsável técnico. Essas informações são importantes para promover o uso correto dos medicamentos e devem atender a legislação vigente43 .

Em relação ao aspecto, as cápsulas duras de cloridrato de fluoxetina eram de coloração variável e continham pó branco. Todas as amostras analisadas foram satisfatórias para os ensaios de identificação do princípio ativo e determinação do peso, conforme apresentado na Tabela 3 .

Tabela 3
Resultados de determinação de peso médio de cloridrato de fluoxetina em mg/cápsula e as variações máxima e mínima, em %, por farmácia.
FarmáciaPM (mg/cápsula)DmaxDminResultado
A157,1 ± 2,45,56,7Satisfatório
B130,7 ± 1,86,63,6Satisfatório
C154,5 ± 1,54,34,8Satisfatório
D136,1 ± 1,84,96,2Satisfatório
E129,2 ± 2,18,47,8Satisfatório
F115,6 ± 1,56,73,4Satisfatório
G246,1 ± 1,41,81,9Satisfatório
H114,6 ± 1,24,33,9Satisfatório
I88,0 ± 1,97,57,2Satisfatório
PM: Peso médio; Dmax: Variação máxima; Dmin: Variação mínima.

Em relação ao ensaio de teor, apresentado na Tabela 4 , pode-se observar que as amostras das farmácias A e I foram insatisfatórias. As amostras consideradas insatisfatórias, com teor de princípio ativo inferior a 90% do valor declarado é um resultado preocupante porque pode levar à ineficácia do tratamento farmacológico, com ausência ou modificação da resposta terapêutica esperada a partir do uso desses medicamentos38 , 44 . Pela legislação sanitária vigente são necessárias, para preparações magistrais sólidas, análises de descrição, aspecto, caracteres organolépticos e peso médio. Não é requerido ensaio de teor na rotina de manipulação dessas preparações.

Tabela 4
Resultados dos teores rotulados (TR) e medido (TM), em mg/cápsula, e TM, em % de cloridrato de fluoxetina, nas amostras das farmácias A–I.
FarmáciaTRTM (mg/cápsula)TM (%)Resultado
A1513,1± 2,187,5Insatisfatório
B2018,9 ± 0,994,7Satisfatório
C2019,5 ± 0,597,5Satisfatório
D2020,3 ± 1,3101,4Satisfatório
E2019,2 ± 0,996,2Satisfatório
F2020,1 ± 1,0100,6Satisfatório
G4038,0 ± 0,695,0Satisfatório
H2021,1 ± 0,6105,5Satisfatório
I2017,0 ± 0,485,0Insatisfatório
TR: teor rotulado; TM: teor medido.

Todavia, como evidenciado pelos resultados obtidos neste estudo, as análises requeridas pela legislação sanitária não são suficientes para se atestar a qualidade do medicamento manipulado.

Afinal, se fossem considerados somente os parâmetros requeridos pela legislação, os medicamentos dos estabelecimentos A e I, satisfatórios na determinação de peso mas insatisfatórios no teor, seriam considerados aptos ao consumo, podendo acarretar em riscos para a saúde do paciente.

Os resultados para o ensaio de uniformidade de doses unitárias (uniformidade de conteúdo) foram satisfatórios para todas as amostras, conforme apresentado na Tabela 5 .

Tabela 5
Resultados de uniformidade de doses unitárias para o cloridrato de fluoxetina.
FarmáciaVImín. (%)VImáx. (%)Ā (%)σVAResultado
A88,597,391,93,114Satisfatório
B91,197,394,62,18,9Satisfatório
C100,3106,9103,12,210Satisfatório
D95106,499,43,38,9Satisfatório
E9010998,64,711,3Satisfatório
F96,9103,7100,22,66,4Satisfatório
G92,496,494,01,27,4Satisfatório
H100,2111,4105,93,613Satisfatório
I85,896,392,33,814,7Satisfatório
PM: Peso médio; Dmax: Variação máxima; Dmin: Variação mínima.

Este ensaio permite avaliar a quantidade de componente ativo em unidades individuais do lote – enquanto o doseamento avalia um pool dos medicamentos – e verificar se esta quantidade é uniforme nas unidades testadas. O teste de uniformidade de conteúdo é baseado no doseamento do conteúdo individual de substâncias ativas em um número de doses unitárias individuais (10 ou 30 cápsulas) para determinar se o conteúdo está dentro de limites especificados.

Na Tabela 5 , VImin é o valor individual mínimo encontrado, VImáx é o valor individual máximo encontrado, Ā é média dos valores individuais expressa em % do valor declarado, σ é o desvio padrão relativo e VA é valor de aceitação, calculado para ser valor determinante para aprovação ou reprovação no ensaio.

Comparando-se os resultados do valor de aceitação entre as amostras dos diferentes estabelecimentos, pode-se observar que, apesar de satisfatórias nesse ensaio, as amostras correspondentes as farmácias A e I apresentaram os valores mais próximos do limite aceitável (VA < 15). Tal fato pode ser explicado devido ao fato de as unidades testadas apresentarem teor menos homogêneo. As amostras das farmácias A e I foram reprovadas neste ensaio.

Os resultados da investigação da presença de impurezas inorgânicas utilizando a técnica AAN36 estão apresentados nas Tabelas 6 e 7 . Por limitações de ordem logística não foi possível realizar as análises nos dois laboratórios com o mesmo conjunto de amostras. Esse fato confirma a heterogeneidade das amostras e explica as diferenças observadas nos resultados dos dois laboratórios para as concentrações de um mesmo elemento em diferentes amostras da mesma farmácia.

Tabela 6
Resultado da AAN realizadas pelo IPEN para as amostras A a M, e especificação do EMEA. Valores em ppm (µg.g-1).
ElementoAJKLMEspecificação EMEA
Concentração ± IncertezaConcentração ± IncertezaConcentração ± IncertezaConcentração ± IncertezaConcentração ± Incerteza
As< 0,02< 0,020,10 ± 0,01< 0,02< 0,02-
Br7,3 ± 0,13,8 ± 0,11,6 ± 0,06,3 ± 0,00,6 ± 0,0-
Ca117 ± 1990 ± 9112 ± 1653,5 ± 5,853 ± 6-
Cl53.653 ± 1.35812.913 ± 3258.863 ± 20314.208 ± 32217.098 ± 418 
Cr0,19 ± 0,012,4 ± 0,10,5 ± 0,10,7 ± 0,10,3 ± 0,125
Fe< 1,311,9 ± 0,4226 ± 25,1 ± 1,03,4 ± 0,21.300
Mg< 183< 18313.858 ± 333< 183< 183 
Mn< 0,63< 0,633,9 ± 0,8< 0,6< 0,6250
Na5,2 ± 0,31.674 ± 30259,5 ± 595 ± 11135 ± 11-
Zn0,25 ± 0,011,0 ± 0,11,0 ± 0,10,4 ± 0,10,5 ± 0,11.300
AAN: Análise por ativação neutrônica; IPEN: Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares; EMEA: European Medicine Agency.

Tabela 7
Resultado da AAN realizadas pelo CDTN das amostras de fluoxetina, para as farmácias J, K e N especificação do EMEA. Valores em ppm (µg.g-1).
ElementoJKNEspecificação EMEA
Concentração ± IncertezaConcentração ± IncertezaConcentração ± Incerteza
Al166 ± 6325 ± 12226 ± 8-
Br5,9 ± 0,21,1 ± 0,12,1 ± 0,1-
Cl7.843 ± 2835.771 ± 2185.883 ± 213-
Co0,11 ± 0,010,44 ± 0,020,10 ± 0,01-
Cr0,95 ± 0,111,4 ± 0,11,7 ± 0,125
Fe33 ± 5491 ± 1949 ± 61.300
Hf0,15 ± 0,010,19 ± 0,020,19 ± 0,01-
K87 ± 4100 ± 1626 ± 3-
La0,060 ± 0,0010,10 ± 0,010,05 ± 0,01-
Mg< 12415.160 ± 951< 731.300
Mn< 0,74,4 ± 0,3< 0,4250
Na1.115 ± 4126 ± 44440 ±15-
Sb0,13 ± 0,010,23 ± 0,010,13 ± 0,01-
Zn0,20 ± 0,072,47 ± 0.090,79 ± 0,31.300
AAN: Análise por ativação neutrônica; CDTN: Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear; EMEA: European Medicine Agency.

A contaminação de medicamentos por impurezas inorgânicas pode ocorrer devido a muitos aspectos, como: a partir da introdução por matérias-primas, reagentes, catalisadores, solventes, eletrodos, canalizações e outros equipamentos utilizados na síntese, a exposição às partículas de ar ou de algum recipiente, entre outros45 . A presença de elementos como Ca, Mg e Na pode ser esperada uma vez que são componentes de uma variedade de excipientes como metabissulfito de sódio, laurilsulfato de sódio, estearato de magnésio, fosfato de cálcio e outros46 . Outros elementos também constituintes de pigmentos, como o Fe, no óxido de ferro, e de corantes, como Ca e Na, no sal de cálcio, carbonato de cálcio e sal de sódio, podem estar nas matérias-primas presentes na síntese do princípio ativo37 . Elementos não essenciais considerados impurezas como As, Br, Cl, Cr, Mn, Sb, Sc, Th e Zn encontrados nas amostras são provavelmente originários dos processos de produção de matérias-primas e manipulação do medicamento30 , 31 , 33 . De acordo com a RDC no 67/200737 , não é prevista a análise de contaminantes na matéria-prima recebida.

Observou-se que, considerando os limites de ingestão especificados pelo European Medicine Agency (EMEA) para alguns elementos como Cr, Fe, Mn e Zn, todas as amostras apresentaram concentrações inferiores e estariam satisfatórias37 , 45 .

Contudo, a avaliação de impurezas inorgânicas e um possível efeito em longo prazo da exposição a baixas concentrações de alguns elementos, considerando a utilização de medicamentos de uso contínuo não deve ser descartada devido a exposição por outras fontes, como alimentos, água, ar e outros. Além disso, diversas são as variáveis interferentes como: biodisponibilidade dos elementos, condições fisiológicas, estado de saúde, idade, gênero, dieta e variação genética do organismo exposto. Metais pesados normalmente têm um impacto toxicológico crônico que pode ser difícil de detectar e atribuir a uma única causa raiz37 , 45 , 46 , 47 , 48 .

CONCLUSÃO

Os resultados preliminares obtidos com as amostras comercializadas por farmácias de manipulação em Belo Horizonte/MG confirmam a preocupação com a qualidade das preparações manipuladas contendo cloridrato de fluoxetina.

Apenas uma de nove amostras apresentou resultado satisfatório na análise de rotulagem. Duas amostras foram reprovadas no ensaio de teor e duas foram aprovadas no ensaio de uniformidade, mas com valor de aceitação (VA) bastante próximo ao limite. Esses resultados confirmam a necessidade de maior iniciativa de investimento por parte dos setores responsáveis no sentido de garantir a qualidade dos medicamentos manipulados.

A investigação da presença de contaminantes inorgânicos nas amostras mostrou a presença de vários elementos não essenciais como As, Br, Cl, Cr, Mn, Sb, Sc, Th e Zn. Outros elementos normalmente presentes em amostras de medicamentos como Fe, Ca e Na também foram observados.

Mesmo em baixas concentrações, a presença desses elementos reforça a necessidade do controle de qualidade dos medicamentos manipulados também quanto a qualidade da matéria-prima.

A determinação de possíveis elementos inorgânicos contaminantes não é prevista pela legislação e, de todo modo, seria impraticável sua realização por cada farmácia de manipulação. Tanto quanto sabemos, tampouco os certificados de procedência de matéria-prima trazem informações a respeito. Dessa forma, é importante que os serviços de vigilância sanitária e laboratórios parceiros possam ter condições de realizar esta tarefa por amostragem na matéria-prima recebida.

Agradecimentos

Os autores agradecem à Capes, à CNEN, à Fapemig e ao CNPq pelo auxílio financeiro e concessão de bolsas de estudos.

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Autor notes

* E-mail: asleal@cdtn.br

Declaração de interesses

Conflito de Interesse

Os autores informam não haver qualquer potencial conflito de interesse com pares e instituições, políticos ou financeiros deste estudo.

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