EDITORIAL
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Vigilância Sanitária em Debate, vol. 8, núm. 2, p. 1, 2020
INCQS-FIOCRUZ
O desafio da página em branco, porém com tanta coisa para escrever... o ano de 2020 começou cheio de esperanças!!! Naquele momento, o mundo ainda não sabia que, diante de uma nova realidade, todos os valores teriam que ser revistos. As notícias divulgadas pela China a princípio não causaram muito alarde – havia ocorrido a detecção dos primeiros casos de uma “nova pneumonia” em Wuhan (31 de dezembro de 2019). Desde estão, a própria China e, passo a passo, todos os países do Globo têm tomado medidas para conter a disseminação acelerada do novo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2).
No Brasil, essas medidas passaram de simples recomendações de higiene pessoal (lavar as mãos com água e sabão, evitar tocar o rosto com as mãos sujas etc.) até a diminuição progressiva da circulação das pessoas em algumas cidades (uso de máscaras, isolamento social, bloqueio de cidades, lockdown) e a quarentena para os doentes que apresentassem sintomas. Todas essas recomendações foram e são necessárias para tentar evitar o colapso do Sistema Único de Saúde, que tem sido, ao longo dos anos, alvo de desmonte, recebendo parcos recursos financeiros.
Essas restrições também trazem profundas alterações à economia do país, pois acarretam a interrupção de parte do fluxo financeiro sustentado pelo volume de vendas e pelo lucro dos mais variados negócios, principalmente dos serviços em geral. Apesar dessas medidas trazerem consequências, defendidas por alguns economistas como reversíveis a médio ou longo prazo, é indiscutível a imposição de uma nova realidade social para o país.
Em meio a esse panorama nebuloso, surge uma nova perspectiva em relação a produção científica. Desde os primeiros relatos sobre a COVID-19, ocorreu a implantação de uma política editorial, por parte das editoras das principais revistas científicas de todo mundo, de compartilhamento de grande parte da produção que versasse sobre os temas COVID-19 e SARS-CoV-2. Além do compartilhamento de conteúdo, os periódicos científicos abriram seções específicas para que o fluxo editorial desses manuscritos fosse agilizado e rapidamente publicizado. A comunidade científica aderiu a essa política, que tem como objetivo principal subsidiar o mundo com informações que possibilitem basear em evidências científicas a prevenção, o tratamento e o combate à doença, já que ainda não existem medicamentos e nem vacina que possam atuar de forma segura e eficaz no controle da pandemia.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que comemora no mês de maio seus 120 anos, apoia a Política de Acesso Aberto, que visa tornar a pesquisa científica acessível para todos. Iniciativas como o Portal de Periódicos da Fiocruz representam esse alinhamento, já que nele estão reunidas todas as revistas científicas editadas na Fiocruz.
A revista Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia divulgou, no final de março de 2020, um chamado para a submissão de manuscritos em fast track como resposta à emergência sanitária decorrente da COVID-19.
Nesta edição de maio de 2020 foram inseridas as contribuições editoradas até o momento, outras podem ainda ser consultadas na página da revista em ahead of print (https://visaemdebate.incqs.fiocruz.br/index.php/visaemdebate/fast). Nesta edição, os leitores encontrarão, também, publicações com conteúdo diverso referente à vigilância sanitária.
Todo grupo de nossa editoria científica e secretaria executiva tem envidado esforços para que as informações que nos chegam sejam avaliadas e divulgadas rapidamente.
Boa leitura!
Autor notes
* E-mail: visaemdebate@incqs.fiocruz.br