Editorial
EDITORIAL
Maria Luiza Milani
Editora Executiva – DRd. Doutora em Serviço Social, docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional. Universidade do Contestado. Santa Catarina Brasil. E-mail: marialuiza@unc.br
Valdir Roque Dallabrida
Editor-Chefe – DRd. Professor do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional/Universidade do Contestado e integrante do Núcleo de Pesquisas em Desenvolvimento Regional. Universidade do Contestado. Santa Catarina. Brasil. E-mail: valdirdallabrida@gmail.com
Recebido em: 28/03/2018
Publicado em: 28/03/2018
DOI: https://doi.org/10.24302/drd.v8i1
Apresentamos o volume 8, número 1 de 2018 da Revista Desenvolvimento Regional em debate, com artigos que debatem diferentes dimensões do tema desenvolvimento regional.
Esta edição contém nove artigos e uma resenha, oriundos de pesquisadores de universidades de seis estados brasileiros: (i) Rio Grande do Sul (UNISC, UFRGS, EFPEL); (ii) Santa Catarina (UNOESC); (iii) Paraná (PUC); (iv) São Paulo (UNESP); (v) Minas Gerais (UFMG, Universidade Federal de Alfenas-Varginha, Universidade Federal de São João Del-Rei, Universidade Federal de Viçosa); (vi) Goiás (UFG) (vii) Ceará (UFC); (viii) Paraíba (UFP) e (ix) Pará (UFPA).
Os artigos desta edição têm uma característica em comum: tratam-se de relatos de resultados de investigações de mestrandos e doutorandos e seus orientadores, referentes às suas teses ou dissertações. É um reconhecimento da DRds sobre aqualidade da produção acadêmica que ocorre nos cursos de Stricto sensu do Brasil (Mestrado e Doutorado).
O primeiro artigo - O mercado institucional da compra de alimentos da agricultura familiar – PAA E PNAE – no território do Vale do Rio Pardo/RS – insere-se na discussão sobre a agricultura familiar, analisando o funcionamento do mercado institucional da compra de alimentos para as escolas. Os pesquisadores concluíram que as necessidades das prefeituras dos municípios, para dar conta de condições adequadas de fornecimento da merenda escolar, carecem da liberação de mais recursos, sob pena de não atenderem a padrões mínimos de quantidade e qualidade. O tema é reiterado no segundo artigo - Canais de comercialização em sistemas orgânicos de produção familiares na região da Serra Gaúcha -, investigou sobre os canais de comercialização e relacionou-os com os processos de diversificação ou especialização dos sistemas de produção familiares orgânicos. As relações dos agricultores estabelecidas com os mercados por meio das tipificações demonstraram maior diversificação para unidades de produção vinculadas a relações de comercialização com as feiras. Já a relação de comercialização com os supermercados é confrontada com a necessidade de abastecimento de poucos produtos e por período contínuo, apresentando características para especialização.
No terceiro artigo - A Influência do Ambiente Institucional no Desempenho das Indústrias Ervateiras do Polo Ervateiro Alto Taquari – RS – a preocupação da pesquisa foi com o papel da dimensão institucional no processo de desenvolvimento, focado no setor industrial. Assim, o estudo demonstrou que as legislações relacionadas às questões ambientais, questões relacionadas à produção rural, processamento agroindustrial e inspeção sanitária estão exigindo ações de melhoramento das indústrias ervateiras, pois apresentam alta importância, mas um baixo desempenho. Os resultados mostraram que dos onze fatores analisados, seis estão na zona adequada e cinco encontram-se na zona de melhoramento.
O quarto artigo resulta de estudo realizado no setor de turismo: Estudo e proposições para desenvolvimento estratégico do turismo no município de Itá (SC). O estudo focou as potencialidades e deficiências do turismo em um pequeno município, tanto no tamanho populacional quanto na diversidade de atividades e funções municipais. Os resultados demonstraram as potencialidades e fragilidades das dimensões territorial, cultural e ambiental, bem como, indicou as formas de corrigi-las com investimentos de curto, médio e longo prazo.
Um estudo sobre o possível processo de desindustrialização em países membros do Mercosul: Uma verificação sob a ótica das políticas econômicas do período 1990-2012 é o quinto artigo desta edição. Os resultados das pesquisas sugerem diferentes diagnósticos para cada país, em diferentes subperíodos de tempo. Não foi possível diagnosticar se o Brasil passou por um processo de desindustrialização, pela metodologia utilizada. Já na pesquisa sobre a Argentina e Uruguai foram observadas evidências de desindustrialização na década de 1990, com a abertura comercial e financeira das economias e das políticas econômicas de estabilização, processo parcialmente revertido na década de 2000, quando algumas mudanças foram introduzidas na gestão macroeconômica. Essa reversão da desindustrialização ocorreu com maior intensidade no Uruguai. No Paraguai observou-se uma estagnação dos indicadores, mesmo que o baixo nível de desenvolvimento industrial do país e a escassa literatura sobre o tema não tenham permitido realizar uma conclusão definitiva.
Os três artigos seguintes da edição redirecionam o foco para a dimensão social do processo de desenvolvimento.
Assim, no sexto artigo - Testando a hipótese de dependência espacial na taxa de crime dos municípios da região sul do Brasil -, a pesquisa tratou do tema criminalidade. O artigo teve como objetivo testar a hipótese de dependência espacial na taxa de criminalidade. Os resultados do modelo espacial mostraram que a criminalidade sulista está correlacionada à criminalidade do passado, ao desemprego, à densidade demográfica, ao Índice de Desenvolvimento Humano e às diferenças individuais de cada Estado. O sétimo artigo tratou dos serviços públicos de saúde: Desenvolvimento regional e a distribuição dos serviços públicos de saúde em Goiás por municípios sede, iniciando pela afirmação de que a saúde no contexto brasileiro é vista como um direito de todos os cidadãos e um dever do Estado. No entanto, considerando as diversidades culturais, econômicas e sociais que permeiam um país de dimensões continentais como o Brasil, as desigualdades inter e intrarregionais fazem-se visíveis de diversas formas. Esta pesquisa é uma discussão acerca do papel da saúde pública no contexto do desenvolvimento regional, reafirmando a relação entre saúde e desenvolvimento.
Já o oitavo artigo - Análise da felicidade interna bruta: estudo piloto na cidade de Curitiba, Paraná -, apresentou resultados de estudo acerca das possibilidades que a percepção da população pode trazer quando utilizada em conjunto com as metas para o desenvolvimento urbano, tendo como procedimento metodológico a utilização do método de Felicidade Interna Bruta (FIB). A partir dos resultados obtidos, foi possível identificar o nível de satisfação da população referente ao meio em que vivem, assim como, o estudo captou o que as pessoas esperam para o futuro da sua cidade, mostrando-se um importante instrumento de pesquisa a ser considerado na análise do desenvolvimento da cidade.
O nono artigo desta edição da DRd - Certificação florestal: Acesso a mercado ou mercado de acesso? – abordou o tema certificação florestal, quando analisou a influência da certificação florestal para acesso ao uso dos recursos madeireiros por meio do manejo das florestas naturais. Como resultado foi possível observar que ocorreu aumento da participação das florestas plantadas na produção florestal madeireira e que a certificação e o manejo florestal sob a forma de concessão de florestas nacionais pelo Estado, não são suficientes para reduzir a níveis significativos o desmatamento no país.
Por fim, esta edição termina com a apresentação de uma resenha do livro Buen Vivir – Vivir Bien, de Fernando Huanacuni. O resenhista, sob o título Bem viver: paradigma comunitário, direito de relação e utopia do afeto, resume as importantes argumentações do livro, ressaltando que o bem viver nasce das experiências indígenas latino-americanas, mas não se direciona nem se limita a elas, que a proposta expressa é contra-hegemônica, paradigmática e epistemológica e, portanto, o conteúdo do livro se dirige às ciências, mas principalmente às pessoas, sendo um convite individual, que só pode ser aceito se for de maneira coletiva.
Uma boa leitura a todos!