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Avaliação das ações propostas na implantação do Parque Linear Macambira-ANICUNS em Goiânia, GO
Evaluation of the proposed actions in the implementation of the macambira-anicuns linear park in Goiânia, GO
Desenvolvimento Regional em Debate, vol. 9, núm. Esp.1, pp. 81-93, 2019
Universidade do Contestado

Artigos



Recepção: 07 Maio 2019

Aprovação: 12 Maio 2019

DOI: https://doi.org/10.24302/drd.v9ied.%20esp..2125

Resumo: Parques urbanos são áreas verdes voltadas aos paisagismos, à preservação ambiental e ao lazer da população, os quais contribuem para a ocupação do solo. O Parque Macambira-Anicuns está localizado em Goiânia, às margens do Córrego Macambira e Ribeirão Anicuns. O objetivo do artigo foi avaliar as ações propostas no Planejamento do Parque Linear e a percepção dos moradores do entorno sobre a sua implantação. A metodologia envolveu visita ao parque e questionários aplicados aos moradores do entorno. Os resultados demonstraram que o parque agregou valor social, ambiental e econômico, embora a população destaca ajustes necessários, os quais podem ser efetivados mediante políticas públicas, especialmente desenvolver a cultura do pertencimento do bem público à sociedade.

Palavras-chave: Parque linear, Equipamentos urbanos, Lazer.

Abstract: Urban parks are green areas oriented to the landscaping, environmental preservation and leisure of the population, contribute to the occupation of the soil. The Parque Macambira-Anicuns is located in Goiânia, on the banks of the Macambira and Ribeirão Anicuns streams. The objective of the article was to evaluate the actions proposed in the Planning of the Linear Park and the perception of the residents of the surroundings about their implementation. The methodology involved a visit to the park and a questionnaire applied to the residents of the area. The results showed that the park added social, environmental and economic value, although the population emphasizes necessary adjustments, which can be effected through public policies, especially to develop the culture of the public good's belonging to society.

Keywords: Linear park, Urban equipment, Leisure.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Volpi (2016), parques urbanos são áreas verdes de uso público, voltadas aos paisagismos, à preservação ambiental e ao lazer da população e sua função e configuração distingue-se por meio da gestão ambiental e dos parâmetros de desenvolvimento das cidades. Os parques urbanos não são somente áreas verdes, mas também contribuem para o uso e ocupação do solo para alcançar um processo de urbanização e a preservação ambiental.

O Parque Macambira-Anicuns é considerado um dos equipamentos urbanos localizados em Goiânia. Os equipamentos urbanos são elementos físicos básicos de infraestrutura de uma cidade que proporciona o bem-estar social, apoio ao crescimento econômico, ordenamento territorial e a organização de um conjunto de pessoas (NEVES, 2015). Esses são implantados por meio da autorização do poder público nos espaços urbanos para o funcionamento da cidade.

O Parque Macambira-Anicuns inicia-se nas nascentes do Córrego Macambira, região Macambira Cascavel de Goiânia e se estende até a ponte da Avenida Goiás Norte, nas imediações do Setor Urias Magalhães. Sua abrangência envolve as margens do Córrego Macambira e Ribeirão Anicuns, sendo que a implantação deste parque, juntamente com o Parque Ambiental da Pedreira e Parque Ambiental Macambira beneficiarão cerca de 132 bairros e 350.000 habitantes envolvidos considerando áreas limítrofes de até 500 m do parque (PUAMA, 2013).

O Ribeirão Anicuns, principal eixo fluvial da bacia do Anicuns, se localiza numa região de declividade menos acentuada e não apresenta sérios impactos referentes a erosões e desbarrancamentos, apesar de suas águas se caracterizarem pela baixa qualidade, proveniente do acúmulo de lixo, resíduos de construção civil, esgotos domésticos e industriais. Já o córrego Macambira, se localiza numa região de cota mais elevada e com declividade mais acentuada; a ocupação urbana e a remoção da vegetação ciliar, geram a instabilidade de margens, assoreamento e erosões ao longo do seu leito, também caracterizado pela deposição de resíduos de construção civil e lixo (CONSÓRCIO REENCONTRO COM AS ÁGUAS, 2010).

Alcançando o processo de urbanização e a conservação ambiental consequentemente, haverá melhoria das condições de vida. Para Pasqualetto e Guimarães (2018) é importante a capacidade de se garantir harmonia em determinado processo. Seus estudos englobam diversas relações entre a sociedade e a natureza, têm sido marca registradas das sociedades contemporâneas e foco das discussões políticas, ambientais, ideológicas, econômicas e sociais.

Para Carvalho (2017) a sustentabilidade deve ser baseada no equilíbrio, proteção e conservação do meio ambiente, contribuindo para sustentar todas as situações essenciais para a manutenção dos seres vivos, sustentar especialmente a Terra viva, a comunidade de vida que dentro da qual vive e convive o ser humano, a fauna e a flora.

Para isso, existe o Manual de Procedimentos (2011) que cita a comunicação social e educação ambiental, destinada às populações remanescentes ou que mantém atividades econômicas nas áreas de influência do parque, bem como à população a ser remanejada e aos visitantes do local.

Neste sentido, o objetivo do artigo foi avaliar as ações propostas no Planejamento do Parque Linear Macambira Anicuns e a percepção dos moradores do entorno sobre a implantação do Parque.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A dimensão social aconteceu pela necessidade de amplificar o entendimento para que atingisse também as pessoas. Carvalho (2017) aponta que esta dimensão origina de novos movimentos em defesa do meio ambiente e dos direitos na sociedade, dessa forma, fundamenta-se nas medidas e políticas desenvolvidas pelas instituições, governos, organizações, agentes sociais e econômicos e cidadãos, em escala local, nacional ou internacional.

Têm-se também a dimensão ambiental que está relacionada aos objetivos de preservação e conservação do meio ambiente, sendo importante à qualidade de vida da sociedade e benefícios das gerações futuras. Está relacionada com os impactos e pressões das ações humanas sobre o meio ambiente. Para Costa, Campante e Araújo, (2011) é entendida como a busca de equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação dos recursos naturais, tendo em vista à garantia da sobrevivência de futuras gerações, orientando a regulação ambiental, com desdobramentos nos instrumentos de controle e gestão urbanísticos.

Além disso, há a dimensão econômica que está relacionada aos empreendimentos públicos e privados, benefícios e custos diretos e indiretos (FREITAS, 2016). Portanto, Henrique e Gomes (2018) traduzem em reserva, a destinação adequada de recursos financeiros esperando da esfera pública, a transparência, a responsabilidade fiscal, o planejamento de longo prazo e o sistema de incentivos.

Desse modo, se insere o planejamento do Parque Linear junto aos Parques Ambientais de Goiânia, fazendo parte do Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns (PUAMA), que se constitui num projeto de intervenção, visando à qualificação do espaço urbano sob a ótica ambiental, urbanística e social, através de ações a serem implementadas em determinada região do município de Goiânia.

O programa tem como objetivo a recuperação do Córrego Macambira, afluente do Ribeirão Anicuns, que drena 70% da área urbana de Goiânia e que faz parte dos 85 cursos de água que cortam a cidade e que estão poluídos ou contaminados, segundo a Agência Municipal do Meio Ambiente (GOIÁS. PREFEITURA MUNICIPAL. AMMA, 2013).

Na execução do Programa, estão envolvidos diversos órgãos, entre eles, a AMMA (Agência Municipal do Meio Ambiente), responsável pela análise e emissão das licenças ambientais, além de implementar os projetos e estudos ambientais. As ações propostas pelo PUAMA são desenvolvidas e implantadas pela Prefeitura Municipal de Goiânia – PMG, por meio da Unidade Executora do Programa – UEP.

Nos aspectos socioeconômicos e planos de ações, as ações do PUAMA estão especificadas no Plano de Ações de Aquisição de Áreas, Remanejamento de População e Reinstalação de Atividades Econômicas (PARR) (GOIÁS, 2016). Os aspectos ambiental e social, os quais fazem parte de uma das ações do PUAMA, tem como principais objetivos o fortalecimento da gestão ambiental e urbana, seguidos da educação ambiental e comunicação social, ambos contidos no Documento Manual de Procedimentos (2011).

Segundo o Manual de Procedimentos (2011), o Fortalecimento da Gestão Sócio Ambiental é definido a partir da análise realizada pela AMMA, e tem como principais diretrizes: manejo sustentável de áreas protegidas; desenvolvimento de um plano de alternativas de negócios, de maneira a contribuir para a manutenção dos parques; gestão de resíduos; monitoramento ambiental da qualidade das águas, através de um laboratório de análises físico-químicas e bacteriológicas; capacitação e atualização tecnológica da equipe técnica da AMMA, de maneira a garantir maior gestão ambiental.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O método aplicado nesta pesquisa foi hipotético-dedutivo. As técnicas consistiram de análise documental, legislação urbana e ambiental, plano diretor, documentos elaborados pelo Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns – PUAMA. Além disto, pesquisa survey descritiva que procura “[...] identificar eventos, atitudes ou opiniões que se manifestam em determinado segmento da população ou, ainda, descrever como determinado fenômeno se distribui na população, ou em parte dela, ou sua amostra [...]” (SILVA; SILVEIRA, 2013, p. 150).

Na figura 1 se apresenta as áreas de intervenção que foram divididas em 11 setores no Município de Goiânia, o trecho inicial das obras foi classificado como Setor 01 (PUAMA, 2013). Para a definição das propostas de intervenção das áreas, foram realizados estudos acerca dos aspectos urbanísticos característicos de cada trecho.


Figura 1
– Mapa do entorno do Parque Linear – Setor S1 Faiçalville
Fonte: Levantamento realizado pelos autores (2014).

A pesquisa abrangeu extensão total do parque linear de 2,9 km e a nascente do Córrego Macambira. O estudo no Loteamento Faiçalville (Figura 2) localizado no Setor 01 na região Macambira Anicuns, fazendo parte do Parque Linear Macambira Anicuns e observado in loco. A causa da escolha desse setor foi devido da realização das remoções de algumas famílias e de situar-se na nascente do Córrego Macambira.

Optou-se pela aplicação de questionários à 30 moradores separadas pelo eixo Ambiental, Social e Econômica. Os moradores residentes nas quadras do entorno do Parque Linear, conforme a construção em relação ao parque, sendo em frente, nas laterais ou no fundo da quadra. Para questões referentes aos aspectos Ambientais e Sociais relacionados à avaliação da ação da prefeitura se utilizou conceitos: ótimo, bom, regular, péssimo ou não opinaram e ainda para aspectos sociais e econômicos os conceitos foram sim ou não ou não opinaram.

No meio físico avaliou-se o aspecto visual da água, qualidade do solo e do ar, para o meio biótico a fauna e a flora e o no meio antrópico a segurança, educação ambiental, conforto térmico e acústico, a mobilidade urbana, saúde, bem-estar.

Na área Social avaliou a participação em reuniões referentes ao parque e se os moradores tiveram conhecimentos de quais equipamentos seriam instalados. Ainda se analisou a ação da prefeitura sobre o esclarecimento do projeto do parque à população, a ideia de se construir o parque linear na região e o remanejamento de famílias.


Figura 2
– Parque Ambiental Urbano Macambira representado pela cor verde localizada no município de Goiânia e Setorização de intervenção do PUAMA representados pela cor vermelha e nomeados de S1 a S11
Fonte: PUAMA (2013).

Para o aspecto Econômico analisou-se a valorização dos imóveis, aumento do IPTU, surgimento de novas construções e possíveis prejuízos econômicos em função do parque.

Os indicadores analisados foram considerados de ordem subjetiva, pois expressam a opinião da população, mediante percepção individual. Os dados recolhidos e obtidos através do questionário foram expressos em porcentagens e transformados em tabelas para melhor organização e facilitando a compreensão dos índices alcançados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Loteamento Faiçalville foi aprovado, conforme Decreto nº 201, de 30 de março de 1982. Trata-se de um setor provido de rede de água, esgoto e energia elétrica, com presença de alguns equipamentos sociais, como praças e escolas, mas com ausência de postos de saúde e creches comunitárias.

A mudança drástica das paisagens urbanas, proveniente do aumento das construções, aliada ao crescimento populacional, tem caracterizado o processo de urbanização vivenciado pela humanidade nas últimas décadas. Essa rápida urbanização em todo o mundo, associada ao consumo de recursos e energia, geração de resíduos, exige uma transição para modelos mais sustentáveis de desenvolvimento urbano (FARIA et al., 2017).

Em determinados trechos do setor, notou-se comércio bem definido com panificadoras, supermercados, açougues, salões de beleza, bares; ao contrário do que acontece nas áreas ao redor do parque, onde a maioria das construções é tipicamente residencial. Na figura 3 representa a regionalização do munícipio e do Setor Faiçalville do ano de 2006 e 2016.


Figura 3
– Representação da regionalização do município de Goiânia e do Setor Faiçalville2006 A e 2016 B
Fonte: Prefeitura Municipal de Goiânia, Ortofoto, Sistema MUBDG (Mapa Urbano Básico Digital de Goiânia, 2016)

O setor caracteriza-se pela baixa densidade de ocupação, cujo processo pode ser visto nas imagens no Google Earth Pro do ano de 2002 (Figura 4A) e no ano de 2018 (Figura 4B), percebendo-se que houve melhoria de condições ambientais e equipamentos urbanos na zona do Parque Macambira-Anicuns, além da expansão da ocupação residencial e comercial.


Figura 4
– Setor Faiçalville 2002 A e 2018 B
Fonte: Adaptado de Google Earth Pro, (2018)

Quanto ao questionário, na tabela 1 avaliou-se o aspecto visual da água. 50% preferiram não opinar, já que nunca viram o Córrego Macambira. Há limitação, seja por falta de acessos urbanizados na área do parque e próximo ao córrego, seja por segurança ou até mesmo por falta de interesse. Assegurada na Legislação Ambiental, pela Lei nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, a água é um bem de domínio público, cuja qualidade deve ser garantida por meio de ações preventivas permanentes de combate à poluição.

Quanto ao aspecto solo, verificou-se a qualidade, observando o acúmulo de lixo em que houve expressiva variação nas respostas, sendo que 23% avaliam que o solo está péssimo e 31% preferiram não opinar. Magalhães citado por Friedrich (2007), afirma que o solo rico em água e matéria orgânica (provindo de gramíneas e da vegetação com folhas), desempenha importante papel, pois propicia a criação de espaços verdes, com menores custos de execução e manutenção, ao contrário do que vem ocorrendo em pontos do parque, onde há quantidade de lixo doméstico depositado.


Tabela 1
Respostas ao questionário sobre o Parque Linear Macambira Anicuns.
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa

Quanto ao ar, a população está satisfeita, pois 37% e 40% consideraram-no de ótima e boa qualidade, enquanto que os 13% que atribuíram péssima qualidade; estes se referem ao mau cheiro provocado pelo lixo doméstico, e animais mortos, depositados em alguns pontos na área do parque e também em lotes baldios.

Para 27% a fauna é ótima, pois há diversos animais silvestres, já 33% a classificaram como boa. Dentre aqueles que consideraram péssimo, a justificativa é que durante o início das obras, espécies como sagui e saracura apareciam mortas nas redondezas da área do parque. O acesso à fauna deve acontecer com responsabilidade, e sua riqueza “[...] deve ser estudada e usada, desde que siga normas de controle e preservação” (BRASIL, 2013).

Em relação à flora, 23% argumentaram ser péssima, pois durante a realização das obras, as máquinas causaram danos, não sendo recomposta. A vegetação na área do parque é formada basicamente por mata ciliar, densa (próxima das nascentes) e esparsa (próxima às ruas e avenidas). Friedrich (2007) ressalta a sua importância, pois esta minimiza o processo de poluição e contribui para a contenção dos processos erosivos nas encostas que margeiam os cursos d’água. Do ponto de vista econômico, Martins Júnior (2007) complementa que a vegetação pode gerar vários benefícios, diminuindo os gastos financeiros necessários para atenuar os estresses da vida urbana proporcionando conforto humano.

A segurança do Setor Faiçalville, 58% consideraram péssima. Essa sensação se reflete, sobretudo na tipologia das residências, que apresentam muros altos e cerca elétrica, além da própria dificuldade em abordar os moradores do entorno. Em relação à educação ambiental, percebeu-se para 54% que a educação ambiental na região é péssima, e associaram isso ao fato de os moradores não respeitarem o meio ambiente, jogando lixo na mata e nos lotes baldios. Goodland (2001) defende que um dos caminhos é a prevenção da poluição e a reciclagem do lixo, pois estes causam menos danos do que o seu tratamento; ou seja, uma das facetas da educação ambiental é justamente mudar o estilo de vida em prol do meio em que se vive.

Quando o assunto é conforto térmico e acústico, se revelaram satisfeitos, devido às árvores que proporcionam temperatura mais amena, pouco tráfego de veículos não causando incômodo, sendo que 37% consideraram ótimo e 40% consideraram bom. Por se tratar de fundo de vale, o Córrego Macambira tem importância ambiental, devido às suas áreas permeáveis e cobertura vegetal.

Para Mobilidade Urbana, o fato de haver pouco tráfego de veículos, facilita a circulação destes aos pontos de interesse próximos à região, entretanto, tal facilidade não se estende ao transporte público, onde a maioria reivindica maior número de ônibus coletivos e melhor distribuição dos pontos de ônibus, que são distantes das residências que se localizam no entorno do parque. Do total, 27% consideraram péssimo e 13% que preferiram não opinar, pois não fazem uso do transporte coletivo. Mais uma vez, confirma-se aqui a preferência ao transporte individual, dado a carência no transporte público, totalmente contrário às estratégias de consumo sustentável.

Quanto o quesito saúde, 37% consideraram péssimo, pois reivindicam a necessidade de um posto de saúde no setor. Para bem-estar, tendo em vista o lugar onde moram, a maioria está satisfeita em morar no Setor Faiçalville, devido ao conforto térmico, à ausência de barulho de automóveis e por estarem frente a uma densa vegetação, traduzindo-se as opiniões em números, 43% ótimo, 37% bom.

Verificou-se que apenas 30% da população pesquisada participou das reuniões realizadas pelo PUAMA (Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns), enquanto que 70% não participaram de nenhuma reunião, seja por motivos de desinteresse, incompatibilidade dos horários ou até mesmo incredulidade nas promessas políticas (Tabela 2)


Tabela 2
Respostas ao questionário sobre o Parque Linear Macambira Anicuns, Aspecto Social
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa

Além disso, 23% demonstraram não ter conhecimento sobre quais equipamentos seriam construídos próximos às suas residências e/ou comércio, enquanto que 67% adquiriram informações sobre o parque, não nas reuniões, mas em veículos de mídia, como internet e tv. Os equipamentos que se referem são: dois parques de vizinhança, seis núcleos de estar e dois núcleos de conforto público.

Já na Tabela 3, ao analisar as ações da prefeitura, consideraram 37% regular e 39% avaliaram como péssima essa ação.


Tabela 3
Respostas ao questionário Parque Linear Macambira Anicuns, aspecto social.
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa

Quanto à ideia de se construir um parque linear, 57% acharam ótimo. Entretanto, quanto ao remanejamento das famílias, 17% acham péssimo, pois o entulho provindo das demolições permanece no local, atraindo moradores de rua e usuários de drogas. O remanejamento das famílias faz parte de uma das ações do PUAMA (Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns) e está contido no documento PARR (Plano de Ações de Aquisição de Áreas, Remanejamento de População e Reinstalação de Atividades Econômicas).

Ao analisar a Tabela 4, verificou-se que, quanto à valorização dos imóveis ao redor do parque, percebeu-se que 77% afirmaram que os imóveis foram valorizados.


Tabela 4
Respostas ao questionário Parque Linear Macambira Anicuns, aspecto econômico.
Fonte: Elaboração própria com dados da pesquisa

Com relação ao surgimento de novas construções, 60% acreditam que houve aumento considerável em função do parque. Quanto aos prejuízos econômicos, 4% consideram que tiveram prejuízos, pois investiram em novas obras, mas que devido à interrupção do parque, houve desvalorização, enquanto 83% afirmam que não tiveram nenhum tipo de prejuízo. Nos mapas atuais de 2018, na figura 4, percebe-se nítida ampliação de residências e comércio.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que as ações propostas na implantação do parque linear Macambira-Anicuns em Goiânia obtiveram aprovação da população, exceto segurança, saúde e educação ambiental que mereceriam maior atenção.

Não houve interesse por parte da sociedade em participar das reuniões realizadas em função do Parque Linear e demonstraram desconfiança quanto à finalização do projeto.

Houve agregação de valor aos imóveis e estímulo à ocupação urbana no entorno do parque, favorecendo a utilização dos equipamentos urbanos.

Políticas públicas voltadas para reformas institucionais, a educação ambiental e a participação social são essenciais na efetivação não só do Parque Linear Macambira Anicuns, mas a qualquer projeto de intervenção urbana.

REFERÊNCIAS

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