Secciones
Referencias
Resumen
Servicios
Descargas
HTML
ePub
PDF
Buscar
Fuente


Modos de Vida: a busca por um entendimento na transformação da ruralidade
Ways of Life: the search for an understanding in the transformation of rurality
Modos de Vida: la búsqueda de un entendimiento en la transformación de la ruralidad
GEOPAUTA, vol. 5, núm. 2, e8284, 2021
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia

Artigos



Recepción: 26 Marzo 2021

Aprobación: 29 Junio 2021

DOI: https://doi.org/10.22481/rg.v5i2.2021.e8284

Resumo: O presente artigo objetivou, por meio das memórias de trabalhadores de casas de farinha apontar as transformações ocorridas no modo de viver há uma década no bairro rural de Campinhos em Vitória da Conquista (BA). Embasados no materialismo histórico, as categorias modo de vida, memória e trabalho foram articuladas e teoricamente com Marx e Engels (2007); Agamben (2007); Thompson (1981), Harvey (2016) revistou algumas transformações na dinâmica da ruralidade. Findada a discussão, concluiu-se que a aproximação da “cidade” com o modo de vida rural, pela interpenetração do capital, trouxe novos contornos ao modo de viver da população, pois a força de trabalho foi sendo cooptada e os trabalhadores apartados dos seus meios de produção, tornando- os estranhos no seu lugar de vida e trabalho.

Palavras-chave: Modo de vida, Memórias, Casas de farinha.

Abstract: This article aimed, through the memories of flour mill workers, to point out the transformations that occurred in the way of living a decade ago in the rural neighborhood of Campinhos in Vitória da Conquista (BA). Based on historical materialism, the categories way of life, memory and work were articulated and theoretically with Marx and Engels (2007); Agamben (2007); Thompson (1981), Harvey (2016) reviewed changes in the dynamics of rurality. After the discussion was over, the approximation of the “city” with the rural way of life, through the interpenetration of capital, brought new contours to the population's way of life, as the workforce was being co-opted and

Keywords: Way of life, Memories, Flour houses.

Resumen: Este artículo tuvo como objetivo, a través de la memoria de los trabajadores de los molinos harineros, señalar las transformaciones ocurridas en la forma de vivir hace una década en el barrio rural de Campinhos en Vitória da Conquista (BA). A partir del materialismo histórico, las categorías modo de vida, memoria y trabajo se articularon y teóricamente con Marx y Engels (2007); Agamben (2007); Thompson (1981), Harvey (2016) revisaron los cambios en la dinámica de la ruralidad. Terminada la discusión, la aproximación de la “ciudad” con el modo de vida rural, a través de la interpenetración del capital, trajo nuevos contornos al modo de vida de la población, ya que la fuerza de trabajo fue cooptada y los trabajadores fueron separados de sus medios de producción, haciéndolos extraños en su lugar de vida y trabajo.

Palabras clave: Forma de vida, Recuerdos, Casas de harina.

Introdução

Só canto o buliço da vida apertada

Da lida pesada, das roças e dos eito

E às vez, recordando a feliz mocidade

Canto uma sodade que mora em meu peito

(Patativa do Assaré, in O poeta da roça)

O presente artigo é parte da pesquisa3 que tem como cerne o estudo de modos de vida em comunidade rural, por meio de trabalhadores e trabalhadoras de casas de farinha na Comunidade de Campinhos, inserida no município de Vitória Conquista (BA), distante 510 Km da capital baiana e terceira maior economia do Estado.

A comunidade de Campinhos resguarda ainda uma tímida ruralidade, ou seja, o modo de viver o rural (WANDERLEY, 2009, p.204). Possui uma população estimada de 4889 moradores, sendo 2484 homens e 2405 mulheres (IBGE, 2010). Do universo populacional, retira-se, aproximadamente, 1 805 habitantes jovens inclusos na faixa etária de 0 a 17 anos, com os quais segue diminuindo o percentual de idosos que hoje representa apenas 7,6% da população (65 anos ou mais, segundo os parâmetros de classificação IBGE,2010).

Campinhos constitui um bairro de Vitória da Conquista, assim reconhecido pelas Lei 850/96 e 952/98, inserido no Plano Diretor Urbano Lei 1.385 de 26/12/2006, em que fica estabelecido, o reconhecimento público do logradouro enquanto unidade integrante do território em questão, deixando de ser a partir da data distrito do município. No cotidiano, chamada de comunidade pelos seus moradores. Segundo Queiroz (1973. p. 163), bairros rurais são o reflexo da relação entre a parentela e a estrutura socioeconômica tradicional no Brasil, ou seja, o encontro inevitável e interdependente entre o rural e o urbano, sem dissociá-los.

Parte integrante da Região Sudoeste da Bahia (SEI, 2017), a Comunidade de Campinhos se destacou por longos anos, por meio de sua identidade geográfica na produção dos derivados da mandioca e na presença numerosa de casas de farinha, caracterizando a presença do trabalho familiar como elemento fulcral nas determinações da produção material da vida, demarcando o cotidiano e o modo de viver desta população.

Expressões como as “casas de farinha de Campinhos” ou “farinha de Campinhos” eram replicadas naturalmente pela linguagem local, lhe conferindo uma espécie de identidade geográfica: “expressão usada para designar uma qualidade atribuída a um produto originário de um território cujas características são inerentes a sua origem geográfica” (MAIORKI E DALLABRIDA; 2015, p. 14). A expressão, hoje, não é comumente associada à comunidade com a mesma eloquência de antes, percebe-se uma parca rememoração à efervescente atividade produtiva4 que demarcou o modo de vida da respectiva comunidade rural.

Apontadas inicialmente pela empiria, as alterações nessa identidade e no modo de vida dessa população, ensejou-se entender, por meio das memórias de trabalhadores e trabalhadoras de farinheiras ainda remanescentes5, as transformações ocorridas no modo de viver há pouco mais de uma década. As memórias foram cooptadas a partir de entrevistas realizadas no ano de 2019 com homens e mulheres, trabalhadores das farinheiras ainda em funcionamento na comunidade, como uma maneira de revisitar o passado no presente, antes do prenúncio da pandemia, o que poderia comprometer o registro das entrevistas com o sujeito de pesquisa. Por meio deste viés, as memórias contribuem com o vivido no coletivo pelos grupos sociais, precintando muito mais força quando o outro relembra (HALBWACHS, 2003, p. 30).

Para tanto, tornou-se imprescindível deter a compreensão sobre modo de vida e articulá-lo como as categorias trabalho e memória. O que viabilizou entender as transformações visíveis que atualmente afetam o modo de viver dessa população ao revisitar um passado em que o trabalho familiar regia o cotidiano na Comunidade, com casas de farinha em pleno funcionamento e mobilizando a economia local (SANTOS 2007, p. 63). Entre o percurso da pesquisa, o revisitar da fala de alguns trabalhadores ao passado presenciado na comunidade, trouxe à tona a materialidade das transformações por meio das memórias do sujeito de pesquisa.

Meu Deus! Como tudo aqui anda mudado. Tudo isso aqui era só Casa Farinha. Fui motorista aqui por muito tempo, era prá lá de oitenta, a gente comentava, uma fartura só. Agora, veja, num tem mais aquilo que a gente via antes. (INFORMAÇÃO VERBAL)6

Assim, a memória assume no eixo deste estudo e perscruta, de alguma maneira, as transformações no modo de viver dessa comunidade. A memória, portanto, é um recurso estratégico como salient Paolo Montesperelli (2004, p. 8), pois através das relações que os indivíduos mantêm com o vivido e com os demais membros de um mesmo ambiente social estão interligados por esta ao revisitá-las. Em outras palavras, a memória é o mecanismo de condução a acontecimentos recordados por homens e mulheres do campo, na vida em comunidade, e como fio condutor bascar entender transformações no seu modo de viver, na vida em moviemento e na consequentemente na produção da vida visível.

De posse das colocações acima expostas, o referido artigo tem a memória como método e se aproxima do materialismo histórico como eixo determinante das transformações verificadas na produção da vida visível em Campinhos. Sem desmerecer a interconexão entre a memória e o modo de vida, a tríade junção acontece por meio do trabalho humano, que não dissociado, cinge-se num intercâmbio contínuo entre o vivido e o modo de vida dessa população, detendo-se como base ineliminável da condição humana, ou seja, como elemento fundante da produção da vida material (MARX e ENGELS, 2007), que ora adjetiva o modo de viver e ora o altera. E as memórias dão conta de estabelecer novas leituras em que se inserem homens, trabalho e vida ao revisitar o passado no presente.

Modo de vida: indo em busca de um entendimento

e foi possível aproximar o cotidiano de um conceito, o trabalho humano da condição ineliminável da vida e amparar a memória como recurso, a mesma tarefa não é tão exequível, quando o assunto é “vida”, pois já reconheciam os gregos a ausência de um termo unívoco que a definisse. Em grego, existem duas palavras que podem ser utilizadas para designar vida: zoé e bios. Ambas possuem semântica e morfologia distintas, mas são reportáveis a único étimo “vida”. A zoé exprime o simples fato de existir, enquanto bios indica a forma ou a maneira de viver de um indivíduo ou de um grupo, ou seja, a construção do sujeito na sua vida social e na sua atuação política (AGAMBEN, 2007).

Nessa dual substantivação, não é por um acaso, que surge o inevitável hiato entre os termos zoé e bios. Zoé exprime a vida concedida a todo ser vivente. O termo não possui plural, isso é uma evidência de que, semanticamente, na compreensão dos gregos, a vida natural é considerada única, não há pluralidade ou diversidade de vidas naturais. Portanto, Zoé é a vida não qualificada (AGAMBEN, 2007).

Dialogando com a linha de pensamento dos filósofos gregos, Klein (1969), sociólogo tcheco, aponta que em condições excepcionais, de fato a vida dos grupos humanos pode se limitar apenas às necessidades biológicas, logo, entende-se que seu pensamento está diante da concepção zoé de vida. A zoé que se replica na singular existência estruturada e está aquém da liberdade e da cultura, é ponto de partida e de ruptura da subjetividade e das contradições da sociedade. Compreende-se, portanto, que se na zoé, o ser humano não tem liberdade nem autonomia para modificar o modo vivente, é através da bios, do trabalho humano, que o modo de vida passa a ser constituído, ganha forma e nutre memórias.

Dessa maneira, o modo de vida ganha a feição de um sentido próprio, que rompe o ensejo do apenas existir dos homens, mas se molda nas adjetivações que lhes são conferidas por meio do trabalho humano, logo, zoé seria simples demais para dar cabo das configurações que a vida humana se dispõe a estabelecer na produção da vida visível (KLEIN, 1969; AGAMBEN, 2007).

Se para os gregos, a criação e o desenvolvimento da bios possibilita a constituição da subjetividade e da sociedade, compreende-se deste modo, que mediante a bios, as atividades humanas vão concedendo o significado da vida construída por meio das experiências, do vivido, constituindo as memórias e se confrontando com as contradições. Afinal, é no encontro entre modos de vida distintos e concepções diferentes de modelos de sociedade, que o dialético se estabelece, e o modo de vida original se modifica.

Nessas condições, o trabalho humano é centro de convergência da vida e do cotidiano, das memórias e do modo de vida de homens e mulheres do campo, costurados na trama da vida por meio das crenças e valores, dos aspectos culturais e no confronto deste conjunto com a totalidade, ou seja, com o modo de produção capitalista, que permitem fazer este entrelaçar de dentro para fora, e do encontro inevitável com as contradições que constituem o seu entorno por meio de determinações observáveis.

Dando sequência a mesma linha de pensamento e tomando como máxima de que o mundo é produto do trabalho humano (MARX e ENGELS, 2007, p.12), a vida vai ganhando um modo de ser qualificado em função da produção dos meios de vida, e ao produzi-los os homens produzem o sentido de sua própria vida material:

O modo pelo qual os homens produzem seus meios de vida depende, antes de tudo, da própria constituição dos meios de vida já encontrados e que eles têm de reproduzir. Esse modo de produção não deve ser considerado meramente sob o aspecto de ser a reprodução da existência física dos indivíduos. Ele é, muito mais, uma forma determinada de sua atividade, uma forma determinada de exteriorizar sua vida, um determinado modo de vida desses indivíduos. Tal como os indivíduos exteriorizam sua vida, assim são eles. O que eles são coincide, pois, com sua produção, tanto com o que produzem como também com o modo como produzem. O que os indivíduos são, portanto, depende das condições materiais de sua produção. (MARX e ENGELS, 2007, p. 87) Grifos do autor

Nesse apontamento de análise, Marx e Engels não somente direcionam, mas deixam bem claro que o modo de vida é o reflexo da luta pela reprodução dos meios de vida, que não se restringe apenas à existência física, ou seja, não se limita às condições biológicas como suscitado também por Klein (1969) ou pelos filósofos gregos. Em outros termos, a vida se amplifica na sua exteriorização, qualificada por meio da atividade humana definindo-a. Afinal, os homens são o que produzem e como produzem, e assim feito trabalho, modo de vida e memórias se articulam num contínuo processo de constituição e (re) elaboração.

Salutar é também entender, que o modo de vida, como enfatiza Klein (1969), pode parecer aproximar, inicialmente, de uma espécie de perfeição, esta, por sua vez, coloca-se na lógica estrutural do sistema em que se vive, sem com isso excluir as contradições que são inerentes ao processo de construção de um modo de viver, que precisa ser visto e inserido em sistema maior na perspectiva da totalidade em confronto com outros modos de viver. Em síntese, a perfeição aparente, inexiste, posto que todo modo de vida está interconectado com fatores externos à sua constituição e como outros modos de vida.

Modo ou modos de vida?

Assumir o desafio de falar de “modos de vida” ou “modo de vida”, inicialmente, requer um esforço de entender a vida em aspectos múltiplos, que transpõem a simples aparência, buscando compreendê-la para além de inúmeras concepções que perpassam no cotidiano, travestido às vezes de senso comum. Desse modo, a vida em si cinge-se às práticas diárias que, por sua vez, abarca a vida de homens, mulheres, crianças e demais viventes, e assim vão construindo uma dinâmica histórica e social em Campinhos e dando-lhe nessa trajetória uma forma, um modo de percebê-la na aglutinação das experiências individuais e coletivas, no trabalho realizado, nos costumes e valores, balizando a convivência dual entre memórias e contextos por vezes similares ou quiçá opostos.

Dessa maneira, em meio ao cotidiano que se replica, o modo de vida vai se moldando, ganhando formas, não como algo sistematizado e pensado, mas como um fenômeno natural construído com o cingir dos dias e surge dentro do mesmo vínculo com a vida, com as experiências aculadas e com as relações materiais. Observa-se que o modo de vida vai ganhando contornos através das normas, das regras, das expectativas necessárias e aprendidas, primeiramente na família, depois no trabalho e na comunidade, conforme nos aponta Thompson (1981), mas também no campo de disputa e nas concepções distintas de sociedade, que automaticamente, vão inserindo, inevitavelmente, novas concepções de vida no decorrer do tempo. Assim:

Os valores não são “pensados” nem “chamados”; são vividos, e surgem dentro do mesmo vínculo com a vida material e as relações materiais em que surgem as nossas ideias. São as normas, regras, expectativas, etc., necessárias e aprendidas no “habitus” de viver; e aprendidas, em primeiro lugar na família, no trabalho e na comunidade imediata. Sem esse aprendizado a vida social não poderia ser mantida e toda produção cessaria (THOMPSON, 1981, p.194).

José de Souza Martins (1998) acrescenta ao contexto dos povoados rurais a característica da sociabilidade tradicional entre os sujeitos, que se delimita em cenários domésticos, no provisório, no inseguro e no instável, e vai aos poucos imprimido características peculiares à vida no coletivo. Tal pontuação aproxima-se –e muito –também das notações feitas por Antônio Cândido (2017), o qual se refere à sociabilidade como uma manifestação da vida rural em meio a uma rusticidade equilibrada, denominada pelo autor como sociabilidade vicinal.

Logo, o modo de vida é compreendido aqui como um conjunto de práticas relacionadas ao mundo do trabalho, à vida familiar que estão conectadas com a realidade social. O modo de vida no meio rural associa-se “a formas de existir do camponês na luta diária em busca de sobrevivência, nas práticas rotineiras para manutenção e reprodução da vida construída em torno da terra, da família e do trabalho, mediado por relações de solidariedade com parentes e vizinhos” (MARQUES, 2004) e que diante da reprodução ampliada da vida, também se confronta constantemente com a reprodução ampliada das contradições, por meio da inserção de novos modelos ou concepções de território, por meio da reprodução ampliada do capital (FERNANDES, 2009; ALVES e TIRIBA, 2018).

A vida social pode ser compreendida em Campinhos pelo funcionamento remanescente de três pequenas casas de farinha, do comércio que se expande cada continuamente; pelos serviços disponíveis (água, luz, esgoto, internet, correspondente bancário, postos de combustíveis, supermercados, posto de saúde); pela presença de uma escola; pelo tráfego constante de carros e fluxo de pessoas; pela disponibilidade do transporte público; pelas idas e vindas de trabalhadores do campo para a cidade; pelo contraste entre a vida no campo e a vida urbana , contratada e firmada no cotidiano local.

A cotidianidade, assim presente na vida de Campinhos, deve ser entendida como um fenômeno que abarca a vida das pessoas, é uma espécie de organização do dia a dia, da vida individual dos homens com repetições vitais, fixadas na distribuição do tempo, em que se ecoa a vida particularizada e que soma a tantas outras atividades realizadas concomitantemente por outros homens (KOSIK, 1976) em meio também às contradições de uma sociedade mais ampla, auxiliando dessa forma na constituição das memórias e cedendo espaço para voraz necessidade de inserção do contraditório, ou do encontro inevitável entre modos de vida distintos.

A vida de cada dia tem a sua própria experiência, a própria sabedoria, o próprio horizonte, as próprias previsões, as repetições, mas também os dias feriados. [...] por essa razão ela é o mundo da intimidade, da familiaridade e das ações banais. Nesta, o indivíduo cria para si relações baseadas na própria experiência, nas próprias possibilidades, na própria atividade e daí considerar esta realidade como o seu próprio mundo. (KOSIK, 1976, p.80)

A citação acima permite um dimensionamento inicial da intervenção humana na produção da vida e de sua materialidade, que vai aos poucos ganhando forma e abarcando o sujeito em seu ato histórico, bem como auxiliando na constituição de suas memórias. Para Medeiros (2015), não se pode conceber a memória sem o trabalho, ela é, como o trabalho, gênese da vida humana:

Os Homens tiveram de memorizar a melhor (ou a possível) maneira de caçar, pescar, modificar e conservar alimentos, abrigar-se, plantar, colher, ver o tempo propício ao plantio e escolher a terra adequada, etc. (MEDEIROS, 2015, p. 62)

Essa cotidianidade das repetições das práticas sociais, é a mesma que ressoa a falta de empregos, a falta de oportunidades para os jovens, a desarticulação do trabalho familiar, a especulação imobiliária, a destituição da sociabilidade vicinal (CÂNDIDO, 2017), o aumento da violência na comunidade, o parcelamento das terras, o desapossamento dos meios de produção (HARVEY, 2013) e a desarticulação do sentimento de pertencimento dando lugar ao desenraizamento (MARTINS, 1997) ao lugar em que vive, e que neste movimento vai impondo novos contornos ao modo de viver constituído pela sua população e alimentando o desejo de infiltração do capital em economias não-capitalistas (LUXEMBURG, 1985).

Por ora, entende-se que essa aparente sincronia inicial entre vida, cotidiano e memórias, não oferece uma concretude da vida em sentido mais amplo, principalmente no que tange ao seu modo ou forma, tornando-se necessário ampliar o campo de discussão. A palavra forma designa molde, ou seja, condição física sobre a qual se coloca alguma substância fluida que, consequentemente, tem seu feitio configurado tal qual (HOUAISS, 2004). O refletido então incita a seguinte indagação: como colocar a vida e sua subjetividade em um molde, em uma forma?

Quando “forma” ou “modo” está aplicado à vida designa aspectos que compõem uma rotina que chega a defini-la, assim a vida pode adquirir uma forma ou um modo de vida, conclui o professor Daniel Arruda Nascimento (2012). Seguindo esta linha de interpretação, segundo Klein (1969), a compreensão sobre o que é modo de vida perpassa por uma variedade de formas de vida humana que se encontra de maneira constante, mas não imutável. Aponta ainda, que o modo de vida é uma parte de uma totalidade de maneiras de viver que se correlacionam, direta ou indiretamente, com outros modos de vida e estão inseridos dentro de um campo mais amplo se encontrando ou se confrontando, reafirmando, dessa maneira, a pluralidade do termo: modos de vida em meio ao contraditório que estabelecem o embate entre os plurais.

E assim entendido, é neste campo de encontros inevitáveis entre modos de vida em comunidades rurais, que a empiria vai aos poucos concedendo formas à vida qualificada por meio do trabalho humano, mas que ao verificar modificações nas relações sociais de produção e na identificação imediata das contradições vai cedendo por meio das transformações novos contornos e impondo novos modos de viver, que nem sempre amparam os moradores da comunidade de Campinhos.

Na simbiose entre vida e cotidiano, se estrutura os modos de vida, é certo. Os modos de vida constituídos na prática social não é algo imutável, algo perfeitamente detectável, logo, sofrem as influências do meio externo, por isso não são e nem estão intactos, ainda que pelo corolário de observação em um determinado contexto, ou na convivência que se replica em meio ao cotidiano, faça parecer como algo definido em si mesmo. Mas não o são (KLEIN, 1969)

Dentre as inúmeras interferências, o protagonismo do modo de produção capitalista é um fator de preponderância para modificar os modos de vida que contornam a ruralidade, e nessa direção a aproximação com a cidade é imediatamente cristaliza e generaliza o contraste físico, mas, sobretudo concede movimento às transformações inevitáveis entre o embate de modos de vida distintos: cidade e campo, mas nunca dissociados (WILLIAMS, 1989). Para Carlos (2005), a cidade está mais associada ao fazer intenso e ininterrupto, lembrando que a cidade como realização humana reflete através do movimento da vida, um modo de vida, e que mesmo não dissociado da ruralidade, impõe sua maneira de ver e estar no mundo.

À proporção que se em que se movem e se estruturam, modos de vida não- capitalistas vão se confrontando com a sagaz e voraz necessidade de perpetuação do modo de produção dominante, quer seja o capitalista. Assim, a tempo em que se infiltra, o modo de produção capitalista vai subtraindo em Campinhos os resquícios da ruralidade como modo de viver o rural como preconiza Wanderley (2009). Em outras palavras, vai subtraindo a autonomia fundamental dos trabalhadores, desapossando-os dos meios de produção, inserindo-os como fator de reprodução da força de trabalho e afastando-os da relação correlata e direta com a natureza, impondo a esses, a presença de forças determinantes do processo de construção social, tal como o capital na relação antagônica com o trabalho que auxilia na constituição dos modos de vida e nutre as memórias, como aponta David Harvey:

A consideração da contradição entre capital e trabalho certamente aponta para a ambição política de suplantar a dominação do capital sobre o trabalho, tanto no mercado de trabalho como no ambiente de trabalho, por intermédio de formas de organização em que trabalhadores associados coletivamente controlam seu tempo, seus processos e seu produto. (HARVEY, 2016, p. 70)

Novas configurações tecnológicas subsistem as antigas. Modos de viver, ser e pensar são drasticamente modificados para abarcar o novo em detrimento do velho. [...] A mudança tecnológica nuca é gratuita ou indolor, e o custo e a dor que produzem não são uniformemente repartidos. Devemos sempre nos perguntar: quem ganha com a criação e quem arca com o impacto da destruição? (HARVEY, 2016, p. 99) Grifo nosso

Regidos pela inevitável força do movimento do capital, Istvan Mészaros (2011, p. 946) enfaticamente afirma que o mundo vive firmemente mantido sob as suas rédeas, por essas são edificadas alterações inevitáveis não somente nas relações de produção, como também nas relações sociais e no modo de se viver. O aparente progresso enseja a ruptura estrutural que possa porventura vir a limitar a expansão do sistema capitalista, insere-se a contradição entre o velho modo e a nova forma de ver e de estar no mundo. Logo, a presença ou a ausência da ciência e da tecnologia à disposição do homem determinam modelos de realidade e de viver distintos

A ruptura, a cessão ou a resistência a um modo de vida, é determinado segundo Klein (1969) pelos limites do homem enquanto ser natural e social. Neste sentido, Tiriba e Ficher (2015) afirmam que os modos de vida não conseguem driblar a perversa lógica excludente do mercado capitalista, esse é mais forte. Dessa forma, o modo de vida para o presente estudo não é um recorte espacial, imutável ou descritivo de uma realidade empírica que se dispara na observância enquanto imagem e se dispõe mediante um fenômeno social. A dialética como “forma de pensar”, articula o desafio de encontrar na exegese das mudanças e transformações observadas por meio do trabalho humano, o significado novo obtido por esses que se deparam com a sua realidade concreta, mesclando entre presente e passado, as memórias como fio condutor de conhecimento e (re) significação das novas relações sociais e de sua sucessão com o tempo.

Um modo de vida em meio às transformações: Campinhos

O despontar do século XX na região Sudoeste da Bahia (SEI, 2017), conforme notações trazidas por Medeiros (1985) foi fundamental para edificações constitutivas da malha urbana da região em estudo, principalmente a década de 1940 em Vitória da Conquista, face de materialidade da presença do capital em um território (RAFFESTIN, 1993).

A década de 1940 é ponto de referência explicativo para o desenvolvimento urbano ulterior. È naquela década que se vão acumulando condições propícias ao desenvolvimento de novas atividades econômicas e, por isso mesmo, de expansão urbana. (MEDEIROS, 1977, p. 8-9)

Neste sentido, a evolução urbana de Vitória da Conquista adentrou no campo de transformações sociais, que repercutem até hoje na evolução do seu território e do seu entorno, e, que demarca de certa maneira, a conflitualidade entre os que se encontram inseridos nesta. Para melhor compreensão da dinâmica da vida na Comunidade de Campinhos, sinaliza-se a grande aproximação da mesma com a BA 262 e a BR-116, grande entreposto da malha viária conquistense e que também cria uma confluência com várias cidades e regiões, dentre estas Brumado, Anagé, Guanambi, Caetité, Itapetinga, Ilhéus, Salvador, Jequié, dentre outras.

Se a malha viária constituiu uma forma de aproximação com outro modo de vida, mais urbano ou citadino diga-se assim, a comunidade de Campinhos também vem sendo cooptada pelos grandes empreendimentos imobiliários através dos projetos de habitação popular, pela expansão do parque logístico local, por loteamentos populares e residenciais, datado desde 1977 em função do Plano Diretor Urbano Lei Municipal e fortalecido a partir 1996 pela abertura da atuação de projetos da inciativa privada. Os agentes imobiliários, com diferentes estratégias de ação infundiram na região um demarco de urbanização inferindo alterações no modo de viver em comunidade. Conforme Ferraz (2001), os principais agentes responsáveis pelo loteamento da terra, os proprietários-loteadores, os incorporadores particulares e empresas incorporadoras, apropriaram-se cada vez mais da terra disponível em Campinhos, eixo central da vida rural, do seu valor de troca e afastando-a, sumariamente do seu valor de uso.

A comunidade de Campinhos, em 2009 foi inserida entre as pautas municipais de crescimento da construção civil pela inserção no território da comunidade do Projeto habitacionais Minha Casa, Minha Vida7 do Governo Federal com quatro conjuntoshabitacionais conforme figura 1. Segundo Rocha (2019), Campinhos destacou-se na política de habitação popular em Vitória da Conquista por ter recebido uma quantidade de unidades residenciais do Programa de Habitação Federal, que alterou suaestrutura e dinâmica socioeconômica, sendo contemplado por quatro conjuntos habitacionais nos limites da comunidade, transformando atualmente em uma espécie de bairro de trabalhadores que são migrados para a construção civil, para o comércio, para a informalidade ou para a grande indústria.


Painel 1
Minha casa, minha vida – Campinhos (Vitória da Conquista-BA)
Fotos Marisa Oliveira (2021)

Almeida (2017) aponta que diferentemente de empreendimentos de grande especulação imobiliária, os conjuntos habitacionais do PMCMV se projetaram em Vitória da Conquista, em regiões periféricas, para além do anel viário, com edificações de qualidade questionável, cujos terrenos em sua maioria sequer contavam com o mínimo de infraestrutura como água e esgoto por exemplo, estando disponível por menor preço aos agentes imobiliários que acabam por detê-los na desapropriação do homem do campo à terra, e, por essas circunstâncias a moradia popular se constitui em uma mercadoria altamente rentável sob a lógica do capital. Observação pertinente ao verificado na comunidade de Campinhos, ativando também o acesso à força de trabalho, transformando a comunidade em um reduto da força de trabalho.

Os detentores do solo urbano e o poder estatal transformam a cidade em mercadoria, via planejamento urbano e com o aparato da lei. De modo que a cidade se torna um produto do capitalismo, ressalta Rocha (2019) e Rocha (2017). Entende- se, pois, que a imposição de um tipo de morada consorciada pelo capital, é também uma forma de desarticulação do modo de vida em comunidades rurais, e a questão habitacional acaba por nortear um mecanismo de sua interpenetração, seja incorporando a habitação na expansão capitalista, seja determinando uma imposição à própria morada como uma espécie de valorização, transformando-a também em uma mercadoria, condicionada, sobretudo à reprodução ampliada do capital e aos seus interesses de domínio (SANTOS 2005; CARLOS, 2005).

A especulação imobiliária é aspecto fulcral para analisar a concepção mercantil que é concedida ao espaço e que acirram de maneira veemente a conflitualidade entre as classes que mantém interesses distintos na base territorial, eliminando o que Luxemburg (1985, p. 264) chama de comunismo gentílico, que na comunidade estudada muito se aproxima da desarticulação da vida em família numa mesma localidade.

O encontro inevitável entre modos de vida distintos, trouxe para além das transformações físicas, o estranhamento da vida em comunidade. São as memórias de Dona Zélia Soares (58 anos), trabalhadora de casa de farinha, que certifica como as transformações no modo de viver, altera a dinâmica de vida de seus moradores, a tempo em que também os tornam estranhos dentro do seu lugar de vida e de trabalho. Assim, ela disse: É porque a cidade entrou em nosso meio, então a gente vai viver a vida da cidade, antes vivia a vida da roça, da zona rural, todo mundo se conhecia, todo mundo era amigo, e hoje não, hoje você se depara com pessoas estranhas. (informação verbal8)

Se a vida se qualifica por meio do trabalho, são as novas dimensões e dinâmicas conferidas a este, que se permitiu perceber, que já não é mais o trabalho familiar, não são mais as casas de farinha que converge ou que define a vida em comunidade. Ao mesmo tempo em que o rural vai cedendo no confronto com a vida da cidade, é também por meio deste movimento, sinuoso com certeza, que homens e mulheres do campo, são apartados da terra, destituídos dos meios de produção, e ora desapossados, são cooptados com força de trabalho. Na cidade? Nem sempre, afinal não há lugar para todos. Na indústria? Talvez. Na informalidade? Na maioria das vezes. Na luta pela sobrevivência? Quase que sempre, acompanhada de inúmeras incertezas muitas vezes demarcadas por uma sociedade de contradições.

Considerações Finais

Falar ou pensar em modos de vida é, sobretudo, defender o lugar de ver e de estar no mundo. É compreender que a vida pode ter contornos diferentes e se qualifica por meio deles. Mas é também reconhecer que nem sempre é uma escolha ou uma alternativa de estar no mundo, porque existem modos de vida distintos. Sendo assim, o encontro inevitável entre esses distintos modos de viver descortina por ora a sobreposição dos mais fortes, em detrimento da destituição e do desapossamento dos mais frágeis. Em outros dizeres, numa sociedade demarcada pela estratificação social e pelo acirramento cada vez mais estratégico da divisão social do trabalho, inevitável inferir e pensar, que os excluídos se tornam cada vez mais excluídos e o dominante cada vez mais dominador. Rouba-se o direito de escolher o modo e o meio de estar no mundo, e o modo de vida, torna-se assim fonte de memórias, mas nem sempre de escolhas.

Agradecimentos

Marisa Oliveira Santos: Coleta de dados; Produção textual e revisão. Ana Elizabeth Santos Alves = Supervisão da produção textual; Revisão.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Tradução Henrique Bruno. 2ª reimpressão. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2007.

ALMEIDA, Mirian Clea Coelho. Memória, Trabalho e Território: o processo de trabalho na construção civil na cidade de Vitória da Conquista – Bahia. Vitória da Conquista – BA: UESB/PPMLS, 2017. Tese de doutorado.

ALVES, Ana Elizabeth Santos. TIRIBA, Lia. Trabalho-educação, economia e cultura em Comunidades tradicionais: entre a reprodução ampliada da vida e a reprodução ampliada do capital. In Revista Trabalho Necessário, V. 16, N, 31, 2018.

CANDIDO, Antônio. Os parceiros do Rio Bonito. São Paulo: Edusp, 2017. CARLOS, Ana Fani A. A cidade. 8º ed. São Paulo, Editora Contexto, 2005.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Sobre a tipologia de territórios. In SAQUET, Marcos Aurélio, SPOSITO, Eliseu Savério (orgs).. Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos .1.ed.-- São Paulo : Expressão Popular: UNESP, 2009.

FERRAZ, Ana Emília de Quadros. O urbano em construção. Vitória da Conquista: um retrato de duas décadas. Vitória da Conquista: Edições UESB, 2001.

HALBWACHS, M. A memória coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2003.

HARVEY, David. As 17 contradições e o fim do capitalismo. 1ª edição. São Paulo: Boitempo, 2016.

HARVEY, David. Para entender o capital. Livro I. Tradução Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013.

HOUAISS, Antônio. Dicionário de Língua Portuguesa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. CENSO 2010. Disponível em: < http/www.ibge.gov.br.htm>. Acesso em: 20 de dezembro 2019.

KLEIN, Ota. Revolução científica e técnica e estilo de vida. In KLEIN, Ota. RADOVAN, Richta. As opções da nova sociedade: o estilo de vida e as escolhas da civilização moderna. Sâo Paulo: Editora Documentos, 1969.

KOSIK, Karel. Dialética do Concreto. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

LUXEMBURG, Rosa. A acumulação do capital: contribuição ao estudo Econômico do Imperialismo; Anticrítica. Série Os Economistas. São Paulo: Nova Cultural, 1985.

MAIORK,G.J.; DALLABRIDA, V.R. A indicação geográfica de produtos: um estudo sobre sua contribuição econômica no desenvolvimento territorial. Revista INTERAÇÕES, Campo Grande, v. 16, n. 1, p. 13-25, jan./jun. 2015.

MARQUES, Marta Inez Medeiros. Lugar do modo de vida tradicional. In: OLIVEIRA,A. U.; MARQUES, M. I. M. (Org.). O campo no século XXI: território de vida, de luta ede construção da justiça social. São Paulo: Casa Amarela; Paz e Terra, 2004. p. 145-158.

MARTINS, José de Souza. A vida privada nas áreas de expansão da sociedade brasileira. In: NOVAIS, Fernando A Schwarcz. Schwarcz , Lilia Moritz. História da vida privada, volume 4. São Paulo: cia das Letras, 1998.

MARTINS, José de Souza. Exclusão Social e a nova desigualdade. São Paulo, Paullus, 1997.

MARX, Karl. ENGELS, Friedrich. A ideologia alemã. São Paulo: Boitempo, 2007.

MEDEIROS, Rui Herman. Memória compartilhada e história: entre alienação e ideologia. Vitória da Conquista – BA: UESB/PPMLS, 2015. Tese de doutorado.

MEDEIROS, Ruy Herman de Araújo et. al. Revisão do plano Diretor urbano de Vitória da Conquista – Bahia. Vitória da Conquista, 1985. Mimeografado.

MEDEIROS, Ruy Herman. Aspecto urbano de Conquista através da história. Fifó, Vitória da Conquista, 11 de outubro de 1977. Ensaios Conquistenses, p 7-9.

MÉSZAROS, István. Para além do Capital: rumo a uma teoria da transição. 1ª ed. Revista. São Paulo: Boitempo, 2011.

MONTESPERELLI, Paolo. Sociologia de la memória. 1ª ed. Buenos Aires: Nueva Vision, 2004

NASCIMENTO, Daniel Arruda. Regra, vida, forma de vida: investida de Giorgio Agamben. In Princípios, Revista de filosofia. Natal (RN), vl. 19, n 22, julho/dezembro de 2012, p. 205-227.

PMVC . Lei Nº 952/98 de 15 de dezembro de 1998. Altera limites de bairros instituídos pela lei nº 798/95 e 850/96 e institui novos bairros. Vitória da Conquista, 1998.

PMVC. Lei N.º 850/96 de 26 de dezembro de 1996. Confere denominação a bairros que especifica. Vitória da Conquista, 1996.

PMVC. Lei Nº. 1385/96 de 26 de dezembro de 2006. Aprova e instituí o Plano Diretor do Município de Vitória da Conquista.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Bairros rurais paulistas. São Paulo: Editora Duas cidades, 1973.

RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do Poder. Tradução Marisa Cecília França. São Paulo: Editora Atica, 1993.

ROCHA, Flávia Amaral. Novas Territorialidades em Vitória Da Conquista-Ba: Programa Minha Casa Minha Vida no Bairro Campinhos. Publicado em Revista GeoNordeste, São Cristóvão, Ano XXX, n. 3, p. 113-128, jul./dez. 2019. ISSN: 2318-

ROCHA, A. A.; ARRUDA, A. A conversão da terra produtiva em área urbana: uma analise do bairro campinhos em Vitória da Conquista-BA, Geopauta, V1 nº 1, Vitória da Conquista, Edições UESB, 2017. P. 54-68

REZENDE, Adriano Alves de et.al. Agroindústria da Mandioca – o caminho para a Sustentabilidade Econômica dos Beneficiadores do Bairro Campinhos em Vitória da Conquista – Ba. In SOBER Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 47º, Porto Alegre Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009.

SANTOS, Marisa Oliveira. Sistema de produção em Casas de farinha: Uma leitura descritiva na comunidade de Campinhos – Vitória da Conquista (BA), 2007. 115p. Dissertação Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – PRODEMA/UESC

SANTOS, Milton. A urbanização brasileira. 5ª ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, EDUP, 2005.

SEI. Manchas de pobreza e desenvolvimento regional na Bahia /Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia. Salvador: SEI, 2017. ISBN 978-85-8121- 019-3

THOMPSON, Edward P. A miséria da Teoria ou um planetário de erros: uma crítica ao pensamento de Althusser. Rio de Janeiro, Zahar editores, 1981.

TIRIBA, Lia. FISCHER, Maria Clara Bueno. Espaços/tempos milenares dos povos e comunidades tradicionais: notas de pesquisa sobre economia, cultura e produção de saberes. Revista Educação Púbica. Cuiabá, v. 24, n. 56, p. 405-428, maio/ago. 2015

WANDERLEY, Maria de Nazareth Baudel. O Mundo Rural como um espaço de Vida: Reflexões sobre a propriedade da Terra, Agricultura Familiar e Ruralidade. Porto Alegre: editora da UFRGS, 2009.

WILLIAMS, Raymond. O campo e a cidade: na história e na literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

Notas

1 Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Vitória da Conquista-BA, Brasil, momarisa@gmail.com
2 Programa de Pós-Graduação em Memoria Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia- Vitória da Conquista-BA, Brasil,. ana_alves183@hotmail.com.
3 O presente artigo é parte integrante de discussão ampliada circunscrita na Tese defendida em 07.04.2021, intitulada Memórias do trabalho familiar em Casas de Farinha: transformação dos modos de vida de homens e mulheres do campo, de respectivas autoria e orientação das autoras deste trabalho pelo PPGMLS-UESB.
4 Segundo (REZENDE, 2009) a produção variável semanal em Casas de Farinha Simão e Campinhos em 2009, chegava a 200 sacos de farinha por semana em cada casa. Eram produzidos a partir de 420 toneladas de raízes de mandioca, 976 sacos de farinha de primeira qualidade mensalmente, 600 kg de goma, 920 kg de goma fresca, 741 sacos de farinha de segunda qualidade. Tais dados se afastam da produção recente: produção no máximo de 150 a 200 sacos de farinha por mês.
5 Em 2006 e 2007, segundo dados apresentados na Pesquisa desenvolvida por Santos (2007), havia 25 casas de farinha em pleno funcionamento da comunidade. Atualmente, existem apenas três, com funcionamento espaçados, não se podendo afirmar quantos dias da semana estarão em funcionamento, ou até mesmo se irão funcionar.
6 Entrevista Gravada com Joélio dos Santos, 42 anos, atendendo os termos TCLE que compôs a pesquisa de Doutorado em Memória: Linguagem e Sociedade. A entrevista com roteiro semi- estruturado, foi realizada em outubro de 2019, na comunidade de Campinhos, pela Pesquisadora Marisa Oliveira Santos, que acompanhava um grupo de pesquisadores nacionais em visita ao XIII Colóquio Nacional e VI Colóquio Internacional do Museu Pedagógico.
7 O Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) é uma política Pública lançada em âmbito nacional, que se propõe a subsidiar a aquisição da casa própria, foi instituído pela Lei nº 11.977, de 07 de julho de 2009. Entre 2009 e 2014 Vitória da Conquista foi beneficiada com a construção de 22 conjuntos habitacionais, 8.298 unidades residenciais do Programa Minha casa, Minha vida, sendo quatro destes na comunidade de Campinhos (ALMEIDA, 2017)
8 Entrevista Gravada com Dona Zélia Viana Soares, 59 anos, atendendo os termos TCLE que compôs a pesquisa de Doutorado em Memória: Linguagem e Sociedade. A entrevista com roteiro semi- estruturado, foi realizada em março de 2019, na comunidade de Campinhos, pela Pesquisadora Marisa Oliveira Santos.


Buscar:
Ir a la Página
IR
Visor de artículos científicos generados a partir de XML-JATS4R por