Secciones
Referencias
Resumen
Servicios
Descargas
HTML
ePub
PDF
Buscar
Fuente


A importância da integração familia-escola em busca de uma Educação de qualidade
Revista Internacional de apoyo a la inclusión, logopedia, sociedad y multiculturalidad, vol. 2, núm. 4, pp. 70-83, 2016
Universidad de Jaén

Los nombres y las direcciones de correo electrónico introducidos en esta revista se usarán exclusivamente para los fines establecidos en ella y no se proporcionarán a terceros o para su uso con otros fines.

Recepção: 17 Maio 2016

Aprovação: 30 Setembro 2016

Abstract: According to Law of Directives of National Education – LDBEN-9.394/96, school and family have a responsibility and monitor education in all aspects to ensure autonomy and provide conditions of civic education of students. The collective participation of school and family, in building the political-pedagogical project, and a democratic school management are legitimately necessary to improve the quality of education of students. This study aims to presente the importance of integration between school and family institutions in the educational process of the child towards a quality education and preparation for adult life in society. The theme was chosen because it is a relevant issue in the educational and family environment at present and after observations in the school Isaltina Pereira Araújo in the city Barra do Corda-MA.

Keywords: education, integration, responsibility, school, family.

Resumen: Según la ley de Directrices y Bases para la Educación Nacional – LDBEN – 9.394/96, la escuela y la família ha responsabilidad de educar y supervisar la educación en todos los aspectos para garantizar la autonomía y promover condiciones de formación ciudadana de los estudiantes. La participación colectiva de la escuela y la família, en la construcción del proyecto político pedagógico – PPP y uma gestión escolar democrática son legitimamente necesarias para mejorar la calidad de la educación de los estudiantes. Este trabajo tiene como objetivo principal presentar la relevancia de la integración entre instituciones drenajes y família durante el proceso educativo del nino hacia uma educación de calidad y preparación para la vida adulta em la sociedad. El tema fue elegido porque es una pregunta pertinente en el centro y la família educativa en el momento y después comentarios sobre Unidad Integrada Isaltina Pereira Araújo, en Barra do Corda-MA.

Palabras clave: educación, integración, responsabilidad, escuela, familia.

A importância da integração familia-escola em busca de uma Educação de qualidade.

1.-Introdução.

Há anos, a ideia de que a escola é responsável pela educação formal e a família pela educação informal tem se constituído em nossa sociedade. Esta equivocada ideia parece sustentada, até hoje, por crenças e pensamentos mal interpretados e sem fundamento pedagógico e pragmático. É inaceitável que mesmo com tantas mudanças nos campos políticos, sociais, culturais, religiosos e relacionais, a escola e a família parece ainda distanciar-se uma da outra, tentando, às vezes sem sucesso, resolver conflitos educacionais ou de outra natureza. Assim, é imprescindível uma integração dessas duas instituições com objetivos em comum para resgatar os valores essenciais na formação do caráter dos educandos.

A educação brasileira vive um novo tempo, com grandes transformações e desafios a serem enfrentados constantemente, sempre com muito cuidado e espírito crítico. E somente com uma gestão democrática e participativa, onde as responsabilidades são divididas e os profissionais capacitados é que nosso país encontrará seu verdadeiro caminho. O aluno precisa dominar certos conceitos, normas e realidades exteriores em sala de aula, pois, estamos vivendo hoje, uma fase difícil, em todos os setores e aspectos da sociedade. Vive-se numa época em que a desintegração dos valores são os maiores obstáculos para o ser humano.

Modificações nas estruturas e na cultura familiares e também, nos processos escolares são necessárias para unirem-se e assim, dar origem a um sistema de interdependência e de influência recíproca entre a família e a escola, que são instituições responsáveis por uma sociedade educada, autônoma e consciente de seus direitos e deveres.

A reprodução da ideologia dominante, o autoritarismo, o conhecimento desvinculado da realidade, a evasão, a lógica classificatória e excludente da discriminação social na escola são problemas responsabilidade não somente da instituição educacional, mas também, das famílias, dos alunos, das associações, da igreja enfim, todos são responsáveis pelo andamento do sistema educacional.

A participação da família na vida escolar do filho é fundamental. O acompanhamento estudantil dos filhos contribui para que eles aprendam sempre mais. Sabe-se que o aluno precisa ter um modelo como ponto de partida, ou seja, imitar, ouvir, ver, discutir para aprender. A aprendizagem começa na família e se estende ao espaço escolar, por isso, é de suma importância que família e escola trabalhem juntas. Acreditamos que a escola não pode viver sem a família e a família não pode viver sem a escola, pois, é através da interação desse trabalho que será possível o desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem do educando, os quais contribuirão na formação integral do mesmo.

Observando a necessidade e as dificuldades que algumas instituições educacionais têm e buscam a parceria da comunidade na escola e com o propósito de colaborar e propor condições de melhoria a educação em todos os aspectos, foi escolhido para o desenvolvimento deste trabalho a temática “A importância da integração famíliaescola em busca de uma educação de qualidade na Unidade Integrada Isaltina Pereira Araújo, em Barra do Corda-Maranhão”. Tema este de relevância e pertinente para a sociedade hodierna e bastante debatido entre os maiores pesquisadores de educação do país.

O objetivo primário deste artigo é fazer uma abordagem sobre a questão da importância da integração entre família e escola para o pleno desenvolvimento do alunado e a função do gestor na mediação desse processo, bem como apresentar a necessidade da integração entre as instituições escola e família durante o processo educativo da criança rumo a uma educação de qualidade e preparo para a vida adulta na sociedade.

Para a realização da pesquisa, foi escolhida a Unidade Integrada Isaltina Pereira Araújo, localizada na zona urbana de Barra do Corda-Maranhão, por ser uma instituição pública da rede municipal de ensino e que enfrenta, dentre outras dificuldades, a falta constante dos pais presentes nas atividades rotineiras da escola. Além disso, os alunos em sua maioria apresentam carência em diversos aspectos, principalmente o social, o que acabam por agravar o ritmo de aprendizagem dos mesmos. Portanto, verifica-se uma imensa necessidade de ampliação das ações, visando criar métodos capazes de valorizar a participação mais ativa das famílias nesta escola.

O trabalho foi desenvolvido em dois momentos e metodologias: onde no primeiro momento, usou-se a metodologia de pesquisa de campo, onde durante alguns dias foram realizadas uma série O de observações, entrevistas e acompanhamentos diretos e indiretos nas dependências da referida escola, a fim de identificar problemas existentes durante o processo de educação. Vários problemas foram encontrados, alguns com mais importância e urgência que outros.

Dentre estas dificuldades ou problemas um chamou mais atenção pela sua grande relevância e talvez até falta de informação do corpo administrativo e da comunidade sobre o mesmo. O problema que mereceu destaque foi ausência muito constante da participação da família nas decisões da escola. Diversas observações, entrevistas orais e escritas (com questionários) foram realizadas no sentido de identificar a origem, as justificativas e possíveis soluções para a problemática.

Foram entrevistados 10 pais de alunos da escola, escolhidos aleatoriamente nas mais diversas modalidades de educação oferecidas pela instituição. As perguntas foram sobre o conhecimento da escola e a participação da família nas decisões da mesma.

O segundo momento da pesquisa foi realizado a metodologia bibliográfica, um levantamento teórico acerca da importância do tema dentro do contexto educacional. Ou seja, a analise da opinião dos diversos autores foram analisados, dando embasamento à etapa anterior e procurando compreender a importância da participação da família nos mais diversos momentos da vida escolar dos alunos. É necessário propor alternativas viáveis para a descoberta de uma escola com que possa propor “liberdade” e democracia a seus alunos, através da junção da escola com a família. Além disso, deve-se entender e superar a algumas resistências ou inseguranças, ainda existentes, na aproximação destas instituições responsáveis pelo desenvolvimento educacional do aluno e mostrar que é por meio de uma gestão democrática e participativa que serão superados obstáculos que atrapalham a união entre a escola e a família.

Como a educação é um processo que não se desenvolve sozinho, é preciso que haja parceria em todas as tomadas de decisões, e com o estudante esse cuidado deve ser ainda mais importante, já que se trata da formação humana, social e intelectual do ser humano. Por isso, o sucesso da aprendizagem escolar passa a ser de responsabilidade de todos, pois dela devem participar toda comunidade escolar e local, e deve ser entendido como um processo contínuo, que não se finda em sua concepção, mas que nasce e se desdobra a partir da realidade concreta.

A família tem uma função importante e indispensável na educação da criança tanto dentro como fora da escola. Pensando nisso, é sempre bom refletir, discutir e divulgar ainda mais a importância da parceria que deve haver entre estas duas instituições. O próprio ministério da Educação já orienta e determina a responsabilidade das partes envolvidas. As expectativas são boas quanto ao desenvolvimento e o aprendizado pessoal que este artigo poderá despertar, não somente para quem o desenvolve, mas também para quem terá oportunidade de ler. Pensar em educação de qualidade hoje, é preciso ter em mente que a família esteja presente na vida escolar de todos os alunos em todos os sentidos. Ou seja, é necessária uma interação entre escola e família. Nesse sentido, escola e família possuem uma grande tarefa, pois nelas é que se formam os primeiros grupos sociais de uma criança.

A maior preocupação é sempre a boa formação dos alunos. Que sejam críticos, autônomos, transformadores e capazes de analisar a realidade social, políticos, econômicos e ideológicos da sociedade. Um bom trabalho educativo sempre depende destas duas instituições, assim as mesmas precisam estar juntas incondicionalmente. Entretanto, observa-se que, até o memento, essas discussões vêm sendo realizadas apenas dentro do âmbito escolar, basicamente envolvendo gestores, coordenações pedagógicas e grupo de professores. Em outra perspectiva, a escola vem, paulatinamente, assumindo uma parcela considerável da responsabilidade pelas situações de conflito que nela são observadas.

2.-A construção de uma parceria entre escola e família baseada na integração.

Durante a época medieval na Europa, a família não tinha qualquer afeição relação à criança, sua função era a de dar a vida, não havia noções de infância. A criança era vista como um adulto em miniatura e nada se fazia de especial por elas. Com a idade de sete a nove anos, a criança era enviada a algum lugar desconhecido e lá aprendia as boas maneiras e trabalhava para os donos da casa, a educação se dava de forma prática com a participação da criança na vida dos adultos. “A família era uma realidade moral e social, mais do que sentimental.” (ARIÈS, 1981, p. 36).

Hoje a sintonia entre família e escola é extremamente necessária, é nesta sintonia que ambas juntas podem atuar como agentes facilitadores e cria força de trabalho capaz de provocar a mudança da estrutura social e o desenvolvimento pleno do aluno (futuro cidadão).

Sabe-se, que muitos pais esperam ações eficazes dos professores, sobre alguns aspectos da educação dizendo que não cabem a eles tais tarefas. Por sua vez, os professores culpam os pais pelos fracassos educacionais que eles não tiveram ou não têm condições de resolver. Diante deste jogo de empurra estão os alunos que são prejudicados e que deveria ser a prioridade, o centro de toda atenção durante o processo de educação.

Em se falando de escola e principalmente de família é preciso perceber e analisar a sociedade atual que é tida como “pós-moderna”. Essa sociedade vive uma crise axiológica e ética sem precedentes. Muitas mudanças ocorreram sobre como a família atualmente se encontra estruturada. Aquela família tradicional, formada pelo pai, a mãe e os filhos tornou-se uma raridade. Esses novos contextos familiares geram, muitas vezes, uma sensação de insegurança e até mesmo de abandono. Isto é, as crianças e os adolescentes estão cada vez mais, sofrendo as consequências desta enorme crise familiar. Como consequência, nunca na escola se discutiu tanto quanto hoje assuntos como falta de limites, desrespeito na sala de aula e desmotivação dos alunos. Nunca se observou tantos professores cansados e doentes física e emocionalmente. Nunca os sentimentos de impotência e frustração estiveram tão presentes no cotidiano escolar.

A sociedade tem exigido, por diferentes motivos, que pais e mães assumam posições cada vez mais competitivas no mercado de trabalho. Hoje, pai e mãe assumem diferentes papéis e, além disso, saem de casa todos os dias, logo cedo, para trabalhar e somente voltam durante a noite.

Segundo Paro (2000), a escola deve sempre envolver a família dos educandos em atividades escolares. O autor afirma que estas atividades escolares devem servir não para falar dos problemas, mas para ouvir os pais e tentar engaja-los em algum movimento realizado na instituição como: projetos, festas, desfiles escolares, tomada de decisões nas ações escolares. Nessa perspectiva, a escola constitui-se uma instituição social importante na busca de mecanismos que favoreça um trabalho avançado em favor de uma atuação que mobilize os integrantes tanto da escola, quanto da família.

A questão que se impõem é: até quando a escola sozinha conseguirá levar adiante essa tarefa? Ou melhor, até quando a escola vai continuar assumindo isoladamente a responsabilidade de educar?

Sobre a relação entre pais e a escola Piaget (1972/2000, p. 50) afirma que:

“Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois, a muita coisa mais que a uma informação mutua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chegase até mesmo a uma divisão de responsabilidades”. (PIAGET, 1972/2000, p.50). Faz parte do instinto dos pais cuidarem dos filhos, mas é a educação que os qualifica como seres civilizados. Atualmente tanto nas escolas quanto em casa, os pais ou educadores não sabem mais como fazer para que as crianças sejam disciplinadas. (TIBA, 2002).

“A escola necessita saber de que é uma instituição que complementa a família, e que ambos precisam ser um lugar agradável e afetivo para os alunos/filhos. Os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno. Tal parceria implica em colocar-se no lugar do outro, e não apenas enquanto troca de favores, mas cooperando: supor afetos, permitir escolhas e desejos, para que a criança desenvolva-se integralmente”. (TIBA, 1996, p. 140).

Sabe-se que muitos são os fatores que podem influenciar o bom aproveitamento do aluno na escola e se a escola e a família buscarem sempre, ações bem definidas e coordenadas estes problemas terão mais chances de serem enfrentados e resolvidos.

É essencial que os professores conheçam como está organizada a família contemporânea, qual o papel desta família na educação do filho. Por outro lado, a família deve compreender qual a missão e as propostas da escola e principalmente como se aproximar dela e contribuir. São questões que merecem, por parte de todos envolvidos, uma reflexão, não só mais profunda, mas também crítica. Portanto, também não se pode continuar ignorando a importância fundamental da família na formação e educação de sua prole.

A presença da família, no processo educacional formal, assegura ao aluno uma base forte para seu desenvolvimento, não somente na aprendizagem, mas também, de princípios éticos, de valores sociais e afetivos que são necessários à sua formação, como pessoa e como cidadão. Quando a família participa ativamente no processo escolar, é sempre mais difícil que aconteça o fracasso do aluno, pois este interesse fortalece o aluno em sua identidade como pessoa, possibilitando a construção de um autêntico cidadão consciente, autônomo e crítico.

2.1-Família e escola: instituições responsáveis pelo desenvolvimento educacional e social do aluno.

O ensino ficou a cargo da família até aproximadamente o século XIX. Cada família possuía sua maneira particular de ensinar. Com o tempo, a escola assumiu o papel de formalizar os conhecimentos, ampliá-los, sistematizá-los e torná-los comum a todos. Com a escola, boa parte da Educação oferecida pela família passou a ser ignorada.

Sabe-se que, além de conteúdos ensinados de forma sistemática por

muitas escolas de hoje, também há a necessidade de ensinar boas maneiras aos alunos, algo que até pouco tempo atrás era uma responsabilidade exclusivamente das famílias. As velhas e tradicionais políticas improvisadas não servem mais, pois a realidade cultural e política é outra. Não serão suficientes apenas políticas corretivas nem compensatórias, mas sim políticas públicas que dão conta da complexidade da situação atual dos educandos e da sociedade como um todo.

Vários fatores são de grande importância para um bom desenvolvimento escolar e social do homem como: uma gestão da escola democrática; uma educação com um currículo adequado ao cotidiano escolar; trazer para a escola, alternativas pedagógicas que são produzidas fora do espaço escolar formal; analisar as experiências e as discussões que acontecem a respeito da renovação pedagógica; e considerar os pilares da educação (aprender a conhecer, aprender a viver juntos, aprender a fazer e aprender a ser). Descortina que os alicerces da construção e manutenção de uma escola que visa a construção da cidadania para seus alunos se acentuam em pilares como: autonomia, participação, clima organizacional e estrutura organizacional.

As políticas públicas pouco têm conseguido fazer pela formação de educadores reflexivos. Na família, pai e mãe saem ao trabalho confiando que a escola e outros especialistas, além da televisão e do computador deem conta da educação de seus filhos. Assim, tanto a família quanto à escola, esperam que uma dê conta do papel da outra.

De acordo com Rego (2003), a escola e a família compartilham funções sociais, políticas e educacionais, na medida em que contribuem e influenciam a formação do cidadão. Ambas são responsáveis pela transmissão e construção do conhecimento, podendo modificar as formas de funcionamento psicológico, de acordo com as experiências em cada ambiente que está inserido. Dessa forma, o sonho dos educadores comprometidos com a cidadania de seus alunos deve tornar-se verdadeiro. Nesse sentido, Bertrand (1999, p. 29) afirma que:

“as reflexões avançam, hoje, para a identificação de características que influenciam as diferentes práticas de cidadania pelo mundo afora. A estratégia para a construção de uma sociedade democrática não é única. Nesse aspecto, vale ressaltar que, atualmente, o papel da educação na preparação para a cidadania passa por uma profunda revisão”.

Com as teorias pedagógicas que reconhecem a centralização da educação nos alunos, a família, que antes havia sido afastada, está sendo chamada a participar do processo de ensino do filho juntamente com a escola e a comunidade. Estas teorias passaram a levar em conta, também o que ocorre com as crianças fora do contexto escolar. Para isso, é preciso conhecer os pais, onde e como vivem e que culturas possuem.

Divergências de opiniões e interesses há muitas entre professores e pais. Os professores querem a participação dos pais para melhorar o desempenho dos alunos, mas nas reuniões o que menos se fala é em conhecimentos, métodos e erros na aprendizagem. Na maioria das vezes, as escolas convocam reuniões somente para reclamar e cobrar atitudes dos pais. Não pedem opiniões, nem valorizam o que os pais leigos dizem.

As reuniões deveriam ser momentos de trocas de ideias e de explicar o planejamento pedagógico da escola. Não basta mostrar os resultados ruins através das notas. A família necessita saber o que os alunos aprenderam e como aprenderam. A escola precisa usar este momento para compartilhar, estimular e refletirem sobre os aspectos inerentes à relação dos pais com os filhos. Mostrando que estes aspectos, principalmente os emocionais, influenciam no desenvolvimento, crescimento e socialização das crianças. Para isto, é fundamental que os pais sintam a escola como um ambiente seguro e acolhedor. Assim, a escola, deve sempre envolver a família dos educandos em atividades escolares.

Conforme Oliveira (2002), a relação família-escola pode ser analisada sob dois prismas: o sociológico e o psicológico.

“[...] na perspectiva sociológica, destaca-se o caráter socializador desta relação e as diferenças sociais e culturais entre ambas. Já o prisma psicológico parte da importância das primeiras relações vividas na família (socialização primária) e suas implicações no processo escolar (socialização secundária)”. (Oliveira, 2002, p. 27). Para Silva (2013), um dos principais papéis da família é a socialização da criança, ou seja, sua inclusão no mundo cultural, mediante o ensino da língua materna e das regras de convivência em grupo.

Desde cedo, os pais precisam transmitir à criança os seus valores, como, ética, cidadania, solidariedade, respeito ao próximo, autoestima, respeito ao meio ambiente, enfim, pensamentos que levem essa criança a ser um adulto flexível, saiba resolver problemas, e esteja aberto ao diálogo, às mudanças, às novas tecnologias. Esta instituição é quem sustenta e irá ajudar a criança a desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética e estética.

Uma das funções da escola no século XXI é estimular o potencial do aluno, levando em consideração as diferenças socioculturais em prol da aquisição do seu conhecimento e desenvolvimento global (MARQUES 2001). Nesse sentido, o autor aponta três objetivos que são comuns e devem ser buscados pelas escolas modernas: estimular e fomentar o desenvolvimento em níveis físico, afetivo, moral, cognitivo, de personalidade; desenvolver a consciência cidadã e a capacidade de intervenção no âmbito social; - promover uma aprendizagem de forma contínua, propiciando, ao aluno formas diversificadas de aprender e condições de inserção no mercado de trabalho.

Além de fornecer modelos comportamentais, fontes de conhecimento e de ajuda para o alcance da autonomia emocional da família, a escola também passa a ser o local para a formação do ser social e para o desenvolvimento do processo de transmissão e assimilação do conhecimento.

A família não é somente o berço da cultura e a base da sociedade, mas é também o centro da vida social, afirma o Gokhale (1980). A educação da criança quando bem sucedida na família, vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto. A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.

Quando professores e pais de alunos compartilham os mesmos valores e padrões culturais a aprendizagem ocorre com mais facilidade.

“A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Encarná-la, diminuindo assim, a distância entre o que se diz e o que se faz”. (FREIRE, 1999, p. 18).

Ambas as instituições são responsáveis pela educação como a própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN orienta. Assim é necessário estar atento às suas responsabilidades e as responsabilidades do outro, para não exigir de terceiros este compromisso. Quando todos sabem quais seus limites é mais fácil cobrar e assumir seus erros.

As instituições família e escola são os principais alicerces da formação da criança e do jovem ao longo de sua vida Desta maneira, é fundamental que cada um saiba e assuma seu papel nesta educação. As mesmas precisam incentivar motivar e criar mecanismos que desenvolvam as habilidades dos alunos, levando a compreender o mundo que o cerca e assim, tornarem-se pessoas capazes de observar com um olhar curioso, fazer perguntas e sistematizar o que aprendem e experimentam. Para a boa formação do educando, algumas questões precisam ser conhecidas tanto pela família como para a escola. Para a escola: conhecer a realidade do aluno (como vive, seus interesses, sua cultura) e promover meios de participação da família na vida escolar e comunitária. Para a família: garantir a frequência e a pontualidade do aluno; demonstra interesse pelo que o filho aprende na escola; acompanhar o desenvolvimento do filho tanto em casa com as tarefas como na escola; saber ouvir a criança e incentivá-la, valorizar o que ela faz de bom e repreender quando necessário, impondo o limite, criar mecanismos diferenciados para que a criança aprenda da melhor forma possível e goste desta aprendizagem.

A escola mesmo sendo uma instituição que tem como foco principal ensinar conteúdos de maneira formal, não exclui, como os próprios PCNs orienta, a possibilidade de ensinar atitudes de cunho ético, religioso, político, cultural, ambiental e sexual. Na escola deve-se falar também de amizades, grupo social, respeito ao próximo e vários outros assuntos que anteriormente era função exclusiva da família. Como diz Paro (1997, p. 30):

“a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se sentir comprometida com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano”.

3.-Resultados e discussões.

As informações a seguir referem-se às constatações obtidas após aplicação dos formulários e feitas a tabulação dos mesmos.

Quando perguntados sobre a importância da participação da família na escola, 80% dos entrevistados responderam sim. Nesse sentido, percebe-se que os pais reconhecem a grande importância de estar próximo da escola a fim de dar um suporte ao filho junto às atividades e desenvolvimento do mesmo na instituição criando assim uma parceria. A questão é que ainda existem alguns pais que não reconhecem esta importância ou podem até reconhecer, mas não participam. 60% dos pais responderam que as informações fornecidas pela escola em relação a seu filho são fieis. Mas ainda há certa contradição ou falta de informações entre estas duas entidades visto que alguns pais disseram que há informações contraditórias entre o que a escola diz e o que os filhos dizem que fazem. Neste caso é preocupante, pois não está havendo uma sintonia entre estas informações, precisando assim, de um diálogo maior e mais confiança um com o outro.

Em relação à frequência nas reuniões da escola, 85% dos pais responderam participar, 10% às vezes e 5% que não participam. Apesar de a maioria afirmar que participam das reuniões escolares ainda não é o suficiente. Bom seria que todos sentissem a responsabilidade e soubessem a importância de sua participação nas reuniões escolares, não somente para ficar como ouvinte, mas para participar realmente, dando ideias e fazendo críticas e sugestões se necessário. Mas para isso é indispensável o uso do bom senso e da gestão democrática por parte das escolas. Sobre a participação de decisões importantes ou sugestões para a escola, 80% dos pais responderam que nunca foi convidado. A porcentagem que já foi convidado é muito pequena, apenas 15% e 5% que às vezes. Neste caso há uma fiel comprovação de que não está havendo uma gestão democrática na escola, principalmente em relação aos pais, o que é uma pena, pois as famílias dos alunos são de extrema importância para o desenvolvimento da escola.

Outra questão importante, que às vezes os pais não levam em conta é conhecer e conversar com o professor de seus filhos. Neste caso, 50% dos entrevistados responderam que conhecem 20% que não e 30% que às vezes. Essas porcentagens apresentadas nos leva a crer que os pais, a metade deles não possui o hábito de ir à escola ou de outra maneira procurar o professor de seu filho para saber como está sua vida escolar, como que somente jogando a responsabilidade para a escola e o professor pela educação integral do filho.

Outra lamentável constatação identificada foi que apenas 75% dos pais disseram ajudar seus filhos nas tarefas de casa. O ideal seria que todos pudessem contribuir com a educação do filho pelo menos realizando juntamente com ele as tarefas escolares, no momento de socialização de compromisso.

Quando perguntado se conhecem as instalações físicas e pedagógicas da escola, 70% dos pais responderam que sim. É muito importante que os pais conheçam todas as instalações físicas e pedagógicas da escola de seu filho. Assim é possível que os pais possam cobrar mais e sugerir mais no que for possível para tentar ajudar a escola. Lamentavelmente 10% desses pais responderam que não conhecem nada sobre a escola, principalmente as questões pedagógicas.

90% dos entrevistados acreditam ser necessário desenvolver mais atividades que envolvam a família. Habitualmente as escolas convocam os pais apenas em datas especiais ou para assinatura de boletim e essa cultura nem sempre atraem as famílias a frequentarem mais a escola. As famílias precisam sentir-se parte da escola como uma extensão de sua casa. Somente assim é possível criar uma parceria entre escola e família.

Sobre o conhecimento ou não do Projeto Político-Pedagógico da escola de seu filho 75% dos pais respondam que não. Como a escola ainda não possui um projeto pedagógico escrito e documentado foi justificado aos pais que eles conheciam as normas, regras e intenções da escola, sua missão, objetivos etc. É lamentável que toda esta porcentagem não conheça as regras e intenções da escola para a educação de seus filhos. Aí fica uma dúvida a escola as convidou para explicar seus projetos pedagógicos ou os pais não perguntaram.

Assim que foi constatado que praticamente todos, tanto da parte da escola quanto das famílias possuem consciência de que a participação da família na escola é fundamental, a questão é que sempre há uma desculpa para justificar esta não junção dos dois.

É possível observar que realmente não há uma considerável participação da família na escola. Além destes pais não acreditarem totalmente no que diz a instituição e nem conhecer sua proposta pedagógica. Apesar de sua maioria acreditar que é importante a junção entre escola e família para o bom desenvolvimento educacional dos filhos.

A justificativa destes agentes familiares quanto a esta falta de participação na escola, a resposta é imediata, afirmando que não são convidados a participar e quando os fazem não acreditam que podem ajudar nem pedem sugestões sobre decisões importantes em sala. Alegam que a maioria das reuniões é para reclamar do comportamento dos alunos e não para conhecer a realidade destes pais e de repente tentar ajudar os mesmos nas questões didáticas.

A escola por sua vez, justifica a ausência da família nas atividades escolares e decisões importantes, afirmando que ainda não encontrou a metodologia correta para atrair estes familiares. Várias vezes já tentou trazer os pais para conversas de interesse de todos, mas não foram bem sucedidas. Há uma questão cultural que se torna praticamente impossível de ser revertida afirma o gestor da instituição.

Observe o gráfico abaixo e visualize de forma mais clara a porcentagem das respostas obtidas pelos pais pesquisados.

Gráfico 1

Relação família escola na perspectiva dos pais da Unidade Integrada Isaltina Pereira

Araújo em Barra do Corda-Maranhão

Fonte: o autor.

4.-Considerações finais.

É clara a constatação, de que existem importantes diferenças entre os sistemas escolar e familiar, entretanto, é clara a dependência entre os contextos existentes entre os mesmos. Assim, é indiscutivelmente necessário criar espaços que possam ligar e criar possibilidades de engajamento e complementaridade entre si. A aprendizagem é caracterizada como um modelo, desenvolvido em uma rede de vínculos tendo a família como o primeiro contexto na qual se desenvolvem padrões de socialização, onde a criança constrói seu próprio padrão de aprendizagem e se relaciona com todo o conhecimento adquirido durante sua experiência de vida primária.

Não há uma fórmula correta para envolver os pais nas ações da escola. Estas escolas devem procurar oferecer métodos que se adapte às características e necessidades de uma comunidade educativa cada vez mais heterogénea. A intensidade do contato é importante e deve incluir reuniões gerais e o recurso à comunicação escrita, mas, sobretudo os encontros desses agentes (escola e família). É preciso reconhecer que a família independente do modelo como se apresenta, pode ser um espaço de afetividade e de segurança, mas também, de medos, incertezas, rejeições, preconceitos e até de violência. Observa-se que a educação, sendo uma prática social, não pode restringir-se a ser puramente teórica, sem compromisso com a realidade local e com o mundo em que sua clientela está inserida. A orientação ao educando precisa estar voltada para estratégias que irão possibilitar a cada um deles a assumir efetivamente os valores humanos com consciência e responsabilidade para que seja agente de transformação na realidade em que está inserido.

A família e a escola constituem dois principais ambientes de desenvolvimento humano nas sociedades contemporâneas. Assim, é fundamental que sejam implementadas políticas que assegurem a aproximação entre os dois contextos, de maneira a reconhecer suas peculiaridades e também similaridades, sobretudo no tocante aos processos de desenvolvimento e aprendizagem, não só em relação ao aluno, mas também a todas as pessoas envolvidas.

Vivemos em tempos modernos da educação brasileira, com muitos desafios a serem enfrentados com determinação, espírito crítico e muito zelo. Somente com uma gestão democrática, que garanta a participação de todos, é que se têm condições de levar a escola do nosso país a encontrar seu verdadeiro objetivo.

A escola é um lugar onde o exercício da convivência social deve ser constantemente privilegiado. Mas para que essa convivência seja desenvolvida é preciso encarar o aluno como um ser integral e que necessita desenvolverem-se equilibradamente suas habilidades e competências em todos os sentidos (éticos, sociais, políticos, culturais).

Assim, é importante que a educação formal se desenvolva numa perspectiva de independência do cidadão e tendo as ações sociais como condição indispensável no currículo escolar. Formando assim, homens com competências e habilidades para enfrentar as diversidades do dia-a-dia de forma autônoma e consciente de seus direitos e deveres nos aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos, ambientais e entre outros tão importantes para o desenvolvimento autêntico e consciente do cidadão.

A necessidade de se construir uma relação entre escola e família, deve ser para planejar, estabelecer compromissos, metas e acordos para que o educando tenha uma educação com qualidade tanto em casa quanto na escola.

O despertar que o professor precisa proporcionar ao aluno, deve se dar por meio de metodologias atraentes e lúdicas que envolvam todos e considerando o contexto atual e do ambiente onde está acontecendo a aprendizagem. É necessário que o método de educação escolhido aponte para a necessidade de aproximação entre teoria e prática no processo de aprendizagem. Qualquer proposta e ação educativa só acontecem com sucesso se haver uma nova dinâmica lúdica e social.

Alguns educadores já estão entendendo que estamos em um tempo propício, oportuno, histórico para repensar radicalmente a educação para a independência, porque principalmente este debate no Brasil está passando por tensões, lutas, debates, organizações, movimentos extremamente dinâmicos.

Referências

Aies, Philippe, Duby, Georges (Org.). (1992). História da vida privada. São Paulo: Companhia das Letras.

Bertrand, L.A. (1999). Cidadania e Educação: rumo a uma prática significativa. Campinas: Papirus.

Brasil, Ministério da Educação. (2004). Secretaria de Educação Básica. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Gestão da educação escolar. Brasília: UnB/CEAD.

Fitzpatrick, K. M., & Yoles, W. C.(1992) Política, estrutura escolar, e o efeito sócio demográfico sobre as taxas de abandono do ensino médio em todo o estado. Sociologia da Educação, 65, 76-93 (Série Pesquisas, Vol. 13)

Freire, Paulo. (1999). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 11ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

Gokhale, S. D. (1980). A família desaparecerá? In Revista debates sociais nº 30, ano XVI. Rio de Janeiro, CBSSIS.

Grossi, Esther Pillar. (2000). A coragem de mudar em Educação. Editora Vozes, Petrópolis.

Kreppner, K. (2000). A criança e a família: Interdependência em vias de desenvolvimento. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16 (1), 11-22.

Mahoney, A. A. (2002). Contribuições de H. Wallon para a reflexão sobre as questões educacionais. In V. S. Placco (Org.), Psicologia & Educação: Revendo contribuições (p. 9-32). São Paulo: Educ.

Marques, R. (2001). Professores, família e projeto educativo. Porto, PT: Asa editores.

Paro, V. H.(2000). Qualidade do ensino: A contribuição dos pais. São Paulo: Xamã.

Piaget, J. (2000). Para onde vai a educação. José Olympio ed. 15ª. Rio de Janeiro.

Rego, T. C. (2003). Memórias de escola: Cultura escolar e constituição de singularidades. Petrópolis, RJ: Vozes.

Tiba, Içami.(1996). Disciplina, Limite na medida certa. 41ª ed. São Paulo: Gente.

Tiba, Içami. (2002). Quem ama, educa! São Paulo: Gente.



Buscar:
Ir a la Página
IR
Visualizador XML-JATS4R. Desarrollado por