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Editorial
Simbiótica. Revista Eletrônica, vol. 7, núm. Esp.1, pp. I-II, 2020
Universidade Federal do Espírito Santo



Editorial

“Talvez seja precipitado escrever sobre a pandemia de Covid-19... As ciências sociais são mais cautelosas e geralmente recomendam que tomemos o necessário e prudente distanciamento temporal dos fatos”. Estas são as primeiras e provocativas palavras dos organizadores da presente Edição Especial “Em tempos de pandemia: para um pós-epidêmico como oportunidade virtuosa”.

Mas, os organizadores deste número também nos dizem que há necessidade de “reflexões sociais imediatas”. Certamente, este é o mérito e, ao mesmo tempo, o desafio da Edição que apresentamos aos nossos leitores. A Simbiótica, de espírito inquieto, não se omitiria no empenho conjunto de pensar a urgência do presente.

Criamos, assim, uma oportunidade virtuosa que juntou os editores da revista aos professores Léo Peixoto Rodrigues (UFPel), Everton Garcia da Costa (IFSul) e Eduardo Rosa Guedes (UFPel), que vem a público com este belo dossiê que, agilmente, se mostrou capaz de articular um diálogo transnacional, em que um fenômeno de tal envergadura é lido sob lentes distintas.

A percepção comum é a de que as ciências sociais estão sendo convocadas ao debate público, para qualificá-lo e para fortalecê-lo. Em tempos em que a ciência mesma, as humanidades e sua i potência crítica são atacadas – algo que não se dá somente no discurso, se não em um programado e efetivo desmonte das condições de formação de novos quadros da pesquisa, bem como de fragilização dos grupos e das instituições devotados à produção de conhecimento – lançar este número especial da Simbiótica é assumir uma posição.

Afirmamos, portanto, a vocação pública do pensamento, em conexão às sensibilidades, que nos ajudam a promover a vida e sua dignidade. Não são veleidades o que está hoje posto em xeque, uma vez que a ausência da reflexão, do debate de ideias, dos sentimentos propositivos partilhados revelaria a falência da democracia, quer no plano político-institucional quer na sociedade em sentido ampliado. Não há que se resignar a isso.

Sabemos, entretanto, que um emaranhado de acontecimentos nos faz experimentar uma crise planetária sem precedentes que incide, em nosso caso, em uma das economias de maior concentração de renda do planeta e em uma sociedade que naturalizou a injustiça social, o que é o bastante para vê-la alcançar patamares recordes.

É preciso dizer que a lucidez não mata nossa esperança, tal como indica o título deste dossiê. Temos o dever de estancar a dor e reduzir o sofrimento. Nada justifica não o fazer. Contudo, ainda na dor e no sofrimento, há aprendizados para os sobreviventes. Uma pandemia é necessariamente trágica, mas a reinvenção da vida pode ser virtuosa.

Nesta segunda Edição Especial da Simbiótica, desde sua fundação, no ano de 2012, não fazemos mais do que cumprir nosso ofício de “trabalhadores da cultura”, cujas ferramentas são, em um só tempo, a experiência, as técnicas de pesquisa e de análise, os olhares in-discretos, a reflexão, a intuição e a criatividade.

Simbiótica, Edição Especial, vol.7, n.1, jun., 2020 ISSN 2316-1620

Em meio às controvérsias que vêm marcando os debates sobre o novo coronavírus, deixamos nossa parcela de contribuição às ciências sociais e esperamos que elas participem, cada vez mais corajosamente, da redefinição dos rumos societários. Não há outro sentido em nosso labor. A leitura a que convidamos tod@s é para dizer, enfim, que seguimos junt@s.



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