Poesia

Não sou nada
Senão um gladiador Insano
Lutando contra leões
No Coliseu romano
Ou um guerreiro negro Africano
Na luta diária contra a colonização
De peito aberto Sangrando O banzo incontido
Da escravidão.
Não sou nada Senão um caçador Pré-histórico Entesando o arco Heroico Ou um lutador hebreu
Arcaico
Cercado de pentateucos Laicos
Protótipo estoico
O espírito aflito Na tradição.
Não sou nada Senão um poeta Balzaquiano
Traço incontido do desejo Humano
Na divina comédia
Ou um prosaico suburbano Lutando como um guerreiro Insano
Essa batalha dantesca.
Não posso ser nada
Senão a carne que regenera Com o tempo
Senão o musicista que demarca O andamento
Do mundo através de palavras.
Não posso ser nada Senão a incerteza do eco Desses gritos perplexos Ante a humanidade Desumana.
Não posso ser nada
Senão a incontestável solidão De humano, demasiado Humano
Num planeta deserto de intelecto Bélico
E alegadamente
Plano.