Poesia

Gladiador

Maurício de Novais Reis
UFSB, Brasil

Gladiador

Simbiótica. Revista Eletrônica, vol. 7, núm. 3, pp. 432-433, 2020

Universidade Federal do Espírito Santo

Não sou nada

Senão um gladiador Insano

Lutando contra leões

No Coliseu romano

Ou um guerreiro negro Africano

Na luta diária contra a colonização

De peito aberto Sangrando O banzo incontido

Da escravidão.

Não sou nada Senão um caçador Pré-histórico Entesando o arco Heroico Ou um lutador hebreu

Arcaico

Cercado de pentateucos Laicos

Protótipo estoico

O espírito aflito Na tradição.

Não sou nada Senão um poeta Balzaquiano

Traço incontido do desejo Humano

Na divina comédia

Ou um prosaico suburbano Lutando como um guerreiro Insano

Essa batalha dantesca.

Não posso ser nada

Senão a carne que regenera Com o tempo

Senão o musicista que demarca O andamento

Do mundo através de palavras.

Não posso ser nada Senão a incerteza do eco Desses gritos perplexos Ante a humanidade Desumana.

Não posso ser nada

Senão a incontestável solidão De humano, demasiado Humano

Num planeta deserto de intelecto Bélico

E alegadamente

Plano.

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