Educação e Tecnologia
Recepción: 05 Septiembre 2017
Aprobación: 17 Enero 2018
DOI: https://doi.org/10.17851/1983-3652.11.2.192-205
Resumo: As tecnologias de informação e comunicação estão presentes na vida das pessoas nas mais diversas esferas sociais. Na educacional, por exemplo, elas colaboram no sentido de otimizar o processo de ensino e aprendizagem. No entanto, é necessário que os profissionais da educação desenvolvam conhecimentos e competências para saber utilizar de maneira significativa todos esses recursos. Assim, este estudo busca discutir os resultados da aplicação das ferramentas podcast e webquest na apresentação do conteúdo “Avaliação na Educação Infantil” a alunos de uma escola pública localizada ao norte do Paraná, de um curso de formação de professores, modalidade Médio Integrado, voltado para formação de docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para isso, foram utilizados os tipos de pesquisa bibliográfica, de campo e analítica. Os resultados apontam que o uso da ferramenta podcast na prática pedagógica enriqueceu as tarefas propostas e executadas e despertou a autonomia e a criticidade nas respostas fornecidas pelos alunos. Além disso, as tarefas propostas aos alunos por meio da webquest despertaram maior interesse, curiosidade e entusiasmo nos alunos, os quais participaram de forma dinâmica e colaborativa, instigando-os a serem sujeitos ativos do processo de construção do próprio conhecimento.
Palavras-chave: Tecnologias, Ensino, Formação de professor.
Abstract: The Information and communication technologies are present in the lives of people in many different spheres. In education, for instance, they collaborate to optimize the teaching and learning process. However, it is necessary for professionals of education to develop knowledge and skills to know how to use these resources in a meaningful way. Thus, this study seeks to discuss the results of the application of the podcast and webquest tools used to present the content Assessment in Early Childhood Education to students of a teacher training course, Integrated High School modality, aimed at the training of Teachers of Early Childhood Education and Early Years of Teaching of a public school, located in the north of Paraná. For this, the types of bibliographic, field and analytical research were used. The results point out that the use of the podcast tool in pedagogical practice, enriched the tasks proposed and executed and awoke the autonomy and criticality in the answers provided by the students. In addition, the proposed tasks aroused greater interest and curiosity in the students, who participated in activities in a dynamic and collaborative way, being instigated to be active subjects of the process of building their own knowledge.
Keywords: Technologies, Teaching, Teacher training.
1 Introdução
O acesso à internet está cada vez mais presente no dia a dia dos indivíduos, especialmente na esfera social e de trabalho. No entanto, devido a fatores como estrutura física, falta de laboratórios, acesso ao wifi e outros, o uso da tecnologia não está totalmente presente no contexto da maioria das escolas brasileiras, principalmente nas escolas públicas. Outro fator que inibe o uso mais frequente das Tecnologias de Comunicação e Informação (TIC) em sala de aula e, até mesmo, fora dela, com fins educativos, é a falta de formação dos professores. Essa falta de preparo, muitas vezes, ocorre no despreparo na formação desses profissionais.
A formação docente talvez seja um dos motivos mais fortes para a resistência ao uso de recursos tecnológicos no contexto escolar, pois se o docente tem, em sua formação inicial, práticas que promovam o uso consciente de recursos tecnológicos em suas aulas, provavelmente este profissional levará para a sala de aula essas experiências e buscará realizar outras que atendam às necessidades dos alunos. Caso o docente não tenha tido experiência com práticas tecnológicas em sua formação inicial, é importante que isso ocorra na formação continuada, como afirmam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores de Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena:
Urge, pois, inserir as diversas tecnologias da informação e das comunicações no desenvolvimento dos cursos de formação de professores, preparando-os para a finalidade mais nobre da educação escolar: a gestão e a definição de referências éticas, científicas e estéticas para a troca e negociação de sentido, que acontece especialmente na interação e no trabalho escolar coletivo. Gerir e referir o sentido será o mais importante e o professor precisará aprender a fazê-lo em ambientes reais e virtuais (BRASIL, 2001, p. 25).
Partindo do princípio de que o uso pedagógico das TIC deva estar presente nos conteúdos ofertados na formação docente e pelo fato de duas das autoras deste estudo serem pedagogas e atuarem na Educação Infantil de um município localizado ao norte do estado do Paraná, surgiu o interesse em utilizar as ferramentas webquest e podcast para trabalhar o conteúdo avaliação com alunas do segundo ano do curso de formação de professores.
Alinhados ao pensamento de que se docentes em formação iniciarem o processo de reflexão, elaboração e execução de práticas metodológicas para o uso de tecnologias digitais em seu processo de formação inicial eles terão mais confiança para inserir ferramentas tecnológicas em sala de aula, buscamos responder ao questionamento: “De que maneira as metodologias tecnológicas webquest e podcast contribuem para o processo de ensino e aprendizagem de estudantes matriculados no segundo ano do Colégio público, voltado à formação de docentes para a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental?”
Para responder a esse questionamento, definimos o seguinte objetivo específico: discutir os resultados da aplicação das ferramentas podcast e webquest utilizadas para apresentar o conteúdo “Avaliação na Educação Infantil” a alunos do Ensino Médio – Magistério, voltado para a formação de docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola pública localizada ao norte do Paraná. Para isso, o artigo apresenta, em seu referencial teórico, breves discussões sobre as TIC, sobre as ferramentas webquest e podcast, como recursos tecnológicos e pedagógicos em sala de aula; na sequência, os encaminhamentos metodológicos; após, apresentação e discussão dos resultados; e, por fim, as considerações finais.
2 As tecnologias de informação e comunicação no contexto escolar
A sociedade atual vive um momento em que o emprego da tecnologia tem trazido mudanças constantes no cotidiano e na vida das pessoas, seu uso têm possibilitado desenvolver atividades desde as mais fáceis até as mais trabalhosas de modo mais rápido, econômico e personalizado. Essas atividades, realizadas por meio das TIC, podem se enquadrar em diferentes esferas: sociais, trabalho, saúde, economia, cultura e educação. Ramos (2008, p. 5) afirma que:
[...] estas tecnologias agilizaram e tornaram menos palpável o conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da comunicação em redes para a captação, transmissão e distribuição das informações, que podem assumir a forma de texto, imagem estática, vídeo ou som.
O uso das tecnologias em nosso dia a dia e em âmbito educacional possibilita mudanças nos indivíduos, nos modos de se relacionarem, de se comunicarem de construírem conhecimentos, visto que facilita tanto a forma de ensinar quanto a de aprender.
A evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos. A ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se à cultura existente e transformam não apenas o comportamento individual, mas o de todo um grupo social. [...] o homem transita culturalmente mediado pelas tecnologias que lhe são contemporâneas. Elas transformam suas maneiras de pensar, sentir e agir. Mudam também suas formas de se comunicar e adquirir conhecimentos (KENSKI, 2003, p. 21).
Partindo deste pressuposto, a escola não pode ignorar a inserção dos recursos tecnológicos no processo de ensino-aprendizagem, os quais além de serem instrumentos que motivam, e auxiliam o ensino, também transformam comportamentos individuais e sociais. Consoante a estes pressupostos, para que as TIC sejam incorporadas no ensino, é importante a participação de todos os envolvidos no âmbito escolar, como gestores, professores, comunidade e pais, assim como a capacitação dos docentes para o uso efetivo e de qualidade das TIC na aquisição de novos conhecimentos.
[...] a implantação da informática como auxiliar do processo de construção do conhecimento implica mudanças na escola que vão além da formação do professor. É necessário que todos os segmentos da escola – alunos, professores, administradores e comunidades de pais – estejam preparados e suportem as mudanças educacionais necessárias para a formação de um novo profissional. Nesse sentido, a informática é um dos elementos que deverão fazer parte da mudança, porém essa mudança é mais profunda do que simplesmente montar laboratórios de computadores na escola e formar professores para utilização dos mesmos (VIEIRA, 2011, p. 4).
Ao utilizar as TIC nas práticas pedagógicas, os professores democratizam a educação, proporcionando o acesso do alunado às tecnologias e promovendo o seu desenvolvimento social, cognitivo e pessoal. O uso de tais ferramentas torna o ensino mais real, dinâmico e interativo e possibilita o desenvolvimento de aptidões criativas e inovadoras dos alunos. Portanto, contribui de forma significativa para o ensino e a aprendizagem. Para Moran (2012, p. 13),
a educação fundamental é feita pela vida, pela reelaboração mental emocional das experiências pessoais, pela forma de viver, pelas atitudes básicas da vida e de nós mesmos’. Assim, o uso das TIC na escola auxilia na promoção social da cultura, das normas e tradições do grupo, ao mesmo tempo, é desenvolvido um processo pessoal que envolve estilo, aptidão, motivação. A exploração das imagens, sons e movimentos simultâneos ensejam aos alunos e professores oportunidades de interação e produção de saberes.
Nesse sentido, são importantes iniciativas para o uso de ferramentas no contexto escolar, pelo emprego de tecnologia móvel na realização de atividades dentro e fora desse espaço, bem como o desenvolvimento de um pensamento sobre novas formas de aprender e de ensinar. As iniciativas para a implementação dessas ações normalmente ocorrem quando o professor as experiencia, seja na formação inicial ou continuada. Esse contato o incentiva a incluir as TIC no projeto político pedagógico da escola, no plano docente, em seus objetivos e na apresentação dos conteúdos em sala de aula, ou seja, na percepção de que há a necessidade de transformações na organização do espaço escolar.
2.1 A ferramenta webquest no contexto escolar
O conceito de webquest surgiu em 1995 na Universidade de San Diego pelos professores Bernard Dodge e Tom March como forma de propagar aos professores a utilização da internet como um aliado inovador e possível de ser aplicado em sala de aula. A palavra webquest remete à soma de duas palavras: web – rede de hiperligações – e quest – questionamento – busca ou pesquisa (DODGE, 1995, p. 9). Assim, webquests são ferramentas que podem auxiliar o professor a buscar por meio da internet recursos e soluções para tornar sua aula mais dinâmica e participativa, uma vez que se trata de “[...] uma atividade investigativa onde as informações com as quais os alunos interagem provêm da internet” (BRASIL, 2015, s/p).
Ao realizar uma Webquest, não cabe ao aluno apenas realizar pesquisas na web, por si só, mas sim ter uma direção determinada pelo professor a usar os recursos que já existem na rede para realizar as tarefas que lhe são propostas. Dodge (1995) afirma que a webquest: "é uma investigação orientada na qual algumas ou todas as informações com as quais os aprendizes interagem são originadas de recursos da Internet".
Na perspectiva de Carvalho (2006), o que diferencia a webquest das outras estratégias de pesquisa realizadas pela Web é o fato de que nesta atividade os alunos trabalham de forma cooperativa, ao ponto de criar um produto que acrescente algo novo em termos de valor, ao conhecimento inicial. Segundo Viseu e Machado (2003, p. 519), as webquests são: "como que um desafio que se coloca aos alunos que para o resolverem, transformam a informação disponibilizada num produto final e comunicam aos outros colegas".
Para Dodge (1998), uma webquest deve ter toda uma estrutura lógica, contendo, pelo menos, os seguintes componentes básicos: a) introdução ao tema a tratar, componente este que deve ter como principal atributo o ser motivador; b) tarefa que deverá ser desafiante e executável; c) processo que orienta os alunos na realização da tarefa; d) recursos que estão disponíveis na web para a produção do conhecimento; e) avaliação que fornece ao aluno os indicadores qualitativos e quantitativos pelos quais será avaliado; e, por último, f) conclusão que deverá propor um desfecho, retomar os objetivos da atividade e dar uma pista para pesquisas ou atividades futuras na mesma temática.
É esta estrutura geral que caracteriza e que faz com que uma Webquest seja diferente de um site educativo qualquer ou de outras atividades de pesquisa na web. Segundo Rocha (2007), quando a webquest é bem elaborada deve experimentar os níveis de aprendizagem mais elevados para o domínio do conhecimento. A maioria das atividades realizadas na escola sob o título de pesquisa, seja com a utilização de computadores, livros, revistas, jornais, entre outros, não possibilitam a exploração pedagógica dos níveis mais elevados das capacidades cognitivas dos alunos. Portanto, a pesquisa parte das possibilidades de levar o aluno a criar hipóteses e teorias, conceitos com base nas dúvidas e problemas apresentados. Da mesma forma, o mais nobre objetivo de uma webquest, enquanto estratégia de pesquisa orientada, é proporcionar uma aprendizagem ativa, ou seja, conseguir que os alunos transformem e assimilem os conhecimentos que já têm em estruturas de conhecimentos mais complexas, elaboradas e significativas.
2.2 Ferramenta podcast no contexto escolar
Desde o surgimento dos recursos de áudio, o podcast pode ser visualizado e até experimentado por interessados em tecnologia. Contudo, mais recentemente, a facilidade de elaboração e divulgação, devido ao livre acesso, tem feito crescer seu uso em contexto escolar e na investigação das suas potencialidades e limitações educativas. O termo podcast vem dos conceitos de iPod (leitor digital portátil fabricado pela Apple) e broadcast (transmissão de dados), podendo definir-se como um ficheiro de áudio, normalmente em formato MP3 (Moving Picture Experts Group-1 Audio Layer 3) ou AAC (Advanced Audio Coding), alojado na Internet e distribuído através da tecnologia RSS (Really Simple Syndication) de forma gratuita. “[...] Os podscasts são de fácil utilização, gratuitos e permitem a utilização de áudio, textos, imagens, vídeo e hipertexto” (COUTINHO; BOTTENTUIT, 2007, p. 6).
Os podcasts são formados de modo de difusão de emissões de rádio que se pode descarregar automaticamente para o computador e, em seguida, transferir para um leitor de arquivos de MP3. O utilizador pode ouvir essas gravações onde e quando quiser. Cruz (2009) defende que quando o professor se utiliza do podcast, ele une a informação, entretenimento, dinamismo e rapidez ao processo de ensino-aprendizagem.
Coutinho e Bottentuit (2007) afirmam que o uso do podcast em sala de aula pode incentivar a aprendizagem de determinados conteúdos e permitir desta forma conhecer e respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem, pois o aluno pode reproduzir quantas vezes considerar necessário um mesmo episódio e em diferentes locais (escola e casa). O fato de os alunos efetuarem gravações faz com que se preocupem mais com a preparação do texto. Para além disso, a reprodução das gravações permite a autocorreção, potenciando a evolução na leitura.
3 Procedimentos metodológicos
Os tipos de pesquisa utilizados neste estudo foram, além da bibliográfica, a de campo, já que as atividades foram realizadas na escola na qual estudam as participantes da pesquisa, e a analítica, uma vez que os dados foram descritos e analisados.
O local onde foi realizada a pesquisa é uma escola estadual de Ensino Médio integrado, localizada no norte do estado do Paraná. No estabelecimento, entre outros cursos, funciona o curso de formação de docentes para a Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. De acordo com o Projeto Político Pedagógico do colégio, a oferta é voltada para formação de professores, na modalidade normal, com regime de funcionamento presencial.
A seleção da turma e das alunas deu-se pelo fato de que elas cursam a disciplina de Fundamentos da Educação Infantil, a qual aborda o conteúdo de “Avaliação na Educação Infantil”, tema da nossa atividade de webquest. Participaram do estudo 18 alunos do segundo ano, a maioria mulheres na faixa etária de 15 a 30 anos e dois homens. Inicialmente, solicitou-se à direção da escola autorização para aplicar a atividade com os alunos. Após a explicação e liberação para a realização da pesquisa, foi realizado contato com a professora regente da disciplina propondo a aplicação de duas atividades envolvendo o uso de tecnologia, o podcast e a webquest, a fim de levar os alunos a refletirem sobre o processo de avaliação na Educação Infantil e o uso das tecnologias como ferramenta de aprendizagem.
Posteriormente, na data agendada, as professoras iniciaram a atividade com os alunos do curso de formação de docentes, realizando as seguintes etapas: i) atividade de um podcast explicativo sobre os conceitos de instrumentos de avaliação na Educação Infantil, fundamentados no livro: “A avaliação e Educação Infantil”, de Jussara Hoffmann (2012); ii) introdução do conteúdo em uma aula expositiva e dinâmica; iii) aplicação da Webquest, iv) criação de um grupo no aplicativo de WhatsApp para que os participantes cumprissem algumas atividades propostas, como o vídeo explicativo e um fórum de discussão. As outras atividades, foram encaminhadas aos e-mails dos alunos.
3.1 A webquest e o podcast para trabalhar o conteúdo de avaliação na educação infantil
Ao iniciar a aplicação das atividades, primeiramente apresentou-se o conteúdo Avaliação na Educação Infantil por meio do podcast. O podcast foi desenvolvido pelas professoras pesquisadoras, teve a duração de 4 minutos e 55 segundos, sendo considerado um vídeo curto. Ele tomou por base os postulados de Jussara Hoffman (2012) e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. O conteúdo do recurso versou sobre avaliação como ação mediadora o qual engloba a intervenção pedagógica do professor na Educação Infantil. Nessa concepção, o professor precisa planejar atividades e práticas pedagógicas, redefinir posturas, reorganizar o ambiente de aprendizagem e outras ações, que, com base no que se observa, são procedimentos inerentes ao processo avaliativo. Sem a ação pedagógica, não se completa o ciclo da avaliação na sua concepção de continuidade, de ação-reflexão-ação.
Foram apresentados os princípios que norteiam a avaliação mediadora: i) o princípio da individualização: observar e cuidar mais e por mais tempo da criança que estiver precisando de maior apoio em determinado momento, preservando a liberdade e espontaneidade de cada uma refletindo acerca de ações educativas pertinentes aos interesses de todas e ii) o princípio da mediação: a intenção de desenvolver estratégias pedagógicas desafiadoras de modo que as crianças evoluam em todas as áreas do conhecimento, seguras e com iniciativa para inventar, descobrir e experimentar.
Também foi destacada a avaliação mediadora por Jussara Hoffmam, a qual parte do pressuposto de que o que faz toda a diferença em avaliação é a postura mediadora do professor. O podcast destacou que a ação avaliativa precisa considerar as crianças em sua diversidade: sua realidade sociocultural, sua idade, suas oportunidades de conhecimento, entre outros, e a diversidade dos professores que atuam com elas.
Na sequência, após as reflexões, as pesquisadoras apresentaram aos participantes a proposta de Webquest, motivando-os a participarem das tarefas propostas. Uma Webquest também foi elaborada pelas pesquisadoras e teve como título: Processo de Avaliação na Educação Infantil (Figura 1).
No início da Webquest foi apresentada uma introdução (Figura 2) contendo a importância da Educação Infantil e o porquê se avaliar, uma vez que o desenvolvimento infantil é muito importante para aprendizagem. Na parte da tarefa, o primeiro momento partiu do conhecimento prévio de cada um, o que o aluno entende por avaliação na Educação Infantil. Foi realizada uma avaliação diagnóstica como uma das exigências da atividade na qual os alunos tinham de definir o que entenderam sobre avaliação na Educação Infantil a partir da aula expositiva (podcast) e das reflexões realizadas pelas pesquisadoras. De posse de tais conceitos, os alunos tinham de analisar dois vídeos: o primeiro referente às reflexões sobre a Educação Infantil e o segundo sobre Avaliação, caminhos para a aprendizagem, com Cipriano Luckesi (Figura 2).
Na sequência da webquest, tarefa de número dois (Figura 2), foi realizada uma pesquisa a partir de links disponibilizados aos alunos sobre a importância da avaliação na Educação Infantil. Depois de discutirem em equipe, deveriam postar no grupo de WhatsApp para a realização de um fórum de discussão.
Na tarefa de número três (Figura 3), os alunos deveriam escolher uma forma de registro e procedimento de avaliação na Educação Infantil, por exemplo: portfólio, dossiê, relatório de avaliação, entre outros. Em grupos, deveriam elaborar um vídeo explicativo sobre o instrumento escolhido e postarem no grupo do WhatsApp.
Por último, na atividade de número quatro (Figura 3), depois das pesquisas e atividades realizadas, foi questionado se cada aluno considerava importante a Avaliação na Educação Infantil. A proposta era para cada aluno participante escrever um parágrafo de seis linhas expondo sua opinião sobre o tema. Para a realização da webquest, os alunos utilizaram os recursos materiais: vídeo, textos, celular e WhatsApp (Figura 3).
A avaliação foi realizada de acordo com as respostas dos alunos, observando se elas foram claras e consistentes, também conforme a elaboração do vídeo. Foi avaliado se ele foi desenvolvido de forma autêntica, objetiva e coerente. As respostas das questões deveriam ser coesas, coerentes e estarem de acordo com a norma padrão. Além disso, foi avaliada a participação e o cumprimento de todas as atividades propostas.
A conclusão da webquest é para que o aluno exponha sua opinião sobre a temática “avaliação na Educação Infantil”, se ela deve estar sempre inserida no planejamento do professor, se deve ser sistemática, formativa e mediadora.
4 Apresentação e discussão dos dados
Esta seção apresenta a análise das percepções e da participação dos alunos do curso de formação de docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Primeiramente, será analisada a reação dos alunos frente à exposição do podcast e, na sequência, serão apresentados os resultados sobre a aplicação da webquest.
Dos dezoito alunos participantes, todos demonstraram interesse pelo tema e tiveram compreensão satisfatória dele. Eles não elaboraram perguntas, pois demonstraram muita timidez, mesmo com o incentivo das autoras. Pelo fato de ser um recurso diferente para eles, tiveram interesse e solicitaram ouvir a gravação mais vezes para melhor compreensão do conteúdo.
A webquest foi apresentada aos alunos em sala, mas foi solicitado a eles que a enviassem respondida por e-mail. Dos dezoito participantes, seis responderam as tarefas dissertativas da proposta. Alguns alunos não possuíam e-mail para responder, mesmo as pesquisadoras sugerindo que criassem um ou utilizassem um e-mail de um colega. Apenas um aluno utilizou e-mail de um colega. Acreditamos que devido ao fato de os(as) alunos(as) não estarem acostumados a utilizarem os recursos tecnológicos, eles encontraram dificuldades na execução das tarefas.
A tarefa de número um referia-se ao que entendem sobre Avaliação. Os seis alunos responderam com base no embasamento teórico acessado por meio do podcast aplicado em sala de aula, bem como o conhecimento prévio de cada um. Nas respostas à tarefa podemos perceber que eles entenderam o exposto pelos seguintes trechos:
“a avaliação não deve ser realizada para medir conhecimentos, mas como ponto de partida para novas descobertas, servirá como diagnóstico das necessidades dos alunos, ao mesmo tempo que será usada pela educadora como forma de transformar sua prática”.
“o processo precisa considerar um percurso trilhado pelos pequenos, sem julgamentos, notas ou rótulos e fornecer elementos para o professor repensar as práticas”.
Com isso, percebe-se a importância da utilização da ferramenta tecnológica podcast no processo de ensino-aprendizagem, pois colaborou tanto para o embasamento teórico das respostas dos pesquisados quanto para a reflexão acerca da atividade proposta, como afirma (CRUZ 2009, p. 67), “Ao utilizar um podcast o professor alia a informação, entretenimento, dinamismo e rapidez ao processo de ensino-aprendizagem”.
Na tarefa dois, a partir dos links fornecidos pelas pesquisadoras, os alunos pesquisaram sobre a importância da avaliação na Educação Infantil. De acordo com os autores citados, tinham de realizar análise e discutir em grupo.
“o professor precisa oportunizar vivências enriquecedoras para que, assim, a criança possa ampliar suas possibilidades de descobertas”.
A partir desta fala, podemos perceber que os alunos puderam entender que a responsabilidade do professor vai além de julgar com a avaliação, mas também criar possibilidades para o aluno aprender.
A fim de cumprir a tarefa três, os alunos criaram um vídeo explicativo sobre os Instrumentos utilizados na Avaliação. Esta atividade foi dividida em quatro grupos, em que todos puderam dar sua colaboração e significado para conceituar tais Instrumentos. Nesta atividade, pudemos perceber maior participação da turma e cada grupo explicou de forma dinâmica e criativa um instrumento de avaliação. Quatorze dos dezoito alunos participaram, o que mostra que as tecnologias podem envolver os alunos na construção de conhecimentos, nos quais os conteúdos são realizados de forma mais dinâmica, motivando os alunos a trabalhar suas capacidades (BELLONI, 2008).
A tarefa de número quatro questionou os alunos se consideram importante a Avaliação na Educação Infantil. O excerto de fala a seguir mostra isso:
“Sim. Avaliar é acompanhar a construção do conhecimento, é cuidar como o aluno aprende. A avaliação se destina a obter informações para o desenvolvimento das crianças, ampliando seus conhecimentos e sentido. Não apenas medir, comparar ou julgar, muito mais do que isso, apresenta uma importância social e fundamental no fazer educativo”.
Dentre os pontos positivos, foi possível destacar o uso da pesquisa disponibilizada de várias maneiras, como podcast, vídeos, imagens, que enriqueceram as tarefas executadas. Já as dificuldades encontradas foram que alguns dos alunos não tinham endereço eletrônico e esse fato atrapalhou o envio das respostas às pesquisadoras, embora um estudante que não possuía este recurso tenha utilizado o e-mail de um colega de classe. Contudo, essa situação demonstra que o uso de e-mail não é tão difundido entre os jovens da escola pública, já que eles utilizam outros mecanismos de comunicação.
Assim, podemos analisar o quanto as atividades diferenciadas podem motivar o aluno a participar das tarefas. A tarefa que mais exigiu deles, a de criar um vídeo explicativo, foi a que obteve um sucesso maior, enquanto a tarefa que demandou escrita teve menos participação. Porém, pudemos observar que, por meio das atividades, contribuímos para a aprendizagem dos alunos e, assim, puderam conhecer nova proposta de uso das tecnologias. De acordo com Coelho e Vidal (2008, p. 5), a Webquest se constitui pela capacidade de “[...] adaptar-se à variedade de ambientes tecnológicos, englobar as mais diversas áreas do currículo escolar, além de proporcionar situações de aprendizagem extracurricular”.
Desse modo, tanto para a elaboração de um podcast quanto de uma Webquest como recursos pedagógicos demanda do professor pesquisa e investigação para que os questionamentos e ações estejam disponíveis e compreensíveis aos alunos, pois eles precisam nortear a pesquisa na web e desenvolver o espírito investigativo.
5 Considerações finais
O uso das metodologias tecnológicas na educação requer mudanças na prática pedagógica, tanto do professor quanto dos estudantes. O uso da tecnologia cria diversas possibilidades de construção de conhecimentos e novas experiências e descobertas na aprendizagem. Utilizando os recursos podcast e webquest pode-se perceber que o docente orienta uma pesquisa sistematizada e organizada para que a tarefa do aluno tenha significado e possa construir e apropriar o conhecimento, pois os engloba em um processo de busca, investigação, formulação de hipóteses e soluções de problemas.
Foi possível considerar resultados positivos na realização da proposta, uma vez que ela despertou a curiosidade e o entusiasmo para a realização das tarefas e os instigou a serem sujeitos ativos do processo de construção do próprio conhecimento. No entanto, percebeu-se que esses recursos tecnológicos ainda são pouco aproveitados e utilizados em sala de aula.
Em um mundo em que os avanços tecnológicos se transformam a cada instante, cabe às instituições e aos professores a busca constante de capacitação e superação das barreiras tecnológicas a fim de encontrarem novas metodologias de ensino e aprendizagem que atendam aos alunos da atualidade. As mudanças acontecerão por meio da formação dos professores como ressalta Mercado (1999, p. 12):
Na formação de professores, é exigido dos professores que saibam incorporar e utilizar as novas tecnologias no processo de aprendizagem, exigindo-se uma nova configuração do processo didático e metodológico tradicionalmente usado em nossas escolas nas quais a função do aluno é a de mero receptor de informações e uma inserção crítica dos envolvidos, formação adequada e propostas de projetos inovadores.
Concluímos que a maioria dos alunos/participantes da pesquisa demonstraram certo receio em utilizar as ferramentas tecnológicas. Ainda assim, a partir dessa aplicação, foi verificou-se que eles se sentiram motivados a se tornarem sujeitos de sua própria aprendizagem. Essa experiência contribuirá na formação desses futuros professores uma vez que, ao experienciar o uso das tecnologias em sua formação inicial, sentirão mais confiança para utilizá-las quando estiverem na posição de regentes de suas aulas.
Referências
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