Educação e Tecnologia
Recepción: 31/08/2016
Aprobación: 14 Octubre 2016
DOI: https://doi.org/10.17851/1983-3652.10.1.164-177
Resumo: Este trabalho discute a aplicação da ferramenta tecnológica Webquest para ministrar os conteúdos de avaliação educacional e de avaliação aos alunos do curso de Pedagogia de uma instituição particular de ensino superior da cidade de Londrina-PR. A questão principal de investigação é: de que forma os graduandos concluintes do curso de Pedagogia percebem a utilização da Webquest em uma atividade didática? Essa questão é relevante porque, atualmente, além de tal recurso ser uma forma diferenciada de ferramenta tecnológica em sala de aula, o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação tem possibilitado um impacto qualitativo no processo de ensino-aprendizagem. Para isso, foram utilizados os tipos de pesquisa descritiva bibliográfica, de campo e experimental. O ponto de partida são as concepções de Kenski (2003), Dodge (1996) e Ramos (2008), o planejamento, a intervenção pedagógica e a avaliação de uma atividade didática utilizando a Webquest. Os resultados indicam que a atividade contribui para a aprendizagem, motiva os alunos e permite que os graduandos se familiarizem e conheçam uma proposta de uso da tecnologia como contribuidora do processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: avaliação educacional, Tecnologias de Informação e Comunicação, webquest, ensino-aprendizagem.
Abstract: This work discusses the application of the technological tool Webquest to teach contents of educational evaluation and evaluation to the students of the Pedagogy course from a private institution of higher education of Londrina-PR. The main question of investigation is: in which way do the pedagogy course undergraduate students perceive the use of the Webquest in a didactic activity? This question is relevant because, currently, besides being a different technological tool in the classroom, the use of Communication and Information Technologies has taken a qualitative impact in the teaching-learning process. For that, the bibliographical descriptive, field and experimental researches were used as the methodology. The starting point is the conceptions discussed by Kenski (2003), Dodge (1996), and Ramos (2008), about the planning, the pedagogical intervention and the evaluation of a didactic activity using the Webquest. The results indicate that the activity contribute to the learning, motivating the students and allowing them to know and get familiar with the purpose of the technological use as a contributor of the teaching-learning process.
Keywords: educational evaluation, Communication and Information Technologies, webquest, teaching-learning.
1 Introdução
No contexto educacional atual, todos os envolvidos no processo educativo buscam a qualidade da aprendizagem dos alunos. Nesse sentido, procuram alternativas, metodologias e propostas que possam potencializar o processo de ensino. As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) têm se caracterizado como aliadas nesse processo, uma vez que otimizam o trabalho do professor na elaboração de atividades, na interação em sala de aula e fora dela, e aproximam os conhecimentos construídos da realidade dos alunos.
As TIC são potencializadoras de aprendizagens, democratizam o acesso à informação, ampliam a percepção da tecnologia como recurso pedagógico e proporcionam maior envolvimento dos alunos na realização das atividades didáticas. Ainda, as novas tecnologias usadas como suporte pedagógico devem promover produtos/técnicas e/ou processos que visam à interação comunicativa, aprendizagem significativa por meio de uma linguagem digital (KENSKI, 2003; RAMOS, 2008).
Nos cursos de graduação, por exemplo, as novas tecnologias podem ser importantes aliadas, uma vez que potencializam o processo de ensino-aprendizagem dos conteúdos de formação profissional, bem como são indicadores de recursos pedagógicos para os futuros docentes utilizarem em suas aulas como professores. Desse modo, a utilização de TIC pelos formadores de professores promove o enriquecimento de subsídios teóricos e práticos para a atividade pedagógica dos licenciandos.
O que motivou a realização deste estudo foi o fato de uma das autoras trabalhar em uma instituição de ensino superior, em um curso de Pedagogia, e se deparar com a necessidade de a formação inicial de professores promover o uso de TIC e oferecer subsídios aos futuros docentes para a aplicação de recursos pedagógicos tecnológicos. Partimos do princípio de que a formação docente precisa oferecer subsídios teóricos e práticos quanto à atividade pedagógica e, se os conteúdos “avaliação educacional” e “avaliação no contexto” fossem trabalhados a partir de uma ferramenta tecnológica, seriam aprendidos de maneira mais satisfatória, bem como seriam ampliados os conhecimentos dos licenciados quantos às potencialidades e possibilidades de recursos pedagógicos tecnológicos no planejamento de suas aulas na Educação Básica.
Assim, com base nesse contexto, este estudo tem por objetivo compreender o uso da Webquest como recurso pedagógico no ensino superior, a partir das percepções dos graduandos concluintes de um curso de Pedagogia na realização de uma atividade didática com o auxílio dessa ferramenta tecnológica para trabalhar os conteúdos de avaliação educacional e de avaliação no contexto, os quais pertencem a um módulo disciplinar desenvolvido nesta oportunidade da pesquisa.
Este artigo está estruturado da seguinte forma: expõe o conceito, a estrutura e a elaboração de uma Webquest como um recurso pedagógico nos processos de ensino-aprendizagem, apresenta o desenvolvimento de uma atividade didática a partir de uma Webquest, seguido da discussão sobre seu conteúdo, estrutura e organização, observação da utilização da Webquest pelos participantes, e, por fim, avaliação das pesquisadoras e licenciandos sobre a aplicação da Webquest.
2 Webquest: um recurso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem
Nesta seção expomos o conceito, a estrutura e a elaboração da Webquest como recurso pedagógico nos processos de ensino-aprendizagem. Compreendemos as novas tecnologias como fruto do avanço científico da humanidade que, consequentemente, criou e ampliou as possibilidades de transitar pelos recursos disponíveis para se comunicar. Diante desse contexto de profundas mudanças, entende-se que:
A evolução tecnológica não se restringe apenas aos novos usos de determinados equipamentos e produtos. Ela altera comportamentos. A ampliação e a banalização do uso de determinada tecnologia impõem-se à cultura existente e transformam não apenas o comportamento individual, mas o de todo um grupo social. [...] o homem transita culturalmente mediado pelas tecnologias que lhe são contemporâneas. Elas transformam suas maneiras de pensar, sentir e agir. Mudam também suas formas de se comunicar e adquirir conhecimentos (KENSKI, 2003, p. 21).
Dentre as mudanças nas formas de comunicar e adquirir conhecimentos, destacamos as tecnologias que auxiliam e potencializam a informação e a comunicação no processo de ensino-aprendizagem – as TIC. De acordo com Ramos (2008, p. 5), elas se referem a procedimentos, métodos e equipamentos utilizados para processar informação e comunicar.
[...] estas tecnologias agilizaram e tornaram menos palpável o conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da comunicação em redes para a captação, transmissão e distribuição das informações, que podem assumir a forma de texto, imagem estática, vídeo ou som (RAMOS, 2008, p. 5).
No entanto, a inclusão das TIC no processo educacional implica reflexões importantes sobre o impacto da tecnologia na educação. O uso de ferramentas tecnológicas exige o reconhecimento do planejamento de ensino, bem como do papel do professor ante a aprendizagem dos alunos. Portanto:
O valor da tecnologia na educação é derivado inteiramente de sua aplicação. Saber direcionar o uso da Internet na sala de aula deve ser uma atividade de responsabilidade, pois exige que o professor preze, dentro da perspectiva progressista, a construção do conhecimento, de modo a contemplar o desenvolvimento de habilidades cognitivas que instigam o aluno a refletir e compreender, conforme acessam, armazenam, manipulam e analisam as informações que sondam na Internet (ARAÚJO, 2005, p. 23-24).
Em especial, a internet é tomada nessa perspectiva como um recurso pedagógico durante a mediação pedagógica com o objetivo de que o aluno desfrute da construção do conhecimento a ser apropriado nesse processo educativo.
O(a) educador(a) como mediador(a) pedagógico(a) é responsável por selecionar quais tecnologias de informação e comunicação são mais adequadas ao contexto educativo em que se envolve e adequar esses recursos com a didática e a metodologia do ambiente educacional (SILVA; FERRARI, 2009, p. 2).
Portanto, ao apresentarmos a Webquest como recurso pedagógico nas aulas, entendemos que a potencialização na aprendizagem dos alunos e o apoio ao ensino significativo partem não somente da ferramenta, mas também da atividade de planejamento, organização e aplicação exercida pelo docente como mediador do conhecimento, que, por meio desses processos, faz uso dos recursos, qualificando e trazendo impactos positivos para a aprendizagem.
Navegar na internet pode ser um processo valioso de busca de informações na construção do conhecimento, gerando um ambiente interativo facilitador e motivador de aprendizagem, bem como pode ser um dispersivo e inútil coletar dados sem relevância que não agregam qualidade pedagógica ao uso da Internet (PIMENTEL, 2007, p. 4).
Para Dodge (1996, p. 1), a Webquest representa uma “investigação orientada, na qual algumas ou todas as informações com as quais os aprendizes interagem são originadas de recursos da Internet, opcionalmente suplementadas com videoconferências”. Ou seja, caracteriza uma metodologia de pesquisa na internet e pode apresentar dois níveis: curtas (realizadas no período de uma a três aulas) ou longas (que levam de uma semana a um mês de trabalho em sala de aula).
O autor explica que o primeiro nível tem como objetivo principal a aquisição e a integração do conhecimento, e nele o aprendiz terá, por meio da Webquest, contato com um número significativo de informações, e dará sentido a elas. Já o segundo, visa à ampliação e ao refinamento do conhecimento, exigindo do aprendiz uma análise profunda “de um corpo de conhecimento, transformando-o de alguma maneira, e demonstrando uma intelecção do material com a criação de algo que outros possam utilizar, no próprio sistema (Internet) ou fora dele” (DODGE, 1996, p. 1).
A utilização da Webquest no contexto escolar envolve, prioritariamente, princípios fundamentais para o professor: adequação espaço-tempo, planejamento coerente do conteúdo a ser trabalhado, bem como elaboração de atividade interessante e que instigue a pesquisa na internet. Pois, se tais elementos não forem analisados pelos docentes, a participação na atividade poderá ser desmotivadora, sem apropriação do conteúdo e com realização da atividade por meio de cópia de produções disponíveis on-line ou apresentação de conceitos vagos e não aprofundados.
Dodge (1996, p. 1-2) salienta seis partes consideradas essenciais na estrutura e na elaboração da Webquest: 1 introdução que prepare o “palco” e forneça algumas informações de fundo; 2 tarefa factível e interessante; 3 conjunto de fontes de informações necessárias à execução da tarefa; 4 descrição do processo que os aprendizes devem utilizar para efetuar a tarefa; o processo deve estar dividido em passos claramente descritos; 5 orientação sobre como organizar a informação adquirida; e 6 conclusão que encerre a investigação, mostre aos alunos o que eles aprenderam e, talvez, os encoraje a levar a experiência para outros domínios. A partir dessas partes destacadas, pode haver alguns elementos complementares, como a seção créditos para apresentar os autores e referências da Webquest.
Em várias referências (MARINHO, 2001; BARROS, 2005; PEREIRA, 2008; SILVA; FERRARI, 2009; BRASIL, 2015), há exemplificação e discussões importantes para elaboração da Webquest. Brasil (2015) apresenta sete seções intituladas: introdução – determina a atividade, tarefa – informa o software e o produto a serem utilizados, processo – define a forma na qual a informação deverá ser organizada (livro, vídeos, entre outros), fonte de informação – sugere os recursos: endereços de sites, páginas da Web, avaliação – esclarece como o aluno será avaliado, conclusão – resume os assuntos explorados na Webquest e os objetivos supostamente atingidos, créditos – informa as fontes de onde são retiradas as informações para montar a Webquest; quando página da Web, coloca-se o link, quando material físico, coloca-se a referência bibliográfica. É também o espaço de agradecimento às pessoas ou instituições que tenham colaborado na elaboração.
Barros (2005, p. 4) afirma que a Webquest “cria condições para que a aprendizagem ocorra, utilizando os recursos de interação e pesquisa disponíveis ou não na Internet de forma colaborativa”. O mesmo autor acrescenta que, por meio desse recurso pedagógico, é possível produzir “materiais de apoio ao ensino de todas as disciplinas de acordo com as necessidades do professor e seus alunos”.
Como se vê, é possível tomar a Webquest como recurso pedagógico, tendo a apreensão do conhecimento na perspectiva do uso das novas tecnologias. Tal ferramenta tecnológica representa possibilidade didática, e não substituição de modelos e recursos pedagógicos. O docente pode estar munido de uma mixagem de modelos didáticos para orientar a prática pedagógica e metodológica no processo de ensino-aprendizagem.
Consideramos que a Webquest é mais uma ferramenta que soma às estratégias e metodologias de ensino, sendo sua característica principal promover a aprendizagem significativa, onde a construção do conhecimento é viabilizada pela utilização dos recursos da Internet. Não são os recursos que geram a aprendizagem, é esta é a exploração das diversas informações que os recursos tornam acessíveis (ARAÚJO, 2005, p. 32-33).
Assim, na medida em que produtos/processos e/ou técnicas são utilizadas no âmbito escolar, os recursos pedagógicos exprimem seus impactos qualitativos para aprendizagem dos alunos.
Nessa abordagem alteram-se principalmente os procedimentos didáticos, independente de uso ou não das novas tecnologias em suas aulas. É preciso que o professor, antes de tudo, posicione-se não mais como detentor do monopólio do saber, mas como um parceiro, um pedagogo, no sentido clássico do termo, que encaminhe e oriente o aluno diante das múltiplas possibilidades e formas de alcançar o conhecimento e de se relacionar com ele (KENSKI, 2003, p. 46).
Em suma, a Webquest se refere à técnica de aprendizagem na internet e exige novas posturas diante do ensinar e do aprender, por meio de uma postura investigativa, espírito de pesquisa e estímulo ao pensamento crítico.
3 Procedimentos metodológicos
Nesta seção explicaremos os caminhos percorridos na aplicação da proposta e os tipos de pesquisa adotados: descritiva bibliográfica, de campo e experimental. Para apresentar o conceito, a estrutura e a elaboração da Webquest, utilizamos a revisão bibliográfica que, de acordo com Severino (2007), refere-se ao levantamento de dados sobre um determinado tema e/ou assunto delimitado pelo pesquisador, a fim de estudar e analisar as contribuições dos autores para sua pesquisa.
Em seguida, a pesquisa de campo, pois nosso foco de estudo foram 20 alunos do curso de Pedagogia de uma instituição de ensino superior particular da cidade de Londrina-PR. A pesquisa experimental se caracteriza pela criação e aplicação de uma Webquest aos alunos. Severino (2007, p. 120) explica que “o conhecimento visado se articula a uma finalidade intencional de alteração da situação pesquisada”. Dessa forma, além de desenvolvermos uma atividade didática utilizando a Webquest, pretendemos contribuir para a formação e a percepção dos sujeitos participantes no uso das TIC.
A escolha dessa instituição de ensino se deu pelo fato de uma das pesquisadoras atuar no estabelecimento como docente no curso de Pedagogia, e por haver disponibilidade do laboratório de informática e acessibilidade diária dos alunos a esse local. Dentre as turmas e cursos ofertados, selecionamos o curso de Pedagogia, por entendermos a relevância dessa atividade no âmbito da formação de futuros professores e os impactos futuros nas aulas e intervenções pedagógicas a serem realizadas por esses alunos. Os graduandos concluintes (4º ano) foram selecionados para oportunizar tal experiência ainda na formação inicial desses estudantes.
Nessa turma, uma das professoras-pesquisadoras ministra o módulo “Inclusão escolar”, e o conteúdo programático para o mês de maio de 2015 continha, dentre outros tópicos: a avaliação educacional e a avaliação no contexto. Diante disso, utilizamos a Webquest para trabalhar esses conteúdos. Esse recurso tecnológico também foi utilizado para complementar os estudos que vinham sendo realizados na disciplina/módulo.
Para avaliar a realização dessa atividade, foi elaborado e aplicado um questionário, “Queremos ouvir você”, com 9 questões aos 20 graduandos que participaram da atividade on-line. As questões versavam sobre a proposta da atividade pedagógica por meio de uma Webquest: como você avalia sua percepção e empenho na realização? Quanto aos materiais disponibilizados on-line para consulta e pesquisa; Quanto à estrutura e organização da Webquest sistematizada em forma de site; Quanto à clareza da proposta; Até que ponto você ficou satisfeito com essa participação; Quanto à tarefa proposta; Quanto à participação em alguma atividade semelhante; Comente: quais foram os pontos positivos na realização desta Webquest e; Comente: quais foram as dificuldades/implicações para realização desta Webquest.
3.1 Webquest: avaliação educacional e a avaliação no contexto
A “Webquest: avaliação educacional e a avaliação no contexto” (PRAIS; REIS, 2015) foi aplicada aos alunos da turma de graduandos concluintes de um curso de Pedagogia em uma instituição de ensino superior particular. Essa atividade correspondeu a uma proposta de revisão, sistematização e complementação de estudos referente aos conteúdos: avaliação educacional e avaliação no contexto. A proposta teve como intuito, também, promover entre os futuros docentes reflexões sobre o uso das TIC no processo de formação docente e em sala de aula.
A ideia foi criá-la e publicá-la utilizando o provedor para Websites disponível gratuitamente no Google Sites. Propusemos, assim, que os alunos, em dia previamente marcado, se deslocassem até o laboratório da instituição, acessassem a página (Figura 1) e desenvolvessem a atividade didática.
Durante a apresentação da Webquest, explicamos aos graduandos o objetivo da atividade, seguido da estrutura e organização da atividade sugerida, e acrescentamos alguns tópicos a partir da proposta de Dodge (1996).
Em “Introdução” (Figura 1), o aluno é informado sobre o tema da Webquest, havendo duas imagens relacionadas e uma frase importante na apresentação do conteúdo a ser estudado. Ao lado, em “Tarefa”, o aluno teve acesso às atividades a serem desenvolvidas, antes da explicação do desenvolvimento de cada uma delas, atreladas à tarefa principal. Nessa página (Figura 2) foi disponibilizado aos alunos um vídeo sobre avaliação escolar, além de um texto intitulado “As necessidades educacionais especiais dos alunos como objetivo da avaliação”. Também continha uma charge e, por fim, indicação da tarefa a ser desenvolvida: com base nos materiais indicados acima, a proposta era elaborar um texto explicando o papel da avaliação educacional como indicativo para o desenvolvimento da avaliação no contexto.
Para Pimentel (2007, p. 4), “adequar o espaço virtual à educação é uma tarefa que exige muita disciplina e um espírito de pesquisa”. Dessa forma, a enunciação da atividade, antes mesmo de mostrar seu desenvolvimento, teve como propósito instigar o aluno a refletir sobre como iria fazê-la. Com essa indicação e entendimento da tarefa realizada, os passos a serem seguidos pelos alunos foram apresentados na página “Processo”, na qual disponibilizamos links e objetivos propostos: assistir ao vídeo e evidenciar o conceito e a importância da avaliação educacional, ler o texto “As necessidades educacionais especiais dos alunos como objetivo da avaliação” e grifar as partes significativas sobre o processo avaliativo, analisar a charge e refletir sobre os subsídios e indicativos para avaliação da aprendizagem de cada aluno e, a partir das atividades propostas, sistematizar suas ideias e elaborar um texto com o tema: o papel da avaliação educacional como indicativo para o desenvolvimento da avaliação no contexto.
Em “Avaliação”, um elemento relevante na Webquest, são esclarecidos os requisitos a serem contemplados na atividade para a obtenção do parecer positivo da professora-pesquisadora. Os critérios avaliativos estabelecidos foram realização, desempenho, participação e cumprimento das propostas indicadas, além da apropriação do conteúdo e das ideias presentes nos textos de apoio, imagem e vídeo. A produção do texto, de no mínimo 25 linhas, deveria apresentar clareza e coerência, bem como argumentação a respeito do tema da avaliação educacional e avaliação no contexto.
Da mesma forma, foi apresentado em “Conclusão” o objetivo geral pretendido de que a partir da Webquest cada aluno compreendesse que a avaliação no contexto escolar deve contribuir para um novo olhar pedagógico diante das dificuldades enfrentadas pelo aluno no processo ensino-aprendizagem. Em seguida, em “Créditos”, foram apresentadas as autoras da “Webquest: avaliação educacional e a avaliação no contexto” (PRAIS; REIS, 2015), com breve currículo de ambas.
Por fim, disponibilizamos aos alunos, na página intitulada “Queremos ouvir você!”, um link de acesso a um questionário[1] com nove questões, sendo sete de múltipla escolha e duas abertas, a fim de coletar a opinião/percepção dos alunos sobre a realização da Webquest, o qual será apresentado posteriormente na seção 3.
4 Análise da avaliação dos alunos na utilização da Webquest
Esta seção apresenta a análise das percepções, das avaliações e das considerações dos vinte alunos participantes na realização da Webquest, coletadas pelo questionário disponibilizado na página “Queremos ouvir você!”. No que se refere à percepção e ao empenho na realização da atividade pedagógica, por meio de uma ferramenta tecnológica, os resultados mostrados no gráfico 1 indicam que 12 participantes, ou seja, 60%, sentiram-se satisfeitos, e 8 deles, 40%, sentiram-se muito satisfeitos ao realizar a atividade.
Essa avaliação revelou que o uso dessa ferramenta tecnológica despertou interesse dos participantes pela atividade. Desse modo, Barros (2005) apresenta a ideia de que as novas tecnologias permitem outras possibilidades de aprendizagem e suprem necessidades do ensino. Assim, os professores, ao oportunizar propostas metodológicas baseadas nas novas tecnologias, propiciam novos espaços de interação, construção de conhecimento e acesso à aprendizagem.
Os alunos indicaram que os materiais disponibilizados na Webquest foram apropriados ou muito apropriados ao desenvolvimento da atividade, conforme exposto no Gráfico 2. Essa avaliação dos participantes indica a qualidade do planejamento docente para a realização da atividade proposta na Webquest, que permitiu explorar de maneira adequada os recursos disponíveis e caminhos (links) coerentes com o conteúdo de estudo.
De tal modo, paralelamente a essa avaliação dos participantes quanto aos materiais disponibilizados para pesquisa e consulta, concordamos com Silva e Ferrari (2009, p. 1) ao dizerem o que o planejamento do ensino em meio às TIC representa:
A busca de recursos tecnológicos para mediação pedagógica não se resume a qualquer metodologia disponível, pois antes deve-se pensar de forma crítica e reflexiva sobre quais metodologias utilizar e o que estas podem oferecer. Esta busca pode se tornar um momento de grande aprendizado para o educador(a) inovador(a) e não resistente às tecnologias de informação e comunicação, ou seja, o educador que permite a abertura de um mundo de possibilidades (SILVA; FERRARI, 2009, p. 1).
Entendemos que a elaboração dessa atividade pedagógica possibilitou momentos de pesquisa e de investigação do conteúdo, do uso dessa ferramenta didática, da organização de um ambiente de aprendizagem, bem como da metodologia interativa de ensino. Tais aspectos potencializaram o processo de ensino-aprendizagem de forma que os alunos percebessem o modo adequado pelo qual os recursos foram disponibilizados para realização da tarefa da Webquest.
Sobre a tarefa proposta na Webquest, as respostas apontaram que 70% dos participantes, ou seja, 14 deles, consideraram a atividade fácil e que ela permitiu ampliar as pesquisas e estudos referentes ao tema. Nessa avaliação consideramos coerente a percepção dos alunos sobre a atividade, pois ela atinge seu objetivo de possibilitar compreensão e resolução do tema de estudo.
Para Barros (2005, p. 5), “a tarefa é a definição do que o aluno terá de executar para completar a atividade”. Dessa maneira, as tarefas devem corresponder aos objetivos que se pretende alcançar e, consequentemente, propiciarão o envolvimento dos participantes na atividade e na apropriação do conteúdo que está sendo pesquisado e estudado na Webquest.
Diante desses elementos avaliativos, 100% dos alunos demonstraram satisfação na participação da Webquest, bem como indicaram que as atividades e o conteúdo presentes nela estavam claros. Entendemos que a realização dessa atividade permitiu o envolvimento com o conteúdo da disciplina e culminou na apropriação desse conteúdo e nesse modo de ação educativo, por meio de uma problematização sobre a inclusão escolar e avaliação de alunos com necessidades educacionais especiais. Assim, o modo como a atividade foi formatada promoveu a aprendizagem e o uso qualitativo da internet como um recurso de pesquisa e de consulta em sala de aula. Acreditamos que:
A partir de uma abordagem problematizadora, o modelo webquest pode reduzir a probabilidade de desvios de rota nos hiperlabirintos da internet. Uma atividade bem orientada promove ganhos cognitivos significativos, pois envolve os alunos em um processo de busca, investigação, formulação de hipóteses e solução de problemas. Enfim, instiga-os a serem sujeitos ativos do processo de construção do próprio conhecimento (COELHO; VIDAL, 2009, p. 7).
Quanto à estrutura e à organização da Webquest, 6 alunos, ou seja, 30% deles, avaliaram-nas como satisfatórias, e 14 informantes, o que corresponde a 70% deles, como muito satisfatórias. Certamente a satisfação dos alunos com esses quesitos permitiu a aprendizagem do conteúdo e o desenvolvimento de atitude de investigação durante a realização da atividade. Ainda, 35% dos participantes, ou seja, 7 deles, indicaram participação em outra atividade semelhante à Webquest; 5 informantes, 25% do total, frequentemente participam; 5 participantes, 25%, raramente; e 3 deles, 15%, nunca haviam participado ou realizado uma atividade por meio de Webquest.
Dentre os pontos positivos na realização da Webquest, destacamos o uso e a disponibilização de vários textos de apoio, como a imagem, o vídeo e o texto, o enriquecimento na partilha do estudo, o aumento qualitativo na interação com a Web e a efetivação de pesquisas referentes ao tema. Sobre as dificuldades encontradas pelos graduandos, apenas um participante indicou que o texto disponibilizado era extenso e, por esse motivo, teve dificuldades para elaborar a atividade, mas acrescentou que o vídeo e a imagem chamaram sua atenção.
De acordo com Coelho e Vidal (2009, p. 5), a Webquest se caracteriza pela potencialidade em “adaptar-se à variedade de ambientes tecnológicos, englobar as mais diversas áreas do currículo escolar, além de proporcionar situações de aprendizagem extracurricular”. Desse modo, quando o aluno fica satisfeito com sua participação e envolvimento em uma atividade, revela ao professor que propiciar situações de aprendizagem exige o planejamento coerente e adequado à estrutura e organização da atividade. A Webquest como um recurso pedagógico requer postura docente de pesquisa e de investigação para que tais elementos estejam dispostos e acessíveis aos alunos, pois deve guiar a pesquisa do participante na Web e desenvolver o espírito investigativo.
5 Considerações finais
No que diz respeito a expor o conceito, a estrutura e a elaboração de uma Webquest como recurso pedagógico nos processos de ensino-aprendizagem, percebemos que essa ferramenta tecnológica se constitui em uma atividade de pesquisa pela internet com o objetivo principal de aprofundamento de um dado conteúdo/conceito em estudo. Por meio da Webquest, o docente orienta uma investigação sistematizada e organizada para que na tarefa o discente apresente uma síntese dos resultados de sua busca pela Web. Nesse sentido, o processo de ensino-aprendizagem ganhou significado quanto ao modo como o docente e o discente se envolveram na construção e na apropriação de um conhecimento.
No que se refere ao desenvolvimento de atividade didática a partir da Webquest, consideramos, a partir da pesquisa, que sua aplicação trouxe resultados positivos, despertou interesse e motivou os alunos de forma diferente para a aprendizagem; no entanto, percebemos que recursos como esses são pouco utilizados na graduação.
A “Webquest: avaliação educacional e a avaliação no contexto” foi apresentada como complemento pedagógico dos conteúdos trabalhados em sala de aula. No primeiro momento, houve explanação sobre como acessar, os objetivos do trabalho e tarefas a serem cumpridas, e que estas deveriam ser realizadas fora do espaço de sala de aula. Os alunos demonstraram interesse e curiosidade, pois muitos não tinham conhecimento sobre a Webquest e o trabalho proposto por ela. Os alunos apontaram os textos, as imagens e os vídeos como facilitadores para a compreensão do conteúdo, explicitando a necessidade de mais atividades como essa, que foi proposta pela Webquest, no contexto do ensino superior.
Em relação às dificuldades, os alunos afirmaram que não foram muitas e que algumas delas estavam ligadas à falta de tempo para acessar a internet. Quanto à dificuldade no manuseio das tecnologias, percebemos que não há utilização de atividade como a que foi proposta (Webquest) por parte dos demais professores do curso. Assim, os estudantes relataram que a falta de hábito acadêmico de realizar atividade on-line dificulta a habilidade em manusear e usar uma tecnologia como recurso pedagógico.
O uso da Webquest para trabalhar os conteúdos da avaliação educacional e da avaliação no contexto, no ensino superior, foi visto pelos alunos como nova oportunidade de aprendizagem, pois foge do padrão tradicional e possibilita interação mais efetiva em qualquer momento que o aluno precise. No entanto, alguns alunos apontaram dificuldade em lidar com as tecnologias, o que deixou o trabalho um pouco mais difícil. Mesmo sentindo-se apreensivos com o uso do computador e a navegação na internet, declararam-se motivados para vencer as barreiras tecnológicas e conseguiram realizar todas as etapas propostas na Webquest. A esse propósito, concordamos com Mercado (1999) que, durante a formação docente, é exigido dos professores incorporarem à sua prática pedagógica novas tecnologias que possam reconfigurar o processo didático e metodológico de suas aulas a fim de qualificar o processo de aprendizagem dos alunos.
Julgamos que não houve dificuldade para elaboração da Webquest, mas sim preocupação com a qualidade pedagógica da atividade. Essa análise partiu da expectativa de que os licenciandos pudessem conhecer um recurso pedagógico tecnológico, fizessem uso dele durante a formação inicial e que, posteriormente, pudessem criar e elaborar suas Webquests no exercício de sua prática pedagógica na Educação Básica. Essa meta foi parcialmente atingida, e esperamos que os participantes deem continuidade a propostas como essa em suas próprias práticas pedagógicas.
Na aplicação da Webquest, durante a formação inicial docente, acreditamos que as dificuldades não impediram que ela fosse realizada com sucesso, pois a falta de habilidade com os recursos tecnológicos foi superada pelo interesse em aprender a manusear e apreender o conteúdo de estudo. Sugerimos que os demais docentes formadores, durante a graduação, possam promover atividades com o uso de recursos didáticos tecnológicos para que os licenciandos possam ter acesso a essas ferramentas e conhecê-las, bem como suprir as necessidades de subsídios pedagógicos a partir do uso das TIC. Concluímos, portanto, que a atividade contribuiu para a aprendizagem, motivou os alunos e permitiu que os graduandos se familiarizassem e conhecessem uma proposta de uso da tecnologia como ferramenta potencializadora do processo de ensino-aprendizagem.
Referências
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Enlace alternativo
https://periodicos.ufmg.br/index.php/textolivre/article/view/16751 (pdf)