DOSSIÊ

A expansão linguística espanhola na China e no Brasil: convergências, deslocamentos e assimetrias

Andrea Silva Ponte
Universidade Federal da Paraíba, Brasil

A expansão linguística espanhola na China e no Brasil: convergências, deslocamentos e assimetrias

Revista Caracol, núm. 20, pp. 322-349, 2020

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

Recepção: 31 Janeiro 2020

Aprovação: 07 Abril 2020

Resumo: Em 2018 a imprensa dedicou uma atenção significativa à promoção do espanhol na China. Com aproximadamente 1,4 bilhões de habitantes, este país é um dos mais recentes objetivos estratégicos da expansão linguística executada pelo Estado espanhol. Eventos como a criação de um convênio entre a Real Academia Española (RAE) e a Universidade de Estudos Internacionais de Shangai (SISU), e a inclusão da língua espanhola na Educação Básica do país tiveram um entusiasmado destaque na imprensa e no foro de notícias da própria RAE. Este trabalho tem como objetivo realizar uma análise comparativa - tratando de detectar convergências e divergências - entre a atual promoção do espanhol na China e a promoção do espanhol no Brasil. Adotando o enfoque glotopolítico (Arnoux, 2000), tratamos de detectar ideologemas que surgem na promoção discursiva do espanhol em cada caso, o que revela aspectos importantes destes processos de planificação linguística relacionados aos campos político, econômico e ideológico.

PALAVRAS-CHAVE: glotopolítica, política linguística panhispánica, ideologia linguística, expansão do espanhol, hispanofonía.

Abstract: In 2018 the press devoted significant attention to promoting Spanish in China. With approximately 1.4 billion inhabitants, this country is the most recent strategic objective of the linguistic expansion carried out by the Spanish State. Events such as the creation of an agreement between the Real Academia de la Lengua Española (RAE) and the Shanghai International Studies University (SISU), and the inclusion of the Spanish language in the country’s Basic Education had an enthusiastic highlight in the press. This work aims to carry out a comparative analysis -trying to detect convergences and divergences- between the current promotion of Spanish in China and the promotion of Spanish in Brazil. Adopting the glotopolitical approach (Arnoux, 2000), there is an attempt here to detect ideologies that arise in the Spanish discursive promotion in each case, which reveals aspects of these linguistic planning processes related to the political, economic and ideological fields.

KEYWORDS: glotopolitics, panhispanic linguistic policy, linguistic ideology, expansion of Spanish, hispanophony.

A estreita articulação entre agentes de instâncias políticas, econômicas, linguísticas e culturais não é exclusiva da Espanha contemporânea. Sabe-se que as políticas linguísticas não são autônomas nem têm um fim em si mesmas: sempre estão relacionadas, ou melhor, sempre são determinadas por outras políticas, de distinta natureza, que respondem aos mais diversos interesses. Assim, a colaboração entre instituições políticas, setores econômicos e agentes de políticas culturais e linguísticas é frequente e pode ser observada em diferentes épocas e espaços. O trabalho do observador de políticas linguísticas consiste em adotar uma perspectiva crítica e realizar análises que exponham as relações de poder e os mais diversos interesses que estão por trás da máscara de naturalidade que reveste discursos, intervenções e práticas no âmbito das línguas.

Arnoux e Del Valle (2010) afirmam que o valor oficial de uma língua é derivado do poder do Estado, no entanto, o valor simbólico da língua, “la naturalización de su superioridad” se estabelece em uma série de discursos que promovem as associações necessárias dentro do espaço social que terminam por legitimar a língua, ou melhor, a autoridade da língua para além do poder do Estado.

Desde a década de 90, a Espanha vem trabalhando no valor simbólico do espanhol no sentido de promover a reorientação necessária para poder pôr em prática uma política expansionista da língua em um espaço transnacional contemporâneo. O velho “limpia, fija y da esplendor” da Real Academia Espanhola dá lugar ao “unidad en la diversidad” e proliferam discursos marcados por ideais de igualdade, fraternidade e gestão compartilhada. Esta planificação do status simbólico da língua (Del Valle, 2007b) pode ser observada em diferentes séries discursivas no âmbito das instituições que atuam como agentes da política de promoção do espanhol. Segundo Del Valle, tal planificação se trata de

[...] un sistema lingüístico-ideológico que produce y reproduce un orden de relaciones culturales y económicas claramente dependiente, por un lado, de la vieja unión colonial entre España y la América hispanohablante, y por otro, de la dinámica de los mercados nacionales e internacionales en el contexto de la globalización (2007b, 31)

O objetivo deste trabalho é comparar os processos de expansão linguística executados pelo Estado espanhol no Brasil (final dos anos 90 e início dos anos 2000) e na China na atualidade, e verificar em que medida convergem, ou não, ideologemas que marcam a construção e manutenção do valor simbólico da língua. Segundo Arnoux e Del Valle, os ideologemas são “[...] lugares comunes, postulados o máximas que, pudiendo realizarse o no en la superficie, funcionan como presupuestos para el discurso” (2010, 12). Trataremos, portanto, de verificar - e comparar - os ideologemas presentes em ambos processos de expansão do espanhol como língua estrangeira.

A análise dos ideologemas e dos sistemas ideológicos que integram, revela, em processos político-linguísticos, posições sociais, históricas e políticas em confronto em um espaço social. Revela também seus sentidos históricos, fundamentais para analisar o contexto em que se movem.

Nesta perspectiva, este trabalho se inscreve no campo da Glotopolítica, uma vez que esta se define como “[...] necesaria para incluir todos los hechos del lenguaje en los que la acción de la sociedad reviste la forma de lo político” (Guespin e Marcellesi [1986], 2019, 35, 36). A Glotopolítica não age unicamente sobre o corpus ou o status das línguas, mas também - e principalmente - sobre as práticas linguísticas, sobre as intervenções no espaço público da linguagem; refere-se, como afirma Arnoux (2000), às diferentes maneiras em que ações sobre a linguagem participam nas relações de poder, seja para transformá-las ou para reproduzi-las. Políticas linguísticas de áreas idiomáticas como as que pretendemos analisar aqui formam parte deste campo.

Os processos de planificação linguística espanhola no Brasil foram amplamente estudados nos últimos anos. Para esta análise, adotamos o trabalho de José del Valle e Laura Villa, “La lengua como recurso económico: Español S.A. y sus operaciones en Brasil” (2007) onde os autores detectam e analisam uma série de ideologemas que darão o tom da promoção do espanhol no Brasil. Apontamos também as mudanças que marcam o advento da política linguística panhispánica, a criação e atuação de sedes do Instituto Cervantes, e a transformação do Brasil em grande alvo da expansão linguística espanhola.

Já a difusão do espanhol na China é mais recente e, como veremos, está diretamente relacionada à expansão dos investimentos externos deste país nos últimos anos. Para realizar esta análise e identificar quais são os ideologemas que se movem neste processo, selecionamos uma série discursiva composta por dez publicações da imprensa espanhola no ano de 2018, acerca da expansão linguística espanhola na China.

BRASIL ANTES E DEPOIS DO PAN-HISPANISMO

A presença de agentes linguísticos e culturais espanhóis no Brasil é muito anterior aos anos 90. Desde 1978 existe, em São Paulo, o Colégio Miguel de Cervantes - Associação Colégio Espanhol de São Paulo. Colégio fundado por espanhóis radicados em São Paulo e administrado pela Consejería de Educación de la Embajada de España, oferece dupla titulação (brasileira e espanhola) aos alunos e conta, em seu quadro de docentes, com professores espanhóis (funcionários públicos da Espanha) e brasileiros. Paralelamente, e ainda dentro de sua política educativa, a Consejería de Educación há algumas décadas conta também com as Asesorías Técnicas (presentes em oito estados brasileiros):

Las Asesorías Técnicas Docentes tienen como función principal prestar asistencia técnica, lingüística y pedagógica a la comunidad educativa brasileña y en particular al profesorado de español, así como reforzar las relaciones en materia educativa entre los estados español y brasileño.1

A partir da década de 80, a Consejería também promoveu a criação, em vários estados brasileiros, de Associações de Professores de Espanhol, que durante muitos anos (e em alguns casos ainda hoje) funcionaram, ainda que parcialmente, sob a tutela da política educativa da Embaixada da Espanha no Brasil.

No entanto, o início dos anos 90 é marcado por uma reorientação interna da Espanha no que se refere a suas políticas linguísticas, que terá efeitos imediatos em suas ações no Brasil. Tal reorientação refere-se à nueva política lingüística panhispánica (NPLP), formulada pela Real Academia Española (RAE). Esta política tem como objetivo instaurar uma suposta gestão compartilhada da língua espanhola. Superando o conservador “limpia, fija y da esplendor”, a ideia de uma variedade peninsular mais correta ou adequada e o papel periférico historicamente destinado às Academias americanas, a RAE propõe, com sua nova política, a elaboração de instrumentos linguísticos que deem conta da língua espanhola em sua totalidade (que se refere à descrição e à prescrição). Propõe também que tal elaboração seja fruto de trabalho igualitário entre a sede espanhola e as filiais americanas, e festeja estes tempos tão inclusivos com seu novo lema:“unidad en la diversidad”. Como dizíamos num texto prévio,

El panhispanismo abraza la idea de democracia lingüística exenta de componentes políticos e insiste en la actuación equilibrada, conjunta y mancomunada de toda la comunidad hispánica en los asuntos relacionados a la lengua española. (Ponte, 2017, 203)

Observa-se, no entanto, que se trata de uma reorientação discursiva, necessária para empreender a difusão internacional da língua em um espaço globalizado (Ponte, 2019), e que apesar da NPLP reconhecer em sua formulação a legitimidade de diferentes espaços linguísticos, os critérios para a admissão normativa desses usos linguísticos são subjetivos, e as decisões - de caráter prescritivo - ficam à cargo de quem historicamente construiu seu lugar de autoridade linguística com uma etiqueta de “ideologicamente neutro”: a própria RAE.

A promoção internacional da língua é talvez a pauta mais importante da nova política linguística espanhola. Construída em torno do sistema linguístico ideológico criado pela RAE - e também por outros agentes, como o Instituto Cervantes - se baseia na aceitação e naturalização das ideias do espanhol como língua de encontro, como vínculo de fraternidade, como expressão de inúmeras culturas, como língua global e como inesgotável fonte de recursos. Del Valle denomina hispanofonía este sistema de ideologemas “[...] en torno al español históricamente localizado que concibe el idioma como la materialización de un orden colectivo en el cual España desempeña un papel central” (2007b, 37, 38).

A incorporação de um valor econômico à imagem da língua espanhola passa a ser fundamental, já que as agências de promoção internacional da língua respondem a motivações marcadamente mercantis. Surge assim uma indústria da língua e toda uma linha de pesquisa com incontáveis publicações que tratam de explicar o papel da língua no desenvolvimento econômico e no fortalecimento da política externa (Ponte, 2017). Aproveitando este peso econômico atribuído à língua, desenvolve-se também uma indústria dedicada à difusão do espanhol como língua estrangeira, valendo-se das circunstâncias e características de cada região.

Paralelamente, a Espanha aumenta consideravelmente seus investimentos empresariais na América Latina e no Brasil. Este, no início dos anos 2000, é seu maior sócio comercial na América. Tal incremento da presença de capital espanhol, somado ao advento do Mercosul e à promessa de uma lei que inclua o estudo do espanhol na Educação Básica transformam o Brasil em um alvo importante para a política de expansão linguística da Espanha.

Del Valle e Villa (2007) analisam notícias publicadas pelo jornal espanhol El País relacionadas à intensa atividade diplomática empreendida pela Espanha em prol da promulgação da lei que incluiria o espanhol no ensino regular brasileiro.

Neste processo, a insistência no estreitamento de laços culturais - que deveriam acompanhar os recentes laços mercantis - fica patente. Abundam, segundo os autores, as declarações de cooperação, amizade e inclusive irmandade hispano-brasileira, o que nos leva a crer que se dá neste processo um desdobramento de ideologemas da hispanofonía que circulam na gestão do valor simbólico da língua: o espanhol passa a ser lugar de encontro e vínculo de fraternidade não somente para hispano falantes, há lugar para os brasileiros neste espaço também.

Em 2005, em um livro intitulado O ensino de espanhol no Brasil. Passado, presente e futuro, Francisco Moreno Fernández - diretor do primeiro Instituto Cervantes no Brasil - afirma que o peso da cultura do espanhol está entre a causas do auge desta língua no Brasil. Afirma ainda que não se trata de um fator mensurável, mas sua relevância é evidente:

[...] El éxito cosechado durante los últimos años por la música y la literatura hispanas en el ámbito internacional es una realidad, como lo es la simpatía que España despierta por sus manifestaciones artísticas y culturales, a las que no es ajeno el deporte. Desde este punto de vista, puede percibirse en Brasil una inclinación hacia lo español, incluida la lengua española en sus modalidades europeas, que no existe, al menos en un mismo nivel, hacia lo hispano de los países circundantes [...]”. (Moreno, 2005, 20, 21)

Aliada ao investimento empresarial espanhol e ao Mercosul, esses supostos laços de amizade são apontados como os responsáveis pela prosperidade do espanhol no Brasil. Tal prosperidade teve, a partir do final dos anos 90, o Instituto Cervantes2 (IC) como principal agente:

[...] se persigue utilizar la enseñanza de la lengua en otros ámbitos lingüísticos como fuente de ingresos, desde luego, pero también como método de propaganda cultural que apoye los intereses económicos y políticos del país donde se habla el idioma en cuestión. Aquí se inscribiría la actividad del Instituto Cervantes [...] (Del Valle; Villa, 2007, 113).

Esta instituição, criada em 1991, tem como fim a divulgação internacional do espanhol e das culturas a ele relacionadas3. É grande promotor da atual política linguística espanhola ao lado da RAE e de outros agentes, como a imprensa e grupos empresariais. Para além de seu trabalho com o ensino de língua e promoção de eventos culturais, é grande representante dos interesses geoestratégicos espanhóis e responsável pela circulação dos ideologemas relacionados à cooperação e à amizade entre Brasil e Espanha, que situam o espanhol no imaginário do brasileiro como “língua do futuro”, “língua global” ou “língua necessária para o mercado de trabalho”.

CHINA, UMA PARCERIA “GIGANTE”

Ao longo das últimas décadas, a China vem passando por diferentes processos que determinaram sua atual inserção internacional.

No início dos anos 2000 começam a se fortalecer as relações com a América Latina. Estas se pautam em relações econômicas e comerciais e na diversificação de parcerias da China. A aproximação se deu por meio da CELAC - Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos. Em 2008, o governo chinês lança o documento intitulado “China’s Policy Paper on Latin America and Caribbean” e transforma esta região na terceira a ter um documento oficial específico com planos de investimento e de comércio.

China ideó en los años noventa el establecimiento de relaciones estratégicas con algunos países de la comunidad internacional. En la concepción china, no se trata de construir una relación de fidelidad sino de establecer un marco de entendimiento preferente basado en la gestión de intereses económicos compartidos y que, por tanto, pudiera afectar tanto a países como a organizaciones internacionales. (Ríos, 2019, 3)

Trata-se, portanto, de uma relação bilateral estável, e apesar das oscilações causadas por crises financeiras, a China se consolida como segundo maior sócio comercial e terceiro maior investidor da América Latina, com aproximadamente 2000 empresas instaladas na região (Ríos, 2019).

A Espanha tem também negócios com a China, mas não no mesmo volume. No entanto, a Espanha tem uma importante relação com a América Latina em nível cultural, político e econômico. O peso das empresas espanholas nesta região é quantitativamente maior do que em qualquer outra região do mundo e este pode ser um fator decisivo para o incremento de suas relações com o país asiático.

[...] la política exterior española ha incorporado como concepto y estrategia la triangulación Asia-Pacífico/América Latina/España. Para España, el objetivo enunciado de la triangulación consiste en utilizar los especiales vínculos que la unen con América Latina para superar las debilidades que se presentan aún hoy en el desarrollo de los negocios y la inserción cultural en Asia-Pacífico, es decir, aprovechar la presencia histórica y el conocimiento del subcontinente americano para impulsar el recíproco entendimiento con los países de Oriente, con quienes acumula un déficit, igualmente histórico, en sus relaciones. (Ríos, 2019, 24)

Desta forma vão se revelando os motores da expansão da língua espanhola na China: a Espanha, por meio de suas relações com a América Latina, trata de estabelecer laços mais estreitos com a China, com quem, por meio de acordos de cooperação, pode promover a exploração conjunta de terceiros mercados (a própria América Latina é um cenário propício).

Essa expansão linguística se inscreve na ideologia mercantil que envolve a promoção do espanhol desde os anos 90, e há inúmeras ações de agentes do Estado espanhol que na atualidade movimentam este mercado linguístico.

Naturalmente, o aumento significativo das relações entre China e América Latina fez com que aumentasse também o número de chineses que decidem aprender espanhol por exigências laborais. Desde 2004, o Consórcio ELSE (Español Lengua Segunda o Extranjera4) da Argentina mantém um convênio de reconhecimento com o Ministério de Educação da República Popular da China. Este convênio consiste no reconhecimento recíproco de exames nacionais de língua oficial. Desta forma, o CELU - Certificado de Español: lengua y uso é aplicado e reconhecido oficialmente no país. No entanto, é a Espanha - que como apontado neste texto e profundamente analisado por inúmeros autores, tem uma política linguística estatal incisiva e conta com inúmeros agentes para sua execução - que desembarca na Ásia com uma ampla gama de ações para difusão e ensino da língua. Esta expansão no espaço asiático envolveu uma série de intervenções no âmbito do mercado linguístico do espanhol: elaboração de material didático, cursos (na Espanha) de formação de professores de espanhol como língua estrangeira, fomento para completar estudos (em diferentes áreas) na Espanha, “exportação” de professores (uma saída para a crise enfrentada por esse país), promoção de novos dispositivos linguísticos - como o Enclave RAE5 -, assessoria técnica para as universidades chinesas que têm cursos superiores de espanhol.

Atualmente a China conta com duas sedes do IC (Shangai e Pequim), que segundo seus próprios dados, atende uma média de 5000 alunos por ano. Em 2018, esta instituição assina um acordo de cooperação com a Autoridade Nacional Chinesa para Exames Educativos (NEEA) e o DELE (Diploma de Español como Lengua Extranjera) passa a certificar, assim como o CELU, os conhecimentos de língua espanhola na China.

Também em 2018, a RAE assina um convênio com a Universidade de Estudos Internacionais de Shangai (SISU) e abre, nesta universidade, um Centro de Pesquisa.

El propósito de creación de este centro es la realización conjuntamente de trabajos sobre lingüística española, literatura y cultura, e investigaciones sobre la enseñanza del español como segunda lengua en las universidades y escuelas secundarias de China. Asimismo, está previsto que en este centro se desarrollen herramientas tecnológicas y aplicaciones enfocadas en la enseñanza del español como lengua extranjera, como Enclave RAE. En el centro, además, se organizarán actividades que promoverán el español a través de seminarios, simposios, conferencias y talleres de trabajo.6

No mesmo ano, a Academia também assina um acordo com o governo chinês no qual o sistema educativo chinês tem acesso irrestrito ao Enclave RAE.

Naturalmente, dentro da NPLP - que no âmbito discursivo promove a diversidade do espanhol como grande trunfo - a RAE afirma desembarcar na China como representante de “todo” o espanhol: “Nosotros vamos a China - ha señalado Villanueva [diretor da RAE] - no solo a representar al español de España, sino al español ecuménico, al español panhispánico”.”7; “[...] a los estudiantes chinos ‘se les ofrecerá un español panhispánico, no de España’”(Morales, 2018).

Certamente um grande diferencial do projeto de expansão do espanhol na China, se comparado com outros, como o Brasil por exemplo, é o protagonismo da RAE. A Academia, apesar de ser a criadora na NPLP, não tinha como prática o “ir a campo”, suas ações se centravam na necessidade de legitimar a liderança peninsular no âmbito linguístico por meio da consolidação da Asociación de Academias de la Lengua Española (Del Valle; Villa, 2007). Sempre trabalhou no sentido de controlar a planificação de corpus, por meio de seus instrumentos linguísticos, e também, mesmo que em outra esfera, da planificação de status, por meio de declarações e ações conjuntas com outros agentes desta política linguística, como o Instituto Cervantes.

No caso asiático, a Academia desponta como agente in loco nas relações com as universidades, na promoção de seu mais novo dispositivo e também em diversas atividades diplomáticas junto ao governo para a difusão do espanhol no país.

Notícias de uma expansão

Analisamos dez notícias publicadas em oito diferentes veículos (7 jornais e 1 revista: El Confidencial, ABC, Fundación UNIR, El Diario, El País, La Razón, Spanish Xinhuanet, Revista Mía) da imprensa espanhola em 2018 sobre a ascensão do espanhol na China. Várias delas foram escritas por motivo do mesmo evento: a criação do centro de estudos da RAE na Universidade de Estudos Internacionais de Shangai. Nestas notícias tratamos de detectar os ideologemas relacionados ao valor simbólico da língua neste processo de expansão linguística.

Todas as notícias relacionam o aumento do interesse chinês pelo espanhol aos negócios daquele país com a América Latina: “Auge del español en China por el tirón de Latinoamérica” (Díez, 2018); “El español triunfa en China” (Latorre, 2018); “El prestigio de la educación internacional y el creciente interés de las empresas chinas por América Latina, sitúa al español como uno de los idiomas más demandados” (Latorre, 2018) e somente uma delas aponta também um aumento de investimentos chineses na Espanha. O tom triunfal fica patente nas escolhas de auge, triunfa e prestigio. É possível observar como marcas da hispanofonía estão completamente introjetadas no tratamento que a imprensa espanhola destina à sua língua: a Espanha ocupa um lugar naturalmente privilegiado em relações (suas e de terceiros) com a América Latina. Já a língua espanhola é considerada imparable. Trata-se de um lugar historicamente construído e naturalizado em ideologias, aqui linguísticas. Para Del Valle, “[...] las ideologías lingüísticas son sistemas de ideas que articulan nociones del lenguaje, las lenguas, el habla y/o la comunicación con formaciones culturales, políticas y/o sociales específicas” (2007a, 19,20). O autor afirma também que tais sistemas funcionam como eixo entre a linguagem e o extralinguístico, e que as ideologias linguísticas naturalizam concepções e práticas que, na verdade, são construídas com objetivos bastante concretos. Assim, dentro da lógica da “naturalização”, o lugar da Espanha como gestora de processos de expansão linguística internacional não costuma sofrer grandes questionamentos, e o papel que poderia ser ocupado por países latino-americanos na difusão linguística do espanhol é frequentemente apagado.

Ainda dentro deste constructo da autoridade espanhola em assuntos linguísticos, destaca-se a questão da falta de professores de espanhol que possam dar conta da demanda chinesa. Assim como no caso brasileiro no início dos anos 2000, a falta de professores é apontada como grande entrave para a expansão da língua. Há alguns anos, Pequim tem um programa piloto que inclui o ensino de espanhol na Educação Básica com a mesma carga horária que o inglês. Em 2018 este programa foi regulamentado e se estuda sua ampliação para o sistema educativo de todo o país. Este fato foi amplamente noticiado e motivou parte significativa das ações espanholas (como o convênio SISU - RAE): “El español va a ser obligatorio en China como segunda lengua... y ¡faltan profesores!” (Basallo, 2018); “El boom de los profesores españoles en China: ‘Aquí sí valoran lo que hacemos’” (Barnés, 2018). E ao tratar a questão da formação de professores, a imprensa situa a Espanha como única autoridade capaz de resolver o problema por meio de cursos de formação e acordos de cooperação: “[...] para entonces, también el castellano será suyo”, vaticina Barnés (2018) ao manifestar as expectativas espanholas acerca da formação de professores na China. Diferentes argumentos, sempre partindo da premissa de que a solução de todo e qualquer problema linguístico vem da Espanha, são usados:

A partir de la importancia de enseñar correctamente8 un idioma complejo como el español en un país tan lejano culturalmente, Villanueva y la RAE han diseñado una completa herramienta digital para facilitar el aprendizaje”. (Redacción, 2018)

[...] y para enseñarla (lengua española) nada mejor que hispanohablantes. Los mejores profesores de castellano en zonas como Oriente Medio, Asia o Pacífico son españoles9 que viven y trabajan en esas áreas y se capacitan para impartir la lengua del Quijote [...]. (Basallo, 2018)

Ou ainda como afirma Dario Villanueva em entrevista ao jornal El País:

“La RAE va a ayudar a implantar la lengua española en la enseñanza secundaria de China porque a los responsables de aquel país se les presenta un doble problema”, explica, “el profesorado y los recursos informativos para ejercer esa función. En lo primero no tenemos competencia”, precisa, “pero para lo segundo disponemos de nuestra nueva plataforma de servicios, Enclave RAE, que no tiene comparación en ninguna lengua del mundo, porque ofrece en el entorno digital toda la información ortográfica, gramatical y lexicográfica del español, y está pensada para distintos ámbitos, como la administración o la educación. (Morales, 2018)

O uso de correctamente ao se referir ao ensino de espanhol como língua estrangeira e a referência explícita a professores espanhóis naturalizam a superioridade da Espanha e da RAE como detentoras da gestão linguística e legitimam a posição deste país na condução da expansão internacional do espanhol.

A falta de professores capacitados e a capacidade de formação de futuros profissionais, assim como a inclusão do espanhol no currículo da escola regular são as grandes estrelas desta série de notícias. Junto às ações espanholas para dar conta da situação, o espanhol surge repetidas vezes como língua relacionada ao sucesso profissional, sem dúvida o ideologema mais marcado da expansão linguística na China: “Es la lengua del futuro”, “[...] pensé que si estudiaba español podía tener más oportunidades de encontrar trabajo” (Escalada, 2018); “El español es, cada vez más, percebido como una lengua internacional, que abre puertas al mundo de los negocios” (Vidal, 2018); “[...] dominar el castellano [...] se ha convertido en una herramienta imprescindible en la economía y en el valor añadido en el mercado laboral” (Escalada, 2018).

CONCLUSÃO

A expansão linguística executada pelo Estado espanhol se encontra com diferentes cenários que inevitavelmente a modificam. A análise glotopolítica nos mostra que a linguagem, enquanto fenômeno dialógico discursivo, tem uma relação permanente com o contexto e com a história.

Aqui tratamos de observar como se dá a gestão do status simbólico do espanhol em sua política de expansão transnacional, os deslocamentos e acomodações no âmbito ideológico.

É possível afirmar que tanto no Brasil como na China, a expansão linguística espanhola tem um caráter marcadamente econômico e mercantil, e responde a interesses geoestratégicos da Espanha. Por um lado, coloca-se em ação a indústria da língua com seus inúmeros serviços e produtos e, por outro, a própria língua funciona como “abre alas” para a ação espanhola em diferentes áreas. O Brasil, como outros destinos, era um grande mercado a ser explorado; já a China é um possível parceiro-investidor para a exploração conjunta de mercados.

O grande ponto de convergência nos dois processos é esta transformação da língua em produto (Ponte, 2013), uma coisificação que a converte em moeda, em passe imprescindível para o sucesso profissional e para um mundo globalizado, tal como indicam ideologemas detectados na série discursiva analisada aqui - no caso da China - e também na analisada por Del Valle e Villa (2007), no caso do Brasil. Tais ideologemas têm suas primeiras manifestações na superfície do discurso, mas terminam completamente arraigados a ele, naturalizando e provocando um efeito neutralizador nos sistemas ideológicos a que pertencem. Dentro destes sistemas ideológicos, em ambos os casos, a imprensa tem papel fundamental, uma vez que “abraça” todas as marcas do panhispanismo em suas narrativas.

Também coincide em ambos processos o fato de a Espanha se valer de relações com a América Latina (suas e de seus países-alvo) para seus movimentos de expansão linguística. No entanto, aqui residem mais assimetrias do que convergências, devido à diferente natureza das relações Brasil-América Latina e China-América Latina.

Para comentar tais assimetrias, é preciso retomar o conceito de hispanofonía como ideologia linguística que reafirma o lugar privilegiado ocupado pela Espanha em relação a suas antigas colônias.

[...] Es más bien una comunidad imaginada [...] sobre la base de una lengua común -imaginada también-; una lengua común que une, formando un vínculo afectivo, a todos aquellos que se sienten en posesión de la misma y que comparten un sentimiento de lealtad hacia ella. La hispanofonía es, por lo tanto, una ideología lingüística [...], un sistema de ideas, o mejor, de ideologemas, en torno al español históricamente localizado que concibe el idioma como la materialización de un orden colectivo en el cual España desempeña un papel central. (Del Valle, 2007b, 37, 38)

No caso das notícias que narram a “instalação” da língua espanhola na China, esse lugar espanhol fica patente: se explica repetidas vezes que o interesse chinês pelo espanhol tem sua origem no aumento dos negócios entre China e América Latina, no entanto, o fato de que são os espanhóis que devem ensinar espanhol aos chineses está absolutamente naturalizado e parece não haver nenhuma outra possibilidade. Já no caso brasileiro, é possível afirmar que as ideias de encontro e fraternidade são acolhidas em alguma medida (diferente do caso chinês, no qual tudo se pauta pelo enriquecimento profissional e econômico). Ao ser o Brasil um país latino-americano que compartilha com seus vizinhos de continente inúmeros aspectos históricos e culturais e cuja língua tem uma significativa proximidade com o espanhol, o contexto encontrado aqui é completamente diferente e propiciou a difusão do ideologema relacionado aos laços de amizade e aos laços culturais que nos unem aos países hispano falantes (incluída a Espanha): “Laços históricos, culturais, humanos e políticos tradicionalmente aproximam o Brasil e a Espanha”10. E assim, é possível afirmar que no processo de difusão da língua espanhola no Brasil circularam ideologemas de cunho afetivo lançando mão de relações com a Espanha e com os países da América Latina na mesma medida em que circularam ideologemas de cunho exclusivamente mercantil. O mesmo não ocorre na China.

Finalmente, é preciso mencionar uma reorientação estratégica no que se refere aos agentes da expansão linguística. No Brasil, o Instituto Cervantes (amparado pelo aparelho da Consejería de Educación) foi (e ainda é) o grande protagonista de negociações, oferta de serviços e inclusive atividades de cunho diplomático. Nada mais natural, uma vez que esta instituição foi criada precisamente com este objetivo: promoção e difusão da língua espanhola pelo mundo.

Já na China, a RAE tem desempenhado um papel bastante ativo, diferente do adotado em processos anteriores. A Real Academia Española constrói sua autoridade na Espanha não sem dificuldades. Villa (2015) mostra que é bastante complexa a batalha por trás da emergência de autoridades linguísticas no século XIX. Segundo a autora, a RAE consegue a concessão da exclusividade da determinação da norma gramatical em 1857 -após intensas disputas com outros segmentos - com a primeira lei integral de Educação na Espanha, a Ley Moyano. Desde então, a historiografia da língua espanhola concebe a seleção e implementação da norma pela RAE como um fenômeno ideologicamente neutro. É com base nesta suposta neutralidade - agora marcada por um moderno espírito inclusivo - que a Academia, no final do século XX, passa por uma significativa reorientação ideológica com a NPLP. Não obstante, a RAE sempre tutelou o controle do status simbólico do espanhol sem descer de seu pedestal, sem se mover deste lugar de tutora suprema dos destinos da língua. O próprio desenho da política linguística panhispánica revela práticas e exercícios de manutenção de uma autoridade construída há muito, fundamentalmente, mediante dois procedimentos que se conjugam: de um lado, a pretensão de elevar a participação das academias americanas e criar espaços de diálogo que, pelo menos no âmbito discursivo, conduzem à igualdade e à inclusão de “todos” na gestão linguística; de outro, a reorientação relacionada à diversidade, que substitui o temor pela celebração.

É importante mencionar que também há movimentos de resistência a este lugar que a RAE e os demais atores da política linguística da Espanha ocupam. Entre eles, podemos mencionar o recente Manifiesto ante la realización del VIII Congreso Internacional de la Lengua Española em Córdoba, Argentina. Por ocasião do congresso -evento promovido a cada dois anos pela RAE e pelo IC, e que funciona como grande vitrine para o panhispanismo- a Faculdade de Filosofía y Humanidades da Universidad Nacional de Córdoba promoveu a realização do Foro Latinoamericano de las Lenguas e do 1erEncuentro Internacional: Derechos Lingüísticos como Derechos Humanos en Latinoamérica que propunha uma reflexão situada na realidade latino-americana acerca do problema das línguas e sua articulação com outros âmbitos da sociedade. O manifesto afirma:

El paradigma que entiende los derechos lingüísticos como derechos humanos advierte sobre los peligros que se manifiestan cuando determinados estados o instituciones buscan entronizar una lengua (o variedad de lengua) con un estatus simbólico superior, política que genera la creencia naturalizada en su superioridad (o carácter hegemónico), cuyo efecto inmediato es el desplazamiento de otras lenguas y variedades al nivel de lo dependiente, lo ilegítimo, lo desautorizado. La violencia de esta política lingüística no es sólo simbólica pues, por la relación de interpretancia existente entre lengua, cultura y hablantes, junto con la promoción de la superioridad de una lengua se legitima una sociocultura y a sus hablantes, con el desplazamiento consiguiente de otras lenguas, socioculturas y hablantes hacia una inscripción de marginalidad, dependencia, inferioridad, atraso y pobreza. Se trata de una clara violencia que posiciona a algunos fuera de la cultura legítima y promueve procesos de alienación lingüística y vergüenza étnica o sociorregional.11

No entanto, não é o intuito deste trabalho verificar em que medida movimentos de resistência como o mencionado acima incidem sobre o desenho da política linguística espanhola, sobre as práticas de seus atores ou sobre ideologias linguísticas que circulam nos espaços de expansão internacional do espanhol. Sem a pretensão de apontar um motivo, ressaltamos que, se comparada com o processo no Brasil, chama a atenção a atuação da RAE na China, com a inauguração de parcerias, com uma preocupação explícita na formação de futuros professores de espanhol e com a promoção do Enclave RAE.

O processo de expansão linguística transnacional colocado em prática pelo Estado espanhol desde a década de 90 do século XX é um terreno muito fértil para a análise glotopolítica. Assim como nos casos da China e do Brasil, a presença espanhola em diferentes espaços e com diferentes interesses atrelados a usos, práticas e ao comércio linguístico revelam o lugar das línguas na sociedade. Revelam também que em processos de intervenção linguística o foco não é a língua, mas sim os impactos que tal intervenção pode ter em outros âmbitos sociais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arnoux, Elvira Narvaja. La Glotopolítica: transformaciones de un campo disciplinario. 2000. Disponível em: Disponível em: http://www.academia.edu/24563971/La_Glotopol%C3%ADtica_transformaciones_de_un_campo_disciplinario>. Acesso em: 12 maio. 2019.

Arnoux, Elvira; Del Valle, José. “Las representaciones ideológicas del lenguaje. Discurso glotopolítica y panhispanismo”. In: Spanish in context, 7 (1), 2010, 1-24.

Del Valle, José. “Glotopolítica, ideología y discurso: categorías para el estudio del estatus simbólico del español”. In: Del Valle, José (Org.). La lengua, ¿patria común? Ideas e ideologías del español. Madrid: Ed. Vervuert/Iberoamericana, 2007a, 13-29.

Del Valle, José. “La lengua, patria común: la hispanofonía y el nacionalismo panhispánico”. In: Del Valle, José (Org.). La lengua, ¿patria común? Ideas e ideologías del español. Madrid: Ed. Vervuert/Iberoamericana , 2007b, 31-56.

Del Valle, José; Villa, Laura. “La lengua como recurso económico: Español S.A. y sus operaciones en Brasil”. In: Del Valle, José (Org.) La lengua, ¿patria común? Ideas e ideologías del español. Madrid: Ed. Vervuert/Iberoamericana , 2007, 97-128.

Guespin, Louis; Marcellesi, Jean Baptiste. “Pour la glottopolitique”, Glottopolitique, Langages, n.83, 5-34, Larousse, reproduit avec l’autorisation de l’éditeur. [1986]. Tradução de José del Valle. In: Glottopol. Revue de sociolinguistique en ligne, n. 32, julho, 2019. Disponível em: <Disponível em: http://glottopol.univ-rouen.fr/numero_32.html>. Acesso em: 10 jul. 2019.

Moreno, Francisco. “El español en Brasil”. In: Sedycias, João (Org.) O ensino de espanhol no Brasil. Passado, presente, futuro. São Paulo: Ed. Parábola, 2005, 14-34.

Ponte, Andrea. General, globalizada, neutra, panhispánica e transnacional: la lengua, muitos nomes, um produto. Tese de Doutorado. FFLCH/USP, São Paulo: 2013. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8145/tde-14032014-101129/es.php>.

Ponte, Andrea. “La política lingüística panhispánica y sus nuevos instrumentos de difusión ideológica”. In: Revista Digital de Políticas Lingüísticas, v. 11, 2019, 88-104.

Ponte, Andrea. El español y lo español: una relación estrecha. In: Bein, Roberto et al. (Orgs.). Homenaje a Elvira Arnoux. Estudios de análisis del discurso, glotopolítica y pedagogía de la lectura y la escritura. Tomo II: Glotopolítica. Buenos Aires: Editorial de la Facultad de Filosofía y Letras de la Universidad de Buenos Aires, 2017, 203-218.

Ríos, Xulio. “El estado de las relaciones China-América Latina”. In: Documentos de trabajo, n. 1 (2ª época), 2019, Madrid, Fundación Carolina.

Villa, Laura. La oficialización del español en el siglo XIX. La autoridad de la Academia. In: Del Valle, José (Org.). Historia política del español. La creación de una lengua. España: Ed. Aluvión, 2015.

NOTÍCIAS ANALISADAS SOBRE A EXPANSÃO LINGUÍSTICA NA CHINA

Barnés, Héctor. El ‘boom’ de los profesores españoles en China: “Aquí sí valoran lo que hacemos”. In: El Confidencial, Madrid, 13 out. 2018. Disponível em: <Disponível em: https://www.elconfidencial.com/alma-corazon-vida/2018-10-13/espanol-china-boom-aprendizaje-idioma-ele_1628401/>. Acesso em: 10 jan. 2019.

Basallo, Alfonso. “El español va a ser obligatorio en China como segunda lengua... y ¡faltan profesores!” In: Fundación UNIR, La Rioja, 27 abr. 2018. Disponível em: <Disponível em: https://www.unir.net/educacion/revista/noticias/el-espanol-va-a-ser-obligatorio-en-china-como-segunda-lengua-y-faltan-profesores/549203612818/>. Acesso em: 10 jan. 2019.

Díez, Pablo. “Auge del español en China por el tirón de Latinoamérica”. In: ABC, Madrid, 28 nov. 2018. Disponível em: <Disponível em: https://www.abc.es/espana/abci-auge-espanol-china-tiron-latinoamerica-201811280408_noticia.html>. Acesso em: 10 jan. 2019.

Escalada, Paula. “El español da sus primeros pasos en China para salir de las aulas a la calle”. In: El Diario, Madrid, 23 set. 2018. Disponível em: < Disponível em: https://www.eldiario.es/cultura/espanol-primeros-pasos-China-salir_0_817518280.html>. Acesso em: 10 jan. 2019.

Latorre, Juan David. “El español triunfa en China”. In: Revista Mía, Madrid, 2018. Disponível em: <Disponível em: https://www.miarevista.es/actualidad/articulo/el-espanol-triunfa-en-china-541458544663>. Acesso em: 10 jan. 2019.

Morales, Manuel. “La RAE abre en China su primer centro de estudio del español”. In: El País, Madrid, 11 set. 2018. Disponível em: <Disponível em: https://elpais.com/cultura/2018/09/11/actualidad/1536684218_699716.html>. Acesso em: 10 jan. 2019.

Redacción. “El español aterriza en China para abrir puertas de la cultura hispánica, dice director de la Real Academia Española”. In: Spanish Xinhuanet, Madrid, 16 set. 2018. Disponível em: <Disponível em: http://spanish.xinhuanet.com/2018-09/16/c_137471801.htm>. Acesso em: 10 jan. 2019.

Vidal, Macarena. “Los duros comienzos del español, ‘un francés mal hablado’ en China”. In: El País, Madrid, 19 set. 2018. Disponível em: <Disponível em: https://elpais.com/cultura/2018/09/18/actualidad/1537294866_533527.html>. Acesso em: 10 jan. 2019.

SITES CONSULTADOS

Colégio Miguel de Cervantes. https://www.cmc.com.br/

Consejería de Educación de la Embajada de España en Brasil. http://www.exteriores.gob.es/Embajadas/BRASILIA/es/Embajada/Paginas/Consejer%C3%ADas/Consejer%C3%ADa-de-Educaci%C3%B3n.aspx

Itamaraty. http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ficha-pais/5117-reino-da-espanha

Real Academia Española: https://www.rae.es/noticias/la-rae-inicia-su-plan-estrategico-para-impulsar-en-china-su-plataforma-linguistica-enclave

Real Academia Española: https://www.rae.es/noticias/la-rae-visita-china-para-fortalecer-el-espanol-en-el-pais-asiatico

Notas

2 O Brasil é o país no mundo com maior número de centros do Instituto Cervantes: oito. Conta também com um centro cuja formação de professores é o foco (São Paulo).
3 Concretamente no Brasil, o IC realizou uma série de ações (sempre refreadas pela comunidade hispanista local) e tentativas de se envolver ativamente na formação de professores para a Educação Básica e no ensino de espanhol na escola regular.
4 Consórcio interuniversitário de Argentina: “Com o propósito de contribuir a uma política linguística e educativa regional que promova a valorização da diversidade e reconheça a importância dos códigos interculturais, um grupo de universidades nacionais decidiu, em 2004, articular seus esforços através da criação de um consórcio interuniversitário orientado ao ensino, à avaliação e certificação de Espanhol como Língua Segunda e Estrangeira (ELSE).” Disponível em: <https://www.else.edu.ar/pt-br/node/119>. Acesso em: 28 mar. 2020.
5 “Enclave RAE es el territorio de las palabras, el lugar donde la RAE pone a disposición del usuario los recursos lingüísticos que ha atesorado, en sus trescientos años de existencia, alrededor de las palabras: sus definiciones, su ortografía, los cambios que han sufrido a lo largo de los siglos e, incluso, el uso que se ha hecho de ellas en diferentes contextos. Sobre la base de estos recursos, la plataforma ofrece a la industria contenidos lingüísticos para que desarrolle aplicaciones y servicios, material para que el docente prepare sus secuencias educativas y herramientas indispensables en el quehacer diario de los profesionales de cualquier sector de actividad.” Disponível em: https://www.rae.es/noticias/enclave-rae-la-nueva-plataforma-de-la-real-academia-espanola. Acesso em: 12 jul. 2019.
8 Grifo nosso.
9 Grifo nosso.

Autor notes

Contato: andrea.ponte.ufpb@gmail.com

HMTL gerado a partir de XML JATS4R por