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APRESENTAÇÃO - FRONTEIRAS: REVISTA DE HISTÓRIA
Fronteiras: Revista de História, vol. 23, núm. 41, pp. 7-11, 2021
Universidade Federal da Grande Dourados

Apresentação

APRESENTAÇÃO - FRONTEIRAS: REVISTA DE HISTÓRIA

A atual edição da Fronteiras: Revista de História conta com oito artigos, uma resenha e uma entrevista. São trabalhos de pesquisa e incentivo à discussão de temas que buscam instigar pesquisadores e ampliar os debates em campos de interesse do historiador, como a literatura, a história das ciências, a questão das terras, eleições e os movimentos negros. Esta edição também marca o momento de encerramento das atividades de um grupo de editores que se somam aos novos editores na passagem para um novo ciclo do periódico que conta com mais de duas décadas de publicação.

Em “Entre a história e a pós-verdade: como lidar com as não ciências na construção histórica do conhecimento científico? Uma reflexão a partir do papel da alquimia nos Principia de Newton”, Ricardo Capiberibe Nunes e Wellington Pereira de Queirós trazem um interessante ponto de vista a respeito da pós-verdade – termo que, desde meados da década de 2010, tem sido usado para explicar o negacionismo que a ciência vem sofrendo nos últimos anos. Em uma análise que remonta aos estudos de Isaac Newton publicados nos Principia, no final do século XVII, os autores demonstram a importância que a alquimia, uma não ciência, teve na construção epistemológica do matemático e físico inglês. Com isso, criticam uma visão homeostático e fechado da ciência ao defenderem o caráter pluralista do conhecimento científico.

O artigo “Circulação da ciência e mobilização de olhares: o naturalismo francês mobilizado pela sociedade açucareira no Brasil da primeira metade do século XIX”, de Ramonildes Alves Gomes e Rafael Dalyson dos Santos Souza, apresenta um instigante contraponto à chamada “nacionalização do atavismo” consolidada por uma historiografia que insistiu em construir um quadro mental anti-reformista da elite proprietária de terras brasileira. Partindo de uma abordagem que pretende desnacionalizar o objeto de pesquisa, os autores analisam a obra “O Fazendeiro do Brazil”, de Frei Mariano da Conceição Veloso, que formava um conjunto de livros publicados no final do século XVIII e início do XIX, cujo objetivo era difundir o conhecimento a respeito do cultivo agrícola e ajudar no aprimoramento produtivo da elite proprietária de terras.

Com o objetivo de discutir a questão da posse e manutenção do poder sobre as terras e o processo de legalização da propriedade em meados do século XIX, Elaine Aparecida Cancian de Almeida em “Ocupação de terras e estratégias de consolidação do poder: o caso da fazenda Taboco (Miranda - Século XIX)” aborda o movimento de migração luso-brasileiro ocorrido nos campos da parte sul da província de Mato Grosso, em especial, na região de Miranda. Para sua análise, a autora persegue a família Alves Ribeiro, os fundadores da Fazenda Taboco, a fim de demonstrar um contexto em que a expropriação de terras indígenas, a falsificação de documentos e abuso de poder e prestígio resultaram na ocupação livre das terras e na contramão das normas legais.

Em “Considerações acerca da estrutura social da Rússia tzarista”, Luis Henrique de Freitas Calabresi procura traçar um panorama das décadas finais do Império Russo a partir da compreensão da estrutura social altamente hierárquica e imóvel, fundamentada na relação de servidão e de poder autocrático. O autor descreve o cenário em que a emancipação dos servos, ocorrida em 1861, não acarretou mudanças estruturais na sociedade nem nas relações de propriedade de terras.

Edson Silva, no artigo “O processo de modernização urbana de jacobina: superando a ‘estagnação’ e a ‘decadência’ e trilhando o caminho do ‘progresso’ (1955-1959)”, analisa o processo de modernização urbana ocorrido na cidade de Jacobina, na Bahia, durante a década de 1950. Os relatos jornalísticos são a base de informações que o autor utiliza para descrever as impressões e opiniões acerca das obras de pavimentação das ruas do centro da cidade, a forma e o território urbano produzido pelas obras de urbanismo e o posicionamento da imprensa local sobre as transformações urbanas e a gestão municipal.

Eudes Fernando Leite, em “‘E Corumbá surgiu por sobre a terra branca’: as graças de uma cidade e a jornada de um autor”, analisa o livro Corumbá de Todas as Graças, de Augusto César Proença, cuja obra, que reúne memória, crônica e jornalismo, oferece um diálogo entre o processo histórico no qual está presente a cidade de Corumbá e sua capacidade de construir uma imagem para a urbe. Idealizada como ponto referencial nos longínquos sertões coloniais e, mais tarde, como porta de entrada para o pantanal, Corumbá é descrita por Augusto Proença com cores graciosas em um misto de história e memória do autor, mas sem desconsiderar as mazelas que assolavam a sua população – momento em que se destaca a atuação do religioso salesiano, Padre Ernesto Sassida, criador e gestor de um projeto de assistência social na cidade.

Em outro estudo que também aproxima história e literatura, Jean Carlos Rodrigues e Brendon Husley Rimualdo Rodrigues analisam a formação identitária no estado do Tocantins a partir da obra Tipos de Rua, de 2011, do escritor Juarez Moreira Filho, cuja ambientação narrativa apresenta a dualidade de uma região, concentrada na cidade de Dueré, que fazia parte do norte goiano e atualmente faz parte do estado do Tocantins. Em “Espaço e literatura: a problemática da identidade regional tocantinense na literatura de Juarez Moreira Filho”, os autores analisam a problemática da identidade entre o discurso do abandono e os movimentos emancipacionistas.

No artigo intitulado “Avançando para águas mais profundas: a participação da Renovação Carismática Católica do Paraná nas Eleições de 2010”, Lara Pazinato Nascimento e Frank Antonio Mezzomo analisam a participação de candidatos ligados a instituições religiosas em disputas eleitorais, resultando em um estreitamento na fronteira entre os campos da religião e da política. Partindo de um estudo de caso, as eleições estaduais no Paraná de 2010, os autores demonstram como se deu a influência da Renovação Carismática Católica (RCC) e do Ministério Fé e Política (MFP) desde a criação de materiais e elaboração de estratégias de divulgação de campanha até a escolha dos candidatos oficiais e participação de identidades carismáticas nos materiais de propaganda eleitoral.

O professor Ricardo Oliveira da Silva, resenhou o livro de Victoria Smolkin, publicado em New Jersey pela Princeton University Press em 2018, intitulado A Sacred Space is Never Empty: a history of soviet atheism, nos oferendo a oportunidade de mais uma leitura de suas pesquisas sobre ateísmo.

Finalizamos a primeira edição de 2021 com a rica entrevista produzida por Carol Lima de Carvalho, que segue intitulada como “Teoria e prática na construção da história: uma conversa com a professora Jeruse Romão”. Entrevista realizada em dezembro de 2020, com a Professora Jeruse Romão: mulher, negra, pedagoga, mestre em Educação e intelectual potente, protagonista na luta do movimento negro, referência no campo da Educação das Relações Étnico Raciais (ERER), nas formações de professoras/es e na implementação da Lei Federal 10.639/03 numa perspectiva que visibiliza as histórias locais e os modos de ser, ver e sentir o mundo das populações africanas e afro-brasileiras. Sua presença aqui é relevante para refletir sobre a potência das mulheres em Florianópolis – SC, ao evidenciar a importância de reconhecer epistemologias plurais, vinculadas à não dissociação entre teoria e prática, assim como os desafios enfrentados pelas mulheres negras no tempo presente e as relações com narrativas de mulheres negras no carnaval das escolas de samba da cidade de Florianópolis - SC. Por fim, uma discussão em torno também do movimento negro, movimento de mulheres negras e as intersecções entre gênero, classe e raça.

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Comunico ao nosso público leitor que a partir do segundo semestre de 2021, eu Prof. Dr. Leandro Baller encerro os meus trabalhos como editor-chefe da Fronteiras: Revista de História, trabalho que prazerosamente desenvolvi nos últimos seis anos (2015-2021) em conjunto com outros docentes que sempre estiveram ao meu lado, não apenas auxiliando, mas sim encabeçando o árduo trabalho de editoração que desempenhamos em todos os Conselhos da Revista, desde o provisório e atuante Conselho Ad-hoc, o Conselho Consultivo, o Conselho Editorial e aos Editores Adjuntos.

Durante esse período, a Fronteiras manteve sua característica, publicando de forma variada a diversidade sobre/da produção científica em distintas áreas de conhecimento, mostrando o seu caráter interdisciplinar, não sendo este apenas um discurso, mas sim uma prática corriqueira e permanente no interior do periódico. Destacaram-se artigos, resenhas e entrevistas, que foram postos à disposição dos/as leitores/as por meio de suas seções, dentre as quais 11 de dossiês temáticos e 15 de artigos livres, perfazendo nesse período 15 edições, com cerca 200 textos publicados, envolvendo dezenas de pessoas, entre pareceristas, diagramadores, equipe técnica da Editora da UFGD por meio do Portal Periódicos e, sobretudo, ao grupo de docentes do Curso e do Programa de Pós-Graduação em História da UFGD, bem como de outras universidades. Ampliamos sobremaneira o nosso alcance com a utilização cada vez maior das plataformas e dos sistemas online, bem como a sua difusão por meio das redes sociais e também com a otimização das pesquisas em catálogos, buscando permanentemente a atualização e a inserção da Revista em diversas e novas bases de dados e indexadores em diferentes partes do mundo.

A última edição vol. 22, n. 40 de 2020; bem como na atual vol. 23, n. 41 de 2021, não publicamos dossiês temáticos, pois procuramos concluir uma atividade que vínhamos desenvolvendo a algum tempo em conjunto com a Editora da UFGD e com a Editora da UFMS. Tal trabalho envolveu a digitalização e a posterior publicação online na página da Revista, de seus antigos números impressos entre os anos de 1997 até 2004 totalizando com isso mais 13 edições que foram reunidas e postas à disposição do público leitor. A publicação online desses números é importante, pois agrupa as edições de toda a Revista, mantendo um acervo peculiar para pesquisas e referências, sendo que entre um e outro período o contexto institucional se alterou, bem como o seu formato de disposição ao público, passando do meio impresso ao digital. Agradeço aos/às envolvidos/as nesse trabalho, pois ele também contribui na inserção cada vez maior da Fronteiras na história institucional da UFGD, mostrando a dinamicidade dos meios de publicação do PPGH.

Nesse momento faço um agradecimento especial ao Prof. Dr. Fabiano Coelho, que encerrou suas atividades na Revista no primeiro semestre de 2020 sendo ao meu lado editor-chefe, e ao Prof. Dr. Thiago Leandro Vieira Cavalcante que também encerrará suas atividades no primeiro semestre de 2021 como editor-adjunto da Revista, ambos atuando desde 2015. Nomear a todos/as nesse momento penso não ser possível, mas a lembrança e o fraterno reconhecimento e agradecimento a todos/as pareceristas, conselheiros/as, organizadores/as de dossiês, a quem passou pela editoração adjunta do periódico, e sobretudo aos/às dezenas de autores/as que tive o prazer de conhecer, segue aqui o meu sincero muito obrigado.

Agradeço aos competentes editores que nos antecederam na Revista, reforço o meu apoio e os votos de excelentes trabalhos à nova e já atuante equipe que assumirá, tendo a certeza de que a Fronteiras: Revista de História, se faz também com a sua própria história durante as mais de duas décadas de existência.

Dourados – MS, inverno de 2021,

que nossa empatia chegue até vocês,

reforçamos o consternar de nosso grupo a todas as

pessoas que sofrem com a pandemia de Covid 19.



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