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Recepción: 29 Mayo 2021
Aprobación: 30 Junio 2021
DOI: https://doi.org/10.30612/frh.v23i41.15004
Resumo: Nosso objetivo é analisar a atuação da Renovação Carismática Católica (RCC), por meio do Ministério Fé e Política (MFP), nas eleições proporcionais de 2010 no Paraná. Nesse ano ocorreu a primeira inserção carismática institucionalizada em disputas eleitorais no estado em questão, quando a RCC/PR apoiou as campanhas de Gessani (PP) e Evandro Araújo (PHS) à Assembleia Legislativa do Paraná, e de Jura (PHS) à Câmara dos Deputados. A partir de uma abordagem qualitativa, coletamos materiais online de campanha dos candidatos, publicações de fotos e textos em mídias sociais e documentos sobre eleições produzidos pela RCC nacional e paranaense. A presença da religião nessas campanhas eleitorais está na atuação da RCC/PR na escolha de candidatos oficiais e elaboração de estratégias de divulgação de campanha, no acionamento da identidade carismática nos materiais de propaganda eleitoral e no apoio da alta hierarquia católica. A atuação dos católicos na arena eleitoral, particularmente no que concerne aos carismáticos no Paraná, vem se mostrando cada vez mais habituais e tornando difusas as fronteiras entre os campos da religião e da política.
Palavras-chave: Ministério Fé e Política, RCC, Religião e política.
Abstract: Our goal is to analyze the performance of the Catholic Charismatic Renewal (CCR), by means of the Ministry of Faith and Politics (MFP), in the 2010 proportional elections in Paraná. That year, the first institutionalized charismatic insertion in an electoral race occurred in the aforementioned state, since the CCR/PR supported the campaigns of Gessani (PP) and Evandro Araújo (PHS) for the Legislative Assembly of Paraná, and Jura (PHS) for the Chamber of Deputies. Grounded on a qualitative approach, we collected the candidates' online campaign materials, photographic and textual sources from social media, as well as election documents produced by the national and the Paraná branches of the CCR. The presence of religion in these electoral campaigns is seen in the role of the CCR/PR in choosing official candidates and constructing campaign dissemination strategies, in the mobilization of the charismatic identity in electoral propaganda materials, and in the support from the Catholic high hierarchy. The role of Catholics in the electoral arena, particularly concerning charismatics in Paraná, has become increasingly usual and has been causing the blurring of the borders between the fields of religion and politics.
Keywords: Ministry of Faith and Politics, CCR, Religion and politics.
Resumen: Nuestro objetivo es analizar el desempeño de la Renovación Carismática Católica (RCC), a través del Ministerio de Fe y Política (MFP), en las elecciones proporcionales de 2010 en Paraná. Ese año se produjo la primera inserción carismática institucionalizada en disputas electorales en el estado en cuestión, cuando la RCC/PR apoyó las campañas de Gessani (PP) y Evandro Araújo (PHS) por la Asamblea Legislativa de Paraná, y de Jura (PHS) para la Cámara de Diputados. Con base en un enfoque cualitativo, recopilamos materiales de campaña en línea de los candidatos, publicaciones de fotos y texto en las redes sociales y documentos electorales producidos por la RCC nacional y de Paraná. La presencia de la religión en estas campañas electorales se ve en el papel de la RCC/PR en la selección de candidatos oficiales y la construcción de estrategias de difusión de campaña, en la movilización de la identidad carismática en los materiales de propaganda electoral y en el apoyo de la alta jerarquía católica. El papel de los católicos en la arena electoral, particularmente en lo que respecta a los carismáticos en Paraná, se ha vuelto cada vez más habitual y ha estado provocando la difuminación de las fronteras entre los campos de la religión y la política.
Palabras clave: Ministerio de Fe y Política, RCC, Religión y política.
Introdução1
No Brasil, desde a redemocratização no final da década de 1980, tem sido observada a frequente participação de indivíduos vinculados a instituições religiosas em disputas eleitorais, sendo o envolvimento da religião na política partidária marcado pela presença de evangélicos e católicos a defender interesses denominacionais. Entre os seguidores do catolicismo que adentram essa empreitada, a Renovação Carismática Católica (RCC) se mostra significativamente engajada, tendo constituído até mesmo um setor específico em sua estrutura organizacional que vem contribuindo para a eleição de políticos carismáticos: o Ministério Fé e Política (MFP), com presença em muitos estados da federação.
A RCC é um movimento do catolicismo originado nos Estados Unidos em 1967, que chegou ao Brasil em 1969 e traz uma forma de adoração alicerçada na manifestação dos dons do Espírito Santo, em muitos aspectos compartilhando semelhanças com o pentecostalismo evangélico. Assim como as práticas religiosas, também a ação política dos carismáticos se assemelha em variados aspectos àquela dos evangélicos pentecostais e, apesar de uma disputa por espaço na esfera pública travada por esses grupos cristãos, esses frequentemente trabalham juntos para alcançar objetivos em comum, como as bandeiras contrárias ao aborto e à conquista de direitos do movimento LGBT (MACHADO, 2015). Além disso, a participação dos carismáticos em disputas eleitorais vem incorporando estratégias similares às dos evangélicos, como o acionamento de simbologia, linguagem e pertencimento religioso (CARRANZA, 2017; SEXUGI; MEZZOMO; PÁTARO, 2018).
O movimento carismático possui uma hierarquia formada basicamente por leigos, disposta verticalmente em coordenações em nível nacional, estadual e diocesano. Os coordenadores diocesanos são subordinados ao coordenador estadual que, por sua vez, responde ao de âmbito nacional, sendo cada coordenação amparada por um conselho (REIS, 2016). O Conselho Nacional toma responsabilidade para definição dos projetos da RCC, e acompanha o funcionamento dos grupos de oração, habitualmente organizados nas paróquias em encontros semanais, e que consistem na base estrutural do movimento (JURKEVICS, 2004). Para prestar suporte a esses grupos, são formados os ministérios – dentre os quais consta o MFP –, também liderados por coordenações em estrato diocesano, estadual e nacional. Essa organização implica em uma significativa capilaridade e sintonia, afinal conecta o leigo que congrega nos grupos de oração e na capela, menor escala de sociabilidade religiosa, às ações e planos definidos nacionalmente. No tempo de política, essa articulação pode ser acionada, criando uma estrutura eleitoral eficaz e paralela à dos comitês partidários (PALMEIRA; HEREDIA, 2010; PRANDI; SANTOS; BONATO, 2019).
A despeito das diretrizes estabelecidas a nível nacional e verticalizadas às demais instâncias da hierarquia da RCC, o MFP não funciona de maneira uniforme em todo o país, nem mesmo estando em todos os estados brasileiros (PROCÓPIO, 2017; REIS; SOUZA, 2018). Nesse sentido, também a concessão de apoio do MFP a candidatos carismáticos em disputas eleitorais acontece de forma heterogênea, variando em intensidade de engajamento em cada contexto, bem como trazendo discordâncias internas ao movimento a respeito dessa inserção institucionalizada na política (CARRANZA, 2017; MIRANDA, 2015; PROCÓPIO, 2017; REIS, 2016).
No caso da Renovação Carismática Católica do Paraná (RCC/PR), as pesquisas têm observado uma atuação consideravelmente diretiva e estruturada no apoio a representantes do movimento na política (MEZZOMO; PÁTARO, 2019; SEXUGI, 2019; SEXUGI; MEZZOMO; PÁTARO, 2018). Desde 2010, o Ministério Fé e Política paranaense (MFP/PR) vem participando de campanhas eleitorais de candidatos carismáticos, contando atualmente com um deputado federal – Diego Garcia, eleito em 2014 pelo Partido Humanista da Solidariedade (PHS) e reeleito em 2018 pelo Podemos (PODE) – e um deputado estadual – Evandro Araújo, filiado ao Partido Social Cristão (PSC), que assumiu o mandato em 2015 após alcançar a condição de suplente nas eleições de 2014 e foi reconduzido ao cargo em 2018 –, e tendo também contribuído para a eleição de membros da RCC/PR a cargos no legislativo e executivo em vários municípios do Paraná.
Assim, nosso objetivo nesse artigo é analisar a atuação do MFP/PR nas eleições de 2010, momento que consistiu na estreia da RCC/PR na concessão de apoio institucionalizado a campanhas eleitorais. No pleito em questão, o movimento carismático participou das campanhas de dois candidatos à Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) – Evandro Araújo, pelo PHS, e Gessani, filiado ao Partido Progressista (PP) –, e de um candidato à Câmara dos Deputados – Jura, com filiação ao PHS. Buscamos compreender, com isso, as motivações e estratégias da RCC/PR e do MFP/PR nessa primeira atuação eleitoral, bem como a mobilização da identidade carismática e de elementos religiosos na construção das campanhas e das pautas defendidas pelos candidatos.
Coletamos e analisamos materiais relacionados às campanhas dos candidatos carismáticos apoiados pelo MFP/PR em 2010, como fotos, flyers, banners e textos disponibilizados online em mídias sociais como Twitter e blogs, além de fontes e documentos produzidos pela RCC nacional e paranaense a respeito da inserção política do movimento carismático em eleições. Realizamos esse estudo a partir de uma perspectiva qualitativa voltada à compreensão dos sentidos e dos processos trazidos pela análise das fontes coletadas (AUGUSTO et al., 2013; BARDIN, 2002).
Com essa problematização, buscamos contribuir para a compreensão das aproximações e conexões entre as fronteiras da religião e da política, movimentação que teve nas disputas eleitorais de 2010 um ponto de aprofundamento, e que não vem demonstrando arrefecimento desde então (ALMEIDA, 2019; ORO; MARIANO, 2010; TADVALD, 2015). Ainda, pretendemos ampliar a discussão acerca da atuação carismática na política brasileira, talvez ainda pouco explorada pela literatura, sobretudo se considerarmos o cenário paranaense, em que a institucionalização desse processo se mostra atuante, colocando-se como sujeito ativo na esfera pública, em particular nos pleitos eleitorais.
As eleições de 2010 no Brasil e no Paraná: aproximações com o campo religioso
A eleição presidencial de 2010 foi, ao menos até aquele momento, o pleito em que mais intensamente se observou uma articulação entre religião e política. Por meio do acionamento de um discurso de defesa da moral e dos valores cristãos, grupos religiosos demonstraram uma reconfiguração de seu envolvimento político e da reação e oposição à luta por direitos de minorias, como o movimento feminista e LGBT, além de assídua utilização da internet e mídias religiosas para propagar a oposição a esses temas. Assim, segmentos católicos e evangélicos pressionaram e influenciaram significativamente as campanhas eleitorais dos presidenciáveis, contribuindo para que pautas como o casamento homoafetivo, a liberdade religiosa e, principalmente, a descriminalização do aborto, fossem pontos centrais daquela disputa eleitoral (ORO; MARIANO, 2010; MACHADO, 2012; PIERUCCI, 2011; TREVISAN, 2015).
No primeiro turno das eleições de 2010, realizado em 3 de outubro, nove candidatos disputaram a Presidência da República. A maior parte do eleitorado se concentrou nas candidaturas de Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), que receberam 46,91%, 32,61% e 19,33% dos votos válidos, respectivamente, enquanto os demais candidatos não ultrapassaram a marca de 1%. É interessante ressaltar que, em um pleito marcado por pressões do campo confessional que visavam cercear direitos femininos, as duas únicas mulheres que participaram da disputa presidencial somaram mais de 66% dos votos (MACHADO, 2012). Dilma Rousseff foi, então, conduzida a disputar com José Serra o segundo turno realizado em 31 de outubro, no qual recebeu 56,05% dos votos válidos contra 43,95% do candidato tucano, tornando-se a primeira mulher eleita à Presidência do Brasil (TSE, 2015).
Já na primeira etapa da corrida eleitoral, o acionamento da religião e as relações de apoio ou oposição de lideranças e grupos religiosos aos três principais candidatos se fez presente. Marina Silva, em busca de demonstrar que seu pertencimento à Assembleia de Deus não comprometeria sua atuação na política, posicionou-se na campanha em defesa da laicidade do Estado. Ao adotar determinadas estratégias – como a de se colocar a favor da realização de plebiscito para a tomada de decisão sobre a descriminalização do aborto –, deixou de ser apoiada por lideranças evangélicas, dentre as quais o pastor assembleiano Silas Malafaia, que declarou seu voto em José Serra. No entanto, a candidata do PV não deixou de divulgar sua campanha em espaços evangélicos, embora não tenha recebido apoio oficial de nenhuma denominação expressiva. Ainda assim, alcançou considerável votação entre os eleitores evangélicos, o que pode ter ocorrido em função de sua identidade religiosa (ORO; MARIANO, 2010; MACHADO, 2012; TREVISAN, 2015).
José Serra, que se declarou seguidor do catolicismo, participou ativamente de eventos religiosos, missas e cultos, com vistas a angariar apoio de católicos e pentecostais. Sustentando, desde o início da campanha, um posicionamento conservador e de direita, que abrangeu a pauta da defesa da vida, contou com o apoio do já citado Silas Malafaia, e de líderes da Igreja Mundial do Poder de Deus, Bola de Neve e da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (ORO; MARIANO, 2010). Nesse sentido, independentemente da vinculação assembleiana de Marina Silva, foi ao candidato tucano que dedicaram seus votos os pastores que enfaticamente procuravam corroborar para a vitória de discursos conservadores (MACHADO, 2012).
Dilma Rousseff foi a presidenciável das eleições de 2010 que mais buscou aproximação a evangélicos e católicos. Ao ser indicada por Lula para disputar a Presidência, passou a marcar presença em cultos, celebrações e eventos cristãos para estreitar seus laços com esses segmentos religiosos e suas lideranças. No ano eleitoral, para conter a desaprovação dos votantes em função de sua suposta irreligiosidade, a candidata assumiu publicamente identidade católica, mas a situação foi agravada quando a imprensa divulgou declarações de Dilma, anteriores ao pleito, a favor da descriminalização do aborto. Isso levou bispos e carismáticos católicos, bem como lideranças evangélicas, a se colocarem contra a campanha petista, empregando templos e a internet intensamente para orientar os fiéis, explícita ou implicitamente, a não votar na candidata (ORO; MARIANO, 2010; TADVALD, 2010).
Após essa polêmica, Dilma Rousseff tentou recuperar sua imagem entre os eleitores cristãos. Visando abrandar a ala conservadora do catolicismo, cujos ataques à campanha vieram especialmente dos movimentos Opus Dei, Defesa da Vida e RCC, a candidata foi auxiliada por Gabriel Chalita, carismático vinculado à emissora católica Canção Nova e eleito deputado federal em 2010 pelo PSB, que a acompanhou em espaços e celebrações católicas, e intermediou o contato com a hierarquia eclesiástica. Ao longo do período que antecedeu o primeiro turno, Dilma participou também de reuniões com denominações evangélicas em busca de apoio político, foi defendida publicamente na internet pelo fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, e procurou desmentir boatos como aqueles que a acusavam de satanismo e de ser a favor do aborto. Apesar disso, a movimentação religiosa contra a presidenciável do PT aumentou a rejeição à sua candidatura, o que contribuiu para que a eleição fosse decidida apenas no segundo turno (ORO; MARIANO, 2010; MACHADO, 2012).
Após o primeiro turno, a discussão acerca da união civil e do casamento gay, da liberdade religiosa e, principalmente, da descriminalização do aborto, foi intensificada e se tornou central tanto na campanha de Dilma Rousseff quanto na de José Serra. Os dois finalistas do pleito presidencial acionaram a religião em seus materiais de propaganda eleitoral, buscando enfatizar suas identidades religiosas e se comprometer a atender as exigências desses segmentos conservadores, bem como novamente participaram de celebrações cristãs. A representante petista acionou a ação de deputados e senadores evangélicos, que a defenderam na rua, em templos e na mídia para tentar mudar sua imagem no meio religioso, além de receber apoio de lideranças católicas e evangélicas. Enquanto Dilma corria para estreitar relações com o campo confessional, José Serra empregou com afinco a moralidade religiosa como estratégia de campanha, construindo uma ideia de “batalha contra o mal” em que seria o representante “do bem” e exibindo enfaticamente uma imagem de cristão tradicionalista e “defensor da vida” (ORO; MARIANO, 2010).
O debate moral foi ainda mais fomentado nos momentos finais da eleição, quando o Papa Bento XVI, em reunião no Vaticano três dias antes do segundo turno, pediu aos bispos brasileiros presentes que orientassem os fiéis quanto ao voto, enfatizando a necessidade da manutenção dos símbolos religiosos na esfera pública, do ensino religioso nas escolas e da luta contra a descriminalização do aborto (LUNA, 2014; SANTA SÉ, 2010). Esse acontecimento gerou constrangimento no meio católico progressista e, no dia seguinte a essa fala do Papa, o sacerdote Gabriel Cipriani, assessor do Conselho de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), participou do “Encontro de Dilma com os cristãos”, em Brasília, e prestou apoio à candidata (MACHADO, 2012). Contudo, no que diz respeito às reações de movimentos católicos tradicionalistas sobre tais questões polêmicas na esfera pública, que contaram ainda com o aval do Papa, é possível dizer que a disputa de 2010 pela Presidência da República marcou a emergência da ala conservadora da Igreja Católica na política brasileira pós-redemocratização, que, até então, recebia maior atuação da vertente progressista do catolicismo (ORO; MARIANO, 2010).
No cenário paranaense do pleito de 2010, em que a RCC/PR teve sua estreia em disputas eleitorais, estavam aptos um total de 7.597.999 votantes; destes, 6.347.623 compareceram ao primeiro turno. No que diz respeito à eleição presidencial, José Serra foi o candidato mais votado no Paraná, alcançando o percentual de 43,94% dos votos válidos contra 38,94% de Dilma Rousseff no primeiro turno, e 55,44% contra 44,56% no segundo (TRE-PR, 2010), indicando uma possível tendência conservadora do eleitorado em questão. Ao cargo de governador do Estado, concorreram sete pretendentes, dos quais se destacaram Osmar Dias (PDT), que fez 45,63% dos votos, e Beto Richa (PSDB), que saiu vitorioso já no primeiro turno, com 52,44% dos votos válidos (TRE-PR, 2010).
Durante a campanha, os dois candidatos mais votados ao governo paranaense se aproximaram de grupos religiosos e acionaram valores cristãos em seus discursos. Osmar Dias participou de encontro com 780 lideranças evangélicas do Paraná, durante o qual se comprometeu a defender os “valores da família”, tendo como foco o combate às drogas e propondo um trabalho integrado com as igrejas nesse âmbito (AGOSTINHO, 2010). Beto Richa, embora tenha se colocado a favor da união civil homoafetiva, declarou-se contra a adoção de crianças por gays, e, apresentando-se como cristão, afirmou ser contra a descriminalização do aborto (SABATINA FOLHA..., 2010). Assim como seu principal adversário nas urnas, o candidato do PSDB se reuniu com mais de 700 dirigentes evangélicos, também citando a importância da atuação das instituições religiosas na conscientização contra as drogas e recuperação de dependentes químicos (CAMPANA, 2010). Articulação similar também foi vista entre os concorrentes ao Senado, como é o caso dos dois candidatos eleitos, Gleisi (PT) e Requião (PMDB), que buscaram aproximação com lideranças evangélicas (BRITO, 2010; REQUIÃO, 2010).
No que diz respeito às eleições a deputado federal, que contaram com 337 candidatos inscritos e nas quais o MFP/PR declarou apoio oficial a Jura, o eleitorado paranaense contribuiu para o fortalecimento da bancada evangélica do Congresso Nacional em 2010 com quatro parlamentares: André Zacharow (PMDB), Edmar Arruda (PSC), e os assembleianos Delegado Francischini (PSDB) e Takayama (PSC, reeleito) (DIAP, 2010). No espectro do catolicismo, é possível citar a reeleição de Nelson Meurer (PP) e Osmar Serraglio (PMDB), integrantes da Pastoral Parlamentar Católica no Congresso (VITAL; LOPES, 2013). Nessa esteira, é também válido apontar a utilização de títulos religiosos nos nomes de urna no pleito à Câmara dos Deputados, como foi o caso de Pastor Jose Vieira de Santana (PMN, não eleito), Pastor Oliveira (PRB, suplente, tendo assumido o cargo em 2013), Missionária Lucia (PSDB, candidatura indeferida) e Missionário Ricardo Arruda (PSC, suplente) (TSE, 2010), o que torna ainda mais visível uma identidade religiosa dos candidatos.
A disputa de 2010 pelas 54 cadeiras disponíveis na ALEP, que contou com 641 candidatos inscritos, também foi palco para a mobilização de elementos religiosos. Representando os católicos, além dos candidatos do MFP/PR, Evandro Araújo (PHS) e Gessani (PP), podemos citar Padre Roque (PTB), que utilizou o título eclesiástico em seu nome de urna. Já os evangélicos participaram do pleito com candidatos como Gilson de Souza (PSC, eleito), Cantora Mara Lima (PSDB, eleita) – cujo nome de urna faz referência à sua carreira como cantora gospel –, e os seguintes pleiteantes que utilizaram títulos religiosos: Pastora Leila (PMN, suplente), Pastor Edson Praczyk (PRB, eleito), Pastor Gerson Araújo (PSDB, suplente), Pastor Luiz Gomes (PSL, suplente), Pastor Reinaldo (PTC, suplente), Pastor Sebastião (PMN, suplente), Pastor Selvino Renner (PSL, suplente) e Pastor Valdemir (PMN, suplente) (TSE, 2010).
Diante desse contexto, percebemos como a religião contribuiu consideravelmente para o estabelecimento de posicionamentos políticos de candidatos nas eleições de 2010. As bandeiras morais contra a luta por direitos do movimento LGBT e a descriminalização do aborto, fundamentadas no discurso religioso, tiveram peso significativo no desenrolar do pleito, com grupos e lideranças cristãs exercendo pressão sobre os candidatos, sendo o maior exemplo, no que diz respeito à cena católica, a atuação do Papa Bento XVI nesse sentido. Com isso, candidatos buscaram sintonizar suas propostas de campanha aos ecos do meio religioso para garantir apoio eleitoral, construindo alianças com lideranças cristãs e tentando transmitir uma imagem de cristão praticante.
A imersão carismática em águas eleitorais paranaenses
A partir desta última década, a RCC/PR tem buscado adentrar em águas mais profundas da atuação carismática na sociedade. Por meio do MFP/PR, o movimento participou da campanha de vereadores e prefeitos que alcançaram a eleição em diversas regiões do Paraná, além de contar com um deputado estadual e um deputado federal, talvez os maiores destaques de sua ação eleitoral. Alicerçado em diretrizes nacionais do movimento carismático, bem como em estratégias que envolvem o acionamento da religião e do pertencimento à RCC na campanha dos candidatos apoiados oficialmente e o incentivo ao engajamento dos demais membros do movimento na divulgação das candidaturas durante os pleitos, o MFP/PR parece vir garantindo espaço aos interesses da Igreja e do carismatismo católico na política.
A primeira inserção institucionalizada da RCC e do MFP do Paraná em disputas eleitorais se deu no ano de 2010, quando o movimento concedeu apoio oficial ao candidato Jura (PHS) para deputado federal, e aos candidatos Evandro Araújo (PHS) e Gessani (PP), ao cargo de deputado estadual. Embora nenhum dos três tenha alcançado a eleição – Jura conquistou um total de 60.807 votos, Evandro Araújo contou com 34.169 eleitores, e Gessani com 16.971 (TSE, 2015) –, esse pleito foi o pontapé inicial para a ação da RCC/PR na política, que veio a se mostrar consideravelmente frutífera em eleições posteriores. Tal navegação em mares mais profundos teria ocorrido com o incentivo explícito da alta hierarquia católica do Paraná.
Dom Moacyr José Vitti, então Arcebispo de Curitiba e Presidente do Regional Sul II da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), expressou apoio que teria sido decisivo para que a RCC/PR assumisse as campanhas eleitorais de seus integrantes. O sacerdote denotou que o movimento carismático paranaense deveria “avançar para águas mais profundas”, e indicou uma necessidade urgente de participação ativa dos leigos na política em decorrência das adversidades nela existentes, recomendando, então, que a RCC/PR acompanhasse, por meio de um conselho, seus membros que apresentassem vocação a cargos políticos (RCC/PR, 2013).
A atuação da vertente paranaense do catolicismo carismático nas eleições de 2010 ocorreu alicerçada na Instrução Normativa 01/09 (RCC/PR, 2013), documento que vigorou a partir de 2009 até ser substituído por uma nova versão em 2015, e foi desenvolvido pela RCC/Brasil para estabelecer diretrizes nacionais, particularmente no que concerne ao MFP, a respeito da concessão de apoio a candidatos carismáticos na arena eleitoral. Entre as regulamentações delimitadas pela Instrução Normativa 01/09, está o estímulo ao “diálogo permanente com o bispo local, inclusive, comunicando e buscando autorização, ainda que verbal e informalmente, antes do desenvolvimento das ações de acompanhamento do processo eleitoral naquela instância eclesiástica” (RCC/BRASIL, 2012, p. 18), o que sinaliza para a consonância do MFP/PR com as normas nacionais do movimento.
Além disso, Reis (2016) aponta o papel do episcopado na própria escolha dos candidatos apoiados pelo movimento carismático do Paraná, trazendo a fala de um coordenador de grupo de oração que conta que, para o pleito de 2010, Jura foi selecionado pela RCC por indicação de Dom Moacyr, e Gessani a pedido de Dom Laurindo Guizzardi, bispo de Foz do Iguaçu. Com isso, observamos um envolvimento ativo de membros do clero em meio à atuação eleitoral da RCC/PR, o que demonstra uma busca para que representantes da Igreja Católica alcancem posições de poder na sociedade, ainda que a instituição religiosa seja – ou assim o diga – neutra no que tange à política partidária.
Em setembro de 2010, o blog da RCC da diocese de Cornélio Procópio disponibilizou um texto intitulado “Carta Aberta aos participantes da RCC Paraná”, datado de 28 de julho de 2010 e assinado pelo então Coordenador Estadual da RCC/PR, Luiz César Martins, a respeito das campanhas apoiadas pelo MFP/PR nas eleições daquele ano. Segundo o que consta no texto, a decisão a respeito do tema foi tomada pelo Conselho da RCC/PR “após quase dois anos de oração, jejum e escuta de Deus” (MARTINS, 2010, n/p), o que está alinhado à Instrução Normativa 01/09, cujas regulamentações estimulam que as escolhas do Conselho “não sejam objetos de vontade humana, mas sim o resultado de oração, jejum, adoração, escuta e discernimento” (RCC/BRASIL, 2012, p. 20). Diante disso, é possível entender que esse processo está em sintonia com a percepção de Silveira (2008) de que os rituais característicos da RCC se estendem ao campo da política, ao passo que a participação dos membros do movimento nas eleições é frequentemente vista por eles enquanto norteada pela vontade divina.
Na carta, é também frisada a busca pelo apoio unificado dos integrantes da RCC/PR aos candidatos oficiais escolhidos pela instituição, a despeito de outras possíveis candidaturas ao legislativo estadual e federal pelo Paraná, como mostra o seguinte trecho:
Sabemos que o Paraná é grande e possui diversas lideranças, que inclusive possam ser candidatos nessas eleições, porém, para este momento pedimos a compreensão e enfatizamos a necessidade de promover a unidade no âmbito da RCC do Paraná, estabelecendo o foco e apoiando os candidatos enviados pela própria RCC (MARTINS, 2010, n/p).
O texto também mostra que, em busca do êxito eleitoral dos candidatos apoiados, a RCC/PR construiu o denominado “Projeto Sementinha”. Segundo a carta, o objetivo do Projeto é “inserir e multiplicar, de modo simples e democrático, o maior número de pessoas conscientes que apóiem, como agentes multiplicadores, a Missão Fé e Política da RCC/PR. O material de divulgação que você tem recebido é para ser utilizado como uma SEMENTINHA” (MARTINS, 2010, n/p). A partir desse trecho, é possível inferir que houve um encorajamento aos membros do movimento para que o material de marketing eleitoral dos candidatos do MFP/PR chegasse a outros eleitores em potencial, “multiplicando” o número de votos. Os trabalhos de Sexugi, Mezzomo e Pátaro (2018) e Sexugi (2019) apontam a utilização de estratégia similar também nas eleições de 2014 para a divulgação das campanhas dos candidatos da RCC/PR, em uma ação bem estruturada na qual os membros dos grupos de oração possuem importantes papéis na propagação das campanhas para além dos integrantes do movimento carismático.
Percebemos, diante disso, uma configuração em que as candidaturas carismáticas não são apoiadas pelo MFP/PR apenas de maneira verbal – por exemplo, no sentido de uma ou outra liderança do movimento encorajar o voto nos candidatos em questão. Assim, já nessa primeira tentativa ocorrida nas eleições de 2010, tais campanhas são assumidas pela RCC/PR e estrategicamente organizadas por meio da estrutura do movimento, que incentiva uma atuação dos fiéis em prol do êxito eleitoral dos candidatos oficiais. Essa atuação eleitoral católica carismática traz semelhanças com a inserção dos evangélicos, que desde a década de 1980 lançam candidaturas institucionalizadas por parte de variadas denominações, desenvolvendo estratégias e realizando propaganda eleitoral em meio ao ambiente religioso (FRESTON, 1993; LACERDA, 2017).
Nessa esteira, Prandi, Santos e Bonato (2019) trazem a noção de igrejas evangélicas enquanto máquinas eleitorais, discutindo que não é a mensagem religiosa dos candidatos oficiais de determinada denominação que contribui para que esses sejam eleitos, mas as redes de contato que as igrejas são capazes de mobilizar em função da divulgação das campanhas. É possível extrapolar, então, a ideia de máquina eleitoral ao movimento carismático, visto que, tal como apontam os autores no caso dos evangélicos, também os membros da RCC/PR têm a possibilidade de trabalhar pela divulgação das candidaturas oficiais – inclusive com o incentivo da Igreja Católica – em espaços além das fronteiras do ambiente religioso, contribuindo para a conversão de um número maior de eleitores.
Vale ressaltar, ainda, que é perceptível que o MFP/PR segue instruções nacionais para o seu funcionamento e, a despeito disso, a forma como esse engajamento eleitoral ocorre em diferentes contextos não é uniforme. Nesse sentido, levando em consideração a literatura referente ao envolvimento do Ministério em eleições (PROCÓPIO, 2014; 2015; 2017; MACHADO, 2015; MIRANDA, 2015; REIS, 2016; CARRANZA, 2017), podemos afirmar que as estratégias utilizadas pela vertente paranaense ao assumir campanhas oficiais parecem ser bastante específicas e mais organizadas do que o habitual, o que já é visível no pleito de 2010.
Ademais, ao que parece, como indica a carta publicada pela Coordenação da RCC/PR, entre as estratégias eleitorais adotadas estava uma divisão das localidades em que as divulgações das candidaturas oficiais da RCC/PR à ALEP ocorreriam. Possivelmente em função da atuação de Gessani enquanto vereador eleito em 2008 na cidade de Foz do Iguaçu, e de sua participação na RCC da região como pregador e músico, a campanha do candidato ficou concentrada na diocese que tem sede na cidade em questão e agrega treze outros municípios do entorno. Enquanto isso, a candidatura de Evandro Araújo foi divulgada nas demais dioceses do Paraná. Ao considerarmos o resultado do pleito de 2010 na região em que a campanha de Gessani ocorreu, é possível inferir que a estratégia eleitoral da RCC/PR teve – ao menos em partes, já que o candidato não foi eleito e a votação não se resume ao eleitorado carismático – os resultados almejados: segundo os dados disponíveis a respeito dos municípios que compõem a diocese que abarcou a campanha de Gessani, este teve um maior número de eleitores do que Evandro Araújo, sendo exemplo a cidade de Foz do Iguaçu, na qual o primeiro alcançou 12.486 votos e, o segundo, 14 (TSE, 2015). Já no caso de Jura, que foi o único candidato da RCC/PR à Câmara dos Deputados, a candidatura foi divulgada em todas as dioceses do estado paranaense.
Além disso, a campanha de Evandro Araújo acompanhou a de Jura, como indicam os materiais de propaganda eleitoral, as fotos e as publicações no Twitter do então pleiteante a deputado federal (@juratv) que trazem os dois candidatos em conjunto. Contudo, vale ressaltar que, embora a associação entre os candidatos tenha sido planejada na campanha, muito é experimental e dependente das ações e protagonismos de seus atores, isto é, dos seus candidatos que se estruturam conforme suas relações, entendimentos e apoios, não exclusivos da RCC.
De todo modo, no patamar religioso, os materiais encontrados mostram que ambos tiveram suas campanhas endossadas por figuras renomadas do catolicismo carismático, como é o caso de Pe. Eduardo Dougherty, um dos fundadores da vertente brasileira da RCC. Em texto assinado pelo sacerdote, como mostra a Imagem 2, Jura e Evandro Araújo foram colocados como homens de Deus, aptos a defender os valores e interesses da Igreja Católica na sociedade, estando a recomendação de voto também acompanhada da afirmação que católico vota em católico. O candidato Jura foi também apoiado por Pe. Reginaldo Manzotti, que, tal qual exposto na Imagem 3, não apenas recomenda o candidato aos eleitores, como incentiva que esses divulguem sua candidatura. Deste modo, esses sacerdotes, enquanto nomes influentes dentro da RCC, podem ter contribuído para que a estreia oficial do MFP/PR no âmbito dos processos eleitorais tenha recebido maior aprovação entre os fiéis.
Ademais, os dois candidatos foram fotografados lado a lado em espaços religiosos durante a campanha, o que pode ter contribuído para reforçar suas imagens enquanto membros participantes da Igreja Católica e da RCC. Em 17 de agosto de 2010, Jura compartilhou foto (Imagem 4) em que aparecia, junto a Evandro Araújo, na companhia do padre, apresentador de TV e rádio Cleberson Evangelista, e Pe. Eduardo Dougherty. Em outra imagem publicada pelo candidato Jura, os dois representantes da RCC/PR nas urnas são vistos em oração ao lado de Pe. Eduardo Dougherty, no altar de missa presidida pelo sacerdote (Imagem 5).

O acionamento de elementos religiosos e da identidade carismática estão presentes na construção dos materiais de propaganda eleitoral dos candidatos da RCC/PR no pleito de 2010. Como exemplo, podemos mencionar a Imagem 6 disposta a seguir, que traz a divulgação da campanha do candidato Gessani. O material apresenta a frase “É a renovação na Assembleia Legislativa”, em que a escolha da palavra “renovação” pode fazer referência não apenas a uma inserção de novos deputados ou novas práticas políticas na ALEP, mas também à presença da RCC no legislativo paranaense a partir da eleição de seu candidato oficial. Similarmente, Jura compartilhou em seu Twitter a frase “@juratv 3131 Deputado Federal Renovação na Política” (SILVA, 2010d).
No caso de Evandro Araújo, o banner abaixo (Imagem 7), traz duas citações que sinalizam a identidade cristã do candidato. A frase em menor destaque, “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos” (Rom 12,2), trata-se de um trecho bíblico muito utilizado no meio pentecostal/carismático, ao passo que se refere à transformação para melhor em função dos dons espirituais. Ainda, a citação vem da tradução da Editora Ave Maria, a Bíblia oficial do carismatismo católico (SEXUGI, 2019). Com isso, sem fazer referência explícita a determinado movimento da Igreja, a identidade de membro da RCC do candidato é acionada no material, possibilitando, além de uma aproximação ao eleitorado cristão de modo geral, uma relação ainda mais específica com os carismáticos.
Já a colocação que “a fé cristã não despreza a atividade política, pelo contrário, a valoriza e a tem em alta estima” consiste em um excerto do Documento de Puebla, da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, um dos maiores marcos da América Latina no que diz respeito à atuação da Igreja Católica para a inserção e transformação social (LÖWY, 2016; MENEZES NETO, 2007). Em destaque no material, por estar exposta em letras consideravelmente maiores e em cores mais chamativas do restante da imagem, o trecho contribui para legitimar, a partir da noção de que o cristianismo aprova o envolvimento na política, a presença da RCC no pleito.
Vale mencionar que a utilização ao documento de Puebla pode ser percebida como algo um tanto inusitado na campanha de um candidato carismático, visto que a Conferência, realizada em 1979, teve significativo resultado no reforço aos princípios da Teologia da Libertação, movimento progressista católico ao qual a RCC é comumente considerada par antagônico (LÖWY, 2016; SOFIATI, 2009). É preciso ter em mente, contudo, que os preceitos estabelecidos por Puebla são interpretados pelos distintos movimentos católicos de acordo com suas próprias tendências, não significando, neste caso e necessariamente, uma simpatia maior ou menor pela face progressista do catolicismo (LÖWY, 2016). De todo modo, dentro do repertório bíblico-católico, é curioso observar essa referência em uma campanha eleitoral apoiada oficialmente pela RCC, ao passo que pode sinalizar uma preocupação política dos carismáticos voltada a questões sociais. Isto se dá ao considerarmos que comumente predomina uma noção do movimento enquanto vinculado apenas a questões referentes ao conservadorismo e à propagação da moralidade cristã na esfera pública (MACHADO, 2015; PY; REIS, 2015; VALLE, 2004). Em contrapartida, a atuação carismática voltada ao social vem sendo abordada mais recentemente, como é o caso da discussão trazida em Procópio (2018).
Nesse sentido, refletindo acerca de um posicionamento de candidatos da RCC, de certa forma, alinhado a pautas progressistas, é válido apontar que há uma espécie de contraste entre algumas delas. Embora não tenhamos identificado materiais de Gessani, são flagrantes as diferenças entre as bandeiras políticas defendidas por Jura e Evandro Araújo, a despeito de produzirem juntamente materiais e receberem os mesmos apoios em suas campanhas. Como exemplo das pautas defendidas por Evandro Araújo e Jura, temos o flyer a seguir (Imagem 8) que traz, lado a lado, informações sobre os dois candidatos, contando com seus dados de urna e endereço de suas páginas na internet, breves biografias que valorizam tanto suas trajetórias profissionais quanto religiosas, as principais causas por eles defendidas, e uma citação de teor religioso.
Ocupando as primeiras posições na lista de pautas defendidas por Jura, antes mesmo das propostas de atuação na área da saúde, educação e economia, estão os objetivos do candidato de moralizar a “vida pública com a participação dos cristãos”, proteger a “vida humana desde a sua concepção até a morte natural”, defender a família “em sua forma natural”, e aumentar a quantidade de canais de rádio e TV católicos. Também o excerto bíblico “Eis o motivo por que te suscitei, para mostrar em ti o meu poder e para que se anuncie o meu nome por toda a terra” (Rom 9,17), retirado da versão da Editora Ave Maria, tal qual o material de campanha de Evandro Araújo analisado anteriormente, sinaliza para uma intenção do candidato de praticar uma inserção política voltada à evangelização. De tal forma, podemos interpretar, no material de marketing eleitoral de Jura, a imagem habitual do candidato carismático: engajado, a partir de uma missão conferida a ele pelo próprio Deus, na transformação da esfera pública a partir da propagação da moralidade cristã a toda a sociedade (CARRANZA, 2017; MACHADO, 2015; MIRANDA, 2015; SILVEIRA, 2008).
Enquanto isso, o pertencimento religioso de Evandro Araújo é denotado apenas no trecho biográfico do flyer que trata de sua atuação como membro da RCC, e na citação colocada ao final. Esta última, que consiste no trecho do Documento de Puebla mencionado anteriormente, pode sinalizar, mais uma vez, para uma tendência do candidato a uma atuação pautada na face social do catolicismo (SOUZA, 2007). Ao contrário do que acontece no espaço do material destinado a Jura, as pautas defendidas pelo pleiteante ao cargo de deputado estadual não trazem qualquer menção, ao menos explicitamente, à crença e à moralidade cristã, destinando foco às áreas da educação, saúde, economia, tratamento e recuperação dependentes químicos, e proteção às APAEs – temas esses que dividem a atenção de seu colega de campanha com a religião.
Nem mesmo a atuação política em prol da família apresentada por Evandro Araújo – proposta que mais soa próxima aos termos característicos do discurso religioso no material do candidato – parece expressar algum tipo de preocupação moral. Ao mesmo tempo que Jura busca proteger a “forma natural” da família, indicando a ideia de configuração familiar heteronormativa como única aceitável, Evandro Araújo propõe uma “centralidade na família em políticas de saúde, educação, habitação e segurança pública”, sem adentrar em questões conservadoras quanto ao tipo/modelo e atribuições da chamada família tradicional. Ainda, no material de Evandro Araújo, é válido ressaltar que, também ao contrário do texto relacionado a Jura, não há menção à luta contra o aborto, assunto central das eleições de 2010 e que teve grande engajamento da RCC (MACHADO, 2012), como vimos acima ao abordamos alguns dos pontos de fricção nas eleições presidenciais daquele ano.
A ausência de temas construídos em torno da moralidade religiosa não indica, necessariamente, que Evandro Araújo trouxesse uma visão diferente da apresentada por Jura e boa parte do movimento carismático a respeito de questões como a configuração familiar e a interrupção da gravidez. No entanto, a ausência desses assuntos nos materiais do candidato da RCC/PR à ALEP, visualizada em uma disputa eleitoral particularmente marcada pelo conservadorismo cristão, consiste em um significativo aceno a uma atuação política carismática que não apresenta como principal mote a evangelização e moralização do espaço público (ORO; MARIANO, 2010; PIERUCCI, 2011; TREVISAN, 2015; PROCÓPIO, 2018).
Assim, é possível observar algumas das estratégias utilizadas pela RCC/PR e pelo MFP/PR na divulgação e construção das campanhas de seus representantes nas eleições de 2010, como a definição do território paranaense em que as candidaturas dos pleiteantes ao cargo de deputado estadual seriam divulgadas, a participação do episcopado nas decisões tomadas a respeito das disputas eleitorais, e a consonância do MFP/PR com as diretrizes nacionais estipuladas pela RCC/Brasil. Ademais, notamos também o acionamento da identidade carismática, de trechos bíblicos e de documentos da Igreja Católica na construção dos materiais de propaganda eleitoral. Com isso, é possível entender que a vertente paranaense da RCC teve, já em sua primeira atuação institucionalizada em eleições, uma atuação significativamente organizada e estruturada, demonstrando uma forma de inserção diretiva dos carismáticos na política.
Considerações finais
As eleições de 2010, até o momento em que foram realizadas, consistiram no ponto de maior intensidade da aproximação entre a esfera religiosa e a esfera política em disputas eleitorais no Brasil. Essa articulação entre religião e política não ficou restrita apenas à disputa presidencial, que foi o exemplo mais evidente, mostrando-se também no plano estadual, como no caso do Paraná. Nesse sentido, observamos que a entrada oficial do MFP/PR em corridas eleitorais se deu em um momento no qual elementos religiosos e pautas morais tiveram o seu ápice de envolvimento nas campanhas até então, com o pleito em questão tendo se constituído no cenário da política brasileira pós-redemocratização que viu a emergência do segmento conservador da Igreja Católica, o qual tem na RCC um de seus principais representantes (ORO; MARIANO, 2010; MACHADO, 2015).
A inserção eleitoral da RCC/PR nas eleições de 2010, em que apoiou os candidatos Evandro Araújo e Gessani à ALEP, e Jura à Câmara dos Deputados, não ocorreu distanciada das regulamentações estabelecidas pela RCC/Brasil sobre o assunto. Assim como recomenda a Instrução Normativa 01/09, essa atuação política do movimento carismático paranaense demonstrou manter diálogo e seguir recomendações vindas do episcopado, dentre as quais até mesmo a indicação de candidatos apoiados pelo MFP/PR no pleito. As práticas carismáticas também foram observadas no processo de decisão sobre a atuação da RCC/PR no pleito, tal qual orienta a normativa, conferindo um caráter de condução divina sobre as campanhas dos candidatos carismáticos apoiados.
O MFP/PR se mostrou, já nessa estreia em disputas eleitorais, consideravelmente organizado em suas estratégias de conquista de eleitores. Observamos que foi constituída uma metodologia de ação a respeito dos locais do estado do Paraná em que a campanha de cada candidato seria realizada, bem como o encorajamento aos membros do movimento para que formassem uma unidade no apoio aos candidatos da RCC/PR e auxiliassem na divulgação das candidaturas por meio do “Projeto Sementinha”. Ainda, as fontes encontradas indicam que as campanhas de Jura e Evandro Araújo foram realizadas consideravelmente em conjunto, o que também pode ter contribuído para aglutinar o eleitorado.
No plano das declarações de apoios advindas do meio religioso às campanhas, os candidatos Jura e Evandro Araújo foram recomendados aos eleitores por figuras de grande peso no movimento carismático, como foi o caso dos sacerdotes Eduardo Dougherty e Reginaldo Manzotti. Além de contribuir para a visibilidade e legitimação das campanhas carismáticas diante do eleitorado, tais declarações de apoio indicam que membros do clero não se encontram tão distantes do desenrolar da política partidária quanto a posição oficial de neutralidade da Igreja Católica sobre o assunto parece buscar demonstrar.
As identidades religiosas e carismáticas dos candidatos do MFP/PR foram ressaltadas na campanha. A presença de Evandro Araújo e Jura em ambiente religioso, como mostram as fotos publicadas pelo proponente ao cargo de deputado federal em sua página do Twitter, contribuem para reforçar o caráter de católico praticante dos candidatos diante do eleitor. No caso dos materiais de marketing eleitoral de Evandro Araújo, Jura e Gessani, foi possível perceber a utilização de referências à RCC que fomentam seus pertencimentos ao movimento carismático. Deste modo, os símbolos e a linguagem religiosa contribuem para aproximar os candidatos dos eleitores que participam do mesmo movimento e compartilham dos mesmos princípios religiosos (SEXUGI; MEZZOMO; PÁTARO, 2018).
Ademais, no caso dos materiais de campanha de Evandro Araújo, observamos referência à Conferência de Puebla, o que pode sinalizar para uma atuação do candidato mais aproximada ao catolicismo voltado às pautas sociais, habitualmente apresentado em contraposição à atuação da RCC. Também as propostas apresentadas por Evandro Araújo no material coletado se mostram voltadas a temas como educação e desenvolvimento econômico, não mencionando temas morais como a defesa da “família tradicional” e a luta contra o aborto, que foram centrais nas eleições de 2010 e, em contrapartida, recebem considerável atenção do candidato Jura. Destacamos que, embora não seja possível assumir, de fato, que tais questões morais não fizessem parte das preocupações de Evandro Araújo, é interessante notar esta sinalização de uma atuação carismática na política – e construída com o apoio institucional do movimento – que não parece ter como objetivo primordial a moralização da esfera pública por meio da evangelização, bem como o contraste entre as pautas apresentadas por candidatos apoiados ao mesmo tempo pela RCC/PR.
São visíveis, e intensificadas a partir de 2010, as articulações entre religião – nesse caso a RCC e o MFP no Paraná – e política no Brasil. A intensificação das aproximações entre esses campos nos últimos anos, assim como a complexidade que envolve a atuação do movimento carismático e seus representantes na política, e o funcionamento do MFP em disputas eleitorais em todo o país, proporcionam um campo aberto a novos estudos.
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Notas