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A concepção de lugar sagrado: o caso da comunidade paraense Alvorecer da Esperança

The conception of the sacred place: the case of the community Alvorecer da Esperança (Pará, Brazil)

La concepción del lugar sagrado: el caso de la comunidad paraense Amanecer de la Esperanza

Donizete Rodrigues
Universidade Nova de Lisboa, Portugal
Universidade do Estado do Pará, Brasil
Gracileno Trindade Pimentel
Universidade do Estado do Pará, Brasil

A concepção de lugar sagrado: o caso da comunidade paraense Alvorecer da Esperança

Revista NUPEM (Online), vol. 15, núm. 34, pp. 55-68, 2023

Universidade Estadual do Paraná

Recepción: 15 Octubre 2021

Aprobación: 01 Marzo 2022

Resumo: Este trabalho faz parte de um estudo etnográfico da Comunida-de Alvorecer da Esperança, localizada na zona rural de Abaetetuba (Pará). Tendo como suporte teórico de interpretação da realidade social autores como Durkheim, Eliade, Tillich e Otto, a metodologia adotada foi a qualitativa, mais observação (sociológica) do que participação (antropológica), focando nas entrevistas com os líderes e alguns moradores locais. O trabalho procura responder como definem e entendem o sagrado, ou seja, qual o lugar no espaço e no tempo que essa comunidade religiosa considera como sendo sagrado? A partir dessa questão central, buscamos compre-ender quais os critérios utilizados para definir “o lugar sagrado” e os motivos para identificar outros como não sagrados. Como resultado, pode-se afirmar que o lugar sagrado não está relacionado ao templo ou qualquer outra infraestrutura físico-espacial, mas efetua-se em qualquer espaço e momento em que o grupo se reúne para realizar uma prática religiosa.

Palavras-chave: Abaetetuba (PA), Comunidade Alvorecer da Esperança, Religiosidade, Espaço sagrado.

Abstract: This work is part of an ethnographic study concerning the Alvorecer da Esperança Community, located in the rural area of Abaetetuba, Pará. Based on authors such as Durkheim, Eliade, Tillich and Otto as theoretical support for interpreting the social reality, the methodology adopted was qualitative, more (sociological) observation than (anthropological) participation, focusing on interviews with leaders and some local residents. The work seeks to answer how they define and understand the sacred, that is, what is the place and time that this religious community considers to be sacred? From this central question, we try to understand the criteria used to define “the sacred place” and the reasons for identifying others as non-sacred. As a result, we can say that the sacred place is not related to a temple or any other physical-spatial infrastructure, but takes place at any location and time when the group gathers to perform a religious practice.

Keywords: Abaetetuba (PA), Alvorecer da Esperança Community, Religiosity, Sacred space.

Resumen: Este trabajo es parte de un estudio etnográfico de la Comunidad Amanecer de la Esperanza, ubicada en el área rural de Abaetetuba (PA). Basado en autores como Durkheim, Eliade, Tillich y Otto como soporte teórico para la interpretación de la realidad social, la metodología adoptada fue cualitativa, más observacional (sociológica) que participativa (antropológica), centrándose en entrevistas con líderes y algunos residentes locales. El trabajo busca dar respuesta a cómo se define y entiende lo sagrado, es decir, ¿cuál es el lugar en el espacio y el tiempo que esta comunidad religiosa considera sagrado? A partir de esta pregunta central, buscamos comprender los criterios utilizados para definir “el lugar sagrado” y las razones para identificar otros como no sagrados. Como resultado, se puede decir que el lugar sagrado no está relacionado con un templo o cualquier otra infraestructura físico-espacial, sino que ocurre en cualquier espacio y momento que el grupo se reúna para realizar una práctica religiosa.

Palabras clave: Abaetetuba (PA), Comunidad Amanecer de la Esperanza, Religiosidad, Espacio sagrado.

Introdução

Desde sempre, a religião constituiu-se como parte integrante da vida humana. Sendo um fenômeno universal, todas as sociedades apresentam alguma forma de manifestação do sagrado e experiência religiosa. Portanto, a religião faz parte de todas as culturas, em todos os lugares e em todas as épocas. Conforme realçou Malinowski (1988, p. 19), “não existe povos, por mais primitivos que sejam, sem religião”. Compartilhando dessa mesma ideia, Baptista (2013, p. 139) afirma que não se conhece sociedade que ignore o sobrenatural, o transcendente, o além da matéria, e sobreviva na dimensão exclusiva de uma estreita racionalidade material”.

De acordo com Otto (2007, p. 35), “se existe um campo da experiência humana que apresente algo próprio, que apareça somente nele, esse é o campo religioso”. Ao discursar sobre a religião na modernidade, Conceição (2012, p. 890) diz que a “religião só existe no horizonte humano”. Isto quer dizer que, de todos os seres vivos, o único que possui religião e uma relação com o transcendente é o ser humano. Outro autor que reforça essa ideia é Baptista (2013, p. 139), o qual ressalta que “o ser humano é um ser religioso. O homo sapiens é um homo religiosus”.

A religião é uma complexa rede de símbolos, signos, significados e significantes. Possui modelos de comportamento, organização, estrutura, doutrina e ocupa um espaço central na cultura. Podemos mesmo dizer que é uma cultura religiosa (Tillich, 1969; Terrin, 2004).

As religiões caracterizam-se de certa forma como instituições socioculturais organizadas por meios de expressões sagradas (ritos, mitos e símbolos) que revelam um mundo/cosmos (do) sagrado que, por sua vez, transcende a dinâmica real na qual as religiões elas próprias estão inseridas (Rodrigues, 2013; Moraes, 2015).

A experiência religiosa na Comunidade Alvorecer da Esperança (CAE), tema do nosso estudo, é caracterizada por apresentar algumas particularidades, quando comparada a outras religiões institucionalizadas e aos pequenos movimentos religiosos. Uma das especificidades é o conceito de sagrado. Segundo as palavras de Otto (2007, p. 37), “detectar e reconhecer algo como sendo ‘sagrado’ é, em primeiro lugar, uma avaliação peculiar que, nesta forma, ocorre somente no campo religioso”.

Considerando que o objeto de estudo é uma comunidade religiosa, o objetivo que orientou esse trabalho foi procurar responder qual o lugar no espaço e no tempo que o grupo considera como sagrado? A partir dessa questão central, buscamos compreender quais os critérios que a comunidade utiliza para definir este lugar como sagrado e os motivos para identificar outros lugares como não sagrados.

Para atingir os objetivos, o procedimento metodológico utilizado foi o qualitativo, através do trabalho de campo, iniciado no início de 2019 e concluído em dezembro de 2021. No terreno etnográfico, procedeu-se a observação in loco e foram realizadas entrevistas abertas (semiestruturadas), utilizando questionários e registros audiovisuais, com o líder-fundador, lideranças e alguns membros da comunidade, totalizando dez pessoas entrevistadas1.

Para nortear as análises, foram utilizados principalmente os seguintes autores: Émile Durkheim, em “As formas elementares da vida religiosa” (1996), que procurou elaborar uma teoria geral da religião, com base na análise das práticas religiosas (animismo/totemismo) de sociedades primitivas. Rudolf Otto, na sua obra “O Sagrado” (2007), destaca que o elemento essencial da experiência religiosa é o sagrado. O sagrado, entretanto, não se confunde com a moral nem com os elementos de uma ética religiosa; possui, sim, princípios racionais e irracionais. A esse elemento transcendente Otto atribui o conceito de “numinoso”. Paul Tillich, no livro “Teología de la cultura y otros ensayos” (1969), ajuda a entender a relação da teologia e a cultura/sociedade na qual os indivíduos estão inseridos. Mircea Eliade, em “O Sagrado e o Profano” (1992), faz uma análise do comportamento do ser religioso em comparação com o não religioso.

O artigo está estruturado em três tópicos principais: o primeiro faz uma abordagem sobre o conceito de sagrado e o lugar da religião na sociedade; o segundo tópico procura mostrar alguns lugares, em diversos momentos históricos e em diferentes espaços geográficos, que são considerados como sagrados; e o último é uma análise sobre o espaço sagrado na Comunidade Alvorecer da Esperança, tema do nosso estudo socioantropológico mais amplo.

O conceito de sagrado e o lugar da religião na sociedade

De acordo com Rodrigues (2013), não há um consenso, por parte dos estudiosos, sobre a definição de sagrado. Sendo assim, não vamos propor aqui nenhuma definição como sendo absoluta, apenas discutiremos alguns conceitos para uma melhor compreensão do que seja o sagrado.

O alemão Friedrich Max Müller (1823-1900), cuja vida acadêmica está ligada à Universidade de Oxford, considerado um dos principais precursores da abordagem comparativa da religião (ver a sua obra “Essay on Comparative Mythology”, 1856), no seu trabalho clássico “Introduction to the Science of Religion” (2015), define religião baseando-se, principalmente, na dicotomia entre sagrado e profano, ideia universal de dualidade que será posteriormente retomada por Durkheim, Otto, Wach, Eliade, Caillois, entre outros.

Segundo Durkheim (1996), todo pensamento religioso caracteriza-se por uma divisão bipartida, ou seja, todas as crenças religiosas conhecidas, simples ou complexas, apresentam uma característica em comum: supõem uma classificação das coisas, reais ou ideais, que as sociedades humanas concebem, em duas classes, em dois gêneros opostos: o sagrado e o profano.

Segundo Durkheim (1996), a vida religiosa e a vida profana não podem coexistir num mesmo espaço e tempo. Portanto, para a manifestação do sagrado, é preciso haver um local especial onde o profano esteja excluído; daí a constituição de templos e santuários. Do mesmo modo, não podem coexistir no mesmo período de tempo; daí a necessidade de reservar exclusivamente ao sagrado determinados dias ou datas especiais - e assim surgiu, em todas as sociedades, um calendário religioso, o ciclo anual das festas religiosas.

Na concepção de Otto (2007, p. 150), o “sagrado, no sentido pleno da palavra, é para nós, portanto, uma categoria composta. Ela apresenta componentes racionais e irracionais”. Com isso, Otto quer dizer que a religião não se esgota na sua suposta racionalidade.

Na esteira de Durkheim, e no contexto específico do Cristianismo, Roger Caillois (1988) considera que o sagrado pertence a certas coisas (instrumentos do culto), a certos seres (membros do clero), espaços (templo, igreja) e a certos tempos, como, por exemplo: domingo, quaresma, sexta-feira santa, Páscoa, Pentecostes, Dia de Todos os Santos, Natal; ou seja, o ciclo anual das celebrações religiosas/litúrgicas.

Para o romeno Mircea Eliade (1907-1986), conhecido historiador e sociólogo das religiões e ex-professor da Universidade de Chicago, o sagrado manifesta-se sempre como uma realidade inteiramente diferente das realidades profanas vividas quotidianamente. Assim, o “homem toma conhecimento do sagrado porque este se manifesta, se mostra como algo absolutamente diferente do profano”. Ele propõe o termo “hierofania” para o ato da manifestação do sagrado. De acordo com suas palavras, “algo de sagrado se nos revela” (Eliade, 1992, p. 13).

Segundo Rubem Alves (1984, p. 25), “Quando entramos no mundo sagrado, entretanto, descobrimos que uma transformação se processou. Porque agora a linguagem se refere a coisas invisíveis, coisas para além dos nossos sentidos comuns que, segundo a explicação, somente os olhos da fé podem contemplar”.

De acordo com a filósofa Marilena Chauí (1998, p. 379), o “sagrado opera o encantamento do mundo”. Em outras palavras, concebe o mundo como sendo formado por seres sobrenaturais, com poder infinito, que atuam e orientam o indivíduo e o coletivo na sua vida cotidiana, que ajudam na resolução dos problemas, abençoam, recompensam, mas que, ao mesmo tempo, também punem, castigam, destroem.

No entanto, é importante realçar que essa dicotomia entre sagrado e profano, como característica distintiva e dualista da vida humana, não tem um caráter universalista, pois depende sempre do contexto cultural e religioso. O Hinduísmo, por exemplo, é um caso paradigmático: a dificuldade em distinguir o sagrado do profano está no conceito de “dharma”, um sistema social e religioso, que estabelece a norma (divina) reguladora da vida cotidiana. Portanto, na sociedade indiana, no contexto do Hinduísmo, é extremamente difícil fazer uma distinção entre o que é sagrado e o que é profano, pois há uma (quase) total sacralização das práticas profanas (Rodrigues, 2013).

Para concluir esta discussão, podemos dizer que em todas as culturas e sociedades, das mais simples as mais complexas, encontramos sinais da “coisa sagrada”. Portanto, o sagrado está presente, mesmo que de maneira diferente, em todas as manifestações religiosas.

Para Durkheim (1996, p. 18), na lógica funcionalista, a religião “é um todo formado de partes; é um sistema mais ou menos complexo de mitos, de dogmas, de ritos de cerimônias”. Pode-se dizer que há uma relação indissolúvel entre sociedade e religião, uma união inseparável do ponto de vista social e de uma análise científica da religião, sendo o pensamento científico apenas uma forma mais perfeita do pensamento religioso. A religião é um fenômeno complexo que desperta o interesse de várias áreas do saber; sendo uma construção humana, social, logo é passível de análise, em particular, pelas ciências sociais.

Portanto, a religião constitui-se como um objeto de interesse de diversas disciplinas científico-acadêmicas, como a História, Sociologia, Antropologia, Geografia, Psicologia, Filosofia, Teologia, dentre outras (Rosendahl, 2005). Na esteira desse pensamento, Moraes (2015, p. 81) diz que “os estudos teóricos da religião podem ser vistos como atividades científico-teóricas pertinentes às ciências e, mais contundentemente, às ciências das humanidades”.

Para Cardoso e Rodrigues (2019, p. 2), a religião, como subsistema social, é de primordial importância para a ciência sociológica: “Estando a religião presente em todas as sociedades humanas, através de cosmologias, ritos/rituais, crenças e práticas - e em suas diferentes facetas, localidades e temporalidades - acaba por se tornar um importante campo de estudo das ciências sociais, em geral, e da sociologia, em particular”.

Segundo Durkheim (1996), toda religião está ligada à estrutura social da qual origina e explica sua manifestação e seu desenvolvimento. Seguindo essa mesma linha de raciocínio, Rodrigues (2013, p. 83) comenta que “por detrás de toda manifestação religiosa (rito, culto, credo, adoração, etc.) está a sociedade, pois foi ela que criou a (sua) concepção religiosa”.

Outro autor que afirma que a religião é produzida socialmente é Karl Marx (2010, p. 50): “a religião não cria o homem, mas o homem cria a religião”.

Inúmeros autores, clássicos e modernos, de diferentes áreas científicas, alguns aqui retratados, entendem que a religião é um produto social e que, por isso, não é possível desvincular a religião da sociedade nem a sociedade da religião. Conforme ressaltou Alves (1984, p. 66), “onde estiver a sociedade ali estarão os deuses e as experiências sagradas”.

Portanto, o fenômeno religioso sempre foi um tema primordial para a compreensão da estrutura social e das manifestações culturais das diferentes sociedades humanas. Diante desses posicionamentos, e relacionando com o título deste artigo, pode-se dizer que as religiões possuem o seu lugar “sagrado” no campo científico.

Alguns lugares considerados como sagrados

Ao estudar a história das religiões, no tempo e no espaço, desde as sociedades primitivas, civilizações clássicas, passando pela Idade Média, Idade Moderna e chegando a contemporaneidade, podemos observar uma multiplicidade de locais sagrados. Os lugares sagrados compõem a dimensão da materialidade do sagrado, pois reúnem aspectos físicos que marcam a paisagem, natural e/ou religiosa.

É possível constatar que inúmeras pessoas e grupos sociais, de diferentes religiões, estabelecem lugares como sagrados de diferentes formas. O espaço sagrado é considerado como um lugar especial, de profunda e intensa emanação espiritual, onde o indivíduo, o grupo religioso, realiza as suas práticas religiosas e busca o desenvolvimento de sua espiritualidade.

Certas culturas, como é o caso das sociedades indígenas animistas e também do politeísmo hindu, têm uma estreita relação cotidiana com o que é sagrado. Já para outras tradições religiosas, na lógica durkheimiana, o sagrado está em oposição ao profano, numa relação de opostos. É o caso do cristianismo, uma religião marcada pela existência de polaridades - bem/mal, Deus/diabo, lugares sagrados/lugares profanos, santidade/pecado, salvação/condenação, vida/morte eterna, etc.

Na abordagem sobre espaço e sacralidade, pode-se dividir os lugares sagrados em dois tipos: os oferecidos pela natureza e os construídos pelos seres humanos.

No que se refere a lugares sagrados oferecidos pela natureza, há o exemplo da rocha: é o caso dos aborígenes australianos, que consideram como sagrada uma rocha enorme, chamada Uluru ou Ayer’s Rock (Küng, 2004) e a pedra negra kaaba, localizada no centro da mesquita Masjid al-Haram, em Meca, na Arábia Saudita, considerado o local mais sagrado do Islamismo.

No caso da Amazônia, território da nossa etnografia, o ritual de cura indígena da pajelança é outra manifestação religiosa que se vale dos lugares sagrados da natureza. Alguns ritos de passagem e rituais de cura acontecem em um local específico na natureza, onde o indivíduo passará pelo processo de cura e/ou onde receberá os ensinamentos necessários para o seu processo de transformação.

Os rios também podem ser considerados lugares sagrados. Vejamos dois exemplos: Ganges, na Índia, no qual as pessoas se banham e realizam as suas devoções, a fim de receberem a energia que lhes possibilitará uma evolução espiritual; o Jordão, que faz fronteira entre Israel e a Jordânia e desagua no Mar Morto - foi nesse rio que, segundo o testemunho bíblico, Jesus foi batizado por João Batista.

Existem também lugares sagrados configurados a partir de árvores e plantas. Um exemplo é o Baobá. No candomblé, é considerada “planta da vida” e o espaço que ela ocupa se torna sagrado para os candomblecistas, pois os remetem à consciência histórica de seus antepassados africanos.

Até mesmo alguns caminhos ou trilhas podem ser considerados sagrados, como é o caso dos Caminhos de Santiago, ligando Roma à Compostela, em Espanha. Essa rota de peregrinação é um local sagrado para os católicos; é onde estão sepultados os restos mortais de Tiago, um dos doze apóstolos de Jesus Cristo (Carneiro, 2007; Sousa, 2020).

Em Bali (Indonésia), as montanhas e os vulcões são considerados como “Lar dos deuses”. No Brasil, algo semelhante acontece: em Goiás existem vários elementos da natureza - vales, cachoeiras, pedras, montanhas - que são considerados como pontos de concentração de energia transcendente; as pessoas que visitam estes locais acreditam que estão trilhando uma jornada de purificação espiritual.

Apresentamos aqui apenas alguns exemplos, pois existe na natureza um elevado número de espaços considerados sagrados. Sobre isso, recordemos o que disse Eliade (1992, p. 76): para o ser religioso, a natureza nunca é exclusivamente “natural”; há, de um modo geral, uma sacralidade da natureza.

Vejamos agora os lugares sagrados construídos pelas ações humanas; portanto, produtos culturais.

Os templos, como os hinduístas, budistas, sinagogas, igrejas cristãs (católicas e protestantes-evangélicas), mesquitas, terreiros de candomblé e umbanda, são exemplos de lugares sagrados construídos pela ação humana. Todavia, há uma infinidade de outros exemplos: as Pirâmides do Egito; o Parthenon (Acrópole Grega); o Muro das Lamentações, a Mesquita de Omar e o Santo Sepulcro, em Jerusalém; o Santuário de Fátima (Portugal) e o Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida (Brasil), dentre outros.

No Estado do Pará, locus da nossa pesquisa, podemos referir o Cemitério Bom Jesus, na cidade de Igarapé-Miri, onde está o túmulo de uma menina que foi morta pelo próprio pai, que tentou estuprá-la quando ela tinha doze anos de idade. Logo após o seu sepultamento, o local tornou-se sagrado - várias pessoas visitam o túmulo para fazer os seus pedidos, através das orações, deixando oferendas, como bonecas, roupas de criança, bombons, etc.

Há também casas de pessoas tidas como seres de alta evolução espiritual, que são consideradas espaços sagrados, como é o caso de locais de morada de alguns gurus (homens sagrados) na Índia. As pessoas as visitam acreditando que a meditação realizada em contemplação e em contato com o espaço da casa do mestre poderá trazer-lhes enlevo espiritual e cura de doenças.

Em uma escala maior, existem cidades que são consideradas como sagradas. Vejamos alguns exemplos: Jerusalém, em Israel, considerada sagrada pelas três religiões monoteístas abraâmicas - judaísmo, cristianismo e islamismo; Meca, localizada na Arábia Saudita, cidade sagrada para os muçulmanos; Machu Picchu, no Peru, localizada na cordilheira dos Andes, cidadela em tempos considerada sagrada para a civilização Inca e ainda hoje visitada por pessoas em busca da suposta sacralidade e espiritualidade imanadas neste local.

Após a discussão sobre lugares sagrados, naturais e/ou construídos pelas ações humanas, é altura de abordar a Comunidade Alvorecer da Esperança, o nosso objeto de estudo. O objetivo é analisar como essa comunidade compreende o conceito de sagrado, resultando no que considera como sendo lugar sagrado e não sagrado.

A comunidade Alvorecer da Esperança: a concepção de espaço sagrado

Todas as comunidades têm as suas especificidades culturais e religiosas e cada uma possui uma visão peculiar de/do mundo e uma ideia de sagrado. Há em todas elas uma peculiaridade ímpar que se fundamenta na relação do imanente com o transcendente, marcando as suas expressões e significados simbólicos e práticas religiosas (Rodrigues, 2013).

No que se refere ao nosso objeto de estudo, a Comunidade Alvorecer da Esperança (CAE) está localizada numa chácara comunitária, na zona rural de Abaetetuba, próxima ao Município de Igarapé-Miri, no Estado do Pará. A CAE foi criada, em 1988, pelo fundador e líder religioso o Sr. Fabiano dos Santos (55 anos) e sua esposa, a Sra. Antônia do Socorro Miranda Santos (51 anos), ambos naturais de Igarapé-Miri. Eles são casados há 30 anos e têm quatro filhos, todos morando na comunidade. Posteriormente, e durante 10 anos, alguns ribeirinhos da região começaram a aderir a este novo projeto religioso e foram morar na (e em) comunidade, como foi o caso da família do sr. Botelho e a do sr. Belenilto Rodrigues (47 anos), mais conhecido como Belém. Em dezembro de 2022, a Comunidade era composta por 35 famílias, com aproximadamente 120 pessoas.

Conforme nos relatou o sr. Belém,

No início, quando as famílias ainda estavam chegando, quase tudo no sítio era construído através de mutirão, como por exemplo, casas, a padaria, o muro, a horta, a granja, tudo foi construindo por nós mesmos! Muitos chegaram aqui sem nada, muitos vinham das zonas ribeirinhas, a gente não tinha dinheiro! Eu por exemplo, quando eu cheguei aqui eu não trouxe nada, morava de favor em um terreno, logo aí adiante! Morei mais de um ano, tinha vindo do Rio Tamimbuca! Depois de um ano, o dono do quarto pediu pra eu desocupar o quarto, porque ele iria precisar fazer uma reforma! Então, o Fabiano me deu um terreno aqui e aos poucos eu fui construindo! Quando eu tinha dinheiro pra pagar o pedreiro, eu pagava, quando eu não tinha, eu comprava o material e a gente fazia o mutirão! Hoje eu tenho minha casa aqui! Várias pessoas construíram suas casas aqui no mutirão (Diário de campo, 08 nov. 2020).

A CAE possui uma estrutura bem organizada: casas, padaria, mercearia, marcenaria, granja, horta, lanchonete, campo de futebol, salão de recepção, piscina, salas de reunião administrativas e religiosas, uma praça com brinquedos para crianças e outros espaços edificados.

Numa entrevista com o Sr. Fabiano dos Santos perguntamos qual a finalidade da construção de um prédio/templo tão grande e com uma estrutura interna tão bem elaborada? (Imagem 1). Ele relatou que estava se empenhando em terminar aquela construção, visando dois objetivos: o primeiro é para que a comunidade tenha um espaço para poder realizar suas reuniões religiosas; o segundo é poder alugá-lo para eventos sociais. Segundo o líder, “aquele prédio é apenas uma construção e o objetivo dele é o de servir como um lugar onde todas as pessoas da comunidade possam se reunir” (Diário de campo, 08 nov. 2020).

Templo/espaço religioso
Imagem 1:
Templo/espaço religioso
Fonte: Pimentel (2020).

A indagação ao Sr. Fabiano sobre a utilidade do templo surgiu de uma conversa anterior com o Sr. Belém, que foi a terceira pessoa a ir morar na comunidade. Ele afirmou que

Aquele prédio estava sendo construído de tijolos, pedra, areia, cimento, ferro, etc.; portanto, essa construção não era a casa de Deus e sim um lugar de reunião... Deus não habita naquele templo, mas sim no coração das pessoas... Deus habita em mim, em você, Deus não habita em um prédio, em uma casa, ou em qualquer outro lugar, Ele habita em nós (Diário de campo, 07 nov. 2020).

Em outra conversa, agora com a Sra. Antônia, quando perguntamos porquê o templo que está sendo construído não é considerado um lugar sagrado, ela respondeu enfaticamente: “Porque Deus não habita em templos feitos por mãos humanas”. Na verdade, a frase faz parte de uma narrativa bíblica, do Livro de Atos dos Apóstolos (17: 24), que diz o seguinte: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas”. Ela ainda acrescentou: “Nós é que somos os verdadeiros templos de Deus” (Santos, Entrevista, 08 nov. 2020), também fazendo menção a outra narrativa bíblica que se encontra em I Coríntios (6:19), que diz o seguinte: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus e que não sois de vós mesmos?”.

Em conversa com a Sra. Maria Botelho (68 anos)2, sobre esse assunto, ela disse:

Deus não habita nesse prédio, esse prédio está sendo construído pra gente poder se reunir. Mas, nós sabemos que Deus não está lá agora, Ele habita em nós. Vou contar pra vocês uma história. Antigamente, quando a gente morava no interior3, logo quando o Fabiano começou a ir fazer as primeiras reuniões e nos ensinar a Bíblia, meu marido ainda era vivo, a gente se reunia na sala de casa. Lembro que quando começou a vim bastante gente, meu marido com mais alguns homens destruíram a sala e fizeram uma maior, pra poder caber todas as pessoas (Diário de campo, 07 nov. 2020)

Esse relato é confirmado pelo próprio Fabiano, líder da comunidade. Numa das nossas conversas, contou que, durante dez anos, ele e sua esposa ficaram visitando, orando e ensinando a Palavra de Deus de casa em casa. De acordo com suas palavras: “Durante esse período não havia templo, onde nós pudéssemos nos reunir, por isso, as reuniões eram realizadas nas casas das pessoas. Algumas delas chegaram a modificar a estrutura de suas casas, fazendo salas maiores, com o objetivo de poder fazer as reuniões em suas casas” (Diário de campo, 08 nov. 2020).

Ainda sobre esse assunto, perguntamos ao Sr. Fabiano se não havia a intenção de construir um templo, onde as pessoas pudessem ter um lugar para se reunir? Ele respondeu que não havia a preocupação de construir um templo, mas, sim, de ensinar a Palavra de Deus e criar uma maior comunhão entre o grupo.

Voltando ao caso da Sra. Maria Botelho, no momento da nossa conversa, estávamos na sala da sua casa e perguntamos o seguinte - “se nos reuníssemos para cultuar a Deus, aqui neste local [profano] e neste momento, Deus se faria presente conosco naquele instante?” Ela respondeu: “sim, claro que sim”. Em seguida, citou um versículo da Bíblia, que se encontra em Mateus (18: 20), onde diz: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. E prosseguiu: “Não é verdade que Jesus disse isso?”. Depois continuou dizendo: “Então, Deus vai estar aonde às pessoas buscarem Ele, seja aqui, seja lá fora, seja no prédio, seja em qualquer lugar, aonde a gente se reunir para buscar Deus, lá Ele vai estar” (Diário de campo, 07 nov. 2020).

Esses relatos permitem concluir que - diferentemente das instituições e grupos religiosos mencionados anteriormente, onde templos edificados ou um determinado elemento da natureza são considerados como um lugar sagrado - para essa comunidade, o templo em causa não é um lugar dotado de exclusiva sacralidade. Diante disso, fica o seguinte questionamento: o que esta comunidade considera como sendo sagrado? Como se constrói tal espaço e por que se torna diferente do espaço profano?

Como a Antropologia e a Sociologia nos ensinam, o que torna um lugar sagrado é a identificação e o valor que um determinado grupo social atribui ao espaço: “É certo que o sistema religioso é formado por um conjunto de símbolos sagrados ordenados entre si, numa ordem conhecida pelos seus adeptos”, aponta (Geertz, 1989, p. 143). Essa questão envolve o reconhecimento da religião como um sistema de símbolos sagrados e seus valores. Numa comunidade religiosa, por exemplo, os membros ressignificam, (re)constroem e atribuem novos significados ao sagrado e criam novas visões do mundo.

Em uma das nossas visitas, participamos de uma celebração religiosa na comunidade, que começou exatamente às 19h e terminou às 21h05m. Nesse dia, o local foi um salão multiuso, destinado a várias finalidades; isto é, não era um espaço destinado exclusivamente às práticas religiosas. A celebração iniciou-se com uma canção, acompanhada por vários instrumentos musicais - violão, teclado, percussão e de sopro. Uma voz suave, com um ritmo lento, e uma melodia melancólica encheram aquele espaço. Em seguida, o líder da comunidade fez uma oração (5 minutos), agradecendo a Deus por aquele momento, pedindo perdão ao Todo Poderoso pelos pecados cometidos e pedindo ao Espírito Santo que dirigisse a celebração. Em seguida, o grupo musical cantou e tocou mais duas canções. Prosseguindo a programação, foi dada a oportunidade para as senhoras Antônia Santos e Adriana Costa para que cantassem uma canção.

Depois desse primeiro momento (dividimos a celebração em três partes), foi transmitida, através de um vídeo em um telão, uma pregação, em norueguês, do Sr. Kare Smith. A pregação durou cerca de 30 minutos. O tema foi sobre “O Temor do Senhor”.

Mas quem é Kare Smith? Segundo o sr. Fabiano, é o líder mundial da denominação “Alvorecer da Esperança”: “Nós o resumimos como um grande profeta do nosso tempo” Ainda de acordo com ele, Kare Smith é o quarto líder oficial desta igreja, com mais de um século de existência (Diário de campo, 11 jun. 2021).

Após finalizar a pregação, o Sr. Fabiano abriu espaço para quem quisesse dar um testemunho ou comentar sobre o que Deus tinha falado através do líder do movimento. Em síntese, qual era a lição que os irmãos tinham tirado daquela mensagem. Ele foi enfático em estipular o tempo de 7 minutos para cada intervenção. Ao todo foram cinco pessoas: falaram o que Deus tinha falado com elas, através daquela mensagem. Ao mesmo tempo em que relatavam as lições que haviam tirado, também davam a outras pessoas uma espécie de aconselhamento, como se fossem pequenas pregações baseadas na pregação principal de Kare Smith.

É bem visível que essas reuniões religiosas, com uma média de 8 a 12 pessoas, são bastante participativas. Quase todos os presentes são muito emotivos em suas falas, nas canções, nas orações e nos testemunhos: há vozes trêmulas, embargadas, lágrimas e choros. Esse afloramento emocional, essa “efervescência religiosa” durkheimiana, é o resultado da forte ligação entre a pessoa que crê e o transcendente, no tempo e no espaço sagrados; isto é, sem dúvida, uma manifestação hierofânica - onde algo de extraordinário acontece (Eliade, 1992). Como afirmou Rosendahl (2014, p. 12, itálicos no original), a “religiosidade do homem religioso pode ser reconhecida e estar presente no tempo kairós delineado por ele em seu ritual no lugar sagrado, como poderá também estar na prática religiosa, no tempo cronológico, de comemorações próprias da sua religião”.

Num retorno ao campo etnográfico, visando aprofundar o tema, perguntamos ao Sr. Fabiano o que ele e a comunidade entendem como um espaço não-sagrado e um lugar sagrado? Ele respondeu utilizando um dos evangelhos (João 4: 5-30), onde Jesus tem um encontro com uma mulher, denominada “samaritana”. Na narrativa bíblica, ela pergunta a Jesus: aonde Deus deviria ser adorado, no Monte (referindo-se ao Monte Gerezim, montanha sagrada para os samaritanos) ou em Jerusalém (referindo-se ao Templo, lugar sagrado para os judeus)? Fabiano acrescentou: “Jesus disse a ela que não era nem no monte nem no templo, mas que Deus deveria ser adorado em Espírito e em verdade”. Em seguida, ele sorriu e arrematou: “Tá vendo, a geografia pra Deus não importa, aonde nós nos reunirmos para adorar a Deus, aquele lugar se torna sagrado”. As palavras de Fabiano são corroboradas pelo o que afirma Tillich (1969, p. 40): “Yen la época del Nuevo Testamento, el mensaje de que Dios debe ser adorado, no em un templo ni en una montaña, sino en el Espíritu y en la Verdad, cumple con el mensaje profético”.

Por fim, perguntamos ainda ao Sr. Fabiano:

- Então, se vocês se reunirem numa sala, numa garagem, debaixo de uma árvore, no templo ou em qualquer outro prédio, aquele lugar torna-se sagrado pelo fato de vocês estarem adorando a Deus ali?

- Isso mesmo ... Um lugar se torna sagrado quando Deus está lá ... Quem consagra um lugar somos nós mesmo, porque, Deus habita em nós e se Ele habita em nós, aonde nós tivermos lhe adorando, ali se torna sagrado (Diário de campo, 11 jun.2021).

Zeny Rosendahl (2014, p. 16), ao falar da “temporalização do espaço sagrado”, realça que “o espaço sagrado, não associado necessariamente a uma temporalidade definida, pode ser denominado como espaço sagrado não fixo”. Usando como exemplo, a autora cita o Tabernáculo, que foi construído no deserto, logo após a saída dos hebreus do Egito, o qual era montado e desmontado no deserto, não possuindo nenhum espaço e nenhuma temporalidade fixa.

Portanto, segundo os membros e os líderes desta comunidade em estudo, se o lugar físico for um meio para se comunicar com o transcendente é considerado um espaço sagrado. É uma abertura através da qual pode-se romper com a vida mundana, profana, cotidiana e rotineira, e se comunicar com o outro mundo, com uma outra realidade - a sagrada, espiritual. “É o caminho para a morada de Deus”, reforçam eles.

Considerações finais

Fazendo parte de um projeto de pesquisa socioantropológico mais amplo, sobre a Comunidade Alvorecer da Esperança, o objetivo deste trabalho foi analisar o sentido de sagrado, no espaço e no tempo. A partir dessa questão central, buscou-se compreender quais os critérios que este grupo religioso comunitário utiliza para definir o lugar como sagrado, bem como os motivos para identificar outros lugares como não sagrados.

A CAE é um grupo cristão-protestante, de cariz assembleiano. No entanto, ao contrário das outras congregações evangélicas, o estudo evidenciou que a sua singularidade é não considerar o templo, nem nenhum outro espaço físico previamente definido, como sendo necessariamente um espaço sagrado. Seguindo restritamente os ensinamentos originais de Jesus Cristo, eles entendem que Deus habita em cada pessoa e não em templos ou construções produzidas pelas mãos humanas. Se a lógica é que Deus habita nas pessoas, então, onde se reunirem, o lugar se torna sagrado, não pelo lugar em si, mas pelo simples fato de estarem ali reunidos para uma celebração religiosa.

Assim, qualquer espaço físico pode se transformar num lugar sagrado, bastando, para isso, que ocorra (um)a manifestação religiosa-espiritual - onde haja reverência, cultos, adoração, oração, cânticos e leitura da Palavra de Deus; isto é, o tempo e o espaço se tornam sagrados no momento em que a comunidade se reuni para cultuar Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo. Terminada a celebração, o espaço deixa de ser sagrado, pois o tempo sagrado também chegou ao fim. Portanto, apoiando-se no Novo Testamento, os fiéis acreditam que onde estiverem dois ou três reunidos, naquele momento, Deus estará com eles e, neste tempo e espaço determinados, ocorrem as hierofanias (Eliade, 1992), ou seja, algo de extraordinário acontece.

Referências

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Notas

1 É pertinente referir que esta comunidade, embora sobre outra temática, já foi anteriormente objeto de uma pesquisa (Cezário, 2019).
2 Maria das Graças Pinheiro Botelho foi esposa do primeiro membro da Comunidade, o Sr. Botelho, já falecido.
3 Referindo-se à zona rural/ribeirinha próxima do Rio Itamimbuca, em Abaetetuba.
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