Dossiê
Biografia de Santa Giuseppina Bolis (1847-1916): contribuições para a História das Mulheres
Biography of Santa Giuseppina Bolis (1847-1916): contributions to Women’s History
Biografía de Santa Giuseppina Bolis (1847-1916): contribuciones a la historia de las mujeres
Biografia de Santa Giuseppina Bolis (1847-1916): contribuições para a História das Mulheres
Revista NUPEM (Online), vol. 15, núm. 36, pp. 43-56, 2023
Universidade Estadual do Paraná
Recepción: 14 Mayo 2023
Aprobación: 05 Junio 2023
Resumo: Este trabalho objetiva compreender a biografia de Santa Giuseppina Bolis, oriunda da Península Itálica e emigrada ao Brasil ao final do século XIX, e as contribuições que sua história de vida promove para a História das Mulheres e a História da Educação. As análises partem de Perrot (2005) e Matos (1998), sobre o feminino, Carino (1999) e Roiz (2012), para questões biográficas, e Giron (2017) e Matos (2018), sobre o contexto migratório italiano. Para a construção, analisa-se a biografia de Santa (1847-1916), em seguida, os protagonismos, as lutas e os desafios enfrentados por ela e demais mulheres de sua época. Concluiu-se que há possibilidades para reflexão da História das Mulheres sob diferentes temporali-dades, principalmente quanto aos padrões e às quebras de costumes, fatos que colocam em evidência a necessidade do debate de questões femininas históricas, para que possamos olhar para o passado, mas também transformá-lo no presente e futuro.
Palavras-chave: Biografia, História das Mulheres, Imigrantes mulheres.
Abstract: This work aims to understand the biography of Santa Giuseppina Bolis, born in Italy and emigrated to Brazil at the end of the 19th century, and the contributions that her life story promotes to Women’s History and Education History. The analyses start from Perrot (2005) and Matos (1998) when thinking about women, Carino (1999) and Roiz (2012) for biographical issues, and Giron (2017) and Matos (2018) when talking about the Italian migratory context. For the analyses, the biography of Santa (1847-1916) was investigated, then we reflected on the protagonism, struggles, and challenges that she and other women of her time faced. It was concluded that there are possibilities for reflection on Women’s History under different temporalities, especially regarding patterns and breaks in habits, which highlight the need for debate on historical women’s issues so that we can look at the past but also transform it into the present and future.
Keywords: Biography, History of women, Female immigrants.
Resumen: Este trabajo tiene como objetivo comprender la biografía de Santa Giuseppina Bolis, oriunda de la península italiana, que emigró a Brasil a finales del siglo XIX, y las contribuciones que su historia de vida promueve a la Historia de las Mujeres y a la Historia de la Educación. Los análisis parten de Perrot (2005) y Matos (1998) al pensar en lo femenino, Carino (1999) y Roiz (2012) para temas biográficos y Girón (2017) y Matos (2018) al hablar del contexto migratorio italiano. Para la construcción, se investigó la biografía de Santa Giuseppina Bolis (1847-1916), luego reflexionamos acerca de los protagonismos, luchas y desafíos pasados por ella y otras mujeres de su tiempo. Se concluyó que existen posibilidades de reflexión sobre la Historia de las Mujeres bajo diferentes tempo-ralidades, especialmente en cuanto a patrones y rupturas en las costumbres, hechos que resaltan la necesidad de debatir sobre temas históricos de las mujeres, para que podamos mirar hacia el pasado pero también transformarlo en presente y futuro.
Palabras clave: Biografía, Historia de las Mujeres, Mujeres inmigrantes.
Introdução
Ao evidenciar a biografia de mulheres, buscamos salientar seus protagonismos, lutas e desafios, como explicado por Matos (1998, p. 68), “reintegrar as mulheres à história e restituir a elas sua história”, assim, escolhemos produzir conhecimentos sobre a História das Mulheres da Região Colonial Italiana (RCI) ou Encosta Superior do Nordeste do Rio Grande do Sul. A narrativa versa sobre uma história individual1, a biografia de Santa Giuseppina Bolis, entendendo que ela pode ser tomada como base para compreender uma comunidade e outras vidas femininas, já que a história de uma mulher é também a história de várias delas (Perrot, 2005). Ademais, como inspira Lepetit (1998), a variação de escalas na análise histórica é relevante para perceber nuances do processo histórico que poderiam permanecer imperceptíveis se a lupa não se aproximasse de microfenômenos. E como registra, inspirado em Blaise Pascal, uma “cidade, um campo, de longe são uma cidade e um campo, mas à medida que nos aproximamos, são casas, árvores, telhas, folhas, capins, formigas, pernas de formigas, até o infinito. Tudo isso está envolto no nome campo” (Lepetit, 1998, p. 102). Por meio da escala micro, investigar a biografia de Santa Giuseppina Bolis permite revelar aspectos que poderiam permanecer despercebidos numa outra escala de análise.
Nessa perspectiva, a biografia e o itinerário de vida de uma mulher imigrante, Santa, oriunda da Península Itálica e estabelecida na RCI2, compõem o foco geral deste estudo. Para organizar a escrita, apresentamos os seguintes objetivos: 1) investigar a biografia de Santa Giuseppina Bolis, do período temporal de 1847 a 1916 na Península Itálica e na RCI para então: 2) identificar as contribuições que a biografia de mulheres promove para a reflexão sobre a História das Mulheres ao mesmo tempo que se relaciona com a História da Educação.
Para tal foi utilizada a operação genealógica, termo utilizado por Barros (2007) com base na concepção de operação historiográfica de Michel de Certeau para a construção da biografia de Santa, como os laços familiares e demais aspectos da sua vida. As buscas por documentos oficiais correspondem ao período de nascimento de Santa até seu falecimento, respectivamente dos anos de 1847 a 1916 em acervos paroquiais, civis, arquivos de Estado e de imigração para a construção da trajetória3 de vida e do contexto histórico em que estava inserida. Portanto, trata-se de “um mosaico de referências do passado” que requer “uma paciente busca de indícios, sinais e sintomas, acrescida da análise detalhada para esmiuçar o implícito e oculto, atentando para os múltiplos significados da documentação” (Matos, 2017, p. 125). Apesar de utilizarmos como base o recorte temporal dos anos em que Santa viveu, entendemos que “periodizações históricas são sempre problemáticas” (Carino, 1999, p. 157), pois múltiplos são os tempos que se entrecruzam na história.
Para Roiz (2012, p. 139), a história biográfica leva em conta uma “dialética de acontecimentos, conjunturas e estruturas, elites e massas, indivíduos e grupos, palavras e ação, de modo a não simplificar a trajetória linear e teleológica”, e entendemos que a História das Mulheres é um campo de disputa pela escrita da história e que falar sobre o tema envolve histórias de protagonismos, lutas e desafios encabeçados por mulheres. Assim, o recorte temporal do período migratório do final do século XIX e início do século XX nos coloca possibilidades para refletir o quão necessário é marcar a presença e os acontecimentos que as mulheres experienciaram, no processo historicamente constituído, entrecruzado com a subjetividade da biografia dos sujeitos. Sobre a aproximação entre biografia e história, também:
Vale assinalar que preconizarmos a importância da vida vivida por cada indivíduo não significa, em absoluto, ignorar sua condição de “ser no mundo”, a circunstancialidade, a influência do meio. Não há sequer como imaginar esse indivíduo “isolado”, infenso às influências sociais e econômicas, impermeável à historicidade - à sua, pessoal, à da sociedade em que vive e à da História (Carino, 1999, p. 169-170).
A História das Mulheres pode ser tratada como uma ampliação e diversificação da historiografia nos últimos anos. Para Matos (1998), as historiadoras propõem a reconstrução das experiências femininas através dos tempos por meio de sua participação na sociedade, na organização familiar e nos movimentos sociais, participação que permaneceu silenciada por um longo período, já que a história patriarcal privilegiava ações de personagens masculinos, homens e brancos. O patriarcado é entendido no sentido explicitado por Lagarde (1997, p. 52, tradução nossa) como “uma ordem social genérica de poder, baseada num modo de dominação cujo paradigma é o masculino. Esta ordem assegura a supremacia do homem e do masculino sobre a interiorização prévia da mulher e do feminino. É igualmente uma ordem de dominação de uns homens sobre outros e de alienação das mulheres”4.
A escrita sobre mulheres e de mulheres limitava-se muitas vezes a diários íntimos, cartas e documentos memorialísticos, muitos desses escritos, ou “escritos ordinários” conforme aponta Cunha (2019), eram pensados com o intuito de serem eliminados por serem considerados sem importância. Contemporâneamente, acreditamos que são fontes que geram conhecimento para compreender o papel das mulheres nas estruturas familiares ou que da diversidade de fontes, principalmente quando essas não sobreviveram ao tempo “aliada a uma leitura que seja capaz de esmiuçar o explícito como forma de dar sentido ao implícito e ao oculto, por meio de uma relação dialógica que possa resgatar as múltiplas experiências das mulheres e/imigrantes” (Matos; Truzzi; Conceição, 2018, p. 5). Nesse aspecto, apesar de não serem localizados documentos produzidos diretamente por Santa, propomos olhar para outras fontes e com elas aproximar-se do implícito e oculto na compreensão experiencial da vida dela e demais mulheres do período.
Ao longo do estudo, apresentamos o itinerário de vida de Santa, resultado da análise da investigação da trajetória biográfica: seu nascimento, o contexto, os laços familiares iniciais, o casamento, a emigração, a vida adulta, o segundo casamento até o seu falecimento. Em seguida foram mobilizados autores entrelaçados aos vestígios localizados da vida de Santa, assim, problematizamos questões como o feminino, com base em Perrot (2005) e Matos (1998), a própria questão biográfica com Carino (1999), Roiz (2012), Giron (2017) e Matos (2017) para entender o contexto migratório do período. Após, partimos para as considerações finais do estudo.
Santa Giuseppina Bolis, biografia de uma imigrante
“Biografia”, termo cunhado desde o século V a.C., é a designação para escrever, descrever, desenhar a vida (Carino, 1999), como gênero literário ela se situa na narração da história de vida de uma pessoa, narrativa que de acordo com Carino (1999, p. 154) fascina o leitor, seja qual for a intenção em produzi-la, afinal,
Não se biografa em vão. Biografia-se com finalidades precisas: exaltar, criticar, demolir, descobrir, renegar, apologizar, reabilitar, santificar, dessacralizar. Tais finalidades e intenções fazem com que retratar vidas, experiências singulares, trajetórias individuais transforme-se, intencionalmente ou não, numa pedagogia do exemplo. A força educativa de um relato biográfico é inegável.
Dessa forma, o estudo de biografias pode ser visto sob o prisma da História da Educação, parafraseando Carino (1999), afinal a “biografia trata do individual, da trajetória de uma dada vida, específica, concreta. A educação, por seu turno, embora lidando com cada indivíduo, trata do coletivo: dos conhecimentos, normas, valores etc., com os quais esse ser individual irá participar da vida da sociedade, isto é, da instância coletiva” (Carino, 1999, p. 169). Tal perspectiva, de certa forma, encontra um diálogo entre a micro e a macro história, o individual, mas também o coletivo, a história e a educação compreendendo que múltiplos são os tempos e conexões que envolvem a vida de uma pessoa com o espaço em que ela se encontra.
No que se refere à História de Mulheres na RCI, podemos destacar o protagonismo de quatro historiadoras caxienses: Giron (2008), Bergamaschi e Giron (1997), Machado (1998) e Favaro (2002) que buscaram contar a História das Mulheres na região. O objeto central dos estudos envolve relações que as mulheres construíram através do trabalho na pequena propriedade colonial e na zona urbana. São mulheres majoritariamente de origem italiana, mas há referências de outras nacionalidades, que compuseram a mão de obra mais barata na pequena propriedade, desde as primeiras gerações de imigrantes mulheres advindas da Itália e suas descendentes pobres que constituíram também a mão de obra nas primeiras indústrias da região.
Santa Giuseppina Bolis nasceu em 30 de março de 1847 na frazione5 de Grossa, município de Gazzo, província de Pádua, pertencente à Península Itálica. Foi a 11ª filha de Angelo Bolis e Teresa Toffanin. Na época em que nasceu, seus pais já eram casados há 19 anos e tiveram mais dois filhos após Santa. De uma família6 com posses pelo lado paterno, seu avô Andrea Bolis era dono de extensões de terra consideradas grandes para a época no município de Gazzo, o que historicamente com a crise econômica e política que se instaurou ao longo do século XIX na Itália (Trento, 1989) fez a família perder o poder aquisitivo e seu pai, bem como Santa, terem menos condições financeiras do que os antepassados.
Santa casou aos vinte e um anos, por volta de 1868, com Pietro Farinea, um agricultor natural de Grumolo delle Abbadesse, em Vicenza, município limítrofe ao seu. Posteriormente, a primeira filha faleceu com 12 anos, em seguida Santa e Pietro perdem os pais, Bortolo e Angelo, falecidos respectivamente em 04 de novembro de 1880 e 17 de novembro de 1881. Os outros cinco filhos de Santa e Pietro Farinea nascem na década de 1870 em Piazzola Sul Brenta, também pertencente a Pádua, conforme apresentado no mapa a seguir. Na área destacada em laranja estão os municípios nos quais a família de Santa viveu na Itália.

Fazemos um adendo que, pensando em deslocamentos, antes mesmo da emigração da família ao Brasil, há deslocamentos entre Gazzo, Grumolo e Piazzola e sob a ótica do nosso estudo focando em Santa, pensamos que
Mesmo quando estavam destinadas a permanecer na terra natal, [as mulheres] participavam ativamente de todos os procedimentos, bem como das decisões a serem tomadas (quem devia partir, quando, para onde e com quais recursos), incluindo sua atuação nos rituais de partida e nos preparativos para a viagem, além de vir a assumir responsabilidades que antes eram incumbência dos homens (Matos, Truzzi; Conceição, 2018, p. 4).
O casamento e a maternidade parecem recorrentes nas histórias de vida das mulheres, ser esposa e gerar filhos para o trabalho na pequena propriedade colonial era o papel destinado a mulheres, era algo aceito sem questionamento pela maioria delas, pois aprendiam desde cedo e eram preparadas para isso. A educação das meninas iniciava-se desde muito cedo, voltada aos afazeres da casa, com normas de técnicas de costuras e trabalhos manuais envolvendo a confecção de seu próprio enxoval, uma pequena coleção de artigos como toalhas, lençóis e panos de pratos, o cuidado com os/as irmãos/ãs mais novos/as. As brincadeiras simulavam o que seriam no futuro, mães e esposas, além dos cuidados com os filhos e filhas.
A família acaba por emigrar ao Brasil no auge do que é considerado como “a grande emigração” que inicia em 1875 e cabe refletirmos que entre “as múltiplas motivações que levaram às mobilidades encontram-se a procura da realização de sonhos, abertura de novas perspectivas, fugas das pressões cotidianas e a busca do ‘fazer a América’, em variadas representações construídas e vitalizadas neste universo” (Matos, 2017, p. 122). A decisão pela migração de longo curso gerou efeitos contraditórios: “Por vezes, o poder da família, âmago da economia e das solidariedades étnicas, é reforçado e o papel dos sexos acentuado”, como explicou Perrot (1991, p. 520).
A bordo da terceira classe do vapor Atlântico, partem de Gênova em fevereiro de 1883. As condições da viagem foram, para a maioria dos que migravam, marcadas pela escassez de comida, por péssimas condições de higiene e pouca ou nenhuma salubridade. O esposo de Santa, Pietro Farinea, acaba por falecer7 no vapor (Arquivo Nacional, 1883), sendo jogado ao mar. Tais acontecimentos não eram incomuns. Denúncias relativas à falta de leitos, de serem obrigados a permanecer amontoados, ausência de médico a bordo ou falta de medicamentos, bem como problemas com a alimentação foram registrados com certa frequência. Moricola (2008, p. 99) afirma que em 1907, “nas viagens para Sul da América, em um total de 47 mortos, 24 eram crianças de 0 a 10 anos, 19 deles falecidos por sarampo”, ou seja, a precariedade atingia em especial as crianças, além de idosos. Constantino refere que
Depois de um mês de viagem, partindo de Gênova, aportava-se no Rio de Janeiro, onde, desde 1881, havia uma hospedaria para imigrantes na Ilha das Flores. Dali, os imigrantes seguiriam viagem para o Sul, em navio da Companhia Nacional de Navegação. Fariam escalas em Santos, Paranaguá e Florianópolis, antes de chegarem em Rio Grande, de onde seguiriam para Porto Alegre, às vezes necessitando fazer transbordo na cidade (Constantino, 2007, p. 404).
Passados em torno de doze dias de viagem, permaneciam por alguns pernoites na hospedaria de imigrantes em Porto Alegre e, dali, seguiam para as colônias - percorrendo parte do caminho em barcos e, também, parte do trajeto a pé [mais tarde, de carroça]. Cansados, mal alimentados e com privações de diferentes ordens, as famílias chegavam às colônias e eram alojadas em barracões, aguardando a designação do lote que ocupariam. Além da perda do marido, consta que no paquete entre o Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Santa perde também o filho Bortolo e se estabelece8 com 3 filhas e 1 filho na colônia de Otávio Rocha, pertencente na época a Caxias, hoje Caxias do Sul. Ela recebe o lote em seu nome, como viúva, mas o destino dela e principalmente das filhas estavam atrelados ao contexto e padrões da época, ou seja, não era comum receber um lote por ser mulher. Além de receber o lote, destacamos que foram as primeiras levas de ocupação naquela localidade e que Santa conseguiu quitar a dívida colonial após dez anos, em 1893. A administração da propriedade familiar era atribuição do marido, a dimensão do público era quase exclusiva aos homens, mas Santa ficou viúva no percurso migratório e tornou-se proprietária no momento da colonização.
Dos primeiros anos de estabelecimento não foram localizados vestígios documentais, entretando pensamos que talvez Santa poderia estar inconsciente do papel que desempenhava, seu protagonismo frente à subsistência da família poderia ser em virtude das condições impostas, lutas e desafios que conseguimos apenas problematizar e estimar. Teria Santa gerado documentos e anotações para o controle da propriedade? Segundo análise de Giron (2008), muitas das mulheres proprietárias empreenderam com abertura de casas de pasto ou como parteiras, por exemplo, a fim de ampliar e complementar a renda. Para a mesma autora (2008, p. 94), as “ações de algumas donas de terra devem ter sido muito duras na condução da propriedade, levando a família a se desintegrar, o que levou ao surgimento de inúmeras mulheres abandonadas pelos próprios filhos”.
Na família de Santa, duas filhas se casam com tenra idade e ela desposa o viúvo Catterino Toniazzo que possuía filhos pequenos. Cada qual seguiria o “chefe de família”, sendo este núcleo inicial (Santa, filhas e filhos) disperso. A filha Elisa faleceu ainda em Otávio Rocha com dezesseis anos, a filha Ângela permanece um tempo em Otávio Rocha (migrou casada para Sananduva), a filha Adelaide vai para Antônio Prado (RS) e falece no parto do quinto filho com apenas 25 anos, já Santa migra para Sananduva (RS) com o então esposo Catterino, filhas e filhos do primeiro casamento dele, alguns já casados, outros menores que permanecem com Santa e Catterino até os seus casamentos na década de 1910. Logo, percebe-se que Santa auxiliou na criação dos filhos menores de Catterino.
Santa acaba por falecer em 16 de agosto de 1916 em Sananduva (RS). Um dos documentos que localizamos foi o comunicado de sua morte, publicado no jornal “Il Colono Italiano”:

O aviso fúnebre informava:
SANANDUVA. No dia 16 de agosto, depois de dois longos meses de doença, suportada com santa resignação, fecho os olhos para o eterno descanso, com a idade de 69 anos, Giuseppina Toniazzo, nascida Bolis. Havia previamente recebido todos os confortos de nossa santa religião. Marido e filhos lamentam e agradecem todos os que a assistiram na doença e a acompanharam em sua última hora. Sinceras condolências (Il Colono Italiano, 14 set. 1916, p. 2, tradução nossa).
Das últimas décadas de sua vida, é possível afirmar que parte dos seus filhos com o primeiro esposo seguem cada um uma trajetória de vida longe da mãe, um caso em que “a família veio junta, mas nem todos permaneceram unidos no novo contexto” (Matos; Truzzi; Conceição, 2018, p. 3), e da biografia documental de Santa, é possível elencar alguns indícios no que se refere às questões do feminino e da posição da mulher na época em que Santa viveu, realizadas a seguir.
Santa Giuseppina Bolis e a História das Mulheres
É o olhar que faz a História. No coração de qualquer relato histórico, há a vontade de saber. No que se refere às mulheres, esta vontade foi por muito tempo inexistente. Escrever a História das Mulheres supõe que elas sejam levadas a sério, que se dê à relação entre os sexos um peso, ainda que relativo, nos acontecimentos ou na evolução das sociedades (Perrot, 2005, p. 14).
É possível afirmar, conforme Perrot (2005), que a História das Mulheres foi negligenciada e para a legitimação e reconhecimento dessa historicidade, necessitamos trazê-las a um lugar de escrita igualitária. Pensando na trajetória de Santa, indícios documentais emergiram e são interessantes para uma discussão visando dar visibilidade a ela e à História das Mulheres.
Os documentos do período trazem a escrita voltada somente à importância do homem, do pai ou do esposo, evidenciando que o patriarcado se revela na história de Santa e de tantas outras mulheres e pesquisada e escrita, ou retomada como aqui “através de”, “por meio de” e “a pouca atenção dada às experiências femininas nos estudos dos processos de e/imigração tendeu a ser justificada pela menor porcentagem de mulheres nos dados oficialmente computados, o que por si só deve ser relativizado” (Matos; Truzzi; Conceição, 2018, p. 3).
Para obtenção da informação da lista de toda a sua família e das informações de Santa, foi necessária verificação em registros de seu pai, por exemplo. As formas de registros dos documentos em que aparecem o nome de Santa mostram a negligência com as mulheres, evidenciando a “égide do patriarcado”, conforme observa Scott (2012, p. 16), em outras palavras, a organização da sociedade, a noção de autoridade, os comportamentos eram orientados por uma visão masculina do patriarca, o homem, o chefe. Sobre documentos oficiais, entendemos que é um conjunto de papéis, livros de atas, registros de casamentos, de falecimento de pessoas salvaguardados por instituições públicas e privadas. Esses documentos trazem a ausência e o silenciamento das mulheres, além disso, e os egodocumentos por vezes colecionados ao longo dos anos, registros de seus negócios, narrativas, anotações são descartados com o falecimento das mulheres, como Giron (2008) já havia constatado.
Essas lacunas das experiências femininas, ou seja, a História das Mulheres exige outras investigações a fim de retomar um lugar de igualdade. Nesse sentido, Perrot (2005) coloca a relevância de retomar esse espaço, mesmo que, nesse caso, análise dos documentos e egodocumentos sob outras perspectivas. Sobre as mulheres imigrantes na RCI/RS, área destinada ao estabelecimento de imigrantes italianos situada na Encosta Superior do Nordeste da província de São Pedro do Rio Grande do Sul, hoje, região da Serra Gaúcha do Rio Grande do Sul, Giron (2017, p. 57-58) produziu uma reflexão interessante, para a continuidade desta discussão,
À mulher cabia a horta, a criação, a cozinha, a fiação, a tecelagem [...]. Deve-se observar que os lotes eram oferecidos apenas aos imigrantes do sexo masculino, chefes de família. As mulheres que perdiam o marido nas viagens, para poderem sobreviver tiveram de casar com viúvos disponíveis ou com solteiros interessados em conseguir terras.
Há dois pontos de discussão relevantes no que se refere ao excerto de Giron (2017) e à vida de Santa Bolis. Primeiramente com relação aos lotes, contrariando a explicação de Giron (2017) quanto ao fornecimento apenas para homens, a trajetória exposta mostra que, por mais que em sua maioria os lotes fossem oferecidos aos homens, no caso de Santa ela recebe o lote como viúva. E na mesma colônia existiram também outras viúvas recebendo o lote, vemos aí rupturas através dos protagonismos das mulheres na sociedade, realizando atividades que não eram esperadas delas.
Mesmo assim, é preciso levar em consideração que pelos registros remanescentes de títulos definitivos de terras, há em sua maioria inscrições como “Aqui presente a viúva de X”. Escrita que evidencia a representação da mulher na época, ela “dependia9” do chefe, “pertenceria” ao homem que seria o núcleo da família. Essa questão pode inclusive ser refletida com base em fotografias antigas em que as mulheres se vestiam de preto por longas décadas ao ficarem viúvas. Este é o primeiro ponto que emerge da biografia de Santa. Analisando sob uma perspectiva geracional, percebemos que a viuvez na juventude precisa ser reparada com um novo casamento, já na idade adulta a viuvez era tolerada.
A segunda questão é que, como apontado por Giron (2017) quanto aos casamentos, Santa não teria se casado com um viúvo para a obtenção da terra ou mesmo por questões financeiras. Mas sim, casou-se com Catterino Toniazzo 15 anos após a chegada ao Brasil, aos cinquenta e um anos e após quitar a sua dívida no lote, o que mostra outro “desvio” de uma conduta esperada para uma mulher imigrante da época e da região.
Ademais, como será que ela conseguiu recursos financeiros com os filhos pequenos? Teria ela buscado sustento como lavandeira, agricultora ou qual seria suas atividades? As mulheres sempre trabalharam muito, precisaram dar conta do cuidado com os filhos/as, da casa, da alimentação da família, cuidavam de hortas, alimentavam animais, cozinhavam alimentos para conservar, remendavam roupas, ajudavam os maridos em todas as fases do plantio e colheita de produtos agrícolas na região. Algumas mulheres na ausência do marido precisaram dar conta também das finanças da pequena propriedade, muitas delas prosperaram e contribuíram para a construção da riqueza da região. Santa conseguiu quitar a dívida do lote e criar seus filhos e filhas, ela certamente precisou organizar as finanças e criar estratégias de sobrevivência, evidenciando a História das Mulheres da RCI. A aquisição da propriedade da terra, como menciona Vendrame (2010, p. 77), “possibilitava a própria sobrevivência e a manutenção das relações familiares. Na família camponesa, o trabalho era realizado por todos os membros, e o acesso à terra garantiu essa prática, sendo, enfim, a atividade coletiva responsável por assegurar não apenas a manutenção do grupo, mas também a sua reprodução social e cultural”.
Ao retomar a sua trajetória de vida também é possível compreender que as famílias eram grandes e que ela possivelmente passou dificuldades desde a sua infância, tendo cortado elos familiares para o seu casamento com Pietro e que ambos constituem um núcleo familiar que posteriormente se assemelha ao que ela e Catterino constituíram, seguindo deslocamentos ou isolamentos do restante da família então refletimos sobre as redes de sociabilidades que se criaram no seu percurso. E sem o intuito de vangloriar certas trajetórias de imigrantes como memorialistas ou mesmo com o cuidado de não canonizar a biografia (Carino, 1999), é possível perceber que o percurso de vida de Santa teve períodos de dificuldade como o momento em que ela se encontrou no vapor, perdendo o esposo e filho, com filho e filhas pequenos. Na História das Mulheres é comum nos depararmos com mulheres que materializam uma força muito maior em lidar com a adversidade e com a dor. Na esfera do privado e principalmente no papel do cuidar de tudo e de todos, elas acabam sendo a base sólida para a sobrevivência dos mais jovens para, assim, manter a lógica da exploração.
Apesar de ser possível ver exceções transpostas por Santa, do segundo casamento e de sua possível posição na criação dos enteados, é comum ver na época o casamento de viúvas e solteiras com viúvos que tinham uma quantidade considerável de filhos menores (não o contrário!), e isso porque há de se ter ciência da ideação das mulheres ao cuidado das crianças, aqui pensemos na maternidade quanto à função exclusiva do feminino (Zimmermann; Medeiros, 2004). Catterino tinha vários filhos menores de 10 anos quando Santa o esposou, assim ela foi uma exceção para certos fatos, mas também seguiu costumes, afinal sua individualidade esteve sujeita às vicissitudes históricas (Carino, 1999) e dessa forma pensamos criticamente no papel por ela desenvolvido.
O corpo feminino e o trabalho circundam a economia da pequena propriedade colonial, o corpo feminino capaz de parir outro ser que desde pequeno já pode trabalhar é o mesmo corpo que zela por outros seres que não pariu, as mulheres viúvas que casavam novamente assumiam o cuidado com a prole do então marido. A morte das mulheres em idade fértil nesse período era recorrente, por isso, uma viúva casar novamente significava que o marido, recém-enviuvado, também poderia trabalhar no que lhe competia enquanto homem, ou seja, a esfera pública.
A sua história, como tantas outras, foi silenciada (Perrot, 2005) pelos documentos e pelo tempo, mas pode ser evidenciada em trabalhos como este, “a síntese unificadora representada pela encarnação em uma vida das peripécias acontecidas num mundo complexo nunca pareceu tão adequada como instrumento de investigação histórica” (Carino, 1999, p. 167) e por essa trajetória podemos estabelecer um viés educativo deixado, sob a posição problematizadora do presente em que vivemos (Zimmermann; Medeiros, 2004), e que seu ocultamento e alguns padrões não se perpetuem para a história futura das mulheres.
Considerações finais
As mulheres não estão sozinhas neste silêncio profundo. Ele envolve o continente perdido das vidas tragadas pelo esquecimento em que se aniquila a massa da humanidade (Perrot, 2005, p. 11)
O presente estudo teve como objeto a vida da imigrante Santa Giuseppina Bolis e dois foram os objetivos específicos que permeiam a emergência deste: 1) investigar a biografia de Santa, do período temporal de 1847 a 1916 na Península Itálica e na RCI para então: 2) identificar as contribuições que a biografia de mulheres promove para a reflexão sobre a História das Mulheres e a História da Educação. Objetivos que foram desdobrados em sessões com a análise da biografia de Santa para em seguida mobilizar teóricos e refletir sobre documentos disponíveis para a escrita da História das Mulheres na RCI.
Para a construção foram utilizados como base os estudos de Perrot (2005) e Matos (1998) para questões do feminino, Carino (1999) e Roiza (2012) do ponto de vista biográfico e Giron (2017) para o contexto histórico e assim como Matos, Truzzi e Conceição (1998, p. 21), procuramos por este estudo questionar “o imigrante universal masculino e destacando a importância de se observar a experiência migratória a partir de uma diversidade de fontes e de outros olhares que valorizem a experiência feminina”.
Das conclusões foi possível verificar que Santa fugiu de alguns padrões da época, como tornar-se proprietária de lote na viuvez, o possível trabalho que exerceu no desenvolvimento econômico da pequena propriedade, a liderança e também a responsabilidade de criar seus filhos e filhas e depois seus enteados. Porém, Santa não pôde fugir de todas as representações estigmatizadas que o seu corpo feminino estava condicionado, o de ser esposa, mãe e madrasta, evidenciados na sua própria biografia. A história dessa mulher, proprietária, migrante, mãe, esposa, viúva, trabalhadora e tantas outras formas de entender a tessitura de sua vida é um convite a pensarmos na história de mulheres que, para além das amarras socioculturais e econômicas que recaíam sobre seus corpos e suas existências, viveram com intensidade, nas brechas do poder e puderam sobreviver com suas famílias produzindo respostas diferenciadas mediante os desafios da vida. A condição de proprietária de terras é um dos diferenciais da época e com isso nos perguntamos quantas outras mulheres puderam encontrar espaço para produzir, em suas vidas, outras alternativas para além daquelas regidas pelo patriarcado. Se pudéssemos escavar outras histórias de mulheres, acreditamos que novas e impensadas formas de viver poderiam emergir. Por isso, o importante papel da pesquisa e da quebra do silenciamento histórico sobre as mulheres.
O contexto de vida de Santa possibilita reflexões sobre o silenciamento das memórias femininas e o seu apagamento das fontes ditas oficiais, o espaço que seu corpo feminino como meio de produção deveria permanecer, a esfera privada, mas ao mesmo tempo, sua biografia evidencia rupturas do que se entendia como natural para uma mulher na época, mostrando que generalizações sobre as mulheres imigrantes da RCI são problemáticas e que as diversas formas de viver de mulheres são importantes para se ter uma leitura de resistência a uma realidade regional demarcada pelo patriarcado.
Fontes
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Notas