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Culturas transnacionais: cinema, migração e identidade no Vale do Itajaí nas primeiras décadas do século XX
Transnational cultures: cinema, migration, and identity in the Vale do Itajaí during the first decades of the 20th century
Culturas transnacionales: cine, migración e identidad en el Valle del Itajaí en las primeras décadas del siglo XX
Culturas transnacionais: cinema, migração e identidade no Vale do Itajaí nas primeiras décadas do século XX
Revista NUPEM (Online), vol. 16, núm. 38, e2024026, 2024
Universidade Estadual do Paraná
Recepción: 15 Febrero 2023
Aprobación: 20 Mayo 2023
Resumo: Nas análises sobre a Deutschtum (germanidade) do Vale do Itajaí (Santa Catarina), o binômio lar-língua é destacado como base para a criação e manutenção da identidade étnica teuto-brasileira. Assim, dentre as instituições criadas para valorização da língua comum alemã, cita-se as escolas, os jornais e as associações recreativas. O presente escrito busca analisar o papel do cinema nesse sistema cultural, tendo em vista que, entre 1900 e 1930, era comum justamente tais espaços culturais, criados para manutenção da germanidade, abrigarem também sessões de cinema, notadamente, projetadas no idioma alemão. Argumenta-se que, no Vale do Itajaí, na transição do século XIX para o XX, o cinema participou da construção da Alemanha como uma comunidade imaginada, que permitiu o estabelecimento de uma ponte de sentidos entre a origem destes imigrantes e o novo território ocupado, configurando uma identidade transnacional baseada na germanidade: a comunidade étnica dos deutschbrasilianer (teuto-brasileiros).
Palavras-chave: Exibição cine-matográfica, Identidade cultural, Blumenau, Teuto-brasileiros.
Abstract: When analyzing the Deutschtum (Germanness) of the Vale do Itajaí (Santa Catarina), the home-language binomial is highlighted as the basis for the creation and maintenance of the German-Brazilian ethnic identity. Therefore, among the institutions created for the valorization of the standardGerman language are schools, newspapers, and recreational associations. This work seeks to analyze the role of the cinema in this cultural system, bearing in mind that, between 1900 and 1930, it was common for these cultural spaces, created to maintain the German identity, to host movie sessions notably projected in the German language. It is argued that during the transition from the 19th to the 20th century in the Vale do Itajaí, the cinema took part in the construction of Germany as an imagined community that allowed the establishment of a bridge of meanings between the origin of these immigrants and the newly occupied territory, configuring a transnational identity based on Germanness: the ethnic community of the deutschbrasilianer (German-Brazilians).
Keywords: Film exhibition, Cultural identity, Blumenau, German-Brazilians.
Resumo: En los análisis sobre la Deutschtum (germanidad) del Valle de Itajaí (Santa Catarina), el binomio hogar-lengua se destaca como base para la creación y mantenimiento de la identidad étnica germano-brasileña. Así, entre las instituciones creadas para valorar la lengua común alemana se pueden citar escuelas, periódicos y asociaciones recreativas. Este texto busca analizar el papel del cine en este sistema cultural, considerando que entre 1900 y 1930 era común precisamente que estos espacios culturales, creados para mantener la germanidad, albergaran también sesiones de cine, especialmente proyecciones en lengua alemana. Se argumenta que en el Valle de Itajaí, en la transición del siglo XIX al XX, el cine participó de la construcción de Alemania como una comunidad imaginada, que permitió establecer un puente de significados entre el origen de estos inmigrantes y el nuevo territorio ocupado, configurando una identidad transnacional basada en la germanidad: la comunidad étnica de los deutschbrasilianer (germano-brasileños).
Palavras-chave: Proyección cinematográ-fica, Identidad cultural, Blumenau, Germanobrasileños.
Introdução
O marco da primeira exibição cinematográfica mundial é localizado em Paris, no ano de 1895 e, um ano depois, tem-se o registro em terras brasileiras, no Rio de Janeiro (Gomes, 1980). Em 1900, o Teatro Frohsinn de Blumenau, no Vale do Itajaí, recebeu um cinematógrafo, configurando uma das primeiras exibições registradas em todo estado de Santa Catarina (Pozzo; Candeia; Muller, 2022). Este fato é notável, pois trata-se de uma região cuja ocupação colonial, predominantemente germânica, havia sido iniciada apenas 50 anos antes, a partir da fundação da Colônia Blumenau (Kormann, 1996).
O cinema não apenas chegou precocemente à Blumenau, como se tornou um elemento de sustentação e expansão econômica da região do Vale do Itajaí, especialmente a esfera da exibição cinematográfica. Após a fase das exibições em espaços culturais, durante o século XX, o Vale do Itajaí conformou uma rede exibidora que contou com salas icônicas, como o Cine Busch de Blumenau, o Cine Palace de Rio do Sul, o Cine Mogk, rede de Walter Mogk, dentre outros, frutos do investimento de prósperos comerciantes e industriais que expandiram sua rede inclusive para outras regiões, como o Vale do Rio Tijucas (Candeia; Pozzo, 2021). Tratou-se, de fato, da rede exibidora regional de maior envergadura no território catarinense, com 68 salas de cinema identificadas dentro de um universo de mais de 200 estabelecimentos de rua presentes em Santa Catarina ao longo do século XX (Muller, 2022).
As primeiras exibições cinematográficas no Vale do Itajaí apresentam algumas características em comum. Foram realizadas por ambulantes ou em espaços não propriamente edificados para tal, como teatros, salões de sociedades recreativas e hotéis. Trata-se de uma fase que, em geral, se estende entre as décadas de 1900 e 1930 nas principais cidades - Itajaí, Blumenau e Brusque - mas se expressa tardiamente, nas décadas de 1940 e 1950, nas cidades menores (Gaspar, Ibirama, Rodeio, Rio do Sul, Rio dos Cedros e Pomerode).
A análise da formação do circuito exibidor do Vale revela um processo de desenvolvimento regional complexo, com múltiplas determinações a serem consideradas, tanto de ordem econômica, quanto cultural. No presente escrito, desenvolve-se o argumento de que a precocidade da chegada do cinema nessa região deve-se, além do caráter urbano e técnico da imigração germânica, também ao valor atribuído à cultura como estratégia de pertencimento dos migrantes germânicos na Palmenland, “terra das palmeiras”, como era por eles denominado o Brasil. Ao mesmo tempo, no Vale do Itajaí na transição do século XIX para o XX, o cinema participou da construção da Alemanha como uma “comunidade imaginada” (Anderson, 2008) que permitiu o estabelecimento de uma ponte de sentidos entre a origem destes imigrantes e o novo território ocupado, configurando uma identidade transnacional baseada na Deutschtum (germanidade): a comunidade étnica dos deutschbrasilianer (teuto-brasileiros). A germanidade, assim, pode ser definida como uma identidade étnica comunitária:
que incluía associações recreativas, culturais, beneficentes, o uso cotidiano da língua alemã, a proliferação de jornais, revistas, almanaques e uma literatura ficcional publicados na língua alemã, e a adoção de uma identidade - Deutschbrasilianer - assinalando a pertença étnica ao povo (ou nação) alemão, bem como a cidadania brasileira (Seyferth, 2017, p. 23).
Nas análises sobre a germanidade do Vale do Itajaí, é destacado o binômio lar-língua como base para a criação e manutenção da identidade étnica teuto-brasileira (Seyferth, 2011). Assim, dentre as instituições criadas para valorização da língua comum alemã, cita-se as escolas, os jornais e as associações recreativas.
O presente escrito busca analisar o papel do cinema neste sistema cultural, tendo em vista que, entre 1900 e 1930, era comum justamente estes espaços culturais criados para manutenção da germanidade abrigarem também sessões de cinema, majoritariamente de origem alemã e projetados em idioma alemão. Busca-se, assim, compreender a importância do cinema, enquanto artefato cultural, no contexto geo-histórico estabelecido no estudo.
Neste cenário, após analisar o contexto de colonização da região, o artigo dedica-se a investigar as experiências de exibição cinematográfica identificadas com o período. Investigamos a inserção do cinema nos contextos urbanos em formação, bem como identificamos o conteúdo exibido pelos espaços de projeção de então, com base em pesquisa em arquivos históricos e pessoais e periódicos. Por fim, analisa-se o aspecto relacionado à migração propriamente dita, especificamente, como o cinema foi utilizado enquanto aparato de consolidação da hegemonia cultural da “comunidade étnica alemã” nesta região brasileira.
Migração e formação de uma comunidade identitária transnacional alemã no Vale do Itajaí
No contexto brasileiro do século XIX, a imagem do alemão como um bom e rigoroso trabalhador (Seyferth, 1994) coadunou-se com a necessidade de suprir a progressiva falta da mão-de-obra de pessoas escravizadas e com uma política eugenista, de branqueamento populacional (Almeida, 2015).
Ao longo do século XIX até a década de 1930, a grande maioria dos cerca de 360 mil imigrantes de língua alemã recebidos pelo Brasil, se estabeleceram na região sul (Seyferth, 2017), em localizações específicas do território (terras devolutas consideradas não-ocupadas, distantes de áreas monocultoras, regionalizadas em bacias hidrográficas) e imprimindo uma morfologia típica (com lotes rurais formados por pequenas propriedades e áreas urbanas com lotes perpendiculares aos rios).
A primeira colônia do sul foi São Leopoldo (RS), estabelecida em 1824. Depois, em 1829, mais três colônias foram fundadas na região. A colonização na região sul do Brasil foi suspensa pelo governo imperial em 1830 e, em função da Revolução Farroupilha, iniciada em 1835, foi retomada apenas no final da década de 1840, totalizando, ao fim do processo, aproximadamente 200 núcleos coloniais fundados (Seyferth, 1999).
Assim, em Santa Catarina, na passagem do século XIX para o XX, nas regiões conformadas pelos vales de rios, como o Itajaí, o Itapocu e o Jaraguá, formou-se um território com predominância de população de origem germânica, não obstante outras etnias também estivessem presentes, composto pelos núcleos coloniais de Blumenau e Brusque (no Vale do Itajaí), Dona Francisca (no Vale do Itapocu) e São Bento do Sul e Jaraguá. Segundo Seyferth (2004), Blumenau destaca-se neste conjunto por ter sido o centro irradiador de um ideal de germanidade e por sua proeminência econômica e política.
A colonização do Vale do Itajaí tem início com a fundação da Colônia Blumenau, por Hermann Blumenau, em setembro de 1850, contando com apenas 17 imigrantes (Seyferth, 2005), no contexto da abertura nacional para as inciativas particulares de colonização. Tais iniciativas consistiam na possibilidade de empresas de colonização receberem por compra ou concessão terras devolutas e vendê-las em lotes para imigrantes. Foi o que fez Hermann Blumenau, em associação com um comerciante alemão estabelecido em Desterro, atual Florianópolis (Seyferth, 2011). Nascido na Alemanha, teve convívio com Alexander Von Humboldt e Carl Friedrich Philipp Von Martius, que despertaram suas ideias de emigrar para o Brasil (Kormann, 1996). Em 1846, após colar grau como Doutor em Química, acabou contratado pela “Sociedade de Proteção aos Emigrados Alemães”, e embarcou para a América do Sul.
Esta colônia, emancipada em 1883 (Seyferth, 1994), chegou a confrontar limites com os municípios de Lages e Curitibanos, da qual anos depois foram se desmembrando novos núcleos (Imagem 1).
O processo de colonização dos vales atlânticos catarinenses foi baseado na pequena propriedade, com tamanho médio de 25 a 30 hectares (Waibel, 1979). Este foi um dos motivos que influenciaram os colonos a desenvolverem atividades que dependessem menos da produção unicamente agrícola, dentre elas, a atividade manufatureira (e urbana).
Blumenau, assim como outras cidades de imigração alemã, encontra-se desenvolvida ao longo dos caminhos e cursos d’água, formada por lotes estreitos e alongados, com casas e ranchos na testada (Maria; Vieira, 2011). Os espaços urbanos das colônias eram denominados de Stadtplatze. Surgiram em lugares específicos para sediar a administração de cada núcleo colonial, mas desenvolveram um caráter fortemente comercial, e abrigaram as primeiras iniciativas de exibição cinematográfica do Vale. As Stadtplätze se localizavam onde hoje encontramos os centros e bairros próximos aos núcleos centrais das principais cidades do Vale do Itajaí.
Nas Stadtplätze do Vale do Itajaí, a urbanidade e a ruralidade se entrelaçam. Ao mesmo tempo em que a região de caráter remoto recém povoada era um cenário rural, os imigrantes, principalmente originários de povos germânicos, contavam com técnicas e ofícios particulares de uma sociedade em transição para a modernidade urbano-industrial, como era a Alemanha ainda não unificada do fim do século XIX. Segundo Seyferth (1994), os alemães que migraram para o Brasil pertenciam às classes populares urbanas ou tinham origem rural. Ou seja, dentre os imigrantes, havia agricultores, mas também praticantes de ofícios, como oleiros, técnicos industriais, comerciantes e artesãos têxteis que perderam lugar em decorrência da Revolução Industrial (Santos, 2005)1.
Com o desenvolvimento urbano das localidades do Vale do Itajaí, estes imigrantes tiveram a oportunidade de voltar a trabalhar com seus ofícios originários. Estes projetos comerciais e industriais se tornaram extremamente prósperos na região de Blumenau, que passou a ser uma das principais regiões econômicas de Santa Catarina por sua iniciativa tecnológica, aderindo, enfim, ao modo de produção capitalista (Mamigonian, 1965).
Entretanto, matizando teorias e discursos acerca da autonomia econômica da região, e mesmo de seu isolamento, bem como da iniciativa individual como chave para o desenvolvimento regional, Seyferth (2011) argumenta que o empreendimento da Colônia Blumenau enfrentou muitas dificuldades, pois era necessário um fluxo muito intenso de imigrantes para cobrir as despesas de estruturação territorial, sendo que Blumenau não conseguiu atrair o número necessário de compatriotas2.
A iniciativa não fracassou porque o governo imperial assumiu a colonização em 1860, ano em que foi fundada outra “colônia alemã”, oficial, no Itajaímirim - Brusque. Transformado em região de colonização oficial, o médio Vale do Itajaí passou a ser o destino de imigrantes alemães atraídos pelos subsídios, via agenciadores a serviço do governo imperial. Isso mudou o perfil do colono, pois, a partir de 1875, começaram a chegar imigrantes de outras origens nacionais, notadamente italianos e poloneses. O que antes era um projeto de nova Heimat para alemães protestantes, criticado com veemência pela igreja católica, agora recebia não só alemães católicos, mas também gente de outras nacionalidades. Manteve-se, porém, o epíteto de “colônias alemãs” para os principais núcleos coloniais, até porque a maioria da população, na virada do século XX, era de origem germânica [...]. A notoriedade do Vale do Itajaí como lugar de “colonização alemã” deve-se, em grande parte, à atuação de Hermann Blumenau e aos viajantes e outros personagens - aí incluídos os imigrantes “temporários” que retornaram, caso dos Stutzer - que ajudaram a criar a imagem de um lugar balizado pelos valores da germanidade (Deutschtum) (Syeferth, 2011, p. 50).
Neste sentido, a criação de um senso de pertencimento baseado na germanidade foi fundamental para o desenvolvimento do projeto colonizador. Para Seyferth (1994), a categoria étnica “teuto-brasileiro” compreende a nação alemã como entidade cultural e linguística que une a partir da origem e, ao mesmo tempo, a partir da construção da cidadania atrelada a um território, o Estado brasileiro, como nova pátria. Essa origem comum figura como uma espécie de mito da união espiritual e cultural de todos os alemães. Portanto, a ideia de nação alemã se aproxima do conceito de weberiano de comunidade étnica, e, também, do conceito de comunidade imaginada de Anderson (2008), admitindo-se esta comunidade imaginada como uma comunidade étnica, e não política (Seyferth, 1994).
A germanidade, inicialmente utilizada com o objetivo de atrair migrantes para a colônia, passou a ser fomentada para criação de um contexto de ligação com o continente de origem destes imigrantes, laços de pertencimento e adaptação cultural: “A imigração, afinal, podia se concretizar sem um rompimento radical com as origens” (Seyferth, 2011, p. 52).
Portanto, estes povos germânicos, de origem ainda não unificada quando desembarcaram, que no Vale do Itajaí fixaram residência e aderiram ao Deutschtum, não tinham tal identidade cimentada no seu modo cultural quando ainda na Europa. Adquiriram características de uma comunidade imaginada já em solo brasileiro, assimilando características étnicas alemãs para criar um sentido de pertencimento a uma comunidade. Trata-se, portanto, de uma identidade transfronteiriça, um nacionalismo teuto-brasileiro, “onde o Vale do Itajaí é apresentado como ‘verdadeira pátria’, conservando-se a nacionalidade alemã. A nação alemã, nesse caso, tem uma representação cultural, não política, permitindo equacionar a germanidade com a territorialização no Brasil” (Seyferth, 2011, p. 54).
Segundo Almeida (2015), a entrada de italianos, russos, húngaros, austríacos, irlandeses e franceses registrada no Vale não foi suficiente para abalar o mito de “região de colonização alemã”. Isto porque, de acordo com Seyferth (2005, p. 1), esta identidade era também conformada pela experiência migratória, ou seja, a imigração como um denominador comum: “elo de união de descendentes de alemães oriundos de diferentes lugares, inclusive da Alemanha”.
De fato, o principal aspecto cultural utilizado para conformar esta identidade territorial foi a língua, resultando no investimento em sistemas de ensino e meios de comunicação. Ainda no cenário alemão, os dialetos que eram a língua de cada povo individualmente, e que seguiram estes colonos ao Brasil, foram progressivamente substituídos pelo Hochdeutsch, atual língua oficial falada e escrita na Alemanha, e aos poucos adotada também pelos imigrantes alemães no Brasil e seus descendentes. Segundo Anderson (2008), a língua escrita é o primeiro passo para criação de uma ideia de “nação”. Para Seyferth (2011), na prática, a característica preponderante para qualificar esta germanidade enquanto cultura da diferença em terras brasileiras seria o uso comum da língua3:
Verifica-se aí um princípio de unidade para englobar, além dos austríacos, outros imigrantes pertencentes a grupos minoritários germânicos estabelecidos em vários países do leste europeu ou que, nas muitas mudanças de fronteiras internacionais, ficaram excluídos do território alemão, e cujo denominador comum era, principalmente, a língua alemã, apesar das diferenças dialetais (Seyferth, 1995, p. 2).
Seyferth (2011) destaca que a colônia Blumenau ficou conhecida dentro e fora do Brasil inicialmente a partir do enunciado étnico do empreendimento, mas também pelos discursos circulantes entre as publicações da época. Aronson (1976 apud Seyferth, 1994) destaca que dentre os imigrantes, principalmente os professores, técnicos e músicos refugiados por questões políticas, alguns passaram a atuar como divulgadores culturais, contribuindo com o empreendimento de atração de imigrantes. Seyferth (2011) irá se referir a estes divulgadores da identidade teuto-brasileira, do Deutschbrasilianertum, como “mediadores”, ou, empresários étnicos, e identificá-los com grupos urbanos em ascensão social. Estes discursos desembocaram na identidade étnica da germanidade, que fomentou a ideia de uma “comunidade imaginada” (Anderson, 2008) alemã, uma nova Heimat (pátria), em pleno solo brasileiro.
É importante destacar que estes empresários étnicos formavam, sem dúvida, um grupo de interesse político:
Cada grupo com relevância política e econômica tinha um jornal, e as casas comerciais na rede rural-urbana eram pontos de venda de jornais e outras publicações periódicas em língua alemã, além de funcionar como locais da sociabilidade. Dessa forma, o discurso escrito do pertencimento étnico chegou até o colono comum por intermédio da imprensa e da convivência nas lojas e nas associações por onde circulava uma ideia de Deutschtum com duplo significado: econômico, referido ao progresso das colônias como produto do “trabalho alemão”, e principal contribuição de cidadãos exemplares ao país de acolhida; e étnico, com ênfase na origem alemã e no “direito” de ser cidadão legítimo com língua e cultura distintas, num país que devia assumir sua pluralidade cultural (Seiferth, 2011, p. 58).
Portanto, essas etnicidades foram permanentemente enfatizadas por publicações periódicas que ocorriam majoritariamente em língua alemã no Vale do Itajaí - jornais4, almanaques, textos e até uma literatura teuto-brasileira - produzidas entre 1852 e 1939 por membros da comunidade influentes nas escolas, associações recreativas e na política local.
Em Blumenau, os primeiros jornais surgiram após a emancipação da Colônia, em 1880. No dia 1º de janeiro de 1881, nasce o “Blumenauer Zeitung”, que só deixou de circular no ano de 1938. Em 1891, inicia-se o jornal “Imigrant” e, em 1893, o conhecido “Der Urwaalsbote”, que deixou de circular em 1941, retornando esporadicamente no final da década de 1950. Todos os três jornais tinham em comum o fato de serem publicados em língua alemã, sendo que o “Der Urwaalsbote” só utilizou o português no seu último ano de circulação. A inserção a seguir foi extraída de uma edição de 1901 deste jornal:
uma nova Alemanha, uma Alemanha onde não existem sentimentos particularistas, uma Alemanha onde hoje suíços, holandeses, teuto-russos e até mesmo dinamarqueses se intitulam simplesmente alemães. [...] A Blumenau alemã, com suas belas construções e magníficas igrejas alemãs, escolas alemãs, farmácias e jornais alemães, com seu comércio e indústrias alemãs - essa obra alemã do Dr. Blumenau deve ser e permanecer alemã (Der Urwaldsbote, 1901 apud Seyferth, 2005, p. 17).
O jornal “Der Urwaalsbote” é apontado por Seyferth (1994) como germanófilo, influenciado pelo pangermanismo, ou seja, a retórica expansionista da Liga Pangermânica, presente até a primeira guerra mundial. Portanto, provedor de um discurso racista em que brasileiros foram por vezes inferiorizados e que defendia a pureza racial como fonte para o desenvolvimento. Assim, o Deutschtum “será a principal bandeira do jornal até 1939, quando foi proibido de circular em alemão” (Seyferth, 1994, p. 12).
Além dos jornais, as associações recreativas (Vereine) figuravam como elementos concretos para a definição de uma comunidade étnica diferenciada a partir do cotidiano, e envolviam instituições culturais, esportivas (como as Turnvereine, sociedades de ginástica, ou as Schützenvereire, sociedades de tiro). Destacando a “vida associativa” como componente fundamental da germanidade, as associações eram também demarcadoras de etnicidade, pois expressavam o Kultur alemão (Seyerth, 1999).
As primeiras associações surgidas no Brasil, no contexto urbano de cidades como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Santos, São Paulo e Curitiba, eram genericamente conhecidas como Germania (Seyferth, 1999). No Vale do Itajaí, as associações urbanas eram salões mais abonados, mas elas também ocorriam no ambiente rural, por vezes dentro das próprias casas dos colonos. Estes, também não deixavam de frequentar os salões urbanos (Seyferth, 2005).
Por fim, é preciso mencionar as associações recreativas e culturais destacadas pela maioria dos estudiosos da imigração alemã por causa da sua significância numérica e sua vinculação com o nacionalismo alemão. Espaços de convivência, lugares da sociabilidade, eram imaginados como expressão do “espírito (associativo) germânico”. De fato, poucos anos depois da fundação, Blumenau e Brusque já possuíam sua Schutzenverein, uma associação historicamente vinculada ao nacionalismo alemão do início do século XIX. Depois das associações de atiradores vieram outras, igualmente situadas no contexto cultural teuto-brasileiro -, caso das sociedades de canto (Gesangvereine) e de ginástica (Turnvereine). Sua importância como expressão de etnicidade pode ser medida pela intervenção violenta do exército brasileiro nesses espaços durante a campanha de nacionalização: todas foram fechadas à força e algumas sedes sociais serviram para acantonar as tropas.
Havia associações em toda parte, nos centros urbanos e nas principais linhas coloniais (portanto, no meio rural). Não tinham apenas o perfil de agremiações esportivas ou recreativas, pois neles eram realizadas representações teatrais, sessões de música e outras atividades relacionadas com a noção de Kultur numa contextualização germânica que valorizava a “consciência” linguística e o Deutschtum. Várias sociedades de atiradores e de ginástica sobreviveram à nacionalização, mas as de canto, mais associadas à Kultur, desapareceram (Seyferth, 2011, p. 55).
Neste contexto, é significativo que a primeira sessão de cinema do Vale tenha sido promovida pelo proprietário do Jornal “Der Urwaalsbote”, e que estas sessões, até a década de 1930, ocorressem justamente nos espaços recreativos promotores da germanidade ou nos hotéis onde circulavam os viajantes chamados de empreendedores étnicos.
Os locais das primeiras experiências com o cinema no Vale do Itajaí
No ano de 1900, temos os registros das primeiras exibições ocorridas no Vale do Itajaí. Em 21 de abril de 1900, Gustavo Koehler (proprietário do jornal “Der Urwaldsbote”) teria apresentado um cinematógrafo (Kinematographen) no Teatro Frohsinn, de Blumenau (Kormann, 1996). Koehler nasceu em Dresden, na Alemanha, em 1875. Sobrinho de Hermann Hering, resolveu imigrar para o Brasil junto à família. Ajudou a fundar o Volksverein, Sindicato Agrícola Blumenauense, que tinha como uma de suas finalidades conceder empréstimos e servir de banco e poupança aos colonos. Em princípio da década de 1920, o Sindicato Agrícola empreendeu a colonização da região do Trombudo, no alto Vale do Itajaí, construindo estradas e prolongando a estrada de Trombudo até o rio Canoas.
No mesmo local, em 11 de agosto de 1900, com o cinematógrafo Apollo, Eduard Von Schultz também realiza uma exibição, está documentada pelo cartaz a seguir (Imagem 2) (Kormann, 1996; Bona, 2009).

O Teatro Frohsinn (Imagem 3) foi criado originalmente como a Sociedade Teatral Blumenau, fundada em 1860 em anexo à Sociedade dos Atiradores. Frohsinn era um dos nomes mais comuns para as associações recreativas das colônias alemãs, principalmente as de canto, e significa alegria, jovialidade (Seyferth, 1999). A sociedade de tiro em questão é a mais antiga da qual se tem registro em Santa Catarina, sendo formalizada em 1859. Sayferth (2004, p. 157), citando a historiadora Edith Kormann, aponta que “a vida social e artística da colônia começou ali, nove anos após a chegada dos pioneiros, e seria consolidada com criação da sociedade teatral Frohsinn, em 1860”. Argumenta, ainda, que a “dedicação à Kultur fica ainda mais evidente na criação e funcionamento do teatro Frohsinn” (Seyferth, 2004, p. 164). Destaca-se que, quando da fundação do teatro, a Colônia Blumenau apresentava apenas 749 habitantes (Seyferth, 2004). Protagonista desta história foi a migrante Roese Gaertner, que teria logrado reunir recursos para construção da edificação com apoio de famílias locais (Seyferth, 2004). Atualmente, o teatro ocupa outra edificação, inaugurada em 1939, e mudou sua nomenclatura para Teatro Carlos Gomes.

O cinematógrafo Apollo realizou uma série de apresentações nos anos seguintes na cidade de Blumenau e arredores. Em abril e agosto de 1900, também foram registradas exibições na cidade de Indaial (Blumenau em Cadernos, 1984). Ainda em agosto de 1900, ocorre a primeira exibição cinematográfica na cidade portuária de Itajaí (Imagem 4), na casa do Sr. Jacob Heusi. Seyferth (2004), assinala que, além da sociabilidade em associações específicas, as reuniões em casas de particulares configuram a reprodução de valores burgueses do século XIX, relacionados também ao Romantismo alemão. Esta reprodução é visível, para além do plano cultural, na arquitetura, nos jardins, no vestuário e no ambiente doméstico.

Após estas exibições itinerantes, em 1904, forma-se o primeiro local fixo para exibições cinematográficas na cidade de Blumenau, no salão do Hotel Holetz. Inaugurado em 1902, o Hotel Holetz era uma imponente edificação no Stadtplatz de Blumenau, que oferecia hospedagem para os viajantes e comerciantes que passavam pelo Vale (Imagem 5).

No cinema do Salão Holetz, na noite de 10 de março de 1906, foi realizada uma exibição utilizando-se de luz elétrica produzida por um motor a dínamo. Registra-se que “muitos blumenauenses viram pela primeira vez a luz elétrica”, através das cenas dos filmes “Der Koffen aos Barmen” (O baú de Barmen), “Der mysteriöse Schrank” (O armário misterioso), “Der wunderbare Bienenkorb” (A maravilhosa cesta de abelhas), “Ehre mines Vaters” (Honra de um pai) e episódios sobre o trabalho em minas de carvão (Blumenau em Cadernos, 1984).
A partir de 1919, este espaço recebe o nome de Cine Busch (Busch’s Kino), sendo mantido por Frederico Guilherme Busch. A relevância da figura de Frederico Guilherme Busch, comerciante de importação e exportação, pode ser atestada pelo fato de ter partido dele a iniciativa de construção da primeira usina hidrelétrica de Santa Catarina, a usina do Gaspar Alto, em 1904 (Paula, 2014). Segundo registro da revista “Blumenau em Cadernos” (1984), o Cine Busch exibiu o primeiro filme colorido da região, em 26 de junho de 1921: “Der Fluch der Vergangenheit” (A maldição do passado), produzido pela UFA (Universum-Film Aktiengesellschaft).
Na programação das sessões de cinema no Vale, percebe-se que até os anos 1920 há predominância de filmes curtos e cinejornais, com notícias provindas da Europa e também do Brasil. Os filmes ainda eram mudos e os letreiros, frequentemente, eram reproduzidos em alemão. Aproximando-se da década de 1920, temos a presença mais marcante de filmes longos e, nos anos 1930, filmes sonoros. Na década de 1920, há grande predominância de filmes alemães, não obstante também apareçam filmes dinamarqueses, italianos e franceses. O cartaz do Cine Busch apresentado a seguir (Imagem 6), de 1931, anuncia um filme alemão, um brasileiro e um francês, ainda que as informações complementares aparecessem ainda em língua alemã. A cópia da programação acompanha as seguintes informações ao fim do anúncio: “Atenção! O ônibus do Sr. Arthur parte todo domingo as 5 horas de Indaial e retorna após o horário da sessão de cinema” (tradução nossa).

Na cidade de Brusque, as primeiras exibições ocorreram no Cinema Moderno (Imagem 7), propriedade de Willibaldo Stracke. Este foi instalado em 1912 e operava películas com programação semanal no salão do hotel Zum Deutscher Kaiser, de Guilherme Krieger. O local também abrigava as atividades dos clubes “04 de agosto”, “Liberdade” e “Sport Clube Brusquense” (Blumenau em Cadernos, 1969).

Em 1914, João Schaefer compra o maquinário do Cine Moderno e o instala em salão anexo ao Hotel Schaefer (Imagem 8). Em 1915, Carlos Gracher arrenda o espaço e o batiza de Cine Esperança, projetando filmes ainda mudos (Brusque Memória, 2018).

Filho de imigrantes alemães, Carlos Gracher nasceu no sul do estado, na cidade de Tubarão, e aos 15 anos de idade se mudou para a cidade de Brusque. Em 1932, Carlos se torna proprietário do Cine Guarany, em uma edificação a qual reformou e instalou o cinema e a primeira hospedaria da cidade, onde hoje está localizado o Hotel Gracher (Gracher, 2005).
Esta fase inicial das exibições no Vale do Itajaí foi marcada pela atuação de dois cinematógrafos itinerantes, José Julianelli e o fotógrafo Alfredo Baumgarten. Ambos, além de apresentarem películas, também começaram a produzir suas próprias imagens cinematográficas. Segundo Pires (2000), Baumgartem produziu alguns filmes locais como “Os atiradores de Timbó” e “Bella Aliança”. Apresentavam-nas em locais como clubes de caça e tiro e casas de comércio para um grupo limitado de pessoas (Pires, 2000).
Julianelli, nascido em 1883 na Itália, trabalhava inicialmente em um circo, que deixou para virar cinematógrafo itinerante. Tornou-se figura popular na região por percorrer diversas cidades. Em uma publicação dedicada aos 152 anos da cidade de Brusque (2018), Ayres Gevaerd conta que José Julianelli trazia seu cinematógrafo movido a bateria elétrica em sua caminhoneta para a cidade e realizava sessões ao ar livre e nos salões das sociedades locais. A estreia do cinematógrafo foi na cidade de Blumenau, em 1909, como uma das atrações do “Pavilhão Recreativo”. Alguns anos depois, o “Pavilhão Recreativo” passou a se chamar “Circo de Variedades”.
A partir de meados da década de 1930, começam a ser implantadas as primeiras grandes salas de cinema fixas do Vale do Itajaí. Entretanto, algumas cidades da região que foram desmembradas mais tardiamente e não eram cidades polo contaram com exibições em salões e teatros, além de exibições itinerantes e salas muito modestas em um período posterior à década de 1930. Estes cinemas merecem destaque por terem características diferenciadas. Alguns foram fruto da reutilização de películas já exibidas nas cidades polo e levadas de trem ou ônibus a cidades vizinhas para exibi-las a novos públicos, portanto, da expansão dos investimentos cinematográficos originados nas cidades de Blumenau, Itajaí e Brusque.
Os primeiros cinemas a chegarem na cidade de Gaspar foram os itinerantes de José Julianelli, seguido dos irmãos Holwarth, na década de 1940, ambos instalados no Salão do Hotel Wehmuth. Nesta cidade, em meados da década de 1950, Walter Mogk inicia suas exibições também no Salão do Hotel Wehmuth, desta vez como um cinema fixo, que logo mudou-se para um salão ao lado do Café União. Outras cidades, como Ibirama, Rodeio, Rio dos Cedros e Pomorode também contaram com cinemas identificados com este período (Muller, 2022).
Relações culturais entre Brasil e Alemanha nas primeiras décadas do século XX: imagens, disputas e intercâmbios
Na passagem do século XIX para o XX, ocorria um importante fluxo cultural entre a Europa e o Brasil, representado por companhias de ópera e teatro que visavam especialmente as elites das comunidades estrangeiras aqui estabelecidas (Mariz, 2004). Este fluxo teve seu apogeu entre os anos 1920 e 1930, e entrou em crise a partir da segunda guerra mundial, quando os Estados Unidos da América (EUA) assumem a cultura como parte decisiva de sua política externa. Mariz (2004, p. 127) argumenta que a vinda de grandes artistas internacionais para o Brasil neste momento “incluiu primeiramente a propaganda alemã, que buscava atingir a comunidade germânica no sul do país e as elites nacionais”.
Neste contexto, além das artes, os meios de comunicação, principalmente os jornais impressos e posteriormente os cinemas, se mostraram grandes difusores da “comunidade imaginada” Estado Alemão.
Há registros de que pouco antes da primeira exibição do cinematógrafo dos irmãos Lumiére na França, os irmãos Max e Emil Skladanowsky exibiram, em novembro de 1895, a um público seleto, as primeiras cenas curtas filmadas por eles mesmos na Alemanha. O aparelho utilizado pelos irmãos Skladanowsky era, porém, chamado de Bioscopo e consistia em uma sequência de fotos que quando exibida criava a sensação de movimento. Após 1920, o cinema se tornou cada vez mais popular na Alemanha, chegando a ter mais de 5 mil casas de exibição “kintopp”, como era chamado (Richter, 2015). Nesta época, o cinema alemão ganhou força como propaganda de Estado, divulgando o expansionismo alemão (Silberman, 2007). Em 1917, é formada a Universum-Film Aktiengesellschaft, UFA, primeira corporação de cinema totalmente integrada da Alemanha. Ao longo dos anos 1920, a indústria cinematográfica alemã se tornou a principal competidora do cinema Hollywoodiano (Ortega, 2010).
A recepção das produções da UFA no Brasil era positiva (Fuhrmann, 2019), não sendo restritas a comunidades étnicas alemãs, especialmente no período entre a segunda metade da década de 1920 e a primeira metade da década de 1930.
Este momento coincide com o apontado por Isolan (2018) como de inflexão na política externa alemã pós primeira guerra, em que os alemães instalados na América Latina tornam-se os principais alvos de propagação da germanidade, na tentativa de retomada da posição de potência mundial pela Alemanha. Assim, o Brasil despertou especial interesse da UFA, devido às regiões de imigração, estando esta empresa cinematográfica aparelhada para servir aos objetivos da política cultural exterior alemã (Isolan, 2018).
No mercado brasileiro, as produções da UFA começaram a ser distribuídas em 1919 e, de forma mais sistemática, através da distribuidora Urania, fundada em Berlim, em 1923. A Urania “tinha um representante exclusivo para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina” (Isolan, 2018, p. 182). A atuação da Urania foi substituída pela Art Films, fundada em 1931 pelo italiano Ugo Sorrentino. A Art Films possuía uma sede no Rio de Janeiro, três filiais (em São Paulo, Juiz de Fora e Porto Alegre) e três agências (em Recife, Salvador e Blumenau), e distribuiu filmes da UFA até 1939.
No Vale do Itajaí, encontramos registro da exibição de diversos filmes da UFA, por exemplo, “Faust”, “Doutor Mabuse”, “Joana D'Arc”, “Zirkus des Lebens” (O Circo da Vida), “Die Dame”, “Der Teufel und die Probiermamsell” (A Senhora do Mundo) e “Der Flusch der Vergangenheit” (A Maldição do Passado).
Com o filme “A senhora do Mundo” exibido no dia 16 de março de 1922, for mostrado o avanço da cinematografia alemã, cujos filmes, logicamente, eram preferidos pela comunidade blumenauense. Era como na época aparecerem filmes com legendas em letras góticas, como por exemplo o filme “Herbstmanöver” (Manobras de outono), exibido no dia 3 de fevereiro de 1928 no salão Holetz (Blumenau em Cadernos, 1984, p. 12).
Entretanto, ao longo da década de 1930, a UFA passou a assumir a propaganda nazista como objetivo, fato que gera a exibição de vários filmes, inclusive de propaganda, em cinemas e associações recreativas brasileiras.
Em 1936, a produtora chegou a inaugurar uma imponente sala de cinema em São Paulo, o UFA-Palácio, que se apresentou como o cinema mais moderno da América Latina, com impressionantes 4 mil cadeiras (Fuhrmann, 2019). Fuhrmann (2019) demarca esta inauguração como o início do fim das operações da UFA no Brasil.
Mas estes fluxos culturais davam-se também em sentido oposto. Por exemplo, nos anos 1920, o governo alemão convidou os maestros brasileiros Francisco Mignore e Walter Burle-Marx para regerem a Filarmônica de Berlim. E, na década de 1930, a UFA veio ao Brasil gravar películas mostrando o dia a dia dos imigrantes alemães no sul do país (Blank, 2010). O intuito era instigar uma ligação de mão dupla entre o colono da comunidade alemã residente no Brasil e o alemão em sua terra natal, sugerindo características comuns a ambos.
Um deles é o cinejornal “Deutsche Ansiedler in Sudbrasilien” (Colonizadores alemães no Sul do Brasil), realizado em 1934, mostrando colônias alemãs no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Segundo Blank (2010), estas imagens apresentam o mito pangermânico de uma unidade do povo alemão para além do continente europeu, construindo um discurso de semelhanças. Em outro cinejornal da UFA gravado em terras brasileiras, “Auf Grober Fahrt” (Em uma jornada difícil), ouve-se a seguinte narração: “Uma paisagem alemã no Brasil e uma cidade alemã chamada Blumenau. Que foi fundada em 1850 por Herman Bruno Otto Blumenau. Nos dias de hoje moram 20.000 alemães aqui” (Blank, 2010, p. 49).
Como exposto anteriormente, tais intercâmbios ocorriam também em função da presença constante de viajantes alemães atraídos pela propagação de Blumenau como uma comunidade germânica ideal. Estes viajantes produziam relatos e obras de ficção narrando o cotidiano dos teuto-brasileiros (Seyferth, 2005). Ou seja, os teuto-brasileiros aqui estabelecidos almejavam a formação de uma comunidade alemã no Brasil, e os viajantes germânicos sentiam-se atraídos por uma comunidade alemã ideal estabelecida em terras estrangeiras. Assim, podemos afirmar que o ideal não parte unilateralmente da Europa para o Brasil, mas que as comunidades étnicas alemãs estabelecidas no Brasil contribuíram para o fortalecimento do Estado Alemão em um momento geopolítico decisivo, que foi o início do século XX.
A partir de 1930, o Brasil de Getúlio também assume a cultura como estratégica para conformação da nacionalidade. As estratégias foram organizadas tanto pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) quanto pelo Ministério da Educação, este último dirigido por Gustavo Capanema. O Chefe de Gabinete de Capanema era Carlos Drummond de Andrade, e contribuíam também Mário de Andrade, Villa-Lobos, Manuel Bandeira (Velloso, 2004), dentre outros personagens que lançaram as bases de nossa compreensão de cultura nacional, ou seja, representantes de um momento histórico fundador de nossa ideia de brasilidade, iniciado, evidentemente, do ponto de vista cultural, com a Semana de Arte Moderna de 1922. Nesta época, formaram-se instituições como o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e o Instituto Nacional de Cinema Educativo. De acordo com Velloso (2004, p. 154), no “seu governo, Vargas seria um defensor do papel pedagógico da mídia, percebendo-a enquanto veículo doutrinário do regime. Configurava o cinema como o ‘livro de imagens luminosas’, o rádio como ‘a voz do povo’”.
A era Vargas deve ser pensada nesse quadro complexo de forças. Foram tempos marcados pelo rico impacto da cultura modernista, aceleração do processo urbano industrial, emergência da cultura de massas, fortalecimento do Estado e, sobretudo, pela afirmação da cultura como área estratégica de expressão, de trocas de valores e de investimentos políticos e simbólicos (Velloso, 2004, p. 155).
Neste contexto, as contradições na negociação entre a ideologia nacionalista e as comunidades étnicas estabelecidas no sul do Brasil começaram a se agravar na transição do pangermanismo para o nazismo como ideologia do Estado Alemão, intensificando o discurso do “perigo alemão”, e tornaram-se insustentáveis após desdobramentos da segunda guerra. Mesmo buscando manter posição equidistante entre os países envolvidos no conflito, uma situação diplomática foi criada quando o governo brasileiro autorizou a utilização de suas bases aeronavais no Norte e no Nordeste pelos estadunidenses. Quando do ataque japonês a Pearl Harbor, em dezembro daquele ano, os EUA entraram oficialmente na guerra junto aos Aliados (França e Inglaterra) em oposição ao Eixo (Alemanha, Itália e Japão), e o Brasil declarou solidariedade ao país norte-americano, vindo, em 1942, a romper relações diplomática e comerciais com o Eixo (Lamarão, 2004), cedendo às pressões de Roosevelt. Ainda, o “afundamento de navios mercantes brasileiros por submarinos alemães não deixa a Vargas senão o caminho da declaração de guerra ao Eixo, em agosto [de 1942]” (Lemos, 2004, p. 206).
Na verdade, desde a década de 1930 o projeto assimilacionista brasileiro se aprofundava, gerando manifestações dos meios de comunicação das colônias alemãs. Como resultado deste conflito, em 1937, no contexto do Estado Novo, foi determinada a nacionalização do ensino e, dois anos mais tarde, o fechamento das associações recreativas e a proibição do uso das línguas estrangeiras no cotidiano e pela imprensa (Seyferth, 2005). Na passagem da década de 1930 para a década de 1940, período mais repressivo da campanha de colonização, Blumenau foi ocupada por uma unidade do exército (Seyferth, 2005).
No Vale do Itajaí, no início da década de 1940, já podemos notar como os filmes eram exibidos totalmente em português e as produções deixaram de ser majoritariamente europeias. O cinema nacional ganha destaque e as produções Hollywoodianas tomam conta das salas de cinema. Note-se que, em 1932, é criada a primeira legislação protecionista do cinema nacional, a cota de tela, a qual exigia que o longa-metragem estrangeiro fosse exibido acompanhado de um curta-metragem brasileiro (Bernardet, 2009).
O quadro 1 é resultado da catalogação dos anúncios de exibições cinematográficas encontradas em periódicos que circulavam no Vale do Itajaí entre as décadas de 1900 e 1940. As informações apresentadas foram consultadas no Acervo Histórico Prof. José Ferreira da Silva (Blumenau), Hemeroteca Digital Catarinense, Hemeroteca da Biblioteca Pública Nacional, Blumenau em Cadernos e Kormann (1996).

O que é notável na transição da década de 1930 para a década de 1940 é a conquista da programação pela indústria cinematográfica estadunidense. Percebe-se, portanto, que o cinema moderno é inserido em meio ao contexto das disputas imperialistas entre grandes guerras: a decadência do imperialismo inglês, a disputa entre França e Alemanha para tomarem seu posto e, por fim, a conquista da hegemonia estadunidense.
Para Isolan (2018), a cultura tem um papel determinante da relação entre os países e na transição entre o século XIX e XX desempenhou função importante para os interesses imperialistas. Demonstrando como as salas de cinema estavam inseridas nessas disputas através das imagens e dos discursos, trazemos a reportagem sobre um acontecimento no Cine Busch, em 1942, publicada no Jornal Correio do Povo, de Jaraguá do Sul (Imagem 9).

Passado o período mais crítico das disputas imperialistas e do assimilacionismo nacionalista brasileiro, no final da década de 1950, encontramos anúncios da exibição de filmes alemães no Cine Busch, publicados novamente em alemão (Imagem 10). O filme em questão, “Filha de Maria”, é uma produção de 1933, portanto, estava sendo exibida 25 anos depois. Outra forma de reencontro dos imigrantes com suas referências cinematográficas deu-se a partir da migração de diretores e atores europeus para Hollywood, no contexto da segunda guerra. A própria Dorothea Wieck, protagonista de “Filha de Maria”, é um exemplo, pois após a conquista do poder pelo nazismo mudou-se para os EUA, entretanto, tendo sido acusada de ser uma agente nazista, foi obrigada a voltar a atuar na Alemanha.
De fato, este momento marca o início de processos mais intensos, não obstante sempre existentes, de produção transnacional cinematográfica. No Vale do Itajaí no contexto das três primeiras décadas do século XX, talvez possamos pegar por empréstimo esta expressão cunhada para o âmbito da produção, e pensar em exibições, ou, audiências transnacionais.

Considerações finais
O movimento exibidor no Vale do Itajaí entre 1900 e 1930 está intimamente ligado à dinâmica da colonização e da imigração que dão impulso ao desenvolvimento inicial dos sucessivos meios técnicos na região, conforme a denominação de Milton Santos e Maria Laura Silveira (2001). Até os anos 1930, o cinema insere-se essencialmente no conjunto da dinâmica da colonização do Vale do Itajaí, desta forma, seu papel enquanto elemento para consolidação da imigração germânica neste território foi fundamental.
No Vale do Itajaí das primeiras décadas do século XX, os filmes circulavam pelos meios por onde a germanidade era fomentada como identidade cultural. Divulgados nos jornais, eram exibidos nos hotéis e centros de cultura em sessões promovidas por empreendedores étnicos.
A precocidade e expressividade da rede exibidora do Vale do Itajaí no contexto catarinense afirmam o cinema enquanto aparato de hegemonia, posto que participou da criação de um consenso sobre a germanidade da região, e acabou contribuindo para o histórico apagamento de outras etnicidades presentes. Esta identidade alemã ligada a um território brasileiro foi criada aqui, e o cinema, assim como outros aparatos culturais, participa deste processo.
A análise destas histórias de cinema revela aspectos mais amplos da história política brasileira, como o contexto do Estado Novo, bem como das disputas imperialistas que rondaram a década de 1920. Por outro lado, é supreendente como o fluxo das imagens, apesar de desigual, não era unilateral, que que filmagens do Vale do Itajaí também circularam pela Alemanha, com o mesmo objetivo de fortalecer uma identidade cultural.
Fontes
ARQUIVO HISTÓRICO DE BLUMENAU. Cartaz da programação da exibição cinematográfica realizada em Blumenau em 11 de agosto de 1900. Blumenau, 11 ago. 1900a.
ARQUIVO HISTÓRICO DE BLUMENAU. Cartaz da programação da exibição cinematográfica realizada em Blumenau em 11 de agosto de 1900. Blumenau, 11 ago. 1900a.
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BLUMENAU EM CADERNOS. Acervo do Arquivo Histórico de Blumenau. Blumenau, 1969.
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Notas